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As queimadas são proibidas pelos estados nessa época do ano. Incêndios são frutos de irresponsabilidades e má fé. (FOTO/Valter Campanato/ABR). |
O
processo de devastação da Amazônia, agravado com a onda de incêndios sem
precedentes na história, não é responsabilidade da baixa umidade do ar, como
entende o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (Novo-SP). Apesar da seca,
há mais umidade na região amazônica hoje do que havia nos últimos três anos,
conforme estudo da Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). E nem de
ONGs ambientalistas ou de governadores da região Norte, como disse hoje (21)
Jair Bolsonaro (PSL). Mas da ação de ruralistas que avançam seus domínios sobre
a floresta, com o objetivo claro de transformá-la em pasto e assim fazer
negócios lucrativos.
“Queimadas
são a segunda ferramenta usada na destruição da floresta. Primeiro se retira o
filé, que é a madeira. Quando seca o que sobrou, põe fogo. Nessa terra
degradada é colocado o capim para se ter o pasto. É o processo de transição da
floresta para pasto”, disse um fiscal de órgão ligado à pasta do Meio Ambiente
que pediu para não ter a identidade revelada por temer represálias.
Fazendo
referência ao dia “Dia do Fogo” conclamado por ruralistas mais comprometidos
com a especulação imobiliária do que com a produção agrícola, o servidor
acredita que o setor poderia abrigar ou financiar entidades que, acredita,
seriam as verdadeiras ONGs por trás dos incêndios.
“Não
é mais o Ibama que autoriza as queimadas, mas os estados. E nesse período
crítico como agora, agosto, setembro, são proibidas em vários deles. Nesse
período a legislação local não autoriza queima nenhuma. As queimas que
acontecem, de um modo geral, são irregulares, aproveitando-se da época em que a
seca está mais intensa”, afirmou.
Incêndios
em áreas privadas ou em disputa judicial são combatidos pelo Corpo de Bombeiros
dos estados. Em unidades de conservação, terras indígenas, territórios
quilombolas e áreas de assentamento do Incra são responsabilidade do Centro
Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), vinculado
ao Ibama. Há casos em que os dois serviços atuam em conjunto.
Custeado
em grande parte com recursos do Fundo Amazônia, o PrevFogo deverá enfrentar
dificuldades com mudanças no caixa, principalmente depois que Noruega e
Alemanha anunciaram bloqueios em seus repasses. O Fundo financia também
projetos dos bombeiros de alguns estados, como de Mato Grosso, estado dos mais
afetados pelas queimadas.
A
situação é grave. Duas pessoas morreram em Rondônia no último dia 14, tragadas
pelas chamas. Há animais mortos por toda parte, mata destruída e fumaça que se
espalha por milhares de quilômetros, atravessando estados, levando doenças
respiratórias. Em vez de transferir recursos urgentes para o combate às chamas
e à prevenção de novos incêndios, com mais fiscalização às derrubadas,
Bolsonaro põe a culpa na conta de siglas que ele nem sabe quais são.
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Com
informações da RBA.
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