8 de novembro de 2018

Quem é Tereza Cristina, 'musa do veneno' confirmada na Agricultura


Tereza Cristina, 'musa do veneno', terá que aprovar o nome para o Ministério do Meio Ambiente.
 (Foto: Reprodução/Site Oficial).

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) anunciou na noite da quarta-feira 7 a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) para comandar o Ministério da Agricultura. Ela é a primeira mulher indicada para compor o primeiro escalão do novo governo e o segundo nome do DEM, ao lado de Ony Lorenzoni, que assumirá a Casa Civil.

Cristina é a presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e líder da bancada na Câmara, grupo que fez a indicação. Como é praxe no governo eleito, o anúncio foi feito pelo Twitter.

Segundo o vice-presidente da FPA, o deputado federal Alceu Moreria (MDB-RS), a futura ministra é quem dará o aval sobre o nome do indicado para assumir o Ministério do Meio Ambiente, mesmo após o recuo do novo governo da ideia de fundir as pastas.

A deputada é engenheira agrônoma e ganhou neste ano dos colegas o apelido de "musa do veneno", por sua atuação em defesa do projeto de lei 6299/02, que flexibiliza as regras de utilização de agrotóxicos no País, conhecido como PL do Veneno. O PL foi aprovado em junho por uma comissão especial presidida por Tereza Cristina na Câmara e ainda precisa passar pelo plenário.

O relatório prevê que pesticidas possam ser liberados pelo Ministério da Agricultura mesmo se órgãos reguladores, como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não tiverem concluído suas análises.

Nesse caso, os produtos receberão um registro temporário, desde que possuam especificações idênticas em pelo menos três dos 37 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Engavetada por 14 anos, a proposta foi ressuscitada sob o comando de Blairo Maggi, titular do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, megaempresário ruralista e autor original do PL, quando era senador, em 2002. O eixo central do projeto abre espaço para a regulamentação de novos venenos nocivos à saúde humana e ao meio ambiente.

O Ministério da Saúde, a Anvisa e o Ibama são contrários às alterações, que incluem alterar o termo agrotóxicos, presente na legislação desde 1989, para “defensivos fitossanitários”. O Ministério Público Federal já declarou a inconstitucionalidade do projeto e instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Nacional do Câncer (Inca), além de centenas de  organizações da sociedade civil, se posicionam na linha de frente do combate ao Pacote do Veneno.

Também empresária, Tereza Cristina já atuou no Mato Grosso do Sul nas secretarias de Planejamento, Agricultura, Indústria e Comércio e Turismo; e foi ainda diretora-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e da Empresa de Gestão de Recursos Minerais.

Durante a campanha eleitoral, Tereza Cristina, que cumpre o primeiro mandato como deputada, apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência.
Demais nomes até agora

Além de Tereza Cristina, Bolsonaro já indicou outros cinco ministros. A Casa Civil será comandada pelo deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS). O superministério da Economia, formado pela junção das pastas da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio Exterior, que será chefiado pelo economista Paulo Guedes, e o superministério da Justiça, coordenado pelo juiz federal Sergio Moro.

O astronauta Marcos Pontes foi indicado para assumir a pasta de Ciência e Tecnologia. Nesta quarta-feira, o general Augusto Heleno confirmou que irá comandar o Gabinete de Segurança Institucional, responsável pela coordenação do setor inteligência do governo, incluindo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). (Com informações da DW e CartaCapital).

Você sabe o que é “consciência negra”?

Uma vez adquirida, brancos e negros precisam afirmar essa consciência.
(Foto: Márcio Ferreira/Reprodução/Revista Trip).

20 de novembro se fortaleceu como data comemorativa e de luta no país

O black power, que quer dizer “poder negro”, turbantes de cores vivas, roupas no estilo africano, o orgulho da identidade negra. Essa é uma das dimensões da consciência negra, como afirma o filósofo, historiador e militante do movimento negro Marcos Cardoso. São ações e reflexões de pessoas que passaram a se sentir parte da história do seu povo - o povo negro e de descendência africana.

Mas o reconhecimento e pertencimento não acontece para todos da mesma forma. Segundo Marcos, existem dois aspectos que podem determinar esse processo: a formação e a informação de cada indivíduo. Enquanto alguns possuem famílias que, desde a infância, ensinam sobre a negritude, outros adquirem essa consciência por meio da discriminação e preconceito por que passam.

Ao se perguntar por que está sofrendo, a pessoa começa a tomar consciência de si. A dimensão individual é construída em processos de intenso sofrimento, sobretudo diante da humilhação, da negação da sua humanidade no seu cotidiano. Isso força necessariamente a tomada da consciência negra, da consciência política diante desse tipo de situação”, explica Markim, como é conhecido. “A luta por dignidade pessoal é política”, completa.

Afirmando a negritude

A professora de literaturas africanas Íris Amâncio destaca a consciência negra em outro patamar. Uma vez adquirida, ela precisa ser afirmada por toda a sociedade, brancos e negros, através de atitudes antirracistas. Isso significaria realizar uma reeducação do imaginário da sociedade.

A estratégia é, segundo a professora, colocar em prática ações que ela chama de “discriminações positivas”, que significa “utilizar os critérios do racismo para combater o próprio racismo”. Como no Brasil dois dos maiores fatores de discriminação racial são a fisionomia e a cor da pele, Iris defende que eles podem ser usados ao contrário: que pessoas com fisionomia afrodescendente e pele escura tenham portas abertas em empregos, escolas, concursos, como acontece com as cotas. Assim como passem a ter uma imagem positiva na mídia.

20 de novembro: Dia de Zumbi

O dia nacional da consciência negra, 20 de novembro, relembra a morte de Zumbi dos Palmares, último líder do quilombo dos Palmares, assassinado em 1695. Há décadas o mês de novembro tem se tornado referência para atividades que afirmam a negritude. Para Markim Cardoso, significa também a valorização de um dos mais importantes líderes da América Latina, que traz consigo a consciência da luta pelo seu coletivo.

O movimento que não quis homenagear a princesa

A consciência negra não foi sempre marcada assim. No livro “Educação e Ações Afirmativas” o historiador Oliveira Silveira conta como os negros e negras mudaram a data de lembrança da libertação. Antes, ela era celebrada oficialmente em 13 de maio, dia da assinatura da abolição da escravatura pela princesa Izabel.

A homenagem a Palmares em 20 de novembro de 1971 foi o primeiro ato evocativo dessa data que, sete anos mais tarde, passaria a ser referida como dia nacional da consciência negra”, escreve Oliveira. O Grupo Palmares, do Rio Grande do Sul, organizou atividades ano a ano até que, em 1978, o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNUCDR) escreve um manifesto declarando a data como dia nacional da consciência negra. O governo federal brasileiro somente veio a oficializá-la em 2011, com a lei 12.519. (Com informações do Brasil de Fato).

7 de novembro de 2018

ALB/Secccional Araripe diplomará novos acadêmicos e lançará livro no seu primeiro aniversário


14 novos nomes serão diplomados durante o primeiro aniversário da ALB/Seccional Araripe.
(Foto: Reprodução/WhatsApp).

A Academia de Letras do Brasil (ALB) se configura como uma entidade nacional e que está presente em 80% do território brasileiro e com atuação fora do país. No Ceará, ela chegou em 02 de julho de 2016 e já conseguiu empossar 55 (cinquenta e cinco) membros fundadores efetivos e vitalício.

Já no município de Araripe, a Seccional foi instalada no dia 27 de outubro de 2017 e representa também as cidades de Altaneira, Campos Sales, Potengi, Salitre e Santana do Cariri. Para comemorar seu primeiro aniversário, a Seccional Regional Araripe preparou uma grande e diversificada programação.

Segundo informações do presidente da entidade, Adriano Sousa, as ações terão início na sexta-feira, 09, e se estende ao dia seguinte. No primeiro dia haverá uma exposição de arte com óleo sobre tela do acadêmico e artista plástico santanense Raimundo Sandro Cidrão concomitantemente a posse individual de Adriano Sousa que apresentará trabalho de pesquisa sobre a patrona Noemi de Alencar Arraes. As atrações estão previstas para ocorrer na casa de Pitia localizada a Rua Alexandre Arraes, às 18h.

No sábado, 10, as programações têm início com a entrega das comendas “Bem Feitores do Cariri” e a diplomação da patrona da ALB/Seccional Araripe, a escritora Elizabeth Antão, às 09h, no poder legislativo.

Ainda no sábado, a partir das 17h na Igreja Matriz de Santo Antônio, haverá a diplomação dos 14 (quatorze) novos nomes que irão compor a academia. Ao mesmo tempo terá o lançamento da primeira edição do livro “Patronos” organizado pelo acadêmico e escritor Sandro Cidrão e que contou com a colaboração de mais 7 acadêmicos.

Abaixo os 14 nomes que serão diplomados:

Antonio Rafael Sobrinho
Elisângela Oliveira
Francisca Matos Arrais
Germá Martins dos Santos
José Humberto de Alencar Filho
José Jesus Leite
José Nicolau da Silva Neto
José Saymon Rodrigues Pereira
Lucélia Muniz da França
Lúcia Maria de Oliveira Pires Tavares
Luiz Carlos Salatiel
Maria Edivânia da Silva
Maria Elói da Silva Oliveira
Maria Oliveira Lino

Diante de Bolsonaro, movimentos sociais preparam a resistência


A liderança do MTST, mas, sobretudo, a campanha à presidência, elevou Guilherme Boulos a ícone da incipiente "resistência". (Foto: Reprodução/Facebook).

 O gigante acordou!” A gente viu no que deu. “Não vai ter Copa!” Teve. “Não vai ter golpe!” Teve. “Fora Temer!” Temer ficou. “Mexeu com Lula, mexeu comigo!” Mexeram com Lula. “Lula livre!” Lula preso. “Não passarão!” Passaram. “Ele não!” Ele sim. Para os deprimidos, desalentados, inertes, dragados pelo poço sem fundo da realidade brasileira, prescreve-se uma dose de Mujica, esse Rivotril da esquerda mundial.

Os únicos derrotados são os que cruzam os braços, os que se resignam à derrota”, disse o ex-presidente do Uruguai acerca da vitória do coiso domingo passado. “Não é o fim do mundo. Aprendemos com os erros e recomeçamos. Não devemos acreditar que quando vencemos tocamos os céus com as mãos e alcançamos um mundo maravilhoso, apenas subimos alguns degraus. É preciso ter humildade do ponto de vista estratégico. Não existe vitória definitiva, mas também não existe derrota definitiva.”

Remediados todos, é melhor Jair se acostumando: vai haver resistência, e ela se articula aqui e agora nos movimentos sociais, entre gestores de universidades, estudantes e até advogados empenhados em fazer do ofício uma barricada em defesa da democracia.

A liderança do MTST, mas, sobretudo, a campanha à Presidência, elevou Guilherme Boulos a ícone da incipiente “resistência”, termo que se impôs diante do discurso autoritário do presidente eleito, esquecido de desembarcar da campanha. Na terça-feira passada, lá estava Boulos sobre um caminhão de som em frente ao prédio do Masp, na Avenida Paulista, em protesto convocado pela Frente Povo Sem Medo e que atraiu uma aguerrida multidão.

Bolsonaro foi eleito presidente, mas não imperador”, falou ao microfone, naquela empolgante retórica que transita entre Lula e Silvio Santos, o pastor de igreja e o sindicalista da CUT. “Ele não pode passar por cima dos valores democráticos, da liberdade de manifestação e expressão. Precisa respeitar a oposição e os movimentos sociais. Por isso estaremos nas ruas, pelas liberdades democráticas e por nossos direitos.”

Há poucos meses, para andar nas ruas bastava a Guilherme Boulos a companhia de Batoré, amigo-assessor cooptado nas fileiras da Gaviões da Fiel, onde também militou, embora secretamente dedicado a criar uma dissidência. Hoje Boulos está obrigado a acompanhar-se de três seguranças profissionais, porque os tempos são outros.

Na quarta-feira, deputados chegaram a colocar na pauta de votação do Congresso projeto que faz de MST e MTST organizações terroristas, através da inclusão de ambos na Lei Antiterror, herança maldita do governo Dilma. Guilherme Boulos e João Pedro Stedile, o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, passariam a versões moderadas de Bin Laden, podendo ser presos à revelia de uma Constituição que prevê a função social da terra e dos imóveis urbanos.

A criminalização do MST e do MTST é promessa de campanha de Bolsonaro, tão íntimo do livro da Constituição quanto deve ser do calhamaço a respeito de Churchill que estava sobre a mesa em sua primeira fala como presidente eleito – mais fácil que sirvam de aparadores de porta do que efetivamente de objetos de leitura.


6 de novembro de 2018

Réu confesso no uso de Caixa 2 e confirmado como ministro do governo de Bolsonaro, não incomoda Moro


(Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil).

O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, durante coletiva em Curitiba, demonstrou adotar de flexibilidade em seus critérios sobre a gravidade do uso de caixa 2, dependendo de quem é o protagonista da ação. Questionado por um jornalista sobre como ele se posiciona diante do fato de que Onyx Lorenzoni, escolhido para ser ministro da Casa Civil, é réu confesso dessa atividade ilícita, Moro respondeu: “Ele já admitiu e pediu desculpas”.

A afirmação vai de encontro ao discurso do juiz, sempre se posicionando, pelo menos na retórica, radicalmente contra a corrupção. Em 2017, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) assumiu ter recebido recursos de caixa 2 da JBS. O parlamentar e futuro ministro de Jair Bolsonaro foi citado na delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, como beneficiário de R$ 100 mil repassados pelo grupo.

Vale recordar que Moro, em 2017, durante palestra realizada na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, enquanto ainda dava as cartas na Operação Lava Jato, o juiz afirmou, de forma contundente: “Temos que falar a verdade, a Caixa 2 nas eleições é trapaça, é um crime contra a democracia. Corrupção em financiamento de campanha é pior que desvio de recursos para o enriquecimento ilícito”. Parece que o juiz Sérgio Moro não é tão incisivo quando se trata de aliados políticos.

Propina da JBS

Em uma tentativa de atenuar sua punição e não ser cassado, Onyx Lorenzoni concedeu entrevista à Rádio Gaúcha e assumiu publicamente ter recebido propina da JBS. O parlamentar, que pediu um “basta na roubalheira” em seu discurso na votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT), confessou que ganhou R$ 100 mil em dinheiro vivo para sua campanha de 2014.

Final da campanha, reta final, a gente cheio de dívidas com fornecedores, pessoas, eu usei o dinheiro. E a legislação brasileira não permite fazer a internalização desse recurso”, disse Onyx.

O parlamentar confessou ainda que não declarou o dinheiro para não ter que usar um laranja na prestação de contas. “Como faço? Pego o dinheiro de Caixa 2 e coloco onde? Não posso botar na minha conta e transferir. Vou arrumar uma empresa para assumir isso e arrumar uma laranja? Aí não, aí estou lavando dinheiro”, disse, como se receber recursos não declarados fosse menos pior do que se declarasse através de um terceiro.

Paradoxalmente, Onyx ficou conhecido por ser o relator do projeto “10 medidas contra a corrupção”. Sobre isso, ele afirmou: “Quando fui relator do projeto das 10 medidas eu briguei para criminalizar quem dá e quem recebe, com alta gravidade. Talvez ali eu estivesse tentando espiar o meu erro”.

Em 2014, teve sua candidatura financiada pelas duas grandes empresas da indústria armamentista brasileira, a Taurus e a CBC. São empresas que estão vendo suas ações no mercado dispararem com a escalada de Bolsonaro. (Com informações da Revista Fórum).


Negros são menos de 30% dos estudantes que cursam pós-graduação


Apesar de corresponderem a maioria da população, negros ainda são minorias na graduação e principalmente na pós. (Foto: TVT/Reprodução).

Em debate que abriu a Semana da Consciência Negra, cujo dia é celebrado em 20 de novembro, professores e estudantes da Universidade Federal do ABC (Ufabc), em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, argumentaram, nesta segunda-feira (5) sobre a importância das políticas de cotas para negros em cursos de pós-graduação que, segundo os participantes, são ainda mais elitistas e restritos que os cursos de graduação.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) confirmam a percepção dos docentes e alunos ao indicam que, apesar do aumento no número de mestrandos e doutorandos negros, entre 2001 a 2013, que passou de 48 mil para 112 mil estudantes, essa parcela da população corresponde apenas a pouco menos de 30% dos alunos que cursam uma especialização.

"O que a gente tem no Brasil hoje é uma produção de conhecimento que é majoritariamente masculina e branca, só que esse lugar não é tomado como lugar racializado ou de gênero, mas é", explica a professora do departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP) Márcia Lima ao repórter Jô Miyagui, do Seu Jornal, da TVT, acrescentando que inclusão é uma forma também de repensar o conhecimento acadêmico. (Com informações da RBA).

Candidato derrotado rebate presidente eleito do Sindicato dos Servidores Municipais de Altaneira (Sinsema)



O servidor público Manoel de Sousa, conhecido popularmente por Nézio, candidato derrotado ao cargo de presidente do Servidores Municipais de Altaneira (Sinsema) no último domingo, 04, rebateu as declarações do presidente eleito José Evantuil.

Nézio, candidato derrotado nas eleições do
Sinsema. (Foto: Reprodução/Blog de Altaneira).
Tão logo o resultado oficial do processo eleitoral saiu, o professor e sindicalista Evantuil falou a redação do Blog Negro Nicolau (BNN). Naquela oportunidade, ele destacou que seu opositor obteve apoio de padrinhos político. “Graças a deus a gente evitou que um afilhado do grupo político, com padrinho entrasse no sindicato. A gente sabe que, afinal de contas, ele, o grupo que estava se opondo a nós estava tutelado por pessoas partidárias, da política partidária”.

O Blog de Altaneira (BA) teve acesso as declarações de Nézio e as reproduziu. O BA cita que o candidato derrotado usou a rede social Facebook para reforçar a tese de que o presidente eleito contou com o apoio dos gestores municipais. Menciona ainda que “os membros da chapa2”, da qual ele fez concorreu, “nunca negaram que contava com o apoio de lideranças, mas o presidente eleito sempre negou o apoio dos atuais gestores”.

Essa diretoria que se reelegeu sim, tem partido, e todos nós sabemos qual é. Certamente não será o dos servidores”, destacou Nézio.

O Blog Negro Nicolau procurou o servidor Nézio, mas este não respondeu aos questionamentos.



5 de novembro de 2018

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Tia Simoa



Tia Simoa. Cordel biográfico de Jarid Arraes.
(Foto/ Reprodução/ Blog Mônica Aguiar Souza).
A Preta “Tia Simoa” foi uma negra liberta que, ao lado de seu marido (José Luís Napoleão) liderou os acontecimentos de 27, 30 e 31 de janeiro de 1881 em Fortaleza – Ce , episódio que ficou conhecido como a “Greve dos Jangadeiros”, onde se decretou o fim do embarque de escravizados naquele porto, definindo os rumos para a abolição da escravidão na então Província do Ceará, que se efetivaria três anos mais tarde. No entanto, apesar de sua importante participação para a mobilização popular que impulsionou os acontecimentos, esta mulher negra teve sua participação invisibilizada na história deste Estado onde, ainda hoje, persiste a falsa premissa da ausência de negr@s.

As mulheres negras cearenses são comumente indagadas sobre sua origem e constantemente remetidas à Bahia, principalmente se não submetem seus cabelos a processos de alisamento. Esta não aceitação de nossa identidade se deve a cruel associação d@ negr@ à condição de escrav@, que no caso do estado do Ceará, teve seu processo diferenciado das principais capitanias importadoras de mão de obra escravizada devido a suas condições climáticas e geográficas, o que não significa dizer que aqui não tiveram escrav@s ou que não existiram negras e negros livres, a exemplo da “Tia Simoa” que, além de liberta lutou pela liberdade de seu povo, evidenciando uma expressiva característica da população negra (escravizada ou liberta) deste período que ultrapassa a visão dicotomizada entre o conformismo e a resistência, pois demonstra “uma experiência construída historicamente pela etnia negra” (FUNES) estabelecida através de sua sociabilidade, engajamento e luta inserida em seu cotidiano.

A ausência desta documentação histórica se repete no tocante as demais lideranças negras que atuaram no restante do país como Luíza Mahin (Ba), Mariana Crioula (Rj), Tereza de Benguela (Mt) dentre tantas outras que poderiam figurar na lista de resistência e resiliência negra feminina mas que são invisíveis na historiografia oficial do país, bem como na história do feminismo brasileiro que desconhece o extenso histórico de enfrentamento político e social da mulher negra no Brasil. A omissão desta representação na história oficial perpetra o imaginário social e destina, controla e manipula a subjetividade desse contingente significativo de mulheres no Ceará, assim como no restante do Brasil que, além de não veem suas demandas específicas inseridas no debate sobre feminismo também não se percebem nos principais embates simbólicos travados no bojo dessa importante organização política.

Atrelando o conceito de gênero ao de “raça”, onde ambos descartam o discurso biologizante das diferenças para se deterem ao campo semântico do conceito abreviado de “mulher negra”, devemos considerar que este é, sobretudo, um conceito determinado pela estrutura da sociedade e pelas relações de poder que a conduzem. Dessa forma, conhecer a história de Simoa, mulher negra cuja história está submersa entre os escombros da memória é, pois, estabelecer um sentido de pertencimento a um grupo social historicamente invisibilizado no estado do Ceará. Ao sabermos da influencia que as representações históricas exercem na organização social poderemos compreender de que forma o discurso, inserido no pensamento social, contribui para a construção das relações que se estabelecem neste meio.

Ao eleger os sujeitos de uma representação histórica, estamos exercendo o que Bourdieu chama de “poder simbólico” (2006, p.14), pois estamos nomeando um objeto constituído na enunciação. Compreendendo o discurso como campo de exercício deste poder e, portanto, como instrumento de dominação, ele assim se efetua ao tomar reconhecimento e se concretiza ao tornar-se uma representação social ideologicamente estruturada, vindo a contribuir significativamente para a construção da realidade.

Com isso quero dizer que, ao buscar conhecer a estrutura socioeconômica dos responsáveis pela produção e reprodução deste discurso, podemos entender como se formaram as configurações ideológicas acerca da imagem da população negra no Ceará, sobretudo no discurso do período pós-abolição, onde se elegeu os sujeitos para representarem o movimento abolicionista ao mesmo tempo em que sepultava a memória dos “atores” esquecidos. É por meio do poder simbólico que a historiografia oficial tende a forjar a “não presença” de negras e negros no estado do Ceará e, assim, a naturalizar essa invisibilidade por meio da reprodução deste discurso no âmbito educacional perpetrando o imaginário social.

É, portanto, percorrendo o itinerário oposto que buscamos desvendar os elementos para compor nossa representação histórica a partir do protagonismo de mulheres negras que tiveram sua participação omitida nos discursos sobre a série de ações de resistência e de enfrentamento à escravidão, como no caso do movimento abolicionista no Ceará que resultou em uma abolição pioneira no Brasil e que este mês completa 130 anos, nos levando, mais uma vez, a refletir sobre os desdobramentos deste processo no bojo dos discursos que se sucederam. Da mesma forma, a omissão sobre o protagonismo de mulheres negras ao longo da história do Brasil se reproduz no tocante a história oficial do feminismo brasileiro.

Ao voltar o olhar para o feminismo brasileiro percebemos as profundas desigualdades que se reproduzem em suas contradições internas, principalmente quando visto a partir da dimensão racial, ao desconhecer e desconsiderar o duro processo de aprendizagem em busca da construção da identidade da mulher negra. É necessário, portanto, avançar diante destas e outras contradições específicas através de um denso questionamento da lógica estrutural da sociedade, onde estará presente o racismo.

É neste sentido que buscamos reescrever nossa história, para que possamos nos reconhecer como sujeitos em nosso próprio discurso e, assim, fortalecer os laços de nossa identidade através da organização coletiva. Pouco sabemos sobre a vida da Preta “Tia Simoa”, que de forma quase que despercebida passa as vistas dos historiadores, constando apenas um minúsculo relato sobre sua participação na Greve dos Jangadeiros de janeiro de 1881 (GIRÂO, 1984, p.104), o que demonstra a dívida histórica deste país para conosco.

Contudo, Simoa representa para nós uma visão alternativa de mundo ao mesmo tempo em que propõe para tod@s novas discussões acerca das estruturas sociais tradicionais, nos permitindo a reconfiguração de uma realidade social. Em nome dela, saudamos a todas as negras invisíveis na história e nos fortalecemos no eco de suas vozes silenciadas para dizer que aqui estamos e que daqui, do Ceará, falamos em inúmeras primeiras pessoas e dizemos que ainda há muito que se contar. Nossa história apenas começou. (Texto de Karla Alves, no Blog Pretas Simoa).

Saiba mais sobre a série "Personalidades Negras que Mudaram o Mundo" aqui.