“É muita cara de pau você querer dizer que no Brasil não há racismo”, diz professora Bia Alexandrino

 

Bia Alexandrino. (FOTO/ Reprodução).

Por Nicolau Neto, editor-chefe

A 78ª edição do Ubuntu Notícias, um canal no YouTube comandado pela professora e blogueira Lucélia Muniz, entrevistou na semana da Consciência Negra a também professora Ana Beatriz Alexandrino.

Bia Alexandrino, como é conhecida em Nova Olinda, município a 15 Km de Altaneira, na microrregião do cariri oeste, é graduada em Letras com especialização em Ensino de Língua Inglesa. Atua como professora da Escola de Ensino Médio Padre Luís Filgueira e no Centro de Educação Básica (CEB), ambas em Nova Olinda e durante a entrevista falou sobre seu processo educativo enquanto única de sua família a ter formação de nível superior, de sua atuação no movimento estudantil e enveredou por diversos temas, como o racismo, o machismo e a importância da educação e das redes sociais na transformação da realidade.

Educação na Família e na Universidade

Em suas falas, Bia destacou o papel da família no seu processo educativo ao argumentar que sempre teve um educação libertadora, mesmo sem os pais completarem o ensino fundamental. “Meus pais têm uma mente para o mundo muito aberta”, ponderou. De acordo com ela, lá sempre tiveram uma discurso de diretos iguais, para mulheres, negros e homossexuais. O contato com estudantes da periferia do município de Crato quando ela ministrou aulas de inglês como universitária bolsista da URCA fez com que ela se aproximasse dos movimentos sociais. “Para pessoas como eu que é pobre, mulher e negra, a educação foi a arma principal para eu me sobressair”, destacou Bia.

Redes Sociais

Os constantes discursos de ódios propagados nas redes sociais e a utilização desta para combatê-los foi um dos pontos a serem abordados pela blogueira Lucélia. “Enquanto tem pessoas que constroem muros, relações verticais; tem pessoas pessoas que constroem pontes, relações horizontais. Como fazer usos desses canais de forma propositiva e construtiva levando em consideração os direitos humanos”?, indagou Lucélia. Ao destacar o papel das redes socais, a velocidade com que se propaga informações e grande quantidade de pessoas que ela pode atingir ao mesmo tempo, Bia destacou que é combativa e que sempre gosta de se se posicionar.

Segundo ela, foi nas redes socais que ela começou, já inserida nos movimentos socais a “militar”. “Militar contra a homofobia, militar contra o racismo”, disse. A facilidade que as redes socais possuem para atingir várias pessoas, fez com Bia começasse a usá-la para se posicionar e não simplesmente para postar selfie ou mesa de bar. Isso acabou, conforme a professora, incomodando alguns amigos que a questionaram o uso político.  Eu digo que no Brasil tem muita gente passando fome para a gente não querer falar de política. É importante que a gente sempre esteja mostrando o que está errado para ver se atinge, se alcança as pessoas para que suas mentalidades mudem”, argumentou Bia.

Representatividade

Bia falou ainda sobre representatividade negra nos espaços de poder. Ela mencionou que é de uma importância grandiosa. “Para gente que é negra se ver nos desenhos, nas novelas e nos filmes como protagonistas e prestigiada na sociedade, algo que a gente não via antes, faz com que a gente se sinta representada”, comentou. “Isso permite dizermos que podemos sim está em determinados espaços, mesmo que indesejados”, concluiu. Mas Bia não é ingênua e frisou que tem um caminho muito longo a se percorrer nesse sentido, pois mesmo o país tendo maioria negra essa maioria ainda não é vista nos principais espaços e que o Brasil é um dos países que mais mata jovens negros no mundo, além de ser o pais onde tem menos representatividade negra no congresso nacional e nas câmaras municipais.

Para provar seus argumentos, a professora citou exemplos. “É só a você dá uma olhada. Se você entrar em uma escritório e olhar quantas pessoas negras têm trabalhado ali e você, por exemplo, ir em um talhado daquele e ver quantos negros estão trabalhando lá, é muita cara pau você querer dizer que no Brasil não há racismo”, finalizou.

Abaixo você confere a entrevista completa

                  

2 comentários:

  1. Agradeço pela consideração! Realmente foi uma ótima edição! Bia fez uma fala muito coerente e necessária! Obrigada Nicolau pelo espaço aqui no Blog!

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  2. Parabéns a professora de Nova Olinda, Bia Alexandrino. Foi muito coerente e sensata. Externo os parabéns também a professora e blogueira, Lucélia Muniz. Temas como esses são mais que necessários.

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