Alexandre Lucas, Colunista. (Foto/ Reprodução). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
Os
destroços percorreram todos os caminhos da manhã. A flor perdeu quase todas as
pétalas. A lama escondia os pés, o baú se abria e deixava escapulir as feridas
guardadas ao longo do tempo. O suor
temperava o corpo cansado e encardia as ideias.
O
dia interminável, durou outras manhãs, carregadas de terremotos. Já estava
difícil decifrar como seria o dia seguinte e de planejar a temporada da
colheita e da fartura de felicidade. Poderia durar alguns vinte e um, vinte e
uma horas, vinte e um dias, vinte e um anos, ou mais.
O
tempo que durasse poderia encolher a esperança, esfacelar a coragem e debulhar
a insensibilidade. A dor tende a escavacar as profundezas construídas nas
manhãs de escombros. Ela, a dor, não é franquia para apresentar a mesma face,
como as semelhanças dos grãos de arroz, que só se diferenciam dos lugares.
Em alguma manhã, nascerá flores imensas, com cores vibrantes e suaves, brotarão frutos para um longo período. É preciso arar na guerra, nos dias em que os pedaços de gente não se juntam, nada nascerá amanhã sem que as pernas, as mãos e os desejos se movimentem. O acaso é sempre uma mentira para explicar a realidade.
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