![]() |
Charge de Laerte/ Folha de S. Paulo 29/12/2020 |
Com depósito realizado ontem (29) pela Caixa, terminou o pagamento do auxílio emergencial, a não ser que o governo se sinta pressionado o bastante para rever sua decisão. De outra forma, a tendência é de aumento da pobreza e da desigualdade, em um cenário que inclui alta dos casos de covid-19. Os reflexos devem se sentir também no mercado de trabalho. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, divulgados ontem, mostram que mais gente saiu à procura de trabalho no trimestre encerrado em outubro. Mas as vagas obtidas foram, basicamente, informais.
Em
um ano, o país perdeu quase 10 milhões de vagas. O número de ocupados caiu
10,4%, de 94,1 milhões para 84,3 milhões. Ao mesmo tempo, o total de
desempregados cresceu 13,7% (mais 1,7 milhão), para 14,1 milhões. Mesmo o
emprego sem carteira e o trabalho por conta própria tiveram redução.
50 milhões sem auxílio emergencial
Um
dos resultados disso está na renda. Em relação a outubro de 2019, aponta o
IBGE, a massa de rendimento recuou 5,3%. Isso significa menos R$ 11,7 bilhões
na economia. A esse quadro vão se somar mais de 50 milhões de pessoas que
perderão o auxílio emergencial. Dos quase 68 milhões que receberam pelo menos
uma parcela, 14 milhões terão o Bolsa Família, cuja renda média não chega a R$
200.
Duzentos
reais, por sinal, era o valor que o governo pretendia pagar de auxílio.
Pressionado pela oposição e movimentos sociais, teve de aceitar aumento para R$
600, que sustentou milhões de famílias e sustentou a economia durante meses. O
impacto não foi maior porque, ao mesmo tempo, a inflação voltou a aumentar,
especialmente os produtos alimentícios. Os preços da cesta básica não pararam
de subir.
Linha de pobreza
Mas
em setembro o valor do auxílio foi reduzido pela metade, para R$ 300, conforme
a Medida Provisória 1.000. Várias emendas foram incluídas para restabelecer o
valor original, mas a MP não foi posta em votação. Apenas esse corte já
devolveu 7 milhões de pessoas para abaixo da linha de pobreza, segundo cálculos
da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Em
nota, as centrais sindicais afirmam ser “fundamental
que o país tenha um plano nacional e coordenado de vacinação, promova as
medidas de proteção (uso de máscara, álcool gel e distanciamento social) e
mantenha o plano de proteção econômica até o controle da pandemia”. Com a
economia fraca e a pandemia longe do fim, acrescentam, é preciso “manter uma
estratégia de condução da retomada articulada da atividade econômica e de
proteção social dos mais vulneráveis”. E o auxílio emergencial deveria ser
mantido, e no valor original, “protegendo
todos aqueles que não tiverem condições de retomar aos empregos ou suas
atividades laborais”.
___________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!