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(FOTO/ Yago Rodrigues). |
O Carrefour admitiu a legitimidade dos protestos ocorridos desde a sexta-feira, 20 de novembro, em diversas lojas da rede de supermercados no país por conta da indignação contra o assassinato do cliente João Alberto, em Porto Alegre (RS).
Após
ser questionada pelo Alma Preta, a rede informou que vai criar um comitê
independente de diversidade, composto por colaboradores e especialistas
externos em inclusão racial a fim de criar ações em curto prazo para atuar na
revisão de processos do Carrefour e no combate ao racismo estrutural no Brasil.
Segundo
a empresa, o objetivo é contribuir para uma sociedade mais inclusiva e
tolerante. Nos dias 21 e 22, sábado e domingo, as lojas da rede abriram entre
uma e duas horas após o horário usual para que os funcionários e colaboradores
terceirizados tivessem um treinamento focado na questão racial, reforçando os
valores de diversidade.
“Sabemos
que não podemos reparar a perda da vida do senhor João Alberto. Este movimento
é o primeiro passo da empresa para que o combate ao preconceito e racismo
estrutural, que é urgente no Brasil, ganhe ainda mais força e apoio da
sociedade”, disse Noël Prioux, CEO do Grupo Carrefour Brasil.
A
rede informou ainda que foi criado um fundo para a promoção de ações afirmativas
e inclusão social e econômica de negros e negras com o valor inicial de R$ 25
milhões. Na quarta-feira (25), o Carrefour deve divulgar os detalhes do fundo e
das ações que serão feitas a curto prazo. De acordo com a empresa, as
iniciativas promovidas pelo fundo terão impacto para funcionários e para o
público em geral.
De
acordo com a rede, 58,9% dos funcionários são negros, sendo que 49,8% estão no
que a empresa define como “postos de liderança”. O carrefour, no entanto, não
divulgou quantos negros ocupam cargos de diretores ou gerentes-gerais das
lojas.
Na
noite da quinta-feira, 19 de novembro, João Alberto, de 40 anos, foi ao
supermercado em Porto Alegre, com a esposa Milena, fazer compras. O homem negro
foi abordado no caixa por dois seguranças brancos que o levaram até o
estacionamento. As imagens feitas por outros clientes mostram que pouco depois
de passar pela porta, a vítima foi derrubada e espancada com vários golpes na
cabeça por mais de quatro minutos.
João
Alberto agonizou e morreu durante o espancamento diante de mais de dez pessoas.
Uma funcionária branca do Carrefour ficou ao lado dos agressores filmando a
cena pelo celular.
No
dia seguinte, nas marchas do Dia da Consciência Negra, o grito de justiça pela
vítima foi umas das palavras de ordem que mais ecoaram pelo país. Em São Paulo,
a loja do Carrefour na região dos Jardins, bairro rico da cidade, foi depredada
e teve as vidraças quebradas. Frases como “Carrefour
Racista!” foram escritas na frente da loja.
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