Tela 'Independência ou Morte', criada por Pedro Américo em 1888 - Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons. |
Em
meados de 1808, o governo de Dom João VI, então rei de Portugal, era bastante
questionado por aqueles que não concordavam com suas medidas. A pressão,
contudo, não impedia o monarca, que implementou, no mesmo ano, a abertura dos
portos às nações vizinhas e também autorizou o comércio entre o Brasil e a
Inglaterra.
A
oposição, no entanto, continuou intensa em 1817, ano da Revolução Pernambucana.
Na época, diversas pessoas que se voltaram contra a monarquia portuguesa e
decidiram criar uma República independente do resto do Brasil.
Devido
a insatisfação de Portugal sobre as implementações brasileiras feitas por Dom
João VI, o monarca retornou ao país em 1821. Dessa maneira, Pedro de Alcântara
tornou-se príncipe regente e assumiu o conturbado reinado.
Em
apenas um ano de governo, ele também teve que lidar com inúmeras exigências de
Portugal, o que fez com que grande parte da população perdesse o desejo de
continuar vinculado ao país.
O processo de independência do
Brasil
Em
agosto de 1822, a corte portuguesa ordenou a volta do príncipe a Portugal. Ao
ler a carta, Maria Leopoldina, esposa de Pedro de Alcântara, tomou a iniciativa
de romper completamente as ligações com os portugueses.
Dessa
maneira, ela assinou a declaração de independência no dia 2 de setembro. No
entanto, o príncipe regente só teve contato com a carta cinco dias depois, já
que estava em uma viagem a caminho de São Paulo.
No
dia 7 de setembro, o mensageiro Paulo Bregaro alcançou os cavalos da realeza.
Considerado atualmente como patrono dos carteiros, entregou a correspondência
assinada quando todos estavam próximos ao Rio Ipiranga e, minutos depois, Dom
Pedro I gritou "Independência ou morte!", declarando o desligamento
de Portugal com o Brasil.
Os detalhes da ocasião
No
entanto, os que poucos conhecem são as situações por trás do momento histórico.
De acordo com Laurentino Gomes, autor do livro '1822', pouco antes do anúncio,
o monarca sofreu de problemas intestinais que marcaram a declaração da
independência.
“O
destino cruzou o caminho de D. Pedro em situação de desconforto e nenhuma
elegância. Ao se aproximar do riacho do Ipiranga, às 16h30 de 7 de setembro de
1822, o príncipe regente, futuro imperador do Brasil e rei de Portugal, estava
com dor de barriga. A causa dos distúrbios intestinais é desconhecida”,
escreveu Laurentino.
De
acordo com o escritor, a teoria mais aceita é de que o monarca havia ingerido
algum alimento contaminado no dia anterior, enquanto ele e sua comitiva estavam
em Santos.
“Testemunha
dos acontecimentos, o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, subcomandante
da guarda de honra e futuro barão de Pindamonhangaba, usou em suas memórias um
eufemismo para descrever a situação do príncipe. Segundo ele, a intervalos
regulares D. Pedro se via obrigado a apear do animal que o transportava para
‘prover-se’ no denso matagal que cobria as margens da estrada”, acrescentou.
Gomes
também relatou quando o imperador fez uma parada em Cubatão devido aos
problemas intestinais. “O príncipe refugiou-se na modesta estalagem situada à
beira do porto fluvial da cidade. Maria do Couto, responsável pelo
estabelecimento, preparou-lhe um chá de folha de goiabeira, remédio ancestral
usado no Brasil contra diarreia”.
Não
obstante, o chá fez com que duas dores sumissem temporariamente, o que lhe deu
ânimo para continuar a viagem e, posteriormente, declarar a independência do
Brasil.
Além
disso, acredita-se a pintura do quadro Independência ou Morte, de Pedro
Américo, não condiz com a verdade. De acordo com os historiadores, o imperador
não estava montado em um cavalo, e sim em uma mula.
Quando
o pintor acadêmico Pedro Américo recebeu a encomenda da família real, ele
abusou de licença poética. Exceto pelo imperador brandindo sua espada e
gritando, tudo no colossal Independência ou Morte é invenção do artista.
Américo
transformou uma cena trivial e provavelmente bem feia num épico de batalha -
colocando um regimento inteiro vestido em uniformes de gala, prestes a
combater, alguns até em posição de combate, com seus cavalos em movimento. Era
certamente a forma como a monarquia brasileira, invicta nas guerras que havia
travado até então, preferia ser representada.
Mas,
como o quadro, era mais pompa e circunstância que realidade: no ano seguinte à
conclusão da obra, o imperador seria deposto num golpe militar. O Museu da
Independência (Museu Paulista), para o qual havia sido encomendado, só seria
aberto em 1895, já durante a República.
Ainda
que o quadro certamente não retrate a vida real, ele é verdadeiro de certa
forma. O que dom Pedro fez, seja lá como se sentisse dos intestinos, foi
realmente um gesto heroico: ao ouvir que a monarquia portuguesa o havia tirado
do cargo de regente do Brasil, ele imediatamente declarou guerra.
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Com informações do Aventuras na História.
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