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“Passar fome no Brasil é uma grande mentira”, disse Bolsonaro. (FOTO/Reprodução/Hypeness). |
Para
Jair Bolsonaro, abre aspas, “passar fome
no Brasil é uma grande mentira”. Durante café da manhã com os jornalistas
estrangeiros na manhã de sexta-feira (19), o político declarou que não vê as
pessoas, “mesmo pobre, pelas ruas, com
físico esquelético”.
“O Brasil é um país rico para praticamente
qualquer plantio. Fora que passar fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se
mal, não come bem, aí eu concordo. Agora, passar fome, não. Você não vê gente,
mesmo pobre, pelas ruas, com físico esquelético, como a gente vê em alguns
outros países pelo mundo”, encerrou.
A
fala estarrecedora simplesmente ignora o aumento da fome no Brasil, que puxa o
crescimento de casos de mortalidade infantil depois de 15 anos e evidencia o
fantasma da miséria em muitos lares brasileiros.
Uma
pesquisa rápida na internet demonstra, de forma didática, que terra fértil não
é sinônimo de barriga cheia, tampouco de alimentação balanceada. No país da
desigualdade, comer bem ainda é coisa para poucos.
1. Planeta fome
Quem
viveu na década de 1990, assistiu com angústia relatos de brasileiros e
brasileiras sem ter o que comer. Hoje, esta parcela invisível atingiu 5,2
milhões, ou seja, 2,5% da população.
Os
números são do relatório internacional ‘O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição
no Mundo,’ lançado em 2018 pela Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO).
A
quantidade de gente que não tem acesso ao básico ultrapassa em 1,7 milhão os
3,5 milhões de habitantes do Uruguai.
2. A estagnação
A
mesma FAO alerta, o Brasil caminha a passos largos para retornar ao mapa da
fome. Em 2014, o país tinha menos de 5,1 milhões de habitantes sem ter o que
comer. O nível mais baixo foi registrado
em 2010, 4,9 milhões. Números semelhantes aos de nações desenvolvidas.
Especialistas
diagnosticam estagnação em investimentos para brecar a fome. Caso de José
Graziano da Silva, ex-ministro do governo Lula e criador do Fome Zero.
O
antigo chefe da FAO criticou, em conversa com jornalistas, dados precisos sobre
a situação alimentar no Brasil, que segundo ele, carecem de atualização.
“Faltam muitos dados, principalmente na área
de nutrição, o que não nos permite uma avaliação mais acurada. Os dados que nós
usamos, por exemplo, para calcular o número de pessoas com fome ainda são
antigos: estão baseados no triênio 2009/2011. Os últimos dados disponíveis não
nos permitiram ter uma atualização do coeficiente de variação que é um dos
indicadores fundamentais no cálculo do número total”, disse ao Estado de
São Paulo.
3. Mapa da fome
Quando
figurou entre as 10 maiores economias do mundo, o Brasil se destacou pela
redução dos índices de desnutrição. Foram quase 40 milhões de pessoas retiradas
da pobreza extrema nas últimas décadas.
Isso
se deve, em grande medida, ao sucesso de programas sociais como o Bolsa
Família, responsável por retirar milhões de pessoas do mapa da fome. O IBGE
mostra que a desnutrição caiu 82% entre 2002 e 2013. Em 2000, de acordo com a
FAO, 18 milhões de pessoas passavam fome no Brasil.
O
fenômeno caminha de mãos dadas com a crise econômica. O Pnad Contínua, do IBGE,
diz que a extrema pobreza no Brasil aumentou cerca de 11% entre 2016 e 2017. Ou
seja, passando de 13,3 para 14,8 milhões de pessoas.
4. Barriga na miséria e morte
A
desnutrição mata. Ter o que comer não significa qualidade. Baseada em dados do
Ministério da Saúde, a Fundação Abrinq indica que em 2016, a taxa de
mortalidade na infância, crianças de 0 a 5 anos, aumentou 4,19%.
Os
dados subiram de 14,3 para 14,9 a cada 1 mil nascidos vivos. Inédita em 15
anos, a alta evidencia o crescimento da pobreza e claro, da fome. Culpa de
quem? Austeridade e redução do Bolsa
Família.
Como
mostrou o UOL, Entre 2014 e 2017, o governo federal retirou 1,5 milhão de
bolsas pagas do Bolsa Família. O Instituto de Políticas Econômicas Aplicadas
(Ipea) aponta que o congelamento de gastos públicos aprovado pelo governo Temer
pode tirar da saúde mais de 740 bilhões de reais de 20 anos.
Por
outro lado, se políticos como o próprio
Bolsonaro investissem no Bolsa Família, por exemplo, as taxas de mortalidade
podem ser 8,6% mais baixas até 2030.
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Com
informações do Hypeness.
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