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Há mais gente incomodada com a melanina de Marighella do que com a ausência dela nas imagens de Jesus, diz Karnal na análise do filme

 

(FOTO/ Reprodução)

Por Nicolau Neto, editor

O historiador e escritor brasileiro Leandro Karnal analisou um dos filmes que está tendo a maior repercussão dos últimos anos, antes mesmo do seu lançamento. O filme "Mariguella", do ator e autor Wagner Moura, sofreu até boicotes. Resistiu e hoje é um sucesso.

Para Karnal, o obra de Mora representa um diálogo entre os acontecimentos da década de 1960 e hoje. "Filmes históricos retratam o passado a partir das releituras do presente", disse ele. Dentre desse jogo dialógico, Karnal afirmou que a história do filme conectou o bordão "abaixo a ditadura" com "um invisível 'fora Bolsonaro'".

Ao analisar o papel de Seu Jorge como Mariguella, o historiador afirma que o protagonista foi excelente. E ao constatar que Marighella era realmente negro, ele frisa que "parece que há mais gente incomodada com a melanina de Marighella do que com a ausência dela nas imagens de Jesus".

Tudo que se faz ou não é um ato político. Nossas escolhas são políticas. Por isso ele destacou que "as representações são opções políticas: Jesus de olhos azuis também é uma representação ideológica. Arte é sempre política e sempre deveria ser livre”.

Outro ponto analisado por ele foi as violências da ditadura brasileira. "Eles não são instaurados pelo golpe, porém pela tradição contra pobres e negros", disse e complementou ao dizer que  a posição está também em outros analistas: a violência, no Brasil, pode ficar mais descarada em regimes de exceção (como 1964-1985), todavia, é constante na sociedade brasileira e sua raiz é social e racial".

Por fim, o filme, na sua opinião, ganharia com 40 minutos a menos. "Não é análise técnica, apenas opinião", comentou.

Marighella’, o filme, tem estreia confirmada para 4 de novembro, data do assassinato

Filme já teve aproximadamente 30 exibições pelo mundo e passou por festivais. (FOTO/ Divulgação/ Montagem/ RBA).

O filme Marighella, dirigido por Wagner Moura e com Seu Jorge no papel principal, vai enfim estrear no Brasil. A data marcada é 4 de novembro, quando se completam 52 anos do assassinato de Carlos Marighella, em uma emboscada na cidade de São Paulo. Pré-estreias estão marcadas para o dia 1º.

O longa, o primeiro dirigido pelo ator Wagner Moura, sofreu sucessivos adiamentos, incluindo desentendimento com a Agência Nacional de Cinema (Ancine). A dificuldade estaria relacionada com o histórico do personagem retratado. O comunista Marighella, criador da Ação Libertadora Nacional (ALN), foi um dos principais opositores da ditadura. O filme foi exibido em vários países e festivais, com boa recepção. Foram aproximadamente 30 exibições nos cinco continentes.

Além de Seu Jorge na figura do guerrilheiro, Bruno Gagliasso encarna o policial Lucio, que o persegue. Na vida real, Marighella foi caçado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, até ser morto a tiros na alameda Casa Branca, no bairro paulistano dos Jardins.

O elenco tem ainda Adriana Esteves (como Clara Charf, companheira do líder comunista), Herson Capri e Luiz Carlos Vasconcellos, entre outros. Com filmagens na Bahia, em São Paulo e no Rio de Janeiro, o longa tem Fernando Meirelles como produtor associado. Foi inspirado no livro Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo (Companhia das Letras), escrito pelo jornalista Mário Magalhães e lançado em 2012.

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Com informações da RBA.