Ainda hoje sem torneira em casa (Foto: Alana Maria). |
Natural
do sítio Caboclo, em Crato, a senhora Maria Joana da Conceição, 98, mora desde
a década de 1960 em Altaneira. Talvez você a conheça melhor como Dona Baiá, a
dona do poço de água sem fim.
Sabendo
da origem de água no chão, Baiá pediu para a filha cavar no quintal de casa um
poço d'água. Na época, água era difícil de se encontrar e ter a facilidade da
água encanada era um sonho.
De
tanto querer, o chão deu a Baiá água tão cristalina que toda a cidade buscava
ali, em baldes e garrafas, o que beber.
Ela
lembra que a escavação não foi de agrado de todos, mas todos gostaram depois.
Um
dia, enquanto a filha cavava, o prefeito mandou parar a obra por temer que
alguém "fizesse uma arte" no poço. "Se alguém cair e fizer uma
arte tá feito. Todo mundo tá vendo que ela tá cavando", teria dito Baiá. E
ainda mais: "O único homem que tenho é a mulher, minha filha, e a mulher é
esperta".
O poço em seu quintal (Fotos: Alana Soares) |
Até a data de hoje, 2019, Dona Baiá desfruta da água sem fim do poço. Tão confiante é em seu poço encantado que a senhora e família não se preocuparam em instalar rede de água em casa. Muito menos torneira na pia. Já baldes e baldes de água do poço não faltam próximo à cozinha.
Ela
conta que nunca faltou água no poço porque ele deveria servir para todos que
precisassem. Baiá não tem casarão ou fortuna. Rica de vida e espírito, talvez
seja a água e o espírito de cidadania que mantenham a senhora de 98 anos com
tamanha vitalidade.
Texto
de Alana Maria e publicado originalmente no site Miséria com o título " Por anos ela forneceu água de beber para toda uma cidade". O Blog de Altaneira também reproduziu o texto.
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