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'A Princesa Mahin: Uma história quilombola' mescla fantasia e história de resistência

 

(FOTO/ Pedro Sobrinho/Ciclo Contínuo Editorial).

Ler os contos de Fábio Mandingo é adentrar nos becos do coração de Salvador, na Bahia. Quando nosso peito batuca lendo suas histórias significa que a literatura preta do irmão também adentrou nosso coração. Depois da maravilhosa trilogia dos seus livros de contos, agora o escritor nos encanta com a sua primeira novela, chamada “A Princesa Mahin: Uma história quilombola”, onde mescla fantasia e a história das lutas de resistência negra no Brasil.

Sankara é filho de militantes, mas não tem a gana pela causa racial. Sabemos que às vezes precisamos de um estalo para acender a chama da luta e do orgulho. Kiala é da sua turma da escola e é mais ligeira. Ela despertou o fruto da consciência negra na árvore/casa, onde suas raízes-pai-mãe a envolveram desde a infância. Eles estudam na mesma turma, mas Kiala Mahin não vai muito com a cara do Sankara por não ter despertado para as coisas do seu povo. Em um sábado, Sankara achando que ia ter o prazer de dormir até mais tarde, foi surpreendido por sua professora Lúcia que programou uma aula de campo, e aí se passa a trama.

Sankara e seus amigos de escola partem para uma excursão até o Parque São Bartholomeu, em Salvador. Motivados por Kiala e sua amiga Dani, as irmãs Mahin, Sankara, Charles e Otávio resolvem explorar o parque fora do roteiro da professora, em busca de histórias de sua ancestralidade, o que conduz Sankara magicamente até o histórico Quilombo do Urubu, onde ele tem que lidar com violentos capitães do mato e aprende com os quilombolas liderados pela Rainha Zeferina sobre lealdade, amizade, fé e amor”, diz a apresentação do livro.

A obra é ilustrada pelo talentoso Pedro Sobrinho, que somou com sete ilustrações onde os traços de seus desenhos trazem humanidade para o nosso povo. Conseguimos sentir a conexão espiritual entre o escritor e o ilustrador, que trabalharam juntos em outros livros.

A Princesa Mahin” é mais uma publicação da Ciclo Contínuo Editorial, editora independente dedicada à publicação de obras literárias e pesquisas na área das Humanidades com enfoque especial na cultura afro-brasileira.

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Por Akins Kintê, originalmente no Alma Preta.

Akins Kintê é um poeta, músico e escritor paulistano conhecido por seus versos marcados pela negritude. Em 2020, lançou seu terceiro livro “Muzimba, na Humildade sem Maldade” e também colocou nas ruas o EP “Abrakadabra”.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Luísa Mahin


Africana guerreira, teve importante papel na Revolta dos Malês, na Bahia. Além de sua herança de luta, deixou-nos seu filho, Luiz Gama, poeta e abolicionista. Pertencia à etnia jeje, sendo transportada para o Brasil, como escrava. Outros se referem a ela como sendo natural da Bahia e tendo nascido livre por volta de 1812. Em 1830 deu à luz um filho que mais tarde se tornaria poeta e abolicionista. O pai de Luiz Gama era português e vendeu o próprio filho, por dívida, aos 10 anos de idade, a um traficante de escravos, que levou para Santos.

Luiza Mahin foi uma mulher inteligente e rebelde. Sua casa tornou-se quartel general das principais revoltas negras que ocorreram em Salvador em meados do século XIX. Participou da Grande Insurreição, a Revolta dos Malês, última grande revolta de escravos ocorrida na Capital baiana em 1835. Luiza conseguiu escapar da violenta repressão desencadeada pelo Governo da Província e partiu para o Rio de Janeiro, onde também parece ter participado de outras rebeliões negras, sendo por isso presa e, possivelmente, deportada para a África. 

Luiz Gama escreveu sobre sua mãe: "Sou filho natural de uma negra africana, livre da nação nagô, de nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa, magra, bonita, a cor de um preto retinto, sem lustro, os dentes eram alvíssimos, como a neve. Altiva, generosa, sofrida e vingativa. Era quitandeira e laboriosa". Luiza Mahin teve outro filho, lembrado em versos por Luiz Gama, cuja história é ignorada.

Em 9 de março de 1985, o nome de Luiza Mahin foi dado a uma praça pública, no bairro da Cruz das Almas, em São Paulo, área de grande concentração populacional negra, por iniciativa do Coletivo de Mulheres Negras/SP.