(FOTO/ Maryanna Oliveira/ Câmara dos Deputados). |
Após forte pressão exercida por profissionais da educação, estudantes, partidos de oposição e até mesmo pelo Ministério Público Federal (MPF), a Câmara dos Deputados seguiu os passos do Senado Federal e aprovou nesta quinta-feira (17) a regulamentação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) garantindo que os recursos do fundo sejam destinados exclusivamente a escolas públicas.
A
Câmara resgatou o texto original do relatório do deputado federal Felipe Rigoni
(PSB-ES) sobre o Projeto de Lei (PL) 4.372/2020, que foi produzido a partir das
discussões das comissões da Câmara e sofrido alterações polêmicas no plenário
no ultimo dia 10.
Entre
os temas incluídos no texto estava a possibilidade de destinação de recursos
públicos para escolas privadas, do Sistema S e instituições filantrópicas,
confessionais ou comunitárias – que comumente são ligadas a igrejas.
Nesta
quinta, o relatório foi aprovado por 470 a 15 e 1 abstenção. Apenas o Partido
Novo se colocou contra o projeto. A legenda foi a única a apresentar emendas ao
texto. As alterações sugeridas, no entanto, foram derrotadas por 286 a 163.
Apesar
da derrota no plenário, o Novo teve apoio do Governo Bolsonaro e partidos como
PSL, PL, Republicanos e Solidariedade. PT, PSDB, MDB, PSB, PDT, DEM, Podemos,
PSOL, PCdoB, Cidadania foram contra. PSD, PP e PV liberaram.
Durante
a votação, deputados celebraram a atuação da Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e da
União Nacional dos Estudantes na mobilização pela garantia do Fundeb público.
Durante
seu discurso, a deputada federal Rosa Neide (PT-MS) celebrou a reversão do
quadro. “Abraçar nossa capacidade parlamentar de entender a situação da
educação pública brasileira, garantindo recursos públicos para a escola
pública”, declarou. “Eu quero uma escola pública bem estruturada. Queremos
construir um país para todos e todas. O Fundeb é para igualar”, completou.
“GANHAMOS!
FundebÉPúblico! Vitória da educação pública, construção da sociedade civil que
sabe o que é ESCOLA PÚBLICA!”, celebrou Daniel Cara, membro da Campanha
Nacional pelo Direito à Educação, nas redes sociais após o anúncio do
resultado.
A
coordenadora-geral da Campanha, Andressa Pellanda, publicou um nota
classificando o resultado como uma “vitória da escola pública”. “A
regulamentação respeitou a demanda da Campanha Nacional pelo Direito à Educação
de não permissão de desvios de R$ 15,9 bilhões para o setor privado,
respeitando a Constituição Federal de 1988 e a EC 108/2020, do Fundeb, aprovada
em agosto deste ano”, disse.
“O texto final fortalece a escola pública e é
mais um passo decisivo para a garantia da educação pública, gratuita e de
qualidade no país. Essa vitória só foi possível porque o Senado Federal ouviu a
demanda da Campanha e da comunidade educacional e corrigiu os graves erros da
Câmara dos Deputados e respeitou os preceitos constitucionais”, completou.
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