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(FOTO/ Marcelo Camargo/ Agência Brasil). |
A decisão do agora ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, de revogar a portaria que permitia o aperfeiçoamento de políticas de cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiências em programas de pós-graduação das universidades públicas causou indignação e revolta em acadêmicos, especialistas da área educacional e movimentos organizados da sociedade civil.
A medida deve receber resistência
também no Congresso em razão de as ações afirmativas terem sido responsáveis
por um aumento em 267% na presença de negros nas instituições de ensino
superior públicas, entre 2004 e 2016. As cotas também são positivas na medida
em que mudam o perfil dos alunos nas universidades, conforme explica a
socióloga Najara Costa.
“Negros
e indígenas trazem novos saberes e pluralidade para as pesquisas que são
produzidas no Brasil. As universidades precisam ser mais democráticas e representativas.
É uma conquista histórica da luta dos movimentos de negros e indígenas. Essa
medida do ministro Weintraub é mais um ataque do governo para destruir as
universidades públicas”, afirma Najara, que é autora do livro “Quem é Negra/o no Brasil?”.
O ex-ministro da Educação, Aloizio Mercadante, responsável pela ampliação da política de cotas para a pós-graduação, disse em nota enviada ao Alma Preta que a decisão do atual governo realça a “falta de compromisso com o combate às desigualdades e discriminações raciais históricas que assolam o povo brasileiro. Em 2018, primeira vez na história, o número de estudantes negros passou o de brancos nas universidades públicas”.
De acordo com Mercadante, as cotas para
a pós-graduação representam um papel-chave no projeto de redução da
desigualdade. “A política de cotas ataca
duas dimensões fundamentais do problema: a desigualdade social e o racismo, já
que a política prevê um recorte de renda e acesso, favorecidos para negros e
indígenas, proporcionais aos seus pesos demográficos da raça em cada unidade da
federação”, considera.
O Movimento Negro Unificado (MNU) fez
parte das mobilizações organizadas da sociedade civil que exigiram a criação de
políticas de ações afirmativas desde os anos 70.
“Diante
das condições colocadas pela elite para a assinatura da Lei Áurea, a população
negra foi colocada às margens do processo produtivo com empregos com piores
salários, menor valorização, falta de acesso à terras, a educação, a moradia
digna o Brasil deve reparações a população negra”, disse Regina Lucia Santos,
uma das fundadora do MNU.
Para Regina Lucia, o governo Bolsonaro
acena para a parcela racista da sociedade brasileira ao atacar as conquistas históricas
de igualdade racial.
“O
governo defende e quer a perpetuação dos privilégios que a elite e a classe
média branca sempre desfrutaram neste país, e propicia a manutenção e até o
agravamento do quadro de desigualdade racial”, disse Regina Lucia.
No Senado, a bancada do PT apresentou um projeto de decreto legislativo para suspender as alterações feitas por Weintraub na política de cotas na pós-graduação. O ministro Abraham Weintraub deixou o cargo na tarde desta quinta-feira (18) por conta do avanço, no Supremo Tribunal Federal (STF), de um processo de investigação de fake news em que ele é citado.
“O
fascismo do Abraham Weintraub não vai prejudicar a educação no Brasil”,
disse o senador Rogério Carvalho (PT-SE), líder da bancada do partido no
Senado.
O Alma Preta questionou o Ministério da
Educação (MEC) sobre a razão da revogação da portaria de aprimoramento das
cotas na pós-graduação. Até a publicação deste texto, a pasta não se
posicionou.
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Com informações do Alma Preta.
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