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(FOTO/ Reprodução/ TV Cultura). |
1 de outubro de 2021
Roda Viva entrevistou 13 convidados negros em quatro anos
Da abolição ao mito da ‘democracia racial’, clássico de Clóvis Moura retrata a relação da luta antirracista com a luta de classes
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O negro: de bom escravo
a mau cidadão? foi escrito por Clóvis Moura em 1977 . (FOTO/ Divulgação e
Reprodução/Vermeho.org.) |
Há
70 anos, Clóvis Moura (1925 – 2003) escrevia sobre questões que estão em pauta
na atualidade. Nascido em Amarante, no Piauí, se tornou historiador, sociólogo,
poeta, jornalista e, sobretudo, um grande intelectual de seu tempo. Envolvido
na teoria de Marx, aprofundou-se nos estudos ligados à raça e às classes
sociais nos tempos pós-abolição e deixou um notável legado ao movimento negro e
a história do Brasil.
Uma
parte deste material está no livro O
Negro: De Bom Escravo a Mau Cidadão? (1977), reeditado este ano pela
Dandara Editora, e tema de um curso promovido após o lançamento em agosto.
Algumas vagas foram sorteadas entre os membros do Tamo Junto, programa de apoio
à Ponte.
A
obra é uma continuação do trabalho teórico do sociólogo em Rebeliões da Senzala:
Quilombos, Insurreições, Guerrilhas (1959) e destrincha a situação da população
negra na transição entre a Monarquia e a República brasileira e de que forma a
estrutura racista da escravidão se perpetuou social e economicamente no país.
Para contar esta história a partir de uma nova perspectiva, o autor divide seus
estudos em três partes: da escravidão à marginalização, as lutas dos negos por
emancipação na América Latina e a população negra como um grupo diferenciado de
uma sociedade competitiva.
Clóvis
Moura expõe as contradições do período pós-abolição, a partir de 1888, ao
relatar em muitos dados estatísticos e pesquisas a condição desumana e de
exploração na qual negros e negras se encontravam mesmo libertos, incluindo a
falta de cidadania, auxílio e inclusão na sociedade, problemas que até hoje se
refletem na marginalização dessa população. Com esta combinação, o
desenvolvimento do Brasil, segundo o sociólogo, se apoiou em uma estrutura
racista.
O
autor também faz uma provocação no título da obra e indica que a história
política e social, contada por brancos, reforçou um estereótipo racista sobre
pessoas pretas, apagando suas lutas por resistência e por mobilidade social.
Diante da repressão às culturas e religiões afrodescendentes, movimentos aconteceram
em toda a América Latina e influenciaram no processo de independência das
nações.
Todas
estas reflexões propostas por Moura são objetos de estudo de pesquisadores como
Gabriel Rocha, graduado em História, mestre em História Social e doutorando em
História Econômica pela USP. Ele escreve o prefácio da nova edição do livro
apontando a relevância dos estudos do sociólogo dentro e fora da academia,
repertório ainda pouco conhecido por grande parte dos brasileiros.
Em
entrevista à Ponte, Gabriel diz que só teve um contato maior com a obra quando
tornou-se pesquisador, pois algumas publicações de Clóvis Moura só contaram com
apenas uma edição. Ele também destaca os principais pontos da contribuição que
o sociólogo deixou em seus 78 anos de vida.
__________________
Com informações da Ponte Jornalismo. Leia a entrevista completa aqui.
30 de setembro de 2021
Douglas Belchior anuncia saída do PSOL
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Douglas Belchior. (FOTO/ Reprodução). |
Uma
das principais lideranças do Movimento Negro e um dos idealizadores da Coalizão
Negra por Direitos, o professor e ativista Douglas Belchior, anunciou na manhã
desta quinta-feira (30), a sua saída do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
depois de mais de uma década.
Belchior
ajudou a colher assinaturas para o registro do PSOL e por ele foi candidato a
vereador e a deputado Federal não logrando êxito em face de coeficiente
eleitoral.
Na
nota que foi divulgada em suas redes e publicizada no site da Uneafro, Belchior
critica o racismo institucional presente também no partido e defende o apoio
desde já a candidatura de Lula a presidência da república. "acredito e
defendo a necessidade de fortalecer desde já a candidatura de Luiz Inácio Lula
da Silva como contraponto a Bolsonaro. Titubear à esta altura é um erro",
disse.
"É evidente que pesa também na decisão pela saída do partido, toda a violência política, a prática do boicote, do apagamento, do silenciamento, da desqualificação e do racismo institucional que sofri nesses anos de embate, sobretudo quando passei a questionar, a partir de 2016, em documentos e diálogos internos, até chegar à esfera pública em 2018, a conduta racista das direções de São Paulo, de correntes internas e da direção nacional do Psol. Foram justas as disputas que travei e sinto que surtiram algum efeito, constrangeram posturas e abriram caminhos para avanços que, quero crer, um dia virão", destacou.
Abaixo a íntegra da nota:
NOTA
DE SAÍDA DO PSOL
Por
Douglas Belchior
Quinta
feira, 30 de Setembro de 2021
Laroye!
Informo
às amigas e aos amigos de luta e de vida que acompanham a caminhada desses anos
todos a minha desfiliação do PSOL - Partido Socialismo e Liberdade. Nos últimos
16 anos, busquei contribuir com o que pude. Que se abram os caminhos!
Acompanho
o Psol desde que era ainda uma ideia. Me dediquei à coleta de assinaturas para
o registro do partido entre 2003 e 2005. Filiado ao núcleo da PUC-SP, onde
cursei História, vivi intensamente a campanha de Heloísa Helena para presidente
em 2006. Em 2010, com o velho Plínio de Arruda Sampaio à frente, acompanhei de
perto nosso candidato a vice-presidente, militante do movimento negro baiano,
Hamilton Assis. Em 2012, fui candidato a vereador em Poá-SP, sendo o mais
votado, mas que, sem coeficiente eleitoral, não acessamos a cadeira. Em 2014,
fui candidato a deputado federal, sendo o terceiro mais votado da lista. Em
2016, fui candidato a vereador da capital de SP, novamente ficando na
suplência.
Em
2018, candidato mais uma vez a deputado federal, alcançamos quase 50 mil votos,
mesmo sem apoio do partido. Figuramos entre os eleitos, mas perdemos a vaga ao
final da apuração. Em 2020, optamos por fortalecer novas lideranças do
movimento negro e elegemos, com muito custo e mais uma vez apesar do Psol,
Elaine Mineiro co-vereadora da capital paulista, em uma candidatura coletiva -
o Quilombo Periférico, ao lado de Débora Dias, Julio Cesar, Samara Sosthenes,
Erick Ovelha e Alex Barcellos, todas lideranças de movimentos de base das
periferias de SP.
Minha
atuação sempre foi dirigida pelo movimento negro e periférico, em especial pela
Uneafro Brasil, que ajudei a fundar, e por diversos coletivos que constroem a
luta cotidiana nas periferias do Estado de São Paulo há mais de 20 anos. Nos
últimos três anos me dediquei à construção da Coalizão Negra por Direitos,
aliança nacional de movimentos negros que tem uma agenda política sintetizada
em sua carta programa. Sempre acreditei em partido-movimento. Sempre defendi
que o partido faça parte da vida ordinária, cotidiana das pessoas. Sempre
critiquei partidos-mandatos, partidos-correntes, partidos de vida eleitoral
apenas. Me dediquei a essa forma de atuação e todas as candidaturas que vivi
foram expressão do trabalho dos movimentos que ajudo a construir. E sempre
lamentei o fato de o Psol não reconhecer essa nossa atuação em São Paulo.
Os
resultados do 7º Congresso Nacional do partido, realizado neste último final de
semana, confirmam que, embora o discurso carregue elementos de mudanças, a
estrutura não muda, a direção é a mesma, a mesma lógica de partilha interna de
poder, a mesma cara, a mesma tez.
Nestes
16 anos a sociedade como um todo sofreu importantes mudanças na forma de fazer
política e de tratar o tema do racismo. Em todos esses anos de vínculo travei
debates internos e públicos sobre o papel do partido frente ao desafio do
enfrentamento ao racismo como elemento fundamental do momento histórico que
vivemos. Bem como da necessidade de o partido se abrir às demandas
organizativas dos movimentos de periferia e do movimento negro. Infelizmente o
partido jovem e depositário da confiança de uma base social também jovem e
sedenta de novas experiências, sempre foi preso à velha lógica das correntes
internas, proprietárias reais da máquina partidária, hegemonizadas pelo
pensamento e pela forma branco-eurocêntrica da esquerda tradicional de se fazer
política.
Este
7o. Congresso também evidencia dificuldade em lidar com experiências que não
aquelas acorrentadas à dinâmica das tendências internas, explicitado na
necessidade de regulação (controle e limitação) de candidaturas coletivas, na
proibição de candidaturas apoiadas por iniciativas da sociedade civil e na
limitação da possibilidade de busca de recursos fora dos "padrões
partidários". E avança pouco na produção de mecanismos de efetivação do
fortalecimento de lideranças negras orgânicamente ligadas aos movimentos
negros. Quanto à conjuntura, acredito e defendo a necessidade de fortalecer
desde já a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva como contraponto a
Bolsonaro. Titubear à esta altura é um erro. Mais um tema tergiversado neste
Congresso.
É
evidente que pesa também na decisão pela saída do partido, toda a violência
política, a prática do boicote, do apagamento, do silenciamento, da
desqualificação e do racismo institucional que sofri nesses anos de embate,
sobretudo quando passei a questionar, a partir de 2016, em documentos e
diálogos internos, até chegar à esfera pública em 2018, a conduta racista das
direções de São Paulo, de correntes internas e da direção nacional do Psol.
Foram justas as disputas que travei e sinto que surtiram algum efeito, constrangeram
posturas e abriram caminhos para avanços que, quero crer, um dia virão.
Meu
afastamento das instâncias internas do partido se deve à óbvia conclusão de que
a única possibilidade de a agenda negra incidir e produzir efeitos sobre a
dinâmica social é o fortalecimento das experiências organizativas do Movimento
Negro e, sobretudo, da imposição do Movimento Negro como instância legítima e
indispensável para a formulação de um projeto de país que nos leve a superar a
desgraça em que estamos mergulhados. O sucesso por essa opção é evidente. O
Movimento Negro se fortalece a cada dia e hoje qualquer formulação, iniciativa
ou atuação política que se queira honestamente comprometida com o povo
brasileiro, deve por obrigação observar, respeitar e considerar a elaboração e
o acúmulo histórico da resistência negra organizada. É só o começo.
Sou
entusiasta do trabalho de tantos e tantas militantes do Psol, que tem
tensionado a branquitude que hegemoniza direta ou indiretamente as direções
partidárias, bem como do compromisso com a construção do movimento negro para
além dos muros partidários. Registro meu respeito a essas lideranças e
reconheço a importância de diversos mandatos legislativos, alguns deles
comprometidos com a agenda do movimento negro.
Temos
um governo racista e genocida para derrotar e um país para construir.
Precisamos estar fortes para enfrentar os horrores do fascismo que nos
atormenta. Para isso, é preciso construir a unidade possível, nos marcos da
defesa dos direitos humanos, cuja missão seja o fortalecimento de agendas
fundamentais em nossos dias, a saber: a defesa da vida de pessoas negras,
mulheres, quilombolas e indígenas, comunidade LGBTQIA+, atenção às questões
climáticas, enfrentamento à fome e as violências do Estado. Comprometidos desde
sempre com esta agenda, construímos muito até aqui. E daqui pra frente, faremos
muito mais! Saudações aos que têm coragem!
Okê arô!
29 de setembro de 2021
Latadas
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Alexandre Lucas, Colunista. (FOTO/ Reprodução). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
Óleo, terra, besouros, mijo e muita raiva! Sabia exatamente o horário
que a professora passava para dar aula durante à noite. Duas latas prontas para
o ataque surpresa.
Era jogar e sair correndo! Isso foi feito, muito bem feito. Suja e
fedorenta, fez o percurso de um quarteirão até chegar na escola. A aula estava
perdida. Seria impossível entrar na sala naquele estado.
Deve ter tremido de ira, medo e dúvida. Quem poderia atacar uma
professora, logo uma professora?
A situação estava fedida e sem respostas, mas bastou um banho de duas
horas e uma roupa limpa para seguir entrando nas salas de aula, durante anos,
cheirosa e seguindo os padrões da moda.
Óleo, terra, besouros e mijo nunca mais encontraram o caminho da
professora. Enquanto isso, ela nunca deixou de jogar latadas de palavras nas
suas aulas, mais sujas e fedorentas, do que aquelas que marcaram apenas um dia
de sua vida.
Nos 150 anos da Lei do Ventre Livre, Brasil ainda não é uma democracia racial
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Retrato de mulher negra com criança às costas e cesto de bananas na cabeça. (FOTO Marc Ferrez/Coleção Gilberto Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles). |
Neste
28 de setembro estaremos completando 150 anos de uma das leis abolicionistas, a
Lei do Ventre Livre, também conhecida como “Lei Rio Branco”.
Criada
em 1871, por José Maria da Silva Paranhos, o Barão do Rio Branco, trazia a
proposta de abolir gradualmente a escravidão no país, determinando que os
filhos de escravizadas nascidos a partir daquela data seriam considerados
livres. Essa lei criou dois cenários para dar a liberdade, pois previa que a
mãe ficasse com os filhos até os 8 anos. Após esta idade, até 21 anos, poderia
ser entregue a uma instituição do Estado, com direito a uma indenização pelos
anos trabalhados, ou ficar com a mãe sob cuidados do senhor. Essas propostas
desagradaram tanto aos senhores como a vários ativistas do movimento
abolicionista.
É importante assinalar que na segunda metade do século 19, o Brasil era um dos últimos países no mundo que mantinham o uso do trabalho escravo. Por conta disto este período ficou marcado pelo debate sobre escravidão. A partir de 1860 tal discussão ganhou força, com José Bonifácio de Andrada e Silva defendendo o fim da escravidão —não por motivos humanitários, mas porque acreditava que o desenvolvimento do país passava pelo crescimento da mão de obra livre e pelo branqueamento da população brasileira.
Posturas racistas como a de José Bonifácio eram comuns na década de 1860 e continuam até hoje.
As desigualdades sociais da população brasileira continuam presentes em nossos dias. O movimento das mulheres negras com a participação eficaz da juventude negra, além das organizações quilombolas e das denúncias contra os ataques às religiões de matriz africana, mostram como neste país insistem em negar cidadania e respeito à população negra, jovem e periférica que representa oficialmente 56% da população.
O debate contra a escravidão com contornos humanitários esteve ligado a muitas formas de resistência desde o tempo dos escravizados, tais como fugas coletivas ou individuais, revoltas contra feitores e senhores, recusa em trabalhar, criação de quilombos e mocambos.
A revolta começava nos navios negreiros, sendo mocambos lugares de esconderijo e quilombos os acampamentos militarizados, como o Quilombo dos Palmares que chegou a ter 20 mil habitantes, tendo resistido ao longo de todo o século 17. Suicídios e abortos também foram usados como formas de resistência.
Constatamos assim, que nossos passos vêm de longe e que na atualidade sabemos não existir um caminho fácil para mudar concepções que há séculos desumanizam a existência e a experiência de vida da comunidade preta. No entanto, para benefício de todos, é um caminho que precisa ser feito com honestidade, escrita, solidariedade e respeito. É preciso romper os silêncios impostos pela escravidão e pelos açoites à caminhada negra brasileira.
Os
abolicionistas sofriam a pressão dos grupos econômicos mais poderosos, como os
grandes fazendeiros do Sudeste, e para evitar rupturas drásticas, passaram a
defender uma transição lenta e gradual que evitasse prejuízos imediatos aos
fazendeiros e impedisse a desordem e os levantes dos escravizados.
A
pressão dos grupos econômicos mais poderosos continua existindo, apresentando
uma lógica política de que a riqueza do país deve beneficiar quem investe e não
as pessoas do povo. Assim, os mais ricos são beneficiados em detrimento da
população menos favorecida, basicamente a comunidade negra.
O
Brasil não é uma democracia racial. Deveria ser porque quase 4 milhões de africanos
—homens, mulheres e crianças— foram brutalmente traficados para cá como
escravos e, ao longo de mais de 350 anos, foram responsáveis por criar este
país e, portanto, deveriam ter seus direitos como cidadãos e cidadãs plenamente
assegurados. Isso, definitivamente, não tem sido o caso.
O
Brasil não é uma democracia racial porque a discriminação racial e o racismo
são, ao mesmo tempo, uma prática e uma ideologia que assolam, insidiosa e
brutalmente, o cotidiano das pessoas negras, suas famílias e suas comunidades.
Na atualidade, devemos reconhecer, esses assuntos avançaram como debate
necessário à formação da opinião pública contra o racismo e, até mesmo, à
construção de uma opinião pública antirracista.
A questão racial quando é tocada no país conta com a reação violenta das elites. As políticas de afirmação social feitas até aqui — como as cotas, o Bolsa Família, o atendimento a descendentes de escravos— mexeram com as elites, que resistiram a ver suas regalias perdidas.
A
questão racial não se esgota pela questão social. As elites e os brancos pobres
não foram preparados para aceitar a mudança racial. Permanece intocada a
questão da raça, da relação entre patrões e empregadas/os.
A
educação brasileira não dará um passo adiante sem a transformação da mídia, que
precisará encarar seriamente a questão racial. A educação é visceralmente
política. O modelo de educação tem que se estruturar em uma educação
descolonizada, sem pensar na Europa. Um país como o Brasil tem como desafio
reinventar uma forma própria de educação.
Podemos
pensar que após 150 anos, de uma Lei do Ventre Livre, que não libertava, hoje
as mulheres pretas continuam sem ter liberdade para seus filhos, pois ela só é
assegurada numa sociedade democrática e equânime, que aceite a diversidade e
possibilite oportunidade igual para todos, o que ainda não ocorre em nosso
país.
___________________
Por Helena Theodoro, publicado originalmente no Geledés.
28 de setembro de 2021
Porta errada
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Alexandre Lucas. (FOTO/ Reprodução). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
A
geladeira estava em dia raro, quase sua porta não fecha, entupida. Frutas,
doces, uma jarra com suco de limão com leite, água em abundância e um pote de
sorvete, tinha também leite condensado, arroz para requentar, carne congelada e
um chá de maracujá numa garrafa de vinho.
Enquanto
olhava para geladeira aberta, a conta de energia fazia cambalhotas. Os olhos
vasculharam aquele retângulo gelado, tentando despistar os pensamentos que nada
tinham a ver com a geladeira.
Uma
cadeira foi posta diante da geladeira, a qual ficou aberta por horas, parecia
que tudo tinha desaparecido e um filme passava ali por dentro. Descompunha
naquele instante a palavra geladeira: gel, gela, ela, ladeira, eira, ira.
Porta
fechada. Afinal, amor não se tira da geladeira.
Organizações de esquerda marcam ato em Juazeiro do Norte para 02 de Outubro
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(FOTO/ Reprodução/ UP - CE). |
As
frentes Povo na Rua, Frente pela Democracia, Brasil Popular e Frente Cearense
em Defesa do SUS decidiram convocar, em Juazeiro do Norte, um ato de rua para o
dia 02 de outubro. As manifestações ocorrerão nacionalmente e, no Cariri, tem
como ponto de concentração a Praça da Prefeitura, às 08 da manhã do referido
dia na cidade citada.
As
frentes, formadas por Unidade Popular pelo Socialismo (UP), Partido Socialismo
e Liberdade (PSOL), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Comunista
Brasileiro (PCB), Partido dos Trabalhadores (PT), Levante Popular da Juventude,
União Juventude Rebelião, Movimento de Mulheres Olga Benário, Frente de
Mulheres do Cariri, Movimento Passe Livre Já, entre outros, pretendem puxar
palavras de ordem contra o governo Bolsonaro, tendo foco nas seguintes pautas:
Aceleração
do processo de vacinação
Revogação
das reformas neoliberais
Defesa
do SUS
Diminuição
do desemprego e melhoria das condições de vida da população
Instauração
do passe livre e criação do Conselho Municipal de Transportes em Juazeiro do
Norte.
27 de setembro de 2021
9 trabalhadores são resgatados de condições análogas à escravidão em Granja, no Ceará
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Trabalhadores dormiam na parte externa do imóvel e conviviam com porcos e fezes de animais(FOTO/Divulgação/Ministério Público do Trabalho (MPT)) |
Uma
operação de combate ao trabalho escravo, do Ministério Público do Trabalho no
Ceará (MPT-CE), resultou no resgate de nove trabalhadores que estavam expostos
a condições análogas à escravidão no município de Granja, a 332 quilômetros de
Fortaleza. Os trabalhadores foram encontrados em uma residência destinada ao
processo de extração da palha da carnaúba. A operação contou com apoio da
Auditoria Fiscal do Trabalho e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
No
local, conforme o MPT, os trabalhadores estavam alojados em uma casa
abandonada, sem energia elétrica, água encanada e instalações sanitárias. Além
disso, a fiscalização constatou que os empregados conviviam com porcos e fezes
de animais, cozinhavam em fogareiro improvisado no chão e recebiam água acondicionada
em vasilhames inadequados e com reutilização proibida, além de dormirem na
parte externa do imóvel ou embaixo de um cajueiro.
De
acordo com o procurador do MPT-CE, Leonardo Holanda, a situação gera uma grande
preocupação, visto que o setor [extração da palha da carnaúba] estava em
acessão para regularizar as relações de trabalho. “O que encontramos, não
somente neste ponto de fiscalização, mas nos demais, foi que o setor recuou no
cumprimento da legislação trabalhista e na regularização das relações de trabalho”,
disse.
A
equipe do MPT também constatou uma série de irregularidades trabalhistas, como
ausência de contrato de trabalho e falta de equipamento de proteção. Além
disso, os trabalhadores não tinham acesso a banheiros ou materiais de primeiros
socorros nas frentes de trabalho. O local onde buscavam água para consumo era
distante, cerca de mais de dois quilômetros da residência em que trabalhavam.
Após
a inspeção no local e da gravidade do caso, foi realizado o resgate do grupo de
trabalhadores e feita a rescisão indireta dos contratos de trabalho, com a
retirada imediata do local. Foram realizados os pagamentos das verbas
rescisórias e de todos os direitos trabalhistas devidos. O MPT destacou que os
trabalhadores resgatados também receberão seguro-desemprego por três meses.
O
POVO procurou o Ministério Público do Trabalho (MPT), por e-mail, questionando
se, além do pagamento da rescisão de contratos de trabalho, houve atendimento
pela assistência social para as vítimas. Bem como se alguma empresa ou
responsáveis foram responsabilizados pela situação dos trabalhadores, e aguarda
resposta.
_____________
Com
informações do O Povo.