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(FOTO/ Leandro Almeida/ Divulgação). |
Em seu terceiro mandato seguido como deputada estadual pelo PCdoB e com 45 anos de carreira na música, a sambista Leci Brandão analisa a política e o samba sem delongas e com predicados de quem vivencia ambos a fundo.
“Não sei se foi o centro ou a conveniência
política quem ganhou as eleições. Esse povo do centro está sempre onde a música
está mais alta, está melhor, e é aí que ele vai dançar. Mas o centro é alienado”,
analisa.
Leci
vê incerto o quadro político por falta de base: “Pode desmoronar a qualquer hora”. Também acha prematuro avaliar que
a esquerda acabou num processo tão complicado que o país está passando.
“Tudo começa na eleição de 2018, que foi
muito ruim para o país. O povo se encantou, mas foi muita ilusão, verdades que
eram mentiras. O povo está perdido hoje”.
A
cantora e compositora acha que a pandemia deixou ainda mais incertezas no ar. “Isso acabou fragilizando muito (o processo
eleitoral). Não houve tempo de explicar o que de fato estava acontecendo. Todo
mundo ficou na internet com ofensas, cancelamento, e que acabaram prejudicando
pensamentos”.
Essa
cultura do ódio ela atribui aos que ganharam a eleição há dois anos. “A partir do momento que a imbecilidade, a
ignorância, a agressão e o preconceito começaram a pautar o país, ficou difícil”.
Samba
A
chamada Lei Aldir Blanc, que destina recursos para ações emergenciais para o
setor cultural, a sambista destaca o papel da colega de partido, Jandira
Feghali, que foi relatora do projeto no Congresso.
Mas
preocupa-se pelo fato de os recursos não estarem chegando a todas as entidades
culturais, e lamenta a “má vontade”
do governo federal com a cultura.
“Esse governo já começou a destruir a cultura
desde o início. A partir do momento que vai para o Turismo (com a extinção do
Ministério da Cultura, as ações na área foram alocadas no Ministério do
Turismo), não sei se tinham legitimidade para distribuir esses recursos (da Lei
Aldir Blanc)”, diz.
“A política desse país não gosta de cultura.
Eles sabem que o povo da cultura coloca a discussão na mesa. Ela abre a cabeça
das pessoas. A arte tem esse poder de clarear os pensamentos”.
A
cantora entende que para sair desse quadro, é preciso ter mais representantes
da cultura no poder executivo e no legislativo.
O
samba é outro tema que Leci Brandão tem preocupação, já que foi desse meio que
ela ganhou projeção nacional. Mas critica a sua vertente, o pagode, que passou
a ocupar espaço a partir dos anos 1990 no rádio e na televisão, por não “remeter a pensar, fortalecer ideias”.
Por
conta disso, aos poucos, as questões sociais que eram apresentadas no samba
foram se perdendo. “Ao passo que o
pessoal do RAP é que está mandando o verdadeiro recado das comunidades,
principalmente as demandas, as queixas, a realidade. E faz isso com muita
competência, verdade”.
O
último álbum lançado por Leci Brandão foi em 2017, o Simples Assim, que acabou
lhe dando o título de Melhor Cantora de Samba do 29º Prêmio da Música
Brasileira. Agora, ela diz que “urge
fazer outro trabalho”.
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