13 de dezembro de 2018

Título de cidadão cearense a Bolsonaro será arquivado


Ferreira Aragão diz que a decisão contra Bolsonaro foi nacional. (Foto: Assembleia Legislativa).

O título de cidadão cearense que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) iria receber na Assembléia Legislativa (AL-CE) será arquivado. Isto porque dez dos 13 deputados estaduais do PDT retirarão a assinatura de apoio à honraria.

A Casa tem 46 parlamentares e o número mínimo de assinaturas necessárias para este tipo de Projeto ser aprovado é 32. Antes da saída do PDT, a propositura contava com 33 assinaturas. Dessa forma, com o recuo pedetista, o projeto de autoria do deputado Ely Aguiar (DC) será arquivado e só poderá ser votado na próxima legislatura.

O líder do PDT na Assembléia, deputado não reeleito Ferreira Aragão, diz ao Blog Política que a decisão se deu a nível nacional. “(Diretório nacional) exigiu que os deputados tirassem as assinaturas. Eu, na qualidade de líder, transmiti a decisão”.

Embora tenha sido um dos parlamentares que assinaram a propositura, ele diz concordar com a decisão nacional, além de minimizar as demais assinaturas que o PDT deu em favor do título. Aragão fala que  estas homenagens são tradição na Casa e os parlamentares tendem a assinar dentro deste costume. Questionado sobre os três deputados que não assinaram, ele respondeu que estiveram ausentes no dia.

Ainda segundo Aragão, os colegas também entenderam a determinação do partido. PDT forma bloco de oposição capitaneado pelo ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), ao presidente eleito.

Conforme o candidato derrotado ao Governo do Estado, Ailton Lopes (Psol), a decisão é acertada, já que Bolsonaro “nunca fez nada pelo Ceará”, além de já ter manifestado preconceito contra nordestinos. Lopes, inclusive, foi autor de evento no Facebook contra a ideia. (Com informações de Carlos Holanda, do O Povo)


#Altaneira60Anos. Política e Religião se discute sim


Política e religião se discute sim, por Nicolau Neto. (Foto: Lucélia Muniz).

Falar de religião não é muito comum. Falar de política partidária também não é. Como assim? Me perguntaria um falador dos temas em esquinas, nas igrejas, na prefeitura ou na Câmara. É o que mais se discute em minha cidade. Não há assunto que mais saia da boca do povo que não seja política e religião.

De fato, respondia se a me fosse realmente feita essa pergunta. Afinal, o que mais se ouve das bocas das pessoas que frequentam templos religiosos é a bíblia, é jesus, o divino.... Mas, o que eu enquanto líder religioso tenho feito para ajudar o próximo? O que eu enquanto fiel tenho feito para praticar a solidariedade? Enquanto líder e fiel eu visito o meu vizinho, a minha vizinha porque sinto vontade de colocar os papos em dias ou o faço simplesmente quanto tenho a intenção de convencê-la a ir à igreja?

Os discursos mais fortes que pregam os representantes do povo é a melhoria da saúde, da educação, do transporte, incentivar a cultura... A palavra que mais se usa é povo, ou melhor, o “em nome do povo”, “pelo povo”. Mas, o que se tem feito para melhorar a vida do povo? Quais projetos sociais que permitam independência financeira do povo foram ou estão sendo construídos? Eu conheço bem a realidade do povo que tanto uso em discursos? Eu realizo visitas rotineiramente nas casas das pessoas ou simplesmente reconheço um vizinho, um amigo de dois em dois anos nos períodos eleitorais?

Política e Religião são o que mais de discute mesmo. Eu falo muito de religião para dizer que a minha é a correta e a do meu semelhante é a errada. Isso quanto é entre um católico e um protestante. O católico diz que a dele é a certa e o protestante da mesma forma afirma que a dele é a correta. Porque quando o assunto são as religiões africanas, Protestantes e Católicos se unem para se desfazer dessa forma de cultuar o divino. A Umbanda e o Candomblé não são aos olhos de católicos e protestantes – na grande maioria - uma religião, mas algo do mal. Mas eu discuto religião. Eu discuto religião. Vejo um incêndio acontecendo e pessoas aflitas com aquilo, mas eu não me sensibilizo e ainda assim promovo uma missa. Porque no meu entender, adorar a deus é mais importante do que ajudar os aflitos em um incêndio. Rezar e Orar são mais importantes do que ajudar uma criança que passa por necessidades. Mas eu discuto religião e discuto na igreja, na rua, na praça... E quanto ao incêndio? E quanto à criança passando por necessidades? Ah, não se preocupe bôbo. Não ligue para isso bôba. Deus está vendo. O importante é irmos à igreja. O importante eu celebrar a missa, o culto.

Quanto à política partidária...... Essa também não sai de moda. Eu falo dela diariamente. Falo quando digo que fulano foi o melhor prefeito, enquanto que cicrano foi um desastre. Falo assim do fulano mesmo sabendo que não corresponde a verdade dos fatos e continua a dizer que cicrano não realizou o que era esperado mesmo sabendo que não é bem assim. Falo de política quando faço parte de um grupo, luto com ele e depois o descarto pelo simples fato de poder político, de cargo público e de quebra eu ainda uso o nome do povo para justificar a minha desavença política, a minha picuinha política, o meu desejo pelo poder. Falo de política ainda quando aquele grupo que eu odiava, hoje eu o adoro.

Diante disso, cabe uma pergunta. O que religião e política têm em comum? Deus e o Povo. Na religião eu uso o nome de deus para justificar as minhas ações, muitas delas que só prejudica o fiel. Você tem que passar por isso porque deus quer, portanto aceite. Não questione. Na política, eu uso o nome do povo para mudar ou permanecer em um grupo político, e na grande maioria das vezes para financiar o meu projeto de poder.

Por isso, falar de religião e de política não é muito comum.


_________________________________________________________________
Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).

12 de dezembro de 2018

O retrato de uma cidade para onde nenhum médico brasileiro quer ir


Em Guaribas, 62% dos moradores dependem diretamente do Bolsa Família / Foto: U. Dettmar - Agência Brasil - Reprodução - El País. 

Sem conseguir atrair médicos para substituir cubanos, Guaribas, no Piauí, encaminha pacientes, que enfrentam viagem e estrada de terra para conseguir atendimento.

Uma única estrada chega até a cidade de Guaribas, no extremo sul do Piauí. Pelo menos 50 quilômetros de terra batida separam o município — que estreou o Bolsa Família há 15 anos por ser na época o mais pobre do país — da vizinha Caracol. Com a dificuldade de acesso e a frágil economia interna comum às pequenas cidades do sertão nordestino, as poucas possibilidades de trabalho ali se resumem aos cerca de 400 cargos da prefeitura, ao modesto comércio local e à agricultura de subsistência. É significativa a importância do serviço público de saúde nesta comunidade onde 62% dos moradores dependem diretamente da média de 282 reais que o Governo federal transfere todo mês para cada família cadastrada no Bolsa Família.

Até duas semanas atrás, dois médicos cubanos se revezavam entre os três postos de saúde da cidade para garantir o atendimento a uma população de 4.401 habitantes. Junto com enfermeiros, técnicos e agentes de saúde, eles conseguiram assistir a 82% das 876 famílias que necessitam de acompanhamento periódico pelo Governo por terem crianças de até sete anos ou gestantes, um desempenho considerado "muito bom" no relatório publicado em outubro pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Os dados são positivos, mas a cidade ainda enfrenta uma série de desafios na atenção básica. A taxa de mortalidade infantil média na cidade — de 17 óbitos para 1.000 nascidos vivos — é superior à média nacional (14). Além disso, apenas um terço das casas tem esgotamento sanitário adequado, uma estrutura fundamental para evitar doenças como diarreia, hepatite A e verminoses, geralmente tratadas e prevenidas justamente com a ajuda dos profissionais da atenção básica.

O fim da cooperação de Cuba no programa Mais Médicos em novembro deixou a cidade, que dependia exclusivamente dos médicos cubanos, desassistida. Guaribas é um dos 31 municípios que não despertou o interesse dos profissionais brasileiros. Uma médica ainda chegou a ser selecionada para uma das vagas, mas informou a desistência à prefeitura dias depois da inscrição. A segunda vaga sequer chegou a ser cogitada por outro candidato. Catalogado na condição de extrema pobreza e 650 quilômetros distante da capital Teresina, o município segue com suas duas vagas no primeiro edital do programa, cujas inscrições se encerraram nesta sexta-feira. As condições urbanísticas da cidade não ajudam a atrair os profissionais: segundo o IBGE, as vias públicas não têm estrutura de urbanização mínima adequada, com a presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio.

"Aqui não tem mais médico, só enfermeiro. Tiraram os médicos. Por que fizeram isso? Aqui já é tudo tão difícil, aí ainda tiram o pouco que a gente tem", se queixa a aposentada Amélia Alves Rocha, de 67 anos. Ela diz que nas últimas semanas acompanhou o marido Nilho Alves Rocha, de 75 anos, no posto para conseguir o remédio que ele toma para controlar a hipertensão, mas sem médico para dar a receita, não conseguiu a medicação gratuitamente. O casal criou sete filhos graças ao Bolsa Família e hoje vive da aposentadoria e da mandioca que plantam na roça. Com a seca que historicamente assola a região — Guaribas é um dos municípios que decretaram estado de emergência por esse motivo neste mês —nunca houve muita expectativa de melhorar de vida. "Antes ninguém tinha nada aqui, aí Deus preparou esse Bolsa Família. O cartãozinho salvou a gente que tinha muito filho porque a vida aqui sempre foi muito complicada. As coisas são caras, ainda hoje a gente tem que completar o aposento com o pouco que planta na roça", conta.

Amélia conta que a ausência de médicos na cidade é um problema, mas demonstra resiliência ao argumentar tempo pior era aquele em que a família dormia nos colchões que eles mesmos faziam com plásticos recheados do capim colhido na serra. "Perdi uma filha de seis anos e uma neta porque elas brincando tocaram fogo num colchão desses. Morreram as duas queimadas. Ruim mesmo era naquele tempo que a gente tinha que sair por aí no lombo de um jumento atrás de socorro nas outras cidades. Hoje tem até transporte pra levar", conta.

Enquanto as vagas do Mais Médicos não são substituídas, enfermeiros e agentes de saúde das duas equipes de atenção básica prestam um atendimento mínimo à população. "A gente se vira como pode. Tem muita coisa que só o medico pode fazer, mas a gente segue acompanhando as crianças e as gestantes que fazem pré-natal, por exemplo. Nossa sorte é que temos aqui um serviço bem estruturado, então os prejuízos até diminuem, mas é complicado", diz o enfermeiro que coordena a Atenção Básica no município, Francisco Júnior.

Três horas de viagem por um atendimento

Quando esses profissionais identificam serviço de urgência ou situações que não podem solucionar sem a presença do médico, os pacientes são encaminhados para a cidade que é referência para os 20 municípios da região da Serra da Capivara. Eles enfrentam quase três horas de viagem e percorrem mais de 100 quilômetros (a metade deles de estrada carroçal) até chegar ao Hospital Regional ou à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Raimundo Nonato. "A situação é a seguinte: a gente já é acostumado. Médico é bom porque a gente se consulta, mas se não tem o jeito é ir pra São Raimundo quando o problema piora. É muito complicado, mas dá pra gente ir vivendo", se conforma Amélia.

Outra opção, dizem moradores de Guaribas, é tentar atendimento em Caracol, cidade mais próxima, a 50 quilômetros do município. No entanto, moradores dizem que a situação lá também não está fácil. "Na região toda a situação tá horrível. Caracol perdeu três médicos, uma cubana e dois brasileiros que se inscreveram no programa e foram pra outras cidades", conta o agricultor Raimundo Ribeiro. O EL PAÍS tentou confirmar os números com a Prefeitura de Caracol, mas não obteve resposta.

O fato é que a dificuldade de preencher as vagas deixadas pelos médicos cubanos e mesmo a migração de profissionais que já atuavam na atenção básica sob um regime de contrato com as prefeituras para outros municípios do programa Mais Médicos já repercute na UPA e no Hospital Regional de São Raimundo Nonato. "A demanda tem aumentado muito com essa dificuldade na atenção básica. Temos recebido muitos casos de gripe e febre que seriam facilmente resolvidos no posto de saúde", afirma a diretora do hospital, Nilvania Nascimento. Na atenção básica, a cidade polo também sofre com a crise do Mais Médicos: teve seis vagas abertas no primeiro edital. (Com informações do El País).

#Altaneira60Anos. Política, politicagem e a indignação seletiva


Política, politicagem e indignação seletiva, por Nicolau Neto. (Foto: Lucélia Muniz).

Certa vez na casa situada à rua "povo discutindo tudo”, o casal Dório e Febrôncia estava em um debate sobre política.

- Eu detesto política. Disse dona Febrôncia.

- Deixe de besteira. Respondeu indignado seu Dório. E no mesmo instante perguntou a ela - Você detesta se vestir? Detesta andar descalça? Detesta comer? Quer ver seus filhos passando fome?

- Não! Respondeu prontamente. E com um ar de quem não estava entendendo as provocações de seu esposo, disse: E porque tantas perguntas Dório?

- Como o porquê das perguntas. Ninguém deve odiar o que nos traz comida, roupas e calçados. Ninguém deve odiar de onde se pode trazer melhoria para nossa rua. Nenhuma pessoa deve dizer que não gosta do que pode tirar milhões de pessoas da miséria, Febrôncia.

- Eu sei de tudo isso Dório. Mas, não é a política que permite que esses benefícios aconteçam. Nenhum político está preocupado com o bem-estar do povo. Ao contrário, eles só se preocupam com o bolso deles e de suas famílias. Não adianta votar nesse ou naquele, nessa ou naquela candidata, porque todos são iguais. Olha, o melhor que a gente faz é trocar nosso voto por algum benefício. Sei lá.... um saco de cimento, cerâmica, telhas, tijolos... Sei lá... dinheiro, qualquer coisa. Se fizermos isso, perderemos menos. Afinal, quando ele ou ela chegar na câmara ou na prefeitura, não vão fazer nada em prol do povo mesmo. Disse com fervor a Dona Febrôncia.

- Não, mulher. Não deves pensar assim. Falou com uma voz suave o seu Dório. Quando age assim só irá contribuir para alimentar ainda mais um sistema perverso de corrupção. Você estará favorecendo a entrada no poder público de candidatos que, comprando votos, se sentirão na obrigação de não fazer nada para melhorar a sua cidade. Muitos já fazer isso porque gostam, imagina você ajudando...

- Isso é politicagem. Não gosto, disse ela. Aliás, detesto quando chega época de período eleitoral. Pessoas que nunca andaram em minha rua e agora só porque é candidato/a se acha no direito de bater em minha porta para pedir voto. Antes passava por mim e nem um bom dia dava. Se faltasse dez centavos para completar o dinheiro do quilo de açúcar não vendia e agora vem todo sorridente? Não, comigo não, afirmou ela.

 - Seu Dório, mesmo entendendo que nesse caso sua mulher tinha razão, falou – Você está certa, mas, olhe. Até mesmo na politicagem devemos prestar muita atenção. Ela tem muito a nos ensinar. Por ela, Febrôncia, nós podemos não votar em candidatos com esse currículo que você citou. Isso que você disse mostra que está antenada na política e na politicagem. Demostra ainda que tu estás indignada com o que ocorre em nossa cidade. É muito importante conhecer e investigar a história daquele e daquela candidata/o. Se procurarmos fazer isso com todos eles não iremos cometer o erro de, por exemplo, acreditar em todas as suas promessas e mentiras, pois saberemos que ele e ela quando estiveram no poder nada fizeram. Querem apenas voltar ao poder ou permanecer nele.

- Febrôncia, suspira e diz – Dório, desde quando tu entendes tanto desses assuntos, nunca te via discutir assim?

- Dório, sorri e responde – a vida nos ensina.

- Mas,  e se nessa história de investigar o passado do candidato, da candidata descobrimos que não tem em quem votar?, perguntou ela.

- Podemos anular o voto, disse ele. Essa é uma das formas que temos de manifestar nossa indignação com o estado de coisas que se arrasta de há tanto tempo. E quando você pensa e age assim, demonstra que se estás indignada e revoltada com muitos e não apenas com um ou dois candidatos só porque é desse ou daquele partido.

Mas se ao conhecer a história do candidato, da candidata, resolver votar nele ou nela, é preciso que saiba que sua função não acaba quando o resultado sai. É necessário saber cobrar trabalho daqueles em quem votamos. Porque são eles que irão nos representar para dirigir nossas cidades, nossos estados e nosso país.

São os vereadores, prefeitos, deputados, senadores que ao serem eleitos com o nosso voto irão dirigir nossos destinos. São eles que, uma vez colocados no poder legislativo e executivo, aprovarão leis que podem prejudicar e deixarão de aprovar outras que poderiam nos beneficiar. São eles ainda que irão fazer leis em causa própria, completou seu Dório.

- Então, disse a esposa - a política influi em tudo na nossa vida. Precisamos redobrar as atenções, principalmente quando estiverem eleitos, afinal, lá estarão eles ganhando altos salários e, na grande maioria das vezes desviando recursos. Mas, lá estão também aqueles e aqueles que estão procurando governar com e para o povo.


________________________________________________________________
Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).

11 de dezembro de 2018

Projeto “Escola sem partido” não alcança quórum e será arquivado


Se nossos mandatos servirem só para impedir a crueldade contra a educação brasileira, já servem para muita coisa'.
(Foto: LULA MARQUES/PT NA CÂMARA)

O Projeto de Lei (PL) 7.180/14, conhecido como Escola sem Partido, foi arquivado no início da tarde de hoje (11) em comissão especial que analisava a matéria. Após oito reuniões, o presidente da comissão, deputado Marcos Rogério (DEM-RO) encerrou as discussões por falta de quórum, sem votação do parecer do relator.

Não haverá mais reuniões da comissão neste ano. Arquivada, a matéria poderá ser revista pela próxima turma de legisladores que assume o mandato em 1º de fevereiro de 2019. Durante todas as sessões, o número de presentes não superou a 12 deputados 12, e o quórum mínimo para apreciação da matéria é de 16.

A oposição trabalhou durante todas as sessões para tentar impedir a matéria, que prevê censura a professores em temas relacionados a sexualidade e política. Entretanto, Rogério criticou a própria situação: "Se esse projeto não será votado nessa legislatura é por consequência da falta de compromisso dos deputados que são favoráveis à matéria, porque a oposição chega aqui cedo, senta e fica sentada, ouvindo, debatendo e dialogando", disse.

Já PT, PCdoB e Psol comemoram o feito da oposição. "É vitória. Depois de tentarem votar o projeto da escola com mordaça, eles não conseguiram. Nossa obstrução deu resultado e essa matéria não volta a ser votada no ano de 2018. Se quiserem voltar para 2019, terão de votar tudo de novo, do zero. Parabéns aos estudantes, professores, profissionais de educação de todo o Brasil que se mobilizaram contra a mordaça", disse o deputado Glauber Braga (Psol-RJ).

Sempre uma das primeiras a chegar na comissão, a deputada Erika Kokay (PT-DF) também comemorou. "Me sinto muito feliz. Se nossos mandatos servirem só para impedir a crueldade contra a educação brasileira já, servem para muita coisa. O mandato foi o instrumento para isso, para nós que estivemos na resistência. Particularmente as mulheres que resistiram. Sofri uma série de ameaças, mas as convicções são grandes. Os parlamentares não deram quórum porque sentiram a pressão da sociedade que favorece as violências que acontecem, inclusive a violência sexual." (Com informações da RBA).

Nova Olinda receberá a “Primavera das Cidades”


Nova Olinda receberá a "Primavera das Cidades". (Foto: Reprodução/Redes Sociais).

Um grupo de jovens do município de Nova Olinda, na região metropolitana do cariri, resolveram fazer educação e cultura de uma maneira diferente da tradicional. Constituído por universitários de cursos distintos e estudantes da educação básica, eles estão buscando desenvolver ações que visem repensar as cidades e vivenciar as culturas.

Foi desse pensamento que surgiu o projeto “Armazém dos Saberes” e têm como finalidades “fomentar as produções e ações no âmbito das culturas e educação”, “democratizar e pluralizar o acesso aos produtos e serviços culturais” e “valorizar os produtores criativos, mestres e artesãos”.

Para subsidiar esse pensamento inovador na região, o “Armazém dos Saberes” irá desenvolver entre os dias 14 e 15 de dezembro, em Nova Olinda, uma série de ações compiladas no que eles denominaram de “Primavera das Cidades”.

Na primavera, a natureza floresce e as paisagens ganham cor. Mas você já pensou em uma primavera diferente? E se a nossa cidade florescesse com conhecimento, artes e culturas?”, indagam ao descrever as ações.

Assim, diferentes práticas e conhecimentos se reunirão nesses dois dias para discutir e vivenciar a cultura através de uma pluralidade de vozes.

Confira abaixo a programação:

Sexta-feira, 14/12.

Local - no Centro de Artesanato Antônia do Ó, Av. Jeremias Pereira, S/N – Centro.
Horário – 18h às 21h.

I - Pocket Show de Lara Alencar.
II - Exposição fotográfica “Nós Outros Kariris” por Joedson Kelvin.
III - Mesa Redonda “Políticas públicas culturais e seus impactos sociais”, com a mestra Angelina Umbelina, o quadrilheiro Elison Laurentino e o presidente da Fundação Arca (em Altaneira-CE) Carlos Alberto Tolovi.
IV - Apresentação musical – Armazém da Música.

Sábado 15/12

Horário: 08:00h – 11:30h.

Local: E.E.M. Padre Luís Filgueiras, Rua Professora Nanô, S/N, Cruzeiro.
Oficinas e rodas de conversa (inscrições neste link ou presencialmente no dia).

Horário: 18:00h – 22:00h

Local: Rua Manoel Ferreira Lima (ao lado do Centro de Artesanato Antônia do Ó).
I - Arrastão de pífanos;
II - Espetáculo infantil “Emília no Reino da Fantasia” – Grupo de Teatro Dionísio;
III - Atração musical – grupo do Projeto Vocalize;
IV - Sarau – Armazém Literário;
V - Atração musical – Na Base da Chinela.



10 de dezembro de 2018

#Altaneira60Anos. Esperando a tua voz, a tua ação



O Brasil passa por um dos piores momentos em 518 anos de História. Uma crise que, como já tivemos a oportunidade de registrar, passa não só pela economia, cultura, educação, pelo agravamento do racismo, pelo aumento desenfreado da discriminação a homossexuais, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, mas também e principalmente pela política partidária. 

Esperando a tua voz, a tua ação, por Nicolau Neto.
(Foto: Kevin Leite)
Uma crise que extrapola esses pilares que mexem com os direitos humanos e caminha sem nenhum pudor na imoralidade e na ética (na sua falta evidentemente).

Temos tudo para desconstruir essa hipocrisia que a cada dia é aplicada - seja pelos representantes das grandes indústrias, pelos grandes fazendeiros, falsos líderes religiosos, seja pela grande mídia - na pele dos brasileiros e brasileiras como que se vacina contra a gripe H1N1, mas não o fazemos.

Contamos com um dos maiores veículos de comunicação a nosso favor e não os utilizamos para tal finalidade, citemos aqui o rádio e a internet. Mas na infantilidade e nos arriscaria a dizer no falso discurso de neutralidade e, ou isenções, acabamos por usá-los de maneira diferente da esperada.

Mas o que esperamos?

Esperamos que se tenha participação política efetiva. Não aquela que estamos acostumados a ver nas interpretações de muitos. Onde o que prevalece é a defesa desenfreada de partido político y e a condenação do partido político x. Não! Queremos uma participação política que seja capaz de se posicionarem para além de oposição e situação. O momento exige isso. Não cabe mais isolamento político. Não tem mais espaços para neutralidade. Faz-se necessário e urgente a tomada de partido - me permitam usar a primeira pessoa agora -  meus alunos sabem bem de que tomada de partido falo.

Não podemos usar as mesmas argumentações de muitos falsos representantes do povo nos legislativos. Não podemos fazer como a grande maioria dos membros da Câmara Federal e tocar sempre no nome de deus em cada fala ou escrita nossa. Lá no legislativo federal eles usaram a entidade “divina” para bater na democracia e na cara do povo brasileiro. Aqui se usa constantemente o nome do “divino” para silenciar, para se isentar das discussões. É como se estivéssemos morando em outro país que não o Brasil. Mas quando afirmamos isso, até mesmo os que se silenciam perdem, por que em outros recantos já há tomada de decisões. Jornais e pessoas do mundo inteiro já se deram conta do que se passa no Brasil e, portanto, já opinaram.

E você cidadão já opinou? E vocês representantes de classes já se manifestaram? E você professor e tu professora já adequou os conteúdos de sala com o momento que ora passamos ou vão continuar sendo estrangeiros na própria terra? 

Afinal de contas, democracia se constrói e se fortalece com respeito aos direitos humanos. Se faz e se amplia com cidadania.


______________________________________________________________

Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).


Estrela de ‘Pantera Negra’ vai lutar pela igualdade de gênero na ONU


O poder das mulheres negras pela equidade de gênero / Foto: Reprodução - Hypeness.

Se você sentiu saudades da General Okoye, pode se acalmar. A Organização das Nações Unidas acaba de anunciar que a atriz e dramaturga Danai Gurira, umas das estrelas de Pantera Negra, será embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres.

A norte-americana terá como missão principal dar apoio e visibilidade ao trabalho das Nações Uniidas em prol da igualdade entre homens e mulheres. A estrela de outro sucesso, Vingadores: Guerra Infinita, recebeu o título honorário da ONU em lugar mais que especial.

Gurira foi oficializada no cargo durante o Festival Global Citizen Mandela 100, que aconteceu em Joanesburgo, na África do Sul. Antes do anúncio da nomeação, Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora-executiva da ONU Mulheres, reconheceu a importância da atriz para a equidade de gênero.

Como autora, artista e ativista em busca do empoderamento feminino e da igualdade de gênero, com seu olhar aguçado para os direitos humanos, ela está unicamente qualificada para comunicar e inspirar”.

Danai Gurira não poderia estar mais feliz com a notícia. Durante a cerimônia na África do Sul, local marcado pela expressividade da luta de Nelson Mandela, ela explicou como o amor feminino se reflete na sua obra.

Minha paixão pelas mulheres e meninas (sempre) foi o foco das narrativas que eu crio, bem como dos papeis que consegui interpretar. Sempre busquei romper os limites e contar as histórias daqueles que são frequentemente marginalizados e ignorados. Estou muito feliz em me unir à ONU Mulheres para amplificar muitas outras histórias de todo o mundo e para dar voz aos que estão trabalhando incansavelmente para tornar a igualdade de gênero uma realidade.”, declarou a atriz, de origem norte-americana e zimbabuense.

A consagração de um dos destaques de Pantera Negra como embaixadora da Boa Vontade aconteceu em meio às atividades da ONU para os 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. O tema deste ano é #MeEsctueTambém, com enfoque na solidariedade e inclusão de sobreviventes de agressões.

Ainda na África do Sul, Guirra e Mlambo-Ngcuka vão se reunir com mais de 200 jovens mulheres negras da Academia Africana de Liderança para debater desafios e experiências das ativistas na instituição.

É do Brasil

Quem também deu passo importante na trajetória foi Marta. A jogadora de futebol é mais uma das embaixadoras da Boa Vontade pela ONU Mulheres.

Marta, atualmente com 32 anos, vai dedicar seus esforços para incentivar a luta pela igualdade de gênero e empoderamento em todo mundo. A ideia é inspirar mulheres e meninas a romper estereótipos para que elas consigam seguir em busca de seus sonhos. Inclusive no esporte.

Garantir que mulheres e meninas em todo o mundo tenham as mesmas oportunidades que homens e meninos têm para realizar seu potencial. Eu sei, a partir da minha experiência de vida, que o esporte é uma ferramenta fantástica para o empoderamento”, declarou a atleta. (Com informações do Hypeness).