Parlamentares e movimentos ironizam decreto de Bolsonaro sobre queimadas: tardio e demagógico. (FOTO/TVT/Reprodução). |
Na
Câmara dos Deputados, parlamentares ironizaram o decreto publicado nesta
quinta-feira (29) pelo presidente Jair Bolsonaro, no Diário Oficial da União
(DOU), proibindo a realização de queimadas controladas pelos próximos dois
meses, prazo para o fim do período da seca nos estados da Amazônia e do
Cerrado. Em entrevistas ao Seu Jornal, da TVT, parlamentares da oposição ao
governo classificaram a medida como demagógica e tardia, considerando o aviso
do Ministério Público e da Polícia Federal que alertaram, no dia 8 de agosto,
sobre o chamado “dia do fogo”
organizado por produtores rurais na região amazônica.
“Mostra bem o despreparo do presidente que
nós temos hoje. Não são 60 dias que resolve”, avaliou o deputado federal
Henrique Fontana (PT-RS), ao repórter Uélson Kalinovski. “Como ele (Bolsonaro) desativou todos os mecanismos de controle, o Ibama
e o ICMBio, todo o sistema de controle do desmatamento, agora precisa recuperar
tudo isso com urgência”.
A
deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ) concorda com a análise de Fontana.
Para ela, as medidas “explicitam um
governo que quer flexibilizar e desmontar a legislação ambiental vigente”.
De
acordo com os parlamentares, outra prova de que o decreto chega depois que o
estrago já foi feito é a continuidade das queimadas. Na quarta-feira (28), por
exemplo, foram publicadas imagens da terra indígena Areões, no Mato Grosso,
onde 219 mil hectares de terra foram devastados por ação criminosa de
grileiros. Ainda nesta semana, lideranças Xikrin denunciaram a destruição de
suas reservas indígenas no Pará.
“Precisamos ter políticas públicas para
enfrentar os incêndios criminosos, mas o que a gente tem visto são cortes
orçamentários em órgãos de fiscalização, nos órgãos que existem para conter
queimadas. Então, lamentavelmente, Bolsonaro vai na contramão do acúmulo dos
ambientalistas e cientistas. É o governo anti-ciência, anti-evidência e
anti-Amazônia”, afirma Talíria.
O
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) também manifestou preocupação com o
decreto presidencial que, de acordo com a organização, vem sem qualquer
garantia de efetividade. Ao Seu Jornal, da TVT, o coordenador nacional do MAB,
Francisco Kelvim, citou os recentes dados do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) que mostram um aumento de focos de incêndio na região. Natural
de Rondônia, Kelvim disse que nessa semana o aeroporto em Porto Velho precisou
ser fechado por conta da fumaça, proveniente das queimadas, que cobria o céu da
região.
“Quem garante efetividade nessa ação do
governo, se o discurso dele é totalmente o contrário, de destruição e entrega
da nossa floresta e, ao mesmo tempo, é um discurso que, na prática, se coloca
esvaziando o Ibama, que é o principal órgão fiscalizador do governo; o ICMBio,
contestando os dados técnicos sobre desmatamento que são feitos tanto pelo Inpe
quanto pelo Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), então é muito
grave. Estamos muito preocupados com tudo isso, governo diz que está contendo
os incêndios, mas muito preocupado com essa questão de visibilidade do país
para fora”, ressalta o coordenador nacional do MAB.
Nesta
quarta, a organização ainda divulgou nota pública afirmando que “defender a Amazônia é defender o Brasil”,
e criticou práticas retrógradas que prejudicam as florestas e os animais.
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Com informações
da RBA.
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