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Instituto Búzios repercute oficina sobre saberes afro-indígenas desenvolvida pelo professor Nicolau Neto

 

Instituto Búzios repercute oficina sobre saberes afro-indígenas desenvolvida pelo professor Nicolau Neto. (FOTO | Reprodução | Site Instituto Búzios).


Por Valéria Rodrigues, Colunista

Uma oficina sobre “Saberes afro-indígenas e o ensino de sociologia nos livros didáticos” desenvolvida por Nicolau Neto, professor e editor deste blog, nas turmas de terceiro ano da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Padre Luís Filgueiras, no município de Nova Olinda -CE, repercutiu não só na região do cariri, mas a nível nacional.

Na região do cariri, sites como o da 18° Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (CREDE 18) e blogs como o blog do Boa e do Amaury Alencar replicaram o texto produzido para este blog. A nível nacional, o site Alma Preta Jornalismo, com sede no Estado de São Paulo, repercutiu a oficina.

A oficina continua sendo alvo de repercussão nacionalmente. Na manhã desta quarta-feira, 17, foi a vez do site do Instituto Búzios reproduzir o texto na íntegra.

O Instituto Búzios “é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, entidade nacional sem fins lucrativos, reconhecida pelo Ministério da Justiça (Processo MJ nº 08026.001014/2004-04)” e tem como objetivo “apoiar e estimular o fortalecimento das organizações e movimentos sociais autônomos, comprometidos com a implementação de políticas e ações para a promoção da equidade racial, de gênero, a justiça ambiental, a conquista de direitos e a afirmação da cidadania”. Conforme informações constante do próprio site, “o nome do instituto é uma homenagem à Conjuração Baiana de 12 de agosto de 1798, também denominada Revolta dos Búzios”.

Com sede em Salvador, Bahia, o Instituto conta com vários integrantes, dentre os (as) quais Allan Assunção de Oliveira que responde pela coordenadoria geral, Guilherme Moreira da Silva (coordenador de comunicação social), Tamiris Pereira Rizzo (coordenadora de cursos e eventos) e Maria das Graças Terra Nova (coordenadora administrativa).

Na localidade, nenhum site, blog ou emissora de rádio repercutiu a oficina.

Clique aqui e confira a repercussão da oficina no site do Instituto Búzios.

Professor Nicolau Neto realiza oficina sobre saberes afro-indígenas nos livros didáticos

 

Professor Nicolau Neto realiza oficina sobre saberes afro-indígenas nos livros didáticos. (FOTO | Material da Oficina). 


Por Nicolau Neto, editor

Em 9 de janeiro deste ano a Lei 10.639/2003, que tornou o ensino da História e Cultura afro-brasileira e africana em escolas públicas e particulares do Brasil, completou 20 anos. Esta mesma lei foi alterada em 2008, que versa acerca da obrigatoriedade da História e Cultura afro-brasileira e indígena e, ambas modificaram a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB/96). Apesar de tantos anos que entraram em vigor, elas ainda não são cumpridas em sua plenitude e, em alguns casos se limitam apenas ao artigo 79-B que foi inserido na LDB, tratando da inclusão no calendário escolar do “dia 20 de novembro como o dia Nacional da Consciência Negra”.

Por que, mesmo depois de duas décadas, ainda não conseguimos avançar como o esperado? Por que o livro didático – sendo a principal ferramenta de professores e professoras (embora não a única) -, ainda é carregado do eurocentrísmo? Por que nossa juventude preta e indígena ainda não se veem nas representações dos livros didáticos? Por que povos africanos e indígenas continuam sem retratados apenas nos períodos da colonização e do império? Por que ainda há o apagamento das contribuições do continente africano (inclusive como berço da filosofia e dos saberes matemáticos) dos livros didáticos?

A oficina – parte teórica

Parece até indagações feitas antes do surgimento das referidas leis. Mas não são. Infelizmente. Foi pensando nisso que nos propomos a realizar uma oficina junto a estudantes da EEMTI Padre Luís Filgueiras, em Nova Olinda, no interior do Ceará. A temática central é “O saber afro-indígena e o ensino de Sociologia nos livros didáticos.” Dentre os objetivos, destaque para dois: analisar como os povos africanos e indígenas aparecem nos livros didáticos de CHSA e refletir sobre a prática do ensino de sociologia, um dos componentes sob nossa responsabilidade. Para nos subsidiar nessas finalidades, estamos discutindo os marcos legais que orientam a construção de uma educação antirracista, onde levaremos para o debate as leis 10.639/03 e 11.645/08, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, a própria LDB/96, além do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola e o como tudo isso precisa estar interligado com os livros escolhidos por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

Professor Nicolau Neto. (FOTO | Acervo Pessoal).

Nesse sentido, nossos estudantes e eu ao longo desse oficina, precisamos refletir e responder a várias perguntas. Além das que já levantamos, essa outra: o que os livros didáticos de CHSA têm apresentado sobre as questões socioculturais e os saberes dos povos africanos e indígenas na formação do Brasil?

Iniciada esta semana nas turmas dos terceiros anos, trouxemos para a roda do diálogo dois intelectuais negros para nos subsidiar nas discussões. Um foi Abdias do Nascimento, ex-senador, escritor, artista plástico, professor universitário, dramaturgo e ativistas das causas negras. Lélia Gonzales, filósofa e antropóloga, além de ter sido a primeira mulher negra a escrever e falar sobre raça e gênero no país. Ambos nos trazem que o racismo foi e continua sendo o principal gargalo para a construção de uma educação que de fato respeite, valorize e propague os multisaberes, desarranjando toda forma de preconceito, discriminação e racismo. Afinal, Não há democracia plena onde o racismo ainda define lugares que pretos, pretas e indígenas devam ou não ocupar. Nesse sentido, a escola, como o mais importante espaço de promoção e divulgação de saberes sistematizados, precisa tomar essas questões como prioridades.

No primeiro contato ainda levamos outras indagações que tentaremos ao longo da oficina responder, mas sem a pretensão de esgotar o assunto. Quais sejam: por que é necessário insistir na afirmação de que a África é o berço da humanidade, das civilizações? Como essa afirmação pode contribuir na luta contra uma educação ainda arraigada nos moldes europeus e colonizadora e impactar no sentimento de pertencimento da juventude preta e indígena? Como os livros didáticos tem trazido essa questão? Como nós, professores e professoras, levamos essa assertiva para as aulas?

Parte prática da oficina

Após conhecerem os principais marcos legais da educação para as relações étnico-raciais e os/ principais autores/as dessas discussões, nossos estudantes analisarão os livros didáticos tendo como referências essas e outras legislações.

A ideia é contribuir para que os alunos e alunas sejam compartícipe da transformação do ambiente escolar, inclusive a partir de novas práticas de ensino, fazendo com que percebam que a equidade racial no Brasil só se tornará real se cada espaço fizer sua parte.

Ao fim da oficina, eles/as produzirão textos relatando a experiência e apresentando um diagnóstico do que foi constatado acompanhado de imagens.

Veja fotos da Oficina:

Estudantes do 3º Ano A, da EEMTI Pe. Luís Filgueiras, em Nova Olinda - CE. (FOTO | Prof. Nicolau Neto).

Estudantes do 3º Ano B, da EEMTI Pe. Luís Filgueiras, em Nova Olinda - CE. (FOTO | Prof. Nicolau Neto).

Estudantes do 3º Ano C, da EEMTI Pe. Luís Filgueiras, em Nova Olinda - CE. (FOTO | Prof. Nicolau Neto).