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Roda de Conversa, Palestras, Documentários, Danças, Peças e Poesias marcam II Mostra Afro-brasileira


A Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda-Ce, promoveu durante todo o dia de sexta-feira, 20, em suas dependências, a II Mostra Cultural Afro-brasileira e a I Mostra Cultural Indígena, parte integrante de um conjunto de ações e temáticas trabalhadas durante todo o ano letivo, com destaque para as disciplinas de História, Filosofia, Geografia e Sociologia e que corroboram para a aplicabilidade de forma constante das Leis 10.639/03 e 11.645/08.

Alunos, professores, núcleo gestor e demais membros da comunidade escolar por ocasião da II Mostra Cultural Afro-brasileira e I Mostra Cultural Indígenas na EEEP Wellington Belém de Figueiredo. 
Segundo Nicolau Neto, professor de História e um dos coordenadores do ato, o evento corrobora para a efetivação das Lei nº 10. 639/2003 e nº 11.645/2008 no ambiente escolar, tendo, portanto, a finalidade de quebrar paradigmas e os estereótipos quanto a inserção desses grupos sociais nos livros didáticos, quando são discutidos e, ou lembrados somente nos período colonial, regencial e imperial brasileiro, época em que o pais esteve sob o julgo português. Intenciona-se ainda trabalhar temáticas referentes aos grupos supracitados pelo viés dos que foram oprimidos, além de promover debates junto ao corpo discente e docente sobre as dificuldades em se trabalhar o que já é de cunho obrigatório diante de um processo ensino-aprendizagem que insiste em trilhar pelo caminho europeizante.

Professora Valéria Rodrigues em palestra sobre a importância
da interdisciplinaridade da aplicação da leis 10.639/03 e
11.645/08 no espaço escolar.
“Por isso”, disse ele, “buscamos trazer contribuições não só do nosso quadro de docentes, como a professora de Biologia Valéria Rodrigues que em uma roda de conversa com os alunos e demais membros da comunidade escolar trabalhou de forma didática como as demais disciplinas podem trabalhar temáticas pertinentes às leis supracitadas sem deixar de lado conteúdos que fazem parte de sua essência, mas também outros profissionais do ensino para trocar experiências e contribuir na valorização da cultura africana e indígena há muito relegadas”.

Valéria Rodrigues discorreu acerca da Importância da Interdisciplinaridade na Aplicabilidade dos Conteúdos Referentes a História Africana, Afro-brasileira e Indígena e fez menção ainda ao falso cumprimento das leis, quando os temas são trabalhados apenas esporadicamente e, ou, em momentos específicos – o 19 de abril e o 20 de novembro. 

Professora Maria Firmino fala sobre Intolerância
Religiosa. 
A professora Maria Firmino, do município de Juazeiro do Norte, discutiu sobre “A Intolerância Religiosa contra as Religiões de Matrizes Africanas”, temática recorrente mas que pouco se discute nos espaços escolares e até mesmo nas universidades. Firmino fez um histórico das perseguições sofridas pela Umbanda, Candomblé e suas variantes, inicialmente pelo catolicismo até chegar a atualidade onde não somente este mas também as praticadas pelas linhagens protestantes. Ela fez referência a IV Caminhada Contra a Intolerância Religiosa realizada em Juazeiro do Norte em 2013 sob a coordenação dos povos de terreiros. Para ela “não se pode falar em tolerância religiosa, uma vez que esse termo nos leva para significados como ‘aturar’ e ‘suportar’. Devemos falar em respeito. Respeitar as crenças e as nãos crenças alheias. O meu direito é o seu dever. Cumpra-se", complementou.

Professora Maria Firmino em roda de conversa
com alunos depois da palestra.
A fala de Maria Firmino não acabou no auditório da escola, mas ecoava nos corredores quando diversos alunos a cercavam cheio de indagações e curiosidades. Em comentários nas fotos do evento na rede social facebook ela frisou “momentos ímpares pra todos nós educadores e educandos ... inesquecíveis .. que esse seja o primeiro de muitos. Ainda há muito o que pensar, falar, questionamentos a suscitar ....a semente já está lançada em fértil solo”. E teceu agradecimentos: “parabéns Nicolau Neto, obrigada pelo convite ... e aos grandes educadores que tive o prazer de conhecer na escola profissional de Nova Olinda ... aos alunos, pelos quais me apaixonei, desejo-lhes que continuem protagonizando a história”.

Professora Dayze Vidal, do Pretas Simoa aborda temática
da Identidade Negra.
À tarde, Dayze Vidal, educadora do Grupo de Mulheres Negras do Cariri Pretas Simoa em uma conversa descontraída trabalhou a temática “Identidade Negra” como uma das principais formas do empoderamento de negros e negras. O cabelo foi um dos principais pontos de discussão enveredando pelo sentimento de pertencimento. “Eu preciso me reconhecer e gostar do meu cabelo”, disse. Porém, sabe-se que essa não é uma tarefa fácil, pois a mídia e a sociedade como um todo coloca um padrão de beleza em que o corpo bonito é o branco; o cabelo bom é o liso. Mas felizmente já há um conglomerado de meninas negras, meninos negros que rompem com esses estereótipos e não mais alisam seus cabelos e reconhecem a beleza escultural dos seus corpos e a escola precisa suscitar isso nos alunos, complementou.

Professor e blogueiro Nicolau Neto (Centro) ao lado do aluno Rodrigo Mourão e das professoras Yane Moura, Maria Firmino
Fabiana Bera Cruz e Valéria Rodrigues. Foto: Matheus.
Um Balanço Histórico das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 e os Movimentos Sociais foi tocado pelo professor Nicolau Neto. Aqui foram mencionados pontos como a contradição que existe a partir do quantitativo populacional. O Brasil, segundo dados do IBGE é o país mais negro fora da África, mas é pífia a participação de negros e negras nos espaços de poder, fruto de um racismo velado e estrutural. Para tanto, discorreu tendo como base as indagações “em 12 anos da Lei 10.639 e 07 anos da Lei 11.645 o que mudou? O que permaneceu? Quais as principais dificuldades para a aplicação delas na educação?” Para ele, “o fato das leis não ter ‘pegado’ é reflexo da própria sociedade brasileira, que é, antes de tudo, europeia e racista”.

Dentre uma seleta lista de personalidade negras que foram trabalhadas e expostas aos visitantes pelos alunos, foram homenageados Luisa Mahin e Oliveira Silveira. Suas biografias foram mencionadas também por Nicolau. 

Alunos em encenação do poema "Gritaram-me Negra".
Houve espaço ainda para apresentações artísticas e culturais, além de documentários protagonizados pelo corpo discente em exaustivas pesquisas e entrevistas com alunos, professores e demais pessoas de outros dois municípios – Altaneira e Santana do Cariri. Os alunos do curso Técnico em Finanças, do primeiro ano, encenaram uma peça intitulada “Racismo Reverso”. A intenção deles não era demonstrar que o negro pratica racismo contra os brancos, pois isso não existe, mas permitir que os opressores e racistas sintam na pele o que os oprimidos sofrem cotidianamente, caminhando para o despertar nos alunos do sentimento de ALTERIDADE.

Poesias foram entoadas, com destaque para o “Guerreiro”, de Luiz de Jesus, recitada pela aluna Sheilyany Alves, do Curso Técnico em Edificações (2º Ano) e o discurso de Marthin Luther Kink proferido por Matheus Santos do mesmo curso.

As apresentações foram cercadas de muitas danças acompanhadas de músicas. O poema “Gritaram-me Negra” foi encenado pelos alunos de vários cursos. 


A mostra deu ênfase ainda a capoeira. O mestre Cesar Rodrigues, do grupo CultArt, promoveu junto com seus alunos/instrutores um roda de capoeira com o corpo discente e docente da escola. 

O evento foi organizado e coordenado pelos professores da área de Ciências Humanas - Edisângela Araújo (Geografia), Nicolau Neto (História) e Yane Moura (Sociologia/Filosofia) e contou com o apoio dos demais professores, núcleo gestor e de funcionários da escola.






Alunos trabalham sentimento de ALTERIDADE durante II Mostra Cultural Afro-brasileira com “Racismo Reverso”


Os alunos do Curso Técnico em Finanças, do primeiro ano B da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda – Ceará, desenvolveram durante a II Mostra Cultural Afro-brasileira uma peça intitulada “Racismo Reverso”.

Alunos do Curso Técnico em Finanças (1º Ano B) desenvolvem o sentimento de Alteridade em Peça intitulada
"Racismo Reverso" durante a II Mostra Cultural Afro-brasileira na EEEP Wellington Belém de Figueiredo.

Há que se notar, porém, que o racismo ao contrário, aquele do negro para com o branco inexiste. Segundo os alunos a intenção da peça era, no entanto, trabalhar o sentimento de alteridade, tão raro nos dias hoje. Aquela capacidade que todos deveriam ter em se colocar no lugar do outro na relação interpessoal, reconhecendo-o como sujeito de direitos.

Larissa Miranda (a esquerda) e Débora Gregório 
(a direita) ambas do 1º Ano B.
A peça bem dinâmica envolveu a todos com situações de preconceitos, discriminação e racismo vivenciados pelo negro todos os dias nas ruas, em festas, nas escolas e nos demais espaços de poder  mas interpretado por alunos e alunas de pele branca. O objetivo, disseram os alunos “não era demonstrar que o negro pratica racismo contra os brancos, pois isso não existe, mas permitir que os opressores e racistas sintam na pele o que os oprimidos sofrem cotidianamente, caminhando para o despertar na comunidade escolar do sentimento de ALTERIDADE”.

O racismo reverso se configura como uma ideologia da classe dominante, da elite que tenta a todo custo mascarar e inverter a lógica perversa que pendura desde que o Brasil foi invadido no século XVI. Afinal, como um grupo que lota as penitenciárias podem oprimir os brancos? Como um grupo que sempre ocupa papel de coadjuvante na mídia pode praticar racismo? Como um grupo que precisa de políticas públicas para adentrar em universidades particulares pode cometer preconceito? Como os negros, mesmo sendo a maioria da população neste país e que tem uma representatividade pífia nos demais espaços de poder pode ser  racista? Como se eles não dominam os meios de comunicação? Como? Como? Como?


Poesia “Guerreiro” de Luiz de Jesus, por Sheilyany Alves na II Mostra Cultural Afro-brasileira


Sheilyany Alves - Aluna do Cursos Técnico
em Edificações (2º Ano).
A aluna Sheilyany Alves o Curso Técnico em Edificações, segundo ano do ensino médio integrado a educação profissional, da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda-Ce, leu de forma interpretativa durante a II Mostra Cultural Afro-brasileira realizada nesta sexta-feira, 20, a poesia de Luiz de Jesus.

Entendida como uma das mais belas e emocionantes formas de expressar sentimentos, a poesia faz parte também de atitudes de indignação e revolta, assim como de luta, de resistência. Foi como esse tom que Sheilyany Alves leu a poesia “Guerreiro”, do autor supracitado buscando demonstrar que temas como o preconceito, a discriminação e o racismo é uma tarefa que deve ser combatida todos os dias.

Confira abaixo

Luta negro, negro luta!
Negro não se abate
O preconceito te insulta
Incitando-te ao combate
Nesta luta não há trégua
Cada dia é um novo desafio
Sê forte e não se entrega
Não deixe que roubem o teu brio

Não permitas guerreiro
Que te lancem em neocativeiro
Hoje livre das correntes
Tentam aprisionar tua mente.

Trechos do Discurso de Martin Luther King, Por Matheus Santos na II Mostra Cultural Afro-brasileira


O Aluno Matheus Santos, do Curso Técnico em Edificações, segundo ano do ensino médio integrado a educação profissional, da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda-Ce, leu de forma interpretativa durante a II Mostra Cultural Afro-brasileira realizada nesta sexta-feira, 20, trechos do discurso de um dos maiores ativistas pela igualdade racial Marthin Luther King, proferido há 52 anos nos Estados Unidos.

O discurso mesmo completado meio século ainda é uma utopia e mexe com o imaginário daqueles que como Luther King lutam todos os dias para uma educação voltada para as relações étnico-raciais.  

Matheus Santos - Curso Técnico em
Edificações (2º Ano) e presidente do
Grêmio Estudantil.
Matheus que também é presidente do Grêmio Estudantil, fez uma leitura dinâmica de parte do discurso “Eu Tenho um Sonho”, selecionado por este blogueiro, professor e um dos coordenadores da Mostra.

Confira abaixo

...Há cem anos, um grande americano, sob cuja simbólica sombra nos encontramos, assinou a Proclamação da Emancipação. Esse decreto fundamental foi como um grande raio de luz de esperança para milhões de escravos negros que tinham sido marcados a ferro nas chamas de uma vergonhosa injustiça. Veio como uma aurora feliz para pôr fim à longa noite de cativeiro.

...Mas, cem anos mais tarde, devemos encarar a trágica realidade de que o negro ainda não é livre. Cem anos mais tarde, a vida do negro está ainda infelizmente dilacerada pelas algemas da segregação e pelas correntes da discriminação.

...Porém recusamo-nos a acreditar que o banco da justiça abriu falência. Recusamo-nos a acreditar que não haja dinheiro suficiente nos grandes cofres de oportunidade desse país. Então viemos para descontar esse cheque, um cheque que nos dará à vista as riquezas da liberdade e a segurança da justiça.

... Não haverá nem descanso nem tranquilidade na América até o negro adquirir seus direitos como cidadão. Os turbilhões da revolta continuarão a sacudir os alicerces do nosso país até que o resplandecente dia da justiça desponte.

... Esta nova militância maravilhosa que engolfou a comunidade negra não nos deve levar a desconfiar de todas as pessoas brancas, pois muitos dos irmãos brancos, como se vê pela presença deles aqui, hoje, estão conscientes de que seus destinos estão ligados ao nosso destino.

... Há quem pergunte aos defensores dos direitos civis: “Quando é que ficarão satisfeitos?” Não estaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos indescritíveis horrores da brutalidade policial. Jamais poderemos estar satisfeitos enquanto os nossos corpos, cansados com as fadigas da viagem, não conseguirem ter acesso aos hotéis de beira de estrada e das cidades.

... Não poderemos estar satisfeitos enquanto a mobilidade básica do negro for passar de um gueto pequeno para um maior. Não podemos estar satisfeitos enquanto nossas crianças forem destituídas de sua individualidade e privadas de sua dignidade por placas onde se lê “somente para brancos”.

... Digo-lhes hoje, meus amigos, que, apesar das dificuldades e frustrações do momento, eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Eu tenho um sonho que um dia essa nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: “Consideramos essas verdades como auto-evidentes que todos os homens são criados iguais.”

... Eu tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos um dia viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor da pele, mas pelo conteúdo do seu caráter. Eu tenho um sonho hoje.

... Com essa fé poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ser presos juntos, defender a liberdade juntos, sabendo que um dia haveremos de ser livres. Esse será o dia, esse será o dia quando todos os filhos de Deus poderão cantar com um novo significado:

... Meu país é teu, doce terra da liberdade, de ti eu canto.

... E quando isso acontecer, quando permitirmos que a liberdade ressoe, quando a deixarmos ressoar de cada vila e cada lugar, de cada estado e cada cidade, seremos capazes de fazer chegar mais rápido o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar as palavras da antiga canção espiritual negra:

Finalmente livres! Finalmente livres!...

II Mostra Afro-brasileira da EEEP Wellington Belém homenageará Luísa Mahin e Oliveira Silveira


A Escola Estadual de Educação Profissional Welington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda, realizará no próximo dia 20 de novembro a II Mostra Cultural Afro-brasileira e a I Mostra Cultural Indígena, visando promover ato reflexivo sobre a contribuição dos negros e negras, assim como também dos indígenas na formação da sociedade brasileira a partir de ações afirmativas desse grupo social. A ideia partiu do projeto intitulado “Cultura Afro-brasileira e Indígena na Escola” que gradualmente foi se tornando parte integrante e constante das discussões multidisciplinares, com destaque para a área de Ciências Humanas (História, Filosofia, Sociologia e Geografia).

O evento corrobora para a efetivação das Lei nº 10. 639/2003 e nº 11.645/2008 no ambiente escolar, tendo, portanto, a finalidade de quebrar paradigmas e os estereótipos quanto a inserção desses grupos sociais nos livros didáticos, quando são discutidos e, ou lembrados somente nos período colonial, regencial e imperial brasileiro, época em que o pais esteve sob o julgo português. Intenciona-se ainda trabalhar temáticas referentes aos grupos supracitados pelo viés dos que foram oprimidos. 

Luisa Mahin e Oliveira Silveira serão homenageados durante a II Mostra Cultural Afro-brasileira da EEEP Wellington
Belém de Figueiredo, em Nova Olinda, no próximo dia 20 de novembro.
Na oportunidade os alunos poderão demonstrar através de danças, documentários, vídeos, entrevistas, poemas, contos, lendas, rodas de conversas e debates parte do que vem sendo trabalhado em sala durante o ano letivo. Temas polêmicos e poucos discutidos no meio escolar também merecerão tempo para a análise e reflexão por parte do corpo discente, como por exemplo, Preconceito, Discriminação, Racismo, Genocídio desses dois grupos étnicos, Representatividade do Negro e do Indígena nos Espaços de Poder, Protagonismo Negro e Indígena, Movimentos Negros na Região do Cariri, Intolerância Religiosa para com as de matrizes africana e Cotas Raciais.

Dayze Vidal, do Pretas Simoa (Grupo de Mulheres Negras do Cariri) terá momentos de reflexão junto a comunidade escolar para discorrer acerca da temática “Identidade Negra”. Em 2014 ela pontuou sobre “A Implantação e a Aplicabilidade da Lei 10.639/03 nas Redes Públicas de Ensino”. O Grupo “CultuArte Capoeira”, do município de Altaneira, coordenado pelo professor/mestre Cesar Rodrigues demonstrará a força da Capoeira como símbolo de resistência negra à escravidão.

Dentre uma seleta lista de personalidades negras que fará parte de uma exposição, a mostra que tem como tema “Nunca se omitir, sempre ousar lutar” homenageará Luisa Mahin e Oliveira Silveira, dois dos mais importantes nomes e símbolos de luta, resistência e promotores da igualdade racial.

O evento está previsto para ter início às 7h30 (sete e trinta) da manhã e se estenderá até às 16h30 (dezesseis e trinta) da tarde.

Confira a biografia dos homenageados


Africana guerreira, teve importante papel na Revolta dos Malês, na Bahia. Além de sua herança de luta, deixou-nos seu filho, Luiz Gama, poeta e abolicionista. Pertencia à etnia jeje, sendo transportada para o Brasil, como escrava. Outros se referem a ela como sendo natural da Bahia e tendo nascido livre por volta de 1812. Em 1830 deu à luz um filho que mais tarde se tornaria poeta e abolicionista. O pai de Luiz Gama era português e vendeu o próprio filho, por dívida, aos 10 anos de idade, a um traficante de escravos, que levou para Santos.

Luiza Mahin foi uma mulher inteligente e rebelde. Sua casa tornou-se quartel general das principais revoltas negras que ocorreram em Salvador em meados do século XIX. Participou da Grande Insurreição, a Revolta dos Malês, última grande revolta de escravos ocorrida na Capital baiana em 1835. Luiza conseguiu escapar da violenta repressão desencadeada pelo Governo da Província e partiu para o Rio de Janeiro, onde também parece ter participado de outras rebeliões negras, sendo por isso presa e, possivelmente, deportada para a África.

Luiz Gama escreveu sobre sua mãe: "Sou filho natural de uma negra africana, livre da nação nagô, de nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa, magra, bonita, a cor de um preto retinto, sem lustro, os dentes eram alvíssimos, como a neve. Altiva, generosa, sofrida e vingativa. Era quitandeira e laboriosa". Luiza Mahin teve outro filho, lembrado em versos por Luiz Gama, cuja história é ignorada.

Em 9 de março de 1985, o nome de Luiza Mahin foi dado a uma praça pública, no bairro da Cruz das Almas, em São Paulo, área de grande concentração populacional negra, por iniciativa do Coletivo de Mulheres Negras/SP.


Oliveira Ferreira Silveira nasceu em Rosário do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, em 1941. Era filho de Felisberto Martins Silveira e de Anair Ferreira da Silveira. Criado na Serra do Caverá, zona rural famosa pela revolução de 1923, também conhecida como movimento armado. Oliveira Silveira formou-se em Letras (Português e Francês) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, foi pesquisador, historiador, poeta, e um dos idealizadores da transformação do 20 de novembro, no dia da consciência negra no Brasil.

A criação da Revista “TIÇÃO" que teve três edições, a primeira revista que surge abordando a temática racial e valorizando a cultura e o protagonismo de negros e negras notáveis da época e da história, foi sem dúvida um marco importante para o movimento negro e na carreira de Oliveira. Como Escritor e Poeta, publicou várias obras como Germinou em 1962, Poemas Regionais em 1968, Banzo, Saudade Negra em 1970, Decima do Negro Peão em 1974, Praça da Palavra em 1976, Pelô Escuro em 1977, Cinco Poemas em Cadernos Negros 3 em 1980 e também Poesia São Paulo no mesmo ano. Também teve participação no AXÉ - Antologia Contemporânea da Poesia Negra Brasileira publicado em 1982 pela Global Editora - São Paulo. Oliveira Silveira publicou crônicas, reportagens, contos e artigos. Participou com artigos e ensaios em obras coletivas, como o ensaio Vinte de novembro, história e conteúdo, no livro Educação e Ações Afirmativas, organizado por Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva e Valter Roberto. Também atuou em grupos como Razão Negra, Associação Negra de Cultura, Semba Arte Negra. Foi integrante da Comissão Gaúcha de Folclore, Conselheiro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República – SEPPIR/PR, integrando, nesse órgão com status de Ministério, o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial – CNPIR no período de 2004 a 2006.