![]() |
Entre mim e a vacina tem uma tal de Anvisa, que eu respeito e não estão querendo respeitar, argumentou Bolsonaro. (FOTO/ Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil). |
Quando historiadores estudarem este momento turbulento da História brasileira dirão que, apesar dos muitos defeitos de Jair Bolsonaro, ele foi uma pessoa coerente frente à pandemia. Sim, o desprezo pela vida humana que demonstra frente à covid é inabalável.
"Ninguém
me pressiona pra nada, eu não dou bola pra isso", disse o presidente, na
manhã deste sábado (26), após ser questionado por jornalistas se havia pressão
pelo fato de outros países, inclusive nossos vizinhos, já terem começado a
vacinar sua população. O atraso tupiniquim se deve, em muito, à falta de
planejamento e de articulação por parte do governo federal. Atraso que vai
custar a vida de muita gente.
Faça
chuva, faça sol, morram 1 mil ou 190 mil, na Páscoa ou no Natal, o desprezo não
falha jamais.
O
"não dou bola para isso" é irmão do "E daí? Lamento. Quer que eu
faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", proferido pelo
mandatário há oito meses. Questionado, no dia 28 de abril, sobre o fato de o
Brasil ter superado a China em número de mortos por covid-19, ele deu essa
declaração antológica.
As
duas declarações são primas do "foda-se" do ministro-chefe do
Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, parido em
fevereiro. Ele havia conclamado o presidente a não ficar "acuado" pelo
Congresso Nacional - que pressionava para ficar com uma parte maior do
Orçamento - e "convocar o povo às ruas". A indignação foi captada
pelo áudio de uma live.
A
"Era do Foda-se" tem suas consequências, claro. Vendo autoridades
darem de ombros para a razão, a população vai copiando. E passam a descumprir
leis, regras e normas porque percebem que não valem muita coisa, mesmo. No caso
mais recente, seguem as orientações do presidente, ignorando quarentenas,
saindo de casa mesmo quando não há necessidade, contaminando e se deixando
contaminar. No caso mais crônico, acreditam quando governantes dizem que não
existe racismo e que mortes como a de João Alberto, no estacionamento do
Carrefour, são apenas "acidentes".
O
presidente deveria ter gastado todas as energias para buscar formas de vacinar
a população em um curto espaço de tempo. E saídas para gerar postos de
trabalho, promovendo diálogos entre o setor produtivo, trabalhadores e a
sociedade civil. Mas a prioridade presidencial é proteger seus filhos de processos
judiciais, como a denúncia apresentada contra o senador Flávio Bolsonaro
(Republicanos-RJ) por desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e
organização criminosa.
E,
como também já disse aqui, o Brasil vai se tornando um palco de batalhas no
qual o que importa é quem grita, xinga, ataca, espanca, mata mais. Cada um por
si e Deus acima de todos.
O
respeito à vida? "Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não
faço milagre. Ninguém me pressiona pra nada, eu não dou bola pra isso".
______________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!