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(Crédito: EBC). |
Considerado
o principal instrumento da política educacional, o Plano Nacional de Educação
(lei 13.005/2014) está pouco presente no debate eleitoral à Presidência.
Excetuando-se as candidaturas de Lula(PT), Marina (Rede), Ciro(PDT) e
Boulos(PSOL), o PNE não é citado na maior parte dos programas de governo, que
optam por fazer proposições genéricas de como melhorar a educação no país. É
importante observar, que mesmo quando citado, o PNE aparece de forma tímida em
parte das propostas, revelando a pouca centralidade dada a essa grande
conquista da sociedade brasileira.
Fruto
de amplo debate nas Conferências Nacionais de Educação e de acirrada disputa na
tramitação no Congresso Nacional, o PNE define metas para o conjunto do
atendimento educacional a serem cumpridas nos próximos anos. É, portanto, um
Plano de Estado que visa romper com a recorrente descontinuidade das políticas,
orientando o investimento e a gestão e referenciando o controle social e a
participação popular.
Cumprir
o PNE significa avançar no acesso a vagas, superar o analfabetismo, melhorar a
qualidade, valorizar os profissionais da educação e enfrentar as profundas
desigualdades do nosso país. A experiência internacional revela que somente é
possível dar um salto na educação com um Plano de Estado e grande investimento
financeiro.
O
esvaziamento do PNE teve início no segundo governo Dilma, com a adoção de
ajuste fiscal que cortou recursos de políticas sociais. Tal esvaziamento ganhou
gigantesca intensidade com o golpe parlamentar que afastou a Presidenta eleita
e intensificou a política econômica de austeridade aprovando a Emenda
Constitucional 95, que constitucionalizou os cortes por vinte anos e tornou
inviável a implementação do PNE.
É
importante destacar que também vem contribuindo para esse quadro de
fragilização do PNE a atuação de grupos ultraconservadores que atacam escolas e
gestões educacionais por abordarem o racismo, o machismo, a LGBTfobia e outras
discriminações no ambiente escolar. Grupos que defendem de forma hipócrita uma
escola pública para uma sociedade profundamente hierarquizada e perversa, que
nega o reconhecimento da diversidade presente no país. Destaca-se ainda a
atuação de grupos econômicos que atacam o PNE e o Estado brasileiro, com o
objetivo de privatizar os serviços públicos, “vender” soluções milagrosas para
a gestão educacional e transformar a educação pública em mercadoria.
Quatro
anos após a aprovação do PNE, os balanços divulgados pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e pela Campanha
Nacional pelo Direito à Educação revelam que o PNE não está sendo cumprido pelo
governo e que a sociedade brasileira não tem o que comemorar. Somente um
dispositivo foi cumprido integralmente, que prevê a publicação de estudos pelo
INEP para aferir a evolução das metas.
Diante
desse quadro, é fundamental exigir que o PNE volte para o centro da agenda. Não
há outro caminho para a conquista de uma educação pública de qualidade.
Precisamos de uma política pública de médio e longo prazo, sistêmica,
estrutural e com financiamento adequado.
Faz-se
urgente somar forças com outros campos e cobrar das candidaturas – tanto para o
Executivo como para o Legislativo – um posicionamento explícito pela revogação
da EC95, como proposto pela Coalizão Antiausteridade e pela Revogação da EC 95,
responsável pela Campanha Direitos Valem Mais. Até o momento, as candidaturas
de Lula (PT), Ciro (PDT), Boulos (PSOL) e Vera Lúcia (PSTU) se manifestaram
favoráveis à revogação.
Criticada
nacional e internacionalmente – inclusive por posicionamento de relatores da
ONU – a EC 95 tem levado o país a gigantescos retrocessos, entre eles a volta
ao mapa internacional da fome, o aumento da mortalidade infantil, o crescimento
de epidemias e de outras desgraças que tanto sofrimento e desespero têm gerado
na vida de crianças, adolescentes, jovens e adultos do país.
Enquanto
os defensores da EC 95 afirmam que a população brasileira tem que fazer o
sacrifício pelo país, que o Estado tem que ser “mínimo” e que o investimento
social é algo “atrasado”, os bancos e setores que promovem especulação
financeira têm lucros recordes, aprofundando ainda mais as desigualdades em um
Brasil extremamente desigual. Temos que dar um basta, pressionar pela mudança
da política econômica e exigir que o PNE volte para o centro da agenda de
prioridades da educação. (Com informações de Carta Educação).