Resultado parcial constata que 16,4% dos estudantes da EEMTI Padre Luís Filgueiras se autodeclaram de cor ou raça preta

 

Estudantes da EEMTI Padre Luís Filgueiras durante caminhada antirracista em 2023. (FOTO | Lucélia Muniz).

Por Nicolau Neto, editor

A EEMTI Padre Luís Filgueiras, uma das duas instituições da rede pública estadual do Ceará, localizada no município de Nova Olinda, na região do cariri cearense, conta hoje com 12 turmas em regime integral, sendo 3 primeiros anos, 5 segundos e 4 terceiros e quase 500 estudantes matriculados. Nesse sentido, é fundamental educar para as relações étnico-raciais em consonância com as leis 10.639, de 2003 e 11.645, de 2008. Estas legislações obrigam que escolas públicas e particulares trabalhem durante todo o ano letivo e em todas disciplinas temáticas relacionadas a História e Cultura Africana, Afrobrasileira e Indígena.

Não há como pensar o Brasil e, em particular a educação, sem trabalhar a diversidade. É impossível falar em democracia na sua amplitude sem se voltar para os dados alarmantes de casos de racismo, uma herança perversa de mais de 300 anos de escravização. Em um país que assopra aos quatro cantos do mundo que vive estado democrático de direito, é muito salutar colocar os pingos no is, visto que dados educacionais tem demonstrado que a maior taxa de evasão escolar são de pessoas negras, pois precisam fazer a difícil escolha entre trabalhar e ajudar em casa ou estudar; aqueles e aquelas que escolhem os estudos não conseguem acompanhar os demais que possuem condições financeiras razoáveis (a maioria não negros).

Analisar a educação e de maneira particular as escolas passa necessariamente pelo entendimento das relações étnico-raciais, trazendo a lume dados que façam menção as questões de gênero e das etnias, sem esquecer as classes sociais. Dentro dessa perspectiva desenvolvi uma pesquisa visando colher informações referentes a cor ou raça dos estudantes da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Padre Luís Filgueiras, em Nova Olinda, no interior do Ceará. A ação visa atualizar os dados da escola e comparar com os declarados em 2023.

O questionário tem como base os critérios utilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e pelo Estatuto da Igualdade Racial quanto a cor ou raça e foi feito pelo Google Forms, aplicativo do Google, e encaminhado nos grupos de WhatsApp de cada uma das 12 turmas, não levando em consideração aqueles/as que estão matriculados/as no período noturno e até o momento 58, 5% dos matriculados já responderam.

Pelos números, foi constatado que a parcela de estudantes que se autodeclara preta atingiu 16,4% (em 2023 foram 14,7%). O grupo que se reconhece como pardo, no entanto, é maioria, com 55,7%. (Em relação ao ano passado teve uma redução. 61,8% se reconheciam nesse grupo). É importante frisar que tanto para o IBGE quanto para o Estatuto da Igualdade Racial, a população negra no Brasil é definida pela somatória de pardos e pretos. Assim, negros na EEMTI Padre Luís Filgueira, até o momento, representam 72,1%. No último levantamento esse grupo chegou a casa dos 76,5%.

Gráfico colhido junto ao Google Forms.


O formulário também apurou que houve um aumento nas pessoas que se autodeclaram indígenas. Ano passado eram apenas 1,8% e este ano quase que dobrou. São 3,2% de indígenas.

Em que pese a cor ou raça branca e amarela, os números demonstraram leves crescimentos. Em 2023 0,3% se autodeclararam amarela e 21,5% como branca. Este ano já são 1,8 e 22,9 por cento, respectivamente.

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