![]() |
Por que os cursos de Filosofia e Sociologia incomodam Bolsonaro? (FOTO/Reprodução/CartaCapital). |
O
presidente Jair Bolsonaro iniciou a sexta-feira 26 alarmando a sociedade. Algo
que já tem se tornado frequente na gestão do capitão. O foco? A educação, área
que tem sido palco de preocupantes investidas governamentais. Em um tweet
publicado no início da manhã, o presidente anunciou que o ministro da Educação,
Abraham Weintraub, estuda descentralizar investimentos em faculdades de
Filosofia e Sociologia.
O
objetivo seria focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como
veterinária, engenharia e medicina. “A
função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os
jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda
para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta”,
apontou o presidente em um segundo tweet.
O
coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, crava
que o argumento utilizado pelo presidente é falso. “Não é o curso universitário que gera recurso econômico. O que gera
retorno econômico, a partir da formação, é o crescimento econômico. Ou seja,
não basta que a pessoa tenha um diploma universitário, é necessário que o
mercado de trabalho tenha uma vaga para contratar essa pessoa”, analisa.
Esta
semana, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) da
Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, mostraram que o País teve o
pior mês de março desde 2017, em relação a empregos com carteira assinada. O
saldo negativo foi de 43.196 empregos a menos.
Segundo Cara, a questão central é que o Brasil volte a crescer, o que, em sua análise, não deve ocorrer com as diretrizes do atual governo. “As políticas de austeridade econômica empreendidas desde o governo de Michel Temer e em curso no governo Bolsonaro não vão nos tirar desse cenário”, atesta, afirmando que o País continua em um quadro de depressão econômica. “Bolsonaro quer responsabilizar a educação pela incompetência econômica de seu governo”, critica.
Ainda
assim, o especialista reforça que não é momento para pânico, sobretudo acerca
da ideia do fim dos cursos de Filosofia e Sociologia vigentes nas universidades
públicas e privadas. “As universidades, especialmente as públicas, são
administradas a partir do princípio constitucional da autonomia universitária,
ou seja, quem decide o que vai ser lecionado são as próprias universidades. O
ministro Weintraub está querendo aparecer, não tem nenhuma consistência no que
foi afirmado”, contesta.
Outra
questão que o especialista explica é que, para existir, as universidades
obrigatoriamente precisam ter o conjunto das áreas do conhecimento. Isso se
aplica também às universidades privadas que recebem apoio do Fies ou Prouni. Em
sua análise, os cursos não estão ameaçados de fechamento. “Pode até ser que o governo proíba o investimento, evitando os
empréstimos do Fies ou negando a renúncia fiscal para esses cursos no caso do
Prouni, mas é difícil que as universidades aceitem esse tipo de interferência”,
atesta.
Filosofia e Sociologia nas redes
A
polêmica declaração do presidente fez com que o tema Filosofia e Sociologia
virasse um dos assuntos mais comentados do Twitter nesta sexta-feira.
O
governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) reagiu à declaração e disse que “vai manter o respeito aos cursos de
Filosofia e Sociologia”. (Com informações de CartaCapital).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!