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Professor Nicolau Neto por ocasião do discurso de posse na Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe. (FOTO/Beto Ribeiro). |
Por Nicolau Neto, editor
Em julho de 2023, decidi renunciar ao título de “imortal” na Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe-CE. A carta de renúncia foi apresentada após três anos e nove meses do discurso de posse que fiz no município de Araripe, no cariri, em 12 de outubro de 2019.
Naquela ocasião destaquei que um dos principais objetivos em ocupar uma cadeira naquela instituição afirmo era mais do que buscar um reconhecimento pelo que cotidianamente luto e externo também em forma de textos e disse que A ALB/Araripe é uma entidade que visa congregar e difundir a literatura e a cultura brasileira e, de forma particular, a da nossa região e que eu, como pessoa negra escritor buscaria também representar vários escritores e escritoras negras, assim como aqueles e aquelas que foram invisibilizados/as no meio cultural, pois estava convencido de que esse era, assim como outros, um espaço a ser ocupado.
Afirmei também que as academias que lidam com educação, com cultura e com as políticas sociais são lugares que devem estar representados por grupos que compõem a maioria deste país por razões conhecidas, o racismo institucional, e que por isso acabam por serem minorias nesses espaços.
Ao longo desses quase três anos que permanecei, sempre cobrei por maior representatividade. Negra, principalmente. No entanto, a ausência dessa como alicerce e o silenciamento institucional com o aprofundamento do desmonte da cultura inciada com o presidente Michel Temer, em 2016, e aprofundada com o presidente Jair Bolsonaro que extinguiu o Ministério da Cultura em 2019 e depois o subtituiu pela Secretaria Especial da Cultura, subordinada inicialmente ao Ministério da Cidadania e posteriormente a secretaria foi transferida para o Ministério do Turismo.
Por fim, mas não menos importante, afirmei na renúncia que fiz dentro dos meus limites como acadêmico e de tempo acenos para que isso fosse atingido. Mas as sugestões que encaminhava não foram atendidas, a saber: reuniões periódicas (de preferência mensais) itinerantes e nas impossibilidades, reuniões virtuais, dentre outras.
Ante de renunciar, inclusive, sugeri uma posição da instituição quanto a luta travada por várias entidades culturais quanto a defesa da proposta de 2% do orçamento nos municípios para cultura. Alguns integrantes chegaram a afirmar que encampavam a luta; outros não responderam e outros ainda afirmaram que era melhor esperar passar a fase eleitoral que esta prevista para acontecer em agosto de 2023. O fato é que institucionalmente essa proposta não teve o retorno esperado, ou seja, um posicionamento da ALB/Seccional Araripe afirmando que ira participar junto as demais entidades pela aplicabilidade de no mínimo 2% do orçamento dos municípios na cultura. Solicitei, inclusive, uma reunião virtual para essa finalidade.
Na Academia, entrei para ocupar a cedeira 33 e como patrono João Zuba, mestre da Cultura e um dos principais símbolos da Banda Cabaçal, em Altaneira-CE.
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