(FOTO | Bernardo Guerreiro | PSOL). |
(FOTO | Bernardo Guerreiro | PSOL). |
A escultura de Marielle tem o tamanho real da vereadora — Foto: Arquivo pessoal/Edgar Duvivier. |
Desde
a criação do Instituto Marielle Franco, um dos primeiros sonhos da família da
vereadora vai ser finalmente realizado: uma estátua dela, no Centro do Rio. Em
tamanho real, a obra de 1,75 metro em bronze vai ser inaugurada no dia em que a
parlamentar, assassinada em 2018, completaria 43 anos: 27 de julho.
Para
Anielle Franco, fundadora do instituto e irmã de Marielle, conquistar esse
momento significa falar sobre memória, justiça e reparação.
“Após esses dois anos em que vimos estátuas
de colonizadores, escravocratas e torturadores sendo derrubadas, é muito
simbólico ter uma estátua da Mari erguida, em especial no ‘Julho das Pretas’ e
no dia do seu aniversário”, descreve. “Isso
é muito importante para gerarmos referências sobre quem realmente construiu e
move esse país, em especial para as novas gerações e para uma população negra e
periférica que precisa ter reconhecimento e ser reverenciada”.
Família de Marielle ao lado da estátua, ainda em construção — Foto: Arquivo pessoal/Edgar Duvivier. |
Criada
pelo artista plástico Edgar Duvivier, a obra vai ser instalada na Praça Mário
Lago, conhecida como o Buraco do Lume, no Centro. Esse era o local onde, todas
as sextas-feiras, Marielle ia prestar contas para a população sobre o trabalho
enquanto vereadora e presidenta da Comissão da Mulher da Câmara Municipal do
Rio.
Para
arrecadar fundos para desenvolver a obra, o instituto fez uma vaquinha virtual,
e o artista plástico produziu e vendeu pequenas esculturas da vereadora. Foram
cerca de 650 doações que arrecadaram quase R$ 40 mil.
O artista plástico com as pequenas esculturas — Foto: Arquivo pessoal/Edgar Duvivier. |
Ao
artista, os familiares contaram sobre a emoção de ver a estátua. Mônica
Benício, vereadora do PSOL e viúva de Marielle, enfatizou a semelhança física
em que, ao mesmo tempo que a escultura traz a imponência que tinha a parlamentar,
tem a alegria marcante dela, sempre com um “sorrisão
largo”.
Tanto
a mãe de Marielle, Marinete da Silva, quanto o pai, Antônio Francisco da Silva
Neto, falaram sobre perpetuar a imagem da filha.
“A gente se emociona porque o trabalho está
perfeito. Eu tenho plena certeza de que as pessoas, quando a virem, também vão
ficar muito emocionadas”, destaca o pai.
Só
que, para a família, a figura de Marielle também simboliza a luta dos que
querem transmitir o legado dela. Anielle descreveu a valorização das vidas
negras.
“Eu sempre bato nessa tecla de que eu sonho
com o dia que a gente vai poder falar da história de mulheres negras enquanto
elas estiverem vivas, e eu espero que a Mari não só represente isso, mas também
deixe esse sentimento nas pessoas que, quando passarem pela estátua, sintam a
força dela”, afirma a irmã ao artista plástico.
Mônica Benício e a estátua de Marielle, ainda em argila — Foto: Arquivo pessoal/Edgar Duvivier. |
“A
gente hoje luta pela preservação da memória, luta para que nada mais parecido
aconteça, mas que muitas Marielles floresçam”, define Mônica.
A escultura de Marielle tem o tamanho real da vereadora — Foto: Arquivo pessoal/Edgar Duvivier. |
'Uma forma de eternizar as ideias da
pessoa'
Para
Edgar Duvivier, fazer uma escultura vai além de replicar a forma de uma pessoa.
O artista plástico conta que vale do apreço que tem por essas pessoas. Ele já
esculpiu figuras de personalidades como os escritores Clarice Lispector e
Nelson Rodrigues e o ex-presidente uruguaio José Mujica, que vai ainda ser inaugurada
no Rio Grande do Sul.
“A escultura é uma forma de você eternizar as
ideias da pessoa, porque, como disse o Mujica: ‘As pessoas vão embora, as
ideias ficam’. Mas, para as ideias daquelas pessoas ficarem e serem lembradas,
se tiver alguma coisa que lembra a pessoa que teve a ideia, é mais fácil”,
define.
Edgar Duvivier ao lado da estátua concluída — Foto: Arquivo pessoal |
E
com a estátua de Marielle não foi diferente. Ao dizer que a vereadora
representava todas as pessoas que votaram nela, o artista plástico definiu a
obra como "necessária".
Todo
o processo levou em torno de três meses. Apesar de estar pronta há um tempo,
Edgar enfatizou que precisaram esperar pela autorização da prefeitura, para
decidir o local, aprovar a placa e marcar a data de inauguração.
Passo a passo
Edgar
contou com os familiares da parlamentar para ajudar a decidir qual pose seria
escolhida. Com o punho para cima, ele usou várias fotos de Marielle para compor
o projeto da estátua.
O
artista então fez uma maquete e mostrou para a família. Depois de aprovada,
chegou a hora de ampliá-la para o tamanho real da vereadora e fazê-la de
argila, em torno de uma armação de metal. Essa etapa também é vista e aprovada
pelos familiares.
Após
o modelo em argila, é feita a forma em gesso, dividida em partes (cabeça,
tronco, braços e pernas), e é levada à fundição.
Estátua em argila — Foto: Arquivo pessoal/Edgar Duvivier. |
A
partir dessa forma, é feito o contorno da estátua com cera. Oca por dentro, a
estrutura é preenchida e coberta com uma espécie de cimento, chamada de material
refratário, para ir ao forno.
O
calor derrete toda a cera. É nesse espaço em que entra o bronze – incandescente
derretido.
Estátua em cera — Foto: Arquivo/Edgar Duvivier |
Depois
de dez dias, a estrutura de cimento é quebrada, revelando a estátua de bronze.
Após tudo isso, ainda falta soldar as partes do corpo para uni-las, fazer o
polimento e deixar a cor da forma desejada.
Evento de inauguração
A
inauguração da estátua de Marielle será no próprio local onde ela será
instalada. Além de ser a data em que a vereadora faria aniversário, o evento
vai ser dois dias depois do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana
e Caribenha.
Estarão
presentes estudantes de cursinhos pré-vestibulares comunitários.
Programação
17h:
"A memória é a semente para novos futuros: legado, justiça e
reparação"
Aula
pública com intelectuais negras
19h:
Batalha de poetisas sobre a defesa da memória de Marielle
Serviço:
Data:
27 de julho (quarta-feira)
Horário:
17h
Endereço:
Praça Mário Lago, Terminal Menezes Cortes, Centro, Rio de Janeiro
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Por Laura Rocha*, originalmente no g1Rio. *Estagiária sob supervisão de João Ricardo Gonçalves.
(FOTO |Ricardo Stuckert). |
O
ex-presidente Lula (PT) prometeu acabar com os inúmeros clubes de tiro, criados
sob estímulo do governo de Jair Bolsonaro (PL). “Os clubes de tiro vão fechar. Nós queremos clubes de leitura. Vamos
espalhar bibliotecas pelo país. Vamos trocar armas por livros”, declarou,
durante conferência eleitora do PSOL, na noite deste sábado (30).
O
evento formalizou o que já havia sido definido pelo Diretório Nacional do PSOL,
que aprovou o apoio à pré-candidatura de Lula para a presidência da República.
O partido também definiu seu programa político que será defendido nas eleições.
Lula
ressaltou a importância de receber o apoio do PSOL nas eleições deste ano: “Minha relação com o PSOL é de confiança e
agradecimento. O PSOL teve um papel extraordinário no impeachment da Dilma e
durante minha prisão. Foi muita solidariedade”, destacou.
O
ex-presidente disse, ainda, que agradece não só pelo apoio, mas porque o PSOL
teve a coragem de criar um partido político.
Ele
também ressaltou a importância de se negociar na política, característica que
passou a usar ao longo de sua trajetória. “Antes,
eu era 100% ou nada. Agora, aprendi a lição. Mas, quando começamos a negociar
temos de entender que há um limite até onde podemos ir”.
O
ex-presidente relembrou a perseguição que sofreu por parte da mídia
tradicional, durante o período que antecedeu sua prisão. “Foram 13 horas em nove meses do Jornal Nacional me chamando de ladrão.
A imprensa foi manipulada, principalmente pelo Moro. Mas ele vai pagar aqui na
Terra”, apontou.
Ex-presidente disse que, além do
ministério, vai criar um Comitê de Cultura
Lula
mencionou as inúmeras conquistas dos seus governos, principalmente no aspecto
da inclusão social e revelou que, além do ministério, vai criar um Comitê de
Cultura, que vai ter um peso grande em seu eventual futuro mandato.
O
petista voltou a criticar Bolsonaro. “Ele
diz que é cristão, mas é um fariseu e um pecador da pior espécie".
Anunciou, também, que vai acabar com "essa
excrescência que é o orçamento secreto”. Além disso, o ex-presidente falou
que pretende, caso seja eleito, criar uma moeda para a América Latina. “Não podemos mais depender do dólar”.
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Com informações da Revista Fórum.
Lula e Boulos: Psol vai debater programa de governo para aliança nas eleições - ©Nelson Almeida/AFP |
O
PSOL definiu nesta sexta-feira (11) a formação de uma comissão que irá negociar
com o ex-presidente Lula (PT) o programa de governo que será apresentado nas
eleições de outubro. O partido avalia a composição com o ex-presidente, mas
possui alguns pontos chave para formalizar esse apoio já no primeiro turno.
“O PSOL assume como sua principal e mais
urgente tarefa a derrota de Bolsonaro. Durante seu governo, lutamos pelo
impeachment e por uma frente das esquerdas que pudesse convocar mobilizações
unitárias pelo ‘Fora Bolsonaro'”, afirma o partido em nota divulgada após a
reunião da Executiva Nacional.
“Sabemos que Bolsonaro não está vencido e
tampouco deve ser considerado carta fora do baralho nas eleições de 2022. Por
isso, a necessidade de unidade das esquerdas mantém-se imperativa, inclusive
nas eleições presidenciais deste ano”, aponta o PSOL.
Com
isso, o partido definiu a formação de uma comissão para dar início às
negociações formais com o PT. Esse grupo contará com Juliano Medeiros,
presidente da legenda, com o líder do MTST, Guilherme Boulos, e com a deputada
federal Talíria Petrone (PSOL-RJ).
“Vencer as eleições é só o primeiro passo.
Além disso, precisaremos de um programa que derrote, ao mesmo tempo, o
neoliberalismo e a extrema-direita. Para ser implementado, esse programa
enfrentará a resistência de setores poderosos, o que vai exigir disposição para
o conflito e a mobilização popular”, afirma Medeiros.
Os
principais itens programáticos aprovados para basear as negociações com o PT e
apoio à candidatura de Lula foram o apoio à revogação das medidas implementadas
após o golpe de 2016 (reforma trabalhista, reforma da previdência e Teto de
Gastos); o enfrentamento à crise climática com medidas para financiar a
transição energética, defesa de um novo modelo de desenvolvimento da Amazônia,
desmatamento zero, garantia de direitos aos povos indígenas, tradicionais e
quilombolas; e a proposição de uma reforma tributária que diminua a taxação no
consumo de bens essenciais e populares e foque na taxação de renda e
propriedade, incluindo a criação de impostos dos super-ricos/bilionários.
Além
dos pontos programáticos, o PSOL que discutir com o PT qual será seu papel na
campanha de Lula, a composição da chapa e a busca por uma frente de esquerda.
Na
resolução, o partido reforça sua posição contrária à composição de chapa com o
ex-governador Geraldo Alckmin na vice e ainda critica uma posição aliança com o
PSD de Gilberto Kassab. “PSOL defende a
formação de uma frente das esquerdas, composta pelos partidos, movimentos e
lideranças que têm enfrentado o governo Bolsonaro, foram contra o golpe
parlamentar e lutam pela ampliação de direitos do povo trabalhador. Por isso
reiteremos nossa posição contrária à formação de uma chapa que admita a
presença de lideranças como Geraldo Alckmin e partidos como o PSD, por seu
histórico de sustentação às medidas adotadas nos governos Temer e Bolsonaro,
não são aliados de um programa que enfrente o neoliberalismo e supere o legado
do golpe”, afirma.
__________
Com informações do Brasil de Fato.
Douglas Belchior. (FOTO/ Reprodução). |
Uma
das principais lideranças do Movimento Negro e um dos idealizadores da Coalizão
Negra por Direitos, o professor e ativista Douglas Belchior, anunciou na manhã
desta quinta-feira (30), a sua saída do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
depois de mais de uma década.
Belchior
ajudou a colher assinaturas para o registro do PSOL e por ele foi candidato a
vereador e a deputado Federal não logrando êxito em face de coeficiente
eleitoral.
Na
nota que foi divulgada em suas redes e publicizada no site da Uneafro, Belchior
critica o racismo institucional presente também no partido e defende o apoio
desde já a candidatura de Lula a presidência da república. "acredito e
defendo a necessidade de fortalecer desde já a candidatura de Luiz Inácio Lula
da Silva como contraponto a Bolsonaro. Titubear à esta altura é um erro",
disse.
"É evidente que pesa também na decisão pela saída do partido, toda a violência política, a prática do boicote, do apagamento, do silenciamento, da desqualificação e do racismo institucional que sofri nesses anos de embate, sobretudo quando passei a questionar, a partir de 2016, em documentos e diálogos internos, até chegar à esfera pública em 2018, a conduta racista das direções de São Paulo, de correntes internas e da direção nacional do Psol. Foram justas as disputas que travei e sinto que surtiram algum efeito, constrangeram posturas e abriram caminhos para avanços que, quero crer, um dia virão", destacou.
Abaixo a íntegra da nota:
NOTA
DE SAÍDA DO PSOL
Por
Douglas Belchior
Quinta
feira, 30 de Setembro de 2021
Laroye!
Informo
às amigas e aos amigos de luta e de vida que acompanham a caminhada desses anos
todos a minha desfiliação do PSOL - Partido Socialismo e Liberdade. Nos últimos
16 anos, busquei contribuir com o que pude. Que se abram os caminhos!
Acompanho
o Psol desde que era ainda uma ideia. Me dediquei à coleta de assinaturas para
o registro do partido entre 2003 e 2005. Filiado ao núcleo da PUC-SP, onde
cursei História, vivi intensamente a campanha de Heloísa Helena para presidente
em 2006. Em 2010, com o velho Plínio de Arruda Sampaio à frente, acompanhei de
perto nosso candidato a vice-presidente, militante do movimento negro baiano,
Hamilton Assis. Em 2012, fui candidato a vereador em Poá-SP, sendo o mais
votado, mas que, sem coeficiente eleitoral, não acessamos a cadeira. Em 2014,
fui candidato a deputado federal, sendo o terceiro mais votado da lista. Em
2016, fui candidato a vereador da capital de SP, novamente ficando na
suplência.
Em
2018, candidato mais uma vez a deputado federal, alcançamos quase 50 mil votos,
mesmo sem apoio do partido. Figuramos entre os eleitos, mas perdemos a vaga ao
final da apuração. Em 2020, optamos por fortalecer novas lideranças do
movimento negro e elegemos, com muito custo e mais uma vez apesar do Psol,
Elaine Mineiro co-vereadora da capital paulista, em uma candidatura coletiva -
o Quilombo Periférico, ao lado de Débora Dias, Julio Cesar, Samara Sosthenes,
Erick Ovelha e Alex Barcellos, todas lideranças de movimentos de base das
periferias de SP.
Minha
atuação sempre foi dirigida pelo movimento negro e periférico, em especial pela
Uneafro Brasil, que ajudei a fundar, e por diversos coletivos que constroem a
luta cotidiana nas periferias do Estado de São Paulo há mais de 20 anos. Nos
últimos três anos me dediquei à construção da Coalizão Negra por Direitos,
aliança nacional de movimentos negros que tem uma agenda política sintetizada
em sua carta programa. Sempre acreditei em partido-movimento. Sempre defendi
que o partido faça parte da vida ordinária, cotidiana das pessoas. Sempre
critiquei partidos-mandatos, partidos-correntes, partidos de vida eleitoral
apenas. Me dediquei a essa forma de atuação e todas as candidaturas que vivi
foram expressão do trabalho dos movimentos que ajudo a construir. E sempre
lamentei o fato de o Psol não reconhecer essa nossa atuação em São Paulo.
Os
resultados do 7º Congresso Nacional do partido, realizado neste último final de
semana, confirmam que, embora o discurso carregue elementos de mudanças, a
estrutura não muda, a direção é a mesma, a mesma lógica de partilha interna de
poder, a mesma cara, a mesma tez.
Nestes
16 anos a sociedade como um todo sofreu importantes mudanças na forma de fazer
política e de tratar o tema do racismo. Em todos esses anos de vínculo travei
debates internos e públicos sobre o papel do partido frente ao desafio do
enfrentamento ao racismo como elemento fundamental do momento histórico que
vivemos. Bem como da necessidade de o partido se abrir às demandas
organizativas dos movimentos de periferia e do movimento negro. Infelizmente o
partido jovem e depositário da confiança de uma base social também jovem e
sedenta de novas experiências, sempre foi preso à velha lógica das correntes
internas, proprietárias reais da máquina partidária, hegemonizadas pelo
pensamento e pela forma branco-eurocêntrica da esquerda tradicional de se fazer
política.
Este
7o. Congresso também evidencia dificuldade em lidar com experiências que não
aquelas acorrentadas à dinâmica das tendências internas, explicitado na
necessidade de regulação (controle e limitação) de candidaturas coletivas, na
proibição de candidaturas apoiadas por iniciativas da sociedade civil e na
limitação da possibilidade de busca de recursos fora dos "padrões
partidários". E avança pouco na produção de mecanismos de efetivação do
fortalecimento de lideranças negras orgânicamente ligadas aos movimentos
negros. Quanto à conjuntura, acredito e defendo a necessidade de fortalecer
desde já a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva como contraponto a
Bolsonaro. Titubear à esta altura é um erro. Mais um tema tergiversado neste
Congresso.
É
evidente que pesa também na decisão pela saída do partido, toda a violência
política, a prática do boicote, do apagamento, do silenciamento, da
desqualificação e do racismo institucional que sofri nesses anos de embate,
sobretudo quando passei a questionar, a partir de 2016, em documentos e
diálogos internos, até chegar à esfera pública em 2018, a conduta racista das
direções de São Paulo, de correntes internas e da direção nacional do Psol.
Foram justas as disputas que travei e sinto que surtiram algum efeito, constrangeram
posturas e abriram caminhos para avanços que, quero crer, um dia virão.
Meu
afastamento das instâncias internas do partido se deve à óbvia conclusão de que
a única possibilidade de a agenda negra incidir e produzir efeitos sobre a
dinâmica social é o fortalecimento das experiências organizativas do Movimento
Negro e, sobretudo, da imposição do Movimento Negro como instância legítima e
indispensável para a formulação de um projeto de país que nos leve a superar a
desgraça em que estamos mergulhados. O sucesso por essa opção é evidente. O
Movimento Negro se fortalece a cada dia e hoje qualquer formulação, iniciativa
ou atuação política que se queira honestamente comprometida com o povo
brasileiro, deve por obrigação observar, respeitar e considerar a elaboração e
o acúmulo histórico da resistência negra organizada. É só o começo.
Sou
entusiasta do trabalho de tantos e tantas militantes do Psol, que tem
tensionado a branquitude que hegemoniza direta ou indiretamente as direções
partidárias, bem como do compromisso com a construção do movimento negro para
além dos muros partidários. Registro meu respeito a essas lideranças e
reconheço a importância de diversos mandatos legislativos, alguns deles
comprometidos com a agenda do movimento negro.
Temos
um governo racista e genocida para derrotar e um país para construir.
Precisamos estar fortes para enfrentar os horrores do fascismo que nos
atormenta. Para isso, é preciso construir a unidade possível, nos marcos da
defesa dos direitos humanos, cuja missão seja o fortalecimento de agendas
fundamentais em nossos dias, a saber: a defesa da vida de pessoas negras,
mulheres, quilombolas e indígenas, comunidade LGBTQIA+, atenção às questões
climáticas, enfrentamento à fome e as violências do Estado. Comprometidos desde
sempre com esta agenda, construímos muito até aqui. E daqui pra frente, faremos
muito mais! Saudações aos que têm coragem!
Okê arô!
Vivi Reis. (FOTO/ Reprodução/ Site do Psol). |
A eleição de Edmilson Rodrigues como o novo prefeito de Belém provocará uma mudança na bancada de deputados federais do PSOL a partir de 1º de janeiro de 2021. Com a saída de Edmilson para cumprir o terceiro mandato de prefeito de sua vida – e primeiro pelo PSOL -, assumirá o mandato em seu lugar a jovem Vivi Reis, mulher negra da Amazônia, bissexual e que tem apenas 29 anos.
(FOTO/ Divulgação). |
Hamilton Assis. (Foto: Reprodução/ Facebook). |