(FOTO/ Guilherme-Bergamini/ALMG). |
Em
um mandato regado por insegurança política, econômica e social, além de uma
crise sanitária mundial causada pela pandemia da Covid-19, deputadas negras dos
âmbitos federal e estadual contam que legislar no governo Bolsonaro é um de
seus principais desafios. Com uma maioria de estreantes na política
institucional, as mulheres negras enfrentam o desafio de não serem enxergadas
nas estruturas de poder, além de confrontarem, diariamente, o racismo, a
violência política e de gênero.
A
Alma Preta Jornalismo conversou com cinco deputadas, duas federais e três
estaduais, para saber como foram os primeiros anos de legislatura, além do o
que se espera para 2022 e para um possível próximo mandato.
Andréia
de Jesus, deputada estadual do PSOL pelo estado de Minas Gerais, revela que
assumir um lugar na institucionalidade - que não foi criada para mulheres
pretas - a levou a enfrentar o não-reconhecimento de sua pessoa como
parlamentar e do seu mandato. Ocupar essa função em pleno exercício do governo
Bolsonaro, segundo ela, tem um peso a mais. De acordo com a parlamentar, a
estrutura criada por e para homens brancos faz com que ela seja “tratada como
um corpo estranho” e sofra diversas violências.
“É a primeira vez na história de Minas Gerais
que 'corpas' negras ocupam esse espaço e isso acontece justamente durante um
governo orientado pela necropolítica, isso quer dizer que meu corpo tem sido
alvo de violências absurdas em plenário”, expõe a parlamentar.
Sendo
essas mulheres, muitas vezes, as primeiras a ocupar essa posição em seus
estados, a dificuldade para o exercício de suas funções e a validação de seus
trabalhos na esfera pública é ainda maior. Para a deputada estadual Mônica
Francisco (PSOL-RJ), a parlamentar negra chega no espaço político sem nenhum
tipo de preparo prévio, tendo sua capacidade questionada constantemente no
processo decisório.
“As principais dificuldades foram entender os
mecanismos internos, as estratégias de ação, as localizações onde iria atuar,
se consolidar como alguém de autoridade... A gente sempre é vista como alguém
desqualificada para as ações, para ocupar os espaços da política, por exemplo,
como uma Comissão de Constituição e Justiça, da qual eu sou membra”, conta
Mônica.
Após
as eleições de 2018, as deputadas pretas que ocupam uma cadeira nas Câmaras
Legislativas passaram de 7 para 15, as pardas de 29 para 36, já as brancas de
83 para 112. Em âmbito federal, dos 513 postos na Câmara dos Deputados, 2,5%
são de mulheres pretas ou pardas, totalizando 13 deputadas. Os números mostram
as desigualdades de representação, já que mulheres negras condizem com cerca de
28% da população brasileira, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística).
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