Roda Viva entrevistou 13 convidados negros em quatro anos

(FOTO/ Reprodução/ TV Cultura).

Nesta semana, o programa Roda Viva da TV Cultura completou 35 anos de existência, o que o faz ser considerado o mais antigo do gênero na televisão brasileira. A importância e relevância do programa de entrevistas e debates se mostra histórica ao registrar as ideias, pensamentos e análises de quase 2 mil personalidades das mais diversas áreas de conhecimento que já passaram por ali desde a estreia, em 29 de setembro de 1986. Entretanto, há pouca presença de entrevistados negros na atração, ainda que avanços sejam notados nos últimos anos por conta da cobrança por diversidade.

Segundo levantamento feito pelo Coletivo Lójúkojú, lançado em 2020, o programa Roda Viva teve apenas 13 (6,34%) entrevistados negros no período de 11 de janeiro de 2016 a 22 de junho de 2020, em um total de 205 programas analisados no formato convencional de entrevistas.

Notou-se também uma baixa representatividade, no período analisado, de pessoas indígenas (0,45%) e amarelas (1%), sendo as pessoas brancas 92,21% das sabatinadas pelo programa. Além disso, somente 10% das pessoas entrevistadas eram mulheres, sendo que, destas, 9% eram negras. Apenas 1,5% das pessoas possuíam algum tipo de deficiência.

Nos programas em formato de debate do Roda Viva, ou seja, especiais temáticos com mais de um convidado no centro da roda, somente 12 debatedores (6,48%) eram negros, em um total de 41 programas e 185 convidados.

“A produção do Roda Viva tem procurado aumentar a diversidade de temas e entrevistados, bem como dos entrevistadores já desde o início desta administração, em junho/julho de 2019. Isso se manifesta nas reuniões de pauta e na preocupação de toda a equipe”, explica Leão Serva, diretor de Jornalismo na TV Cultura.

Neste ano, até a última segunda-feira (27), a Alma Preta Jornalismo levantou que 9 pessoas negras passaram pelo centro da roda do programa em um total de 44 convidados, dentre episódios no formato convencional de entrevistas ou de debates. Durante o ano de 2020, foram 8 pessoas negras em um total de 53 sabatinados.

Pressão por avanços em torno da diversidade

De acordo com Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil e entrevistada do Roda Viva no programa de maio deste ano, a representatividade negra na mídia aumentou a partir dos anos 2000 como um dos resultados da Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, em Durban, na África do Sul.

“À medida que há um crescente de mobilização negra, ela se desdobra em maior participação e presença negra na mídia, que não costuma ser sustentável, ou seja, vem em ciclos. Tem mobilização negra, a presença acontece, se a mobilização se torna invisível, a presença desaparece”, destaca.

Atualmente, o Roda Viva é transmitido também pela internet, o que contribui para um contato direto com o posicionamento do público, gerado, principalmente, em redes sociais. Essa interação provoca cobranças por uma maior diversidade no programa, não só em relação aos entrevistados, mas também sobre as pessoas na bancada de entrevistadores.
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Com informações do Alma Preta. Leia o texto completo aqui.

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