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Manifestantes protestaram na Câmara, em novembro, contra o projeto conhecido como Escola sem Partido. (FOTO/ Cleia Viana/Câmara dos Deputados). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
A
escola pública é espaço de disputa e contradições pedagógicas, a luta de
classes sociais se apresenta a partir das veias ideológicas, prevalecendo a
hegemonia dos valores da classe dominante.
O que torna inviável falar de educação imparcial ou de educação de
qualidade sem definir para quem se destina e qual sua finalidade enquanto
projeto de sociedade, no sentido de manutenção ou superação das estruturas de
poder.
Avaliações,
premiações, competições, acolhimentos desiguais e excludentes fazem parte do
cotidiano da escola e vão circulando como artérias de pulverização ideológica,
a partir de uma engrenagem institucional, articulada em rede, o que fortalece a
reprodução de concepções legitimadas desta sociedade individualista e
competitiva que se apresentam como fatores espontâneos e inevitáveis.
Se o
processo educativo não é espontâneo, mas construído a partir das relações
sócio-históricas, logo, as internalizações e a reprodução dos valores
ideológicos hegemônicos não ocorrem de forma natural ou espontaneísta pelo
contrário existe uma intencionalidade sistematizada e contínua, que ora aparece
de forma camuflada e em outros momentos sem pudores.
A
escola tem partido! A escola sem partido faz parte do arroto ideológico da
elite econômica e dos setores conservadores e reacionários para manter a
dominação cultural no âmbito educacional e combater as perspectivas pedagógicas
progressistas e de emancipação humana, alinhadas a classe trabalhadora e que
coloca desnuda as relações de opressão e exploração do modo de produção
capitalista.
Se a
escola é um desses aparelhos ideológicos do Estado, deve ser percebida também
como espaço da luta de classes sociais e por conseguinte de disputa de concepções pedagógicas
antagônicas. A escola tem papel
essencial enquanto instrumento de luta da classe trabalhadora, ela é parte do
processo de transformação social, apesar de que a educação não revoluciona a
realidade social se a estrutura de poder político e econômico não for
alterada.
A
escola já tem partido enquanto ideologia estrutural. Se “As ideias dominantes
de uma época sempre foram as ideias da classe dominante”, como aponta o
Manifesto Comunista, a educação institucionalizada em nenhuma hipótese pode ser
patenteada como imparcial, independente, neutra ou sem partido! A escola é
parcial, tem lado, posição, partido, isso independente dos nossos desejos.
A escola pública precisa ser defendida enquanto espaço de democratização do conhecimento produzido historicamente pela humanidade, interligada à prática social, formação integral e contextualizada. A escola pública precisa temperar os filhos e as filhas da classe trabalhadora para dirigir as engrenagens políticas e econômicas da sociedade. Os defensores da escola sem partido defendem a manutenção de uma educação para formar dirigidos e subalternos, essa é a escola com partido que não interessa a classe trabalhadora.
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