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Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, levante placa com frase ‘Taxação dos super-ricos!’, durante dois de julho, em Salvador (BA). (FOTO | Ricardo Stuckert | PR). |
A recente derrota do governo Lula na tentativa de aumentar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em alguns tipos de operações financeiras escancarou a correlação de forças no Congresso Nacional. Em participação no podcast Três por Quatro, do Brasil de Fato, que debateu a luta de classes no debate econômico, político e social, o historiador Valério Arcary, afirmou que o Legislativo “se transformou no órgão da classe dominante”.
Arcary
e a economista Juliane Furno analisaram como pautas progressistas têm sido
sistematicamente bloqueadas no Congresso. “Puxaram
o tapete dele [ministro da Fazenda, Fernando Haddad]”, afirma Arcary sobre
a votação que derrubou a proposta do governo, com o apoio do presidente do
Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara, Hugo Motta
(Republicanos-PB), que havia firmado um acordo com o governo. “É uma humilhação. […] A classe dominante
disse: ‘Lula não governa mais até 2026’”, critica.
Para
ele, esse foi o revés que impulsionou uma reação do governo. “Iniciou-se um
movimento inusitado do governo Lula, que foi um pequeno giro à esquerda. Por
enquanto é retórico, mas há”, observa. A fala do historiador se refere à
mobilização ideológica do PT em favor da justiça tributária, intitulada
“Taxação BBB: Bilionários, Bancos e Bets”, com repercussão nas redes sociais e
na imprensa.
Nesta
quarta-feira (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levantou um
cartaz com a reivindicação “Taxação dos
super-ricos!”, durante o cortejo popular do Dois de Julho, dia da
Independência do Brasil na Bahia, em Salvador. “Houve uma reviravolta à esquerda pela primeira vez neste ano. Está na
ofensiva nas redes sociais”, avalia. Na sua visão, com isso, a esquerda
confrontou de maneira inédita a extrema direita em todas as redes sociais,
campo dominado pelo espectro conservador. “Eles
estão encurralados, sentindo o golpe, porque o que eles estão defendendo é
indefensável”, aponta Arcary.
A favor da elite, contra os
trabalhadores
Juliane
Furno chama atenção para a desconexão histórica entre o Congresso e os
interesses populares. “Ele não expressa a
composição social da sociedade brasileira. Hoje, é o principal comitê que opera
a classe dominante, os donos do poder, os donos da riqueza”, diz.
A
economista lembra que esse descompasso já havia sido apontado nas manifestações
de 2013 e voltou a aparecer em temas atuais, como o debate sobre a escala 6×1
de trabalho. “Era impensável que uma luta
em torno da jornada de trabalho, que nem se chamava redução da jornada de
trabalho, fosse ter uma repercussão tão grande”, comentou. Segundo ela, o
fato de 70% do Congresso ser contra o fim da jornada extensa mostra como o
Legislativo atua.
Furno
defende que essas disputas sejam mais debatidas e evidenciadas. “É o tipo de medida, de pesquisa que
precisamos evidenciar para contribuir nessa polarização entre o Executivo e o
Congresso, e na identificação de quem representam os congressistas brasileiros.
Não é a sociedade brasileira, o interesse nacional, mas de uma fração da classe
dominante”, indica.
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Com informações do Brasil de Fato.
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