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Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Tia Simoa



Tia Simoa. Cordel biográfico de Jarid Arraes.
(Foto/ Reprodução/ Blog Mônica Aguiar Souza).
A Preta “Tia Simoa” foi uma negra liberta que, ao lado de seu marido (José Luís Napoleão) liderou os acontecimentos de 27, 30 e 31 de janeiro de 1881 em Fortaleza – Ce , episódio que ficou conhecido como a “Greve dos Jangadeiros”, onde se decretou o fim do embarque de escravizados naquele porto, definindo os rumos para a abolição da escravidão na então Província do Ceará, que se efetivaria três anos mais tarde. No entanto, apesar de sua importante participação para a mobilização popular que impulsionou os acontecimentos, esta mulher negra teve sua participação invisibilizada na história deste Estado onde, ainda hoje, persiste a falsa premissa da ausência de negr@s.

As mulheres negras cearenses são comumente indagadas sobre sua origem e constantemente remetidas à Bahia, principalmente se não submetem seus cabelos a processos de alisamento. Esta não aceitação de nossa identidade se deve a cruel associação d@ negr@ à condição de escrav@, que no caso do estado do Ceará, teve seu processo diferenciado das principais capitanias importadoras de mão de obra escravizada devido a suas condições climáticas e geográficas, o que não significa dizer que aqui não tiveram escrav@s ou que não existiram negras e negros livres, a exemplo da “Tia Simoa” que, além de liberta lutou pela liberdade de seu povo, evidenciando uma expressiva característica da população negra (escravizada ou liberta) deste período que ultrapassa a visão dicotomizada entre o conformismo e a resistência, pois demonstra “uma experiência construída historicamente pela etnia negra” (FUNES) estabelecida através de sua sociabilidade, engajamento e luta inserida em seu cotidiano.

A ausência desta documentação histórica se repete no tocante as demais lideranças negras que atuaram no restante do país como Luíza Mahin (Ba), Mariana Crioula (Rj), Tereza de Benguela (Mt) dentre tantas outras que poderiam figurar na lista de resistência e resiliência negra feminina mas que são invisíveis na historiografia oficial do país, bem como na história do feminismo brasileiro que desconhece o extenso histórico de enfrentamento político e social da mulher negra no Brasil. A omissão desta representação na história oficial perpetra o imaginário social e destina, controla e manipula a subjetividade desse contingente significativo de mulheres no Ceará, assim como no restante do Brasil que, além de não veem suas demandas específicas inseridas no debate sobre feminismo também não se percebem nos principais embates simbólicos travados no bojo dessa importante organização política.

Atrelando o conceito de gênero ao de “raça”, onde ambos descartam o discurso biologizante das diferenças para se deterem ao campo semântico do conceito abreviado de “mulher negra”, devemos considerar que este é, sobretudo, um conceito determinado pela estrutura da sociedade e pelas relações de poder que a conduzem. Dessa forma, conhecer a história de Simoa, mulher negra cuja história está submersa entre os escombros da memória é, pois, estabelecer um sentido de pertencimento a um grupo social historicamente invisibilizado no estado do Ceará. Ao sabermos da influencia que as representações históricas exercem na organização social poderemos compreender de que forma o discurso, inserido no pensamento social, contribui para a construção das relações que se estabelecem neste meio.

Ao eleger os sujeitos de uma representação histórica, estamos exercendo o que Bourdieu chama de “poder simbólico” (2006, p.14), pois estamos nomeando um objeto constituído na enunciação. Compreendendo o discurso como campo de exercício deste poder e, portanto, como instrumento de dominação, ele assim se efetua ao tomar reconhecimento e se concretiza ao tornar-se uma representação social ideologicamente estruturada, vindo a contribuir significativamente para a construção da realidade.

Com isso quero dizer que, ao buscar conhecer a estrutura socioeconômica dos responsáveis pela produção e reprodução deste discurso, podemos entender como se formaram as configurações ideológicas acerca da imagem da população negra no Ceará, sobretudo no discurso do período pós-abolição, onde se elegeu os sujeitos para representarem o movimento abolicionista ao mesmo tempo em que sepultava a memória dos “atores” esquecidos. É por meio do poder simbólico que a historiografia oficial tende a forjar a “não presença” de negras e negros no estado do Ceará e, assim, a naturalizar essa invisibilidade por meio da reprodução deste discurso no âmbito educacional perpetrando o imaginário social.

É, portanto, percorrendo o itinerário oposto que buscamos desvendar os elementos para compor nossa representação histórica a partir do protagonismo de mulheres negras que tiveram sua participação omitida nos discursos sobre a série de ações de resistência e de enfrentamento à escravidão, como no caso do movimento abolicionista no Ceará que resultou em uma abolição pioneira no Brasil e que este mês completa 130 anos, nos levando, mais uma vez, a refletir sobre os desdobramentos deste processo no bojo dos discursos que se sucederam. Da mesma forma, a omissão sobre o protagonismo de mulheres negras ao longo da história do Brasil se reproduz no tocante a história oficial do feminismo brasileiro.

Ao voltar o olhar para o feminismo brasileiro percebemos as profundas desigualdades que se reproduzem em suas contradições internas, principalmente quando visto a partir da dimensão racial, ao desconhecer e desconsiderar o duro processo de aprendizagem em busca da construção da identidade da mulher negra. É necessário, portanto, avançar diante destas e outras contradições específicas através de um denso questionamento da lógica estrutural da sociedade, onde estará presente o racismo.

É neste sentido que buscamos reescrever nossa história, para que possamos nos reconhecer como sujeitos em nosso próprio discurso e, assim, fortalecer os laços de nossa identidade através da organização coletiva. Pouco sabemos sobre a vida da Preta “Tia Simoa”, que de forma quase que despercebida passa as vistas dos historiadores, constando apenas um minúsculo relato sobre sua participação na Greve dos Jangadeiros de janeiro de 1881 (GIRÂO, 1984, p.104), o que demonstra a dívida histórica deste país para conosco.

Contudo, Simoa representa para nós uma visão alternativa de mundo ao mesmo tempo em que propõe para tod@s novas discussões acerca das estruturas sociais tradicionais, nos permitindo a reconfiguração de uma realidade social. Em nome dela, saudamos a todas as negras invisíveis na história e nos fortalecemos no eco de suas vozes silenciadas para dizer que aqui estamos e que daqui, do Ceará, falamos em inúmeras primeiras pessoas e dizemos que ainda há muito que se contar. Nossa história apenas começou. (Texto de Karla Alves, no Blog Pretas Simoa).

Saiba mais sobre a série "Personalidades Negras que Mudaram o Mundo" aqui.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Conheça os Irmãos Rebouças



Irmãos Rebouças, Antonio e André Rebouças, nascidos em Cachoeira BA, no final do século XIX.

Filhos de Antônio Pereira Rebouças, advogado, político e conselheiro de Dom. Pedro I, recebedor da Ordem do Cruzeiro por serviços prestados na Guerra de Independência do Brasil.

Publicado originalmente na página Levante Negro

Ambos engenheiros, André ganhou fama ao solucionar o problema de abastecimento de água no Rio de janeiro, então capital ao traze-la de mananciais de fora da cidade.

Como engenheiro militar, André, auxiliou na Guerra do Paraguai ao desenvolver um torpedo utilizado com êxito durante combates.

Junto ao irmão Antônio, apresentaram a Dom Pedro II o projeto da estrada ligando a cidade de Curitiba ao litoral do Paraná, projeto esse ainda hoje admirado pela sua ousadia e a estrada de ferro de Curitiba a Paranaguá conhecida por suas soluções criativas para transpor a Serra do Mar, também projetou a estrada de ferro que liga Campinas a Limeira e Rio Claro.

André além de engenheiro foi uma das vozes mais importantes para a abolição da escravatura ao lado de grandes nomes negros como Machado de Assis, José do Patrocínio e Cruz e Sousa. Ajudou a fundar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, participou também da Confederação Abolicionista e redigiu os estatutos da Associação Central Emancipadora.

Foi correspondente do jornal londrino The Times durante seu exílio em Lisboa, após isso vai morar durante um breve período em Luanda e por fim muda-se para a Ilha da Madeira no continente africano onde fica até a sua morte.

Devido à grande colaboração dos irmãos Rebouças seus nomes estão em diversos pontos do Brasil como a Avenida (Doutor) Rebouças em São Paulo, Túnel Rebouças no Rio de Janeiro, Rua Engenheiro Antônio Rebouças em Porto Alegre e a cidade de Rebouças no Paraná.





Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Aqualtune



Princesa- guerreira, um dos maiores símbolos de resistência  e luta pela liberdade negra, mãe de um dos maiores líderes pela luta da liberdade negra, e avó  de talvez o maior dos líderes da luta contra a escravidão. Ou se você quiser resumir, simplesmente Aqualtune.

Publicado originalmente no Blogueiras Negras

Não consegui saber de fatos sobre a infância da princesa. Seu rastro histórico começa no ano de 1665, quando, segundo a história, liderou cerca de 10 mil guerreiros congoleses, no que ficou conhecido como “ a Batalha de  Mbwila”, quando a sua tribo foi atacada por outra de nome “Wachagas”- há quem diga que o conflito foi provocado pelos portugueses, interessados em cativos para o comércio de escravos. O fato, é que a tribo de Aqualtune perdeu o combate, e a cabeça o pai dela, o rei de Mani-Kongo, foi cortada e exibida em uma igreja, enquanto a sua filha, foi presa com seus companheiros e vendida como escrava.

Então, teria sido enviada em um navio negreiro para o forte de Elmina, em Gana, onde teria sido “batizada” por um bispo católico e, como prova de seu batismo, foi marcada uma flor com ferro quente em cima do seu seio esquerdo. Daí, completou a travessia no navio negreiro para o Brasil, onde desembarcou em  Recife. Alguns dizem que ela já teria embarcado grávida, e teria sido estuprada diversas vezes por outro escravo, pois, forte e saudável, foi escolhida para ser vendida como escrava reprodutora. Conta que em desespero, ao embarcar em  Recife, teria tentado correr para o mar- provavelmente uma tentativa desesperada de voltar para a sua terra natal.

Porém, nossa guerreira se encontrava em um estado de letargia profundo. Provavelmente, depressão- e quem não compreenderia?  Já em Recife, foi  vendida para uma fazenda especializada em gado e o dono da fazenda, ao saber da sua origem, e que Aqualtune ainda era venerada por alguns escravos devido a sua origem, a entregou para os seus piores homens em sua fazenda.

E a letargia em nossa heroína continuava. Até que,  na altura do sexto mês de gravidez, ela sentiu  seu bebê se mexer e “ seu sangue se mexeu junto”.

Então, ela ouviu falar  em um chamado “ Reino dos Palmares”. Desde o primeiro momento da escravidão no Brasil, que vários negros criaram centros de resistência fugindo para o interior. Mais ou menos em 1606, um grupo de escravos conseguiu se estabelecer nas montanhas de Pernambuco, e ali conseguiram  estabelecer um “mocambo” , na região conhecida como Palmares.

Então, surgiu em Aqualtune  a vontade de fugir e se juntar ao povo de Palmares. Se juntou a um grupo de escravos para se insurgir e destruir a casa grande. Conseguiu e, no meio de sua fuga, mais escravos foram se somando ao grupo ao longo do caminho. Conta-se que chegaram com ela cerca de 200 escravos ao Reino de Palmares. Então, alguns contam que  sua origem real teria sido reconhecida, mas o fato é que ela se tornou o líder do Reino dos Palmares. E dentro do chamado reino dos Palmares, ela teria fundado o chamado “ Quilombo dos Palmares”. Ali, Aqualtune deu a luz a dois filhos, ambos guerreiros que também entraram para a história: Ganga Zumba e Ganga Zona, conhecidos pela sua coragem e liderança. Também teve uma filha, de nome Sabina, que teve mais tarde, um menino chamado Zumbi, que mais tarde ficaria conhecido como “Zumbi dos Palmares”, e seria  reconhecido como um dos maiores líderes negros da história.

O final da vida de Aqualtune é controverso. Alguns dizem que uma das várias expedições enviadas pelo governo português e donos de fazenda, teriam queimado a vila onde ela vivia junto com outros idosos da comunidade. Outros alegam que ela teria conseguido fugir. Outros ainda afirmam que ela simplesmente morreu de doenças da velhice. O fato, é que há uma lenda que os deuses da África teriam tornado nossa guerreira imortal, um espírito ancestral que conduziu seus guerreiros até a queda definitiva do quilombo dos palmares em 1694. Dizem que até hoje ela é lembrada em Pernambuco, e a princesa, cantada na música Zumbi, de Jorge Bem Jor, seria uma referência à Aqualtune.



Aqualtune - um dos maiores símbolos de resistência e luta pela liberdade negra. 

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Esperança Garcia


Do portal A Cor da Cultura

Esperança Garcia era escravizada confiscada aos padres jesuítas, que, com a expulsão destes pelo Marquês de Pombal, passaram-na à administração do governo do Piauí. Esperança Garcia foi levada à força da Fazenda Algodões, perto de Floriano, para uma fazenda em Nazaré do Piauí. Em 6 de setembro de 1770, a escravizada dirigiu uma petição ao Presidente da Província de São José do Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, denunciando os maus-tratos físicos de que era vítima, ela e seu filho, por parte do feitor da Fazenda Algodões.

Dentre as diversas leituras concebíveis da referida petição, é possível constatar, em fins do século XVIII, a existência de mulher negra escravizada alfabetizada e ciente de sua possibilidade de reivindicar o direito a um tratamento mais humanizado. Cabe salientar, nesse período, que quem fosse flagrado ensinando escravizado a ler era preso e/ou processado.

A atitude de Esperança Garcia não era uma prática. A habilidade dela em perceber a viabilidade de conciliar seu letramento com recurso de reivindicação evidencia sua capacidade de análise de conjuntura e habilidade política ao expor, na petição, a necessidade de realizar alguns sacramentos relacionados à religião católica – hegemônica naquele momento histórico –, assim como a crença na possibilidade de ver sua solicitação considerada pelas autoridades.

Para além de elementos diretamente relacionados à vida de Esperança Garcia, a petição permite a possibilidade de algumas leituras sobre o contexto histórico, cultural e social de São José do Piauí, tais como algumas práticas diretamente relacionas aos escravizados, como a revelação dos sofrimentos a que estes estavam sujeitos e a separação de entes familiares quando da venda destes.

É importante lembrar que, tendo em vista a importância dada à petição de Esperança Garcia, por força da Lei nº 5.046, de 7 de janeiro de 1999, ficou instituído o dia 6 de setembro, data da petição, como sendo o “Dia Estadual da Consciência Negra” no Piauí.

CARTA:

Eu sou hua escrava de V. Sa. administração de Capam. Antº Vieira de Couto, cazada. Desde que o Capam. lá foi adeministrar, q. me tirou da fazenda dos algodois, aonde vevia com meu marido, para ser cozinheira de sua caza, onde nella passo mto mal. A primeira hé q. ha grandes trovoadas de pancadas em hum filho nem sendo uhã criança q. lhe fez estrair sangue pella boca, em mim não poço esplicar q. sou hu colcham de pancadas, tanto q. cahy huã vez do sobrado abaccho peiada, por mezericordia de Ds. esCapei. A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confeçar a tres annos. E huã criança minha e duas mais por batizar. Pello q. Peço a V.Sª. pello amor de Ds. e do seu Valimto. ponha aos olhos em mim ordinando digo mandar a Procurador que mande p. a fazda. aonde elle me tirou pa eu viver com meu marido e batizar minha filha q.
De V.Sa. sua escrava Esperança Garcia

Carta Versão léxico atualizado:

Eu sou uma escrava de V.Sª. administração de Capitão Antonio Vieira de Couto, casada. Desde que o Capitão lá foi administrar, que me tirou da Fazenda dos Algodões , onde vivia com meu marido, para ser cozinheira de sua casa, onde nela passo tão mal. A primeira é que há grandes trovoadas de pancadas em um filho nem, sendo uma criança que lhe fez extrair sangue pela boca; em mim não posso explicar que sou um colchão de pancadas, tanto que caí uma vez do sobrado abaixo, peada, por misericórdia de Deus escapei. A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confessar a três anos. E uma criança minha e duas mais por batizar. Pelo que peço a V.Sª. pelo amor de Deus e do seu valimento, ponha aos olhos em mim, ordenando ao Procurador que mande para a fazenda onde ele me tirou para eu viver com meu marido e batizar minha filha.
De V.Sª. sua escrava, Esperança Garcia

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Melânia Luz



Nas últimas olimpíadas, disputadas em Londres, em 2012, a delegação brasileira foi composta por 123 mulheres, o equivalente a 47% do total de atletas.

Isso é reflexo direto do protagonismo adquirido pelas mulheres no mundo dos esportes, processo que se fortaleceu nas últimas décadas e que consolidou a representação delas nas mais diversas modalidades olímpicas. Esse destaque forçou muitas áreas de nossa sociedade, marcadamente conservadoras, a exemplo da mídia, a ceder mais espaços para o esporte feminino.

Se a paridade de gênero no mundo do esporte está próxima de ser alcançada, embora ainda haja uma sub-representação das disputas e dos feitos esportivos das mulheres na cobertura dada pelo meios de comunicação, o mesmo não podemos dizer quando às questões de gênero somam-se as étnico-raciais, mesmo que entre as principais referências do esporte brasileiro estejam inúmeras mulheres negras, como Marta, Cristiane e Pretinha, no futebol, Daiane dos Santos, na ginástica olímpica, Sarah Menezes, no judô, Fofão, Walewska, Valesquinha e Sassá, no vôlei, e Janeth, no basquete.

Muitas pessoas conhecem a história da nadadora Maria Lenk, primeira mulher a representar o Brasil e a América do Sul numa edição dos Jogos Olímpicos, mais precisamente, nos Jogos de Los Angeles (EUA), disputados em 1932. Seu legado é reconhecido e, como forma de homenageá-la, seu nome foi colocado num dos principais torneios da natação brasileira, batizando também o parque aquático do Complexo Esportivo Cidade dos Esportes, construído no Rio de Janeiro para receber as competições de natação, nado sincronizado e saltos ornamentais dos Jogos Pan-Americanos de 2007.

Todavia, a maior parte dos brasileiros provavelmente não sabe que 16 anos depois, em 1948, nas Olimpíadas de Londres, Melânia Luz dos Santos realizava algo igualmente importante e digno de ser lembrado e saudado, ao ser a primeira negra brasileira a competir nos Jogos Olímpicos.

Nascida em 1º de junho de 1928, no bairro paulistano do Bom Retiro, Melânia ganhou projeção e fez história na equipe do São Paulo. O alemão Dietrich Gerner, um dos responsáveis por tornar o São Paulo Futebol Clube uma equipe de ponta em diversas modalidades do atletismo, nos idos dos anos 1940, era seu treinador, assim como de Adhemar Ferreira da Silva, futuro bi-campeão olímpico do salto triplo. Gerner foi o técnico da seleção brasileira de atletismo nas Olimpíadas de 1948.

A atleta, embora tenha chegado a participar de competições de salto em altura, especializou-se nas provas de 100 e 200m rasos.

Atuando como velocista, esteve presente na maior parte das conquistas dos Campeonatos Paulistas e Troféus Brasil de Atletismo nos anos 1940 e 1950 pela equipe do São Paulo. Sua grande adversária nas provas de 100 e 200m foi Benedita Oliveira, que competia pelo Palmeiras, a qual se convertia em parceira quando representavam a seleção brasileira.

Aos 20 anos de idade, Melânia Luz integrou a primeira equipe feminina do atletismo brasileiro, nos Jogos Olímpicos de Helsinque (Finlândia), em 1948. Na prova dos 100m rasos não passou da fase eliminatória.

Ao lado de Benedita Oliveira, Elizabeth Clara Muller e Lucila Pini, Melânia também correu o revezamento 4X100m. O quarteto, que chegou a bater o recorde sul-americano da prova, dado à estrutura que os clubes brasileiros possuíam e ao nível técnico das adversárias europeias, não conseguiu chegar à fase final.

Não obstante, o fato de formarem a primeira equipe feminina de atletismo a representar o Brasil numa olimpíada já constituía uma grande conquista para todas, em especial para Melânia, que cravou seu nome na história como a primeira brasileira negra a participar de uma edição dos Jogos Olímpicos, como hoje em dia ela própria reconhece:

“Eu fiquei na história. Eu também competi. Não é que me deixaram.”

O feito de Melânia Luz foi registrado por Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil, no livro Mulheres Negras do Brasil, que mostra a trajetória dessas mulheres e tenta revelar a razão de serem um dos grupos mais invizibilizados em nossa sociedade e em nossa história. A façanha de Melânia garantiu-lhe um capítulo no livro.


Sua paixão pelo atletismo seguiu-a durante grande parte de sua vida. Melânia, após encerrar sua carreira profissional continuou competindo em campeonatos para veteranos até 1998, quando já tinha 70 anos.

Ao longo da carreira conquistou vários títulos, entre os quais se destacam o bronze nos 100m e as medalhas de prata dos 200m e no revezamento 4x100m no Campeonato Sul-americano do Rio de Janeiro, em 1947; e o ouro no revezamento 4x100m e a prata nos 200m rasos no Campeonato Sul-americano, disputado em Lima (Peru), em 1949.

Como atleta veterana estabeleceu vários recordes: Brasileiro +65, nos 100m rasos (1995), com a marca de 15″40; Sul-americano +60, no revezamento 4x100m rasos (1997), com o tempo de 1’03″16; Sul-americano +70, nos 200m rasos (1998), com a marca de 36″77; Brasileiro +70, 200m rasos (1998), com a marca de 36″77; e Brasileiro +70, no salto em altura (1998), quando alcançou 1,10m.

Por tudo isso, Melânia Luz dos Santos se tornou referência e motivo de orgulho para os atletas negros do Brasil, embora seu nome continue a não ter, no Brasil, a devida projeção.


Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Luiz Gonzaga



O portal Palmares divulgou na última sexta-feira, 11, uma minibiografia de Luiz Gonzaga, o rei do baião. O artigo é uma alusão ao dia 13 de dezembro, data de nascimento de Luiz e é considerado o dia nacional do forró.

Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em Exu, sertão de Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 1912. Segundo filho de Ana Batista de Jesus e oitavo de Januário José dos Santos. Foi um dos principais representantes da música popular brasileira, devido as suas obras que valorizavam os ritmos nordestinos, levando o baião, o xote e o xaxado para todo o país.

O Rei do Baião, como ficou conhecido no Brasil, retratava em suas canções a pobreza e as injustiças no Sertão Nordestino. Em 1920, com apenas 8 anos, Gonzaga foi convidado para substituir um sanfoneiro em uma festa tradicional, e partir desse episódio recebeu diversos convites para tocar em eventos da época.

Em 1929, em consequência de um namoro proibido, Luiz foge para cidade de Crato/CE, e em 1930 vai para Fortaleza/CE, servir ao exército. A partir de 1939, já na cidade do Rio de Janeiro, Gonzaga passa a dedicar-se à música e começa a tocar nos mangues, no cais, em bares, nas ruas e nos cabarés da Lapa. Começou a participar de programas de calouros, inicialmente sem êxitos, até que, no programa de Ary Barroso, na Rádio Nacional, apresentou uma música sua, “Vira e mexe”, e ficou em primeiro lugar. A partir de então, começou a participar de vários programas radiofônicos, inclusive gravando discos como sanfoneiro para outros artistas, até ser convidado para gravar como solista, em 1941. Daí em diante, o talento do Rei do Baião começa a ser reconhecido.

Continuou fazendo programas de rádio e gravando solos de sanfona. A partir de 1943, Luiz Gonzaga passa a utilizar os trajes típicos de cangaceiro, posteriormente irá os substituir pelo de vaqueiro, para as suas apresentações. Nesse mesmo ano, suas músicas passaram a ser letradas por Miguel Lima; a parceria deu certo e várias canções fizeram sucesso: “Dança, Mariquinha” e “Cortando Pano”, “Penerô Xerém” e “Dezessete e Setecentos”, agora gravadas pelo sanfoneiro e, também cantor, Luiz Gonzaga. No mesmo ano, tornou-se parceiro do cearense Humberto Teixeira, com quem sedimentou o ritmo do baião, com músicas que tematizavam a cultura e os costumes nordestinos. Seus sucessos eram quase anuais: “Baião” e “Meu Pé de Serra” (1946), “Asa Branca” (1947), “Juazeiro” e “Mangaratiba” (1948) e “Paraíba” e “Baião de Dois” (1950).

No ano de 1947, já casado com Helena das Neves e tendo assumido a paternidade de Gonzaguinha, conhece Zé Dantas, que passou a ser seu parceiro, assumindo o posto deixado por Teixeira, que se afastara da música devido à vida política. Juntos compuseram outros clássicos (“O xote das meninas”, “Vem Morena”, “A volta da Asa Branca”, “Riacho do Navio” etc.) e Luiz Gonzaga se firmou como o Rei do Baião.

Nos anos 1960, o sucesso da Bossa Nova, do rock e do Ieieiê ofuscaram o brilho de Lua (apelido dado por Paulo Gracindo). Porém, dada sua genialidade, era admirado por inúmeros artistas, incluindo os da nova geração, como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Raul Seixas, para quem, Luiz Gonzaga, era o personagem mais “elvispresliano” da música brasileira.

Além de nunca ter parado de compor Entre as décadas de 1970 e 1980, regravações, homenagens e parcerias foram estabelecidas com as/os novas/os cantoras/es, formando um espécie de séquito ao redor de Gonzagão: Fagner, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Dominguinhos, seu grande discípulo.

Nessa época também se reaproximou de seu filho, Gonzaguinha, saindo numa bem sucedida turnê pelo país, o que concedeu novo fôlego à sua carreira devido a músicas como “Vida de viajante” e “Pense n’eu”. Em 1984, recebeu o primeiro disco de ouro com “Danado de Bom”. Por esta época apresentou-se duas vezes na Europa; e começaram a surgir as biografias sobre o homem simples e inventivo, que gravou 56 discos e compôs mais de 500 canções.

O Rei do Baião morreu, em Recife, em 2 de agosto de 1989. Se vivo, completaria 103 anos. Devido a sua genialidade musical da canção Asa Branca, que se tornou Hino do Nordeste Brasileiro, Luiz Gonzaga foi o artista que mais vendeu discos no Brasil de 1946 a 1955. Seu legado é homenageado até hoje. Em 2012, Gonzaga foi tema do carnaval da Unidos da Tijuca, fazendo com que a escola ganhasse o título deste respectivo ano. A história do rei do baião também é contada no filme “Gonzaga, de pai para filho”, de Patrícia Andrade. Em 2005, a data de seu nascimento foi tornada Dia Nacional do Forró.

Por tudo isso, sempre é hora de saudar Luiz Gonzaga! Viva!!!

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Harriet Tubman


Harriet Tubman escapou da escravidão para se tornar um líder abolicionista. Ela levou centenas de pessoas subjugadas a liberdade ao longo da rota da estrada de ferro subterrânea.

Sinopse

Harriet Tubman era uma escrava americana que escapou da escravidão no Sul para se tornar um líder abolicionista antes da Guerra Civil Americana. Ela nasceu em Maryland em 1820, e escapou com sucesso em 1849. No entanto, ela voltou muitas vezes para salvar ambos os familiares e não-familiares a partir do sistema de plantio. Ela levou centenas a liberdade no Norte como o mais famoso "maestro" no Underground Railroad, uma rede secreta elaborada de casas seguras organizadas para o efeito.

Infância

Harriet Tubman nasceu de pais escravizados em Dorchester County, Maryland, e originalmente chamado Araminta Harriet Ross. Sua mãe, Harriet "Rit" Green, foi possuído por Mary Pattison Brodess. Seu pai, Ben Ross, foi possuído por Anthony Thompson, que se casou com Mary Brodess. Araminta, ou "Minty", foi um dos nove filhos de Rit e Ben entre 1808 e 1832. Enquanto o ano de nascimento de Araminta é desconhecida, provavelmente ocorreu entre 1820 e 1825.

Início da vida de Minty estava cheio de dificuldades. Filho Mary Brodess 'Edward vendeu três de suas irmãs em plantações distantes, cortando a família. Quando um comerciante da Geórgia se aproximou Brodess sobre a compra de filho mais novo de Rit, Moisés, Rit resistiu com sucesso a mais de fraturamento de sua família, estabelecendo um poderoso exemplo para sua filha mais nova.

A violência física foi uma parte da vida diária de Tubman e sua família. A violência que ela sofreu no início da vida causa ferimentos físicos permanentes. Harriet relatou mais tarde um determinado dia, quando ela estava amarrada cinco vezes antes do café. Ela carregava as cicatrizes para o resto de sua vida. A lesão mais grave ocorreu quando Tubman era um adolescente. Enviou a uma loja de secos para o abastecimento, ela encontrou um escravo que havia deixado os campos sem permissão. Superintendente do homem exigiu que Tubman ajudar a conter o fugitivo. Quando Harriet se recusou, o superintendente jogou um peso de duas libras que a golpeou na cabeça. Tubman sofreu convulsões, dores de cabeça e episódios narcolépticos para o resto de sua vida. Ela também experimentou estados de sonho intenso, que ela classificados como experiências religiosas.

A linha entre liberdade e escravidão era obscura para Tubman e sua família. O pai de Harriet Tubman, Ben, foi libertado da escravidão com a idade de 45, conforme estipulado no testamento de um proprietário anterior. No entanto, Ben tinha poucas opções a não ser continuar trabalhando como um estimador de madeira e capataz por seus antigos proprietários. Embora estipulações de alforria semelhantes aplicadas a Rit e seus filhos, os indivíduos que possuíam a família não escolheu para libertá-los. Apesar de seu status livre, Ben teve pouco poder para contestar a sua decisão.

Até o momento Harriet atingido a idade adulta, cerca de metade das pessoas Africano-americanos na costa oriental de Maryland eram livres. Não era incomum para uma família para incluir as pessoas livres e escravizados tanto, como fez a família imediata de Tubman. Em 1844, Harriet se casou com um homem negro livre, chamado John Tubman. Pouco se sabe sobre John Tubman ou seu casamento com Harriet. Todas as crianças que poderiam ter tido teria sido considerado escravizados, uma vez que o estado da mãe ditou que de qualquer prole. Araminta mudou seu nome para Harriet em torno do tempo de seu casamento, possivelmente, para homenagear sua mãe.

Fuga da Escravidão e abolicionismo

Harriet Tubman escapou da escravidão em 1849, fugindo para a Filadélfia. Tubman decidiu fugir na sequência de um surto de doença e da morte de seu proprietário em 1849. Tubman temia que sua família seria ainda mais cortada, e temia pela própria o seu destino como um escravo doentia de baixo valor econômico. Ela inicialmente deixou Maryland com dois de seus irmãos, Ben e Henry, em 17 de setembro de 1849. Um aviso publicado no Democrata Cambridge ofereceu uma recompensa $ 300 para o retorno de Araminta (Minty), Harry e Ben. Uma vez que eles tinham ido embora, os irmãos de Tubman tinha segundas intenções e voltou para a plantação. Harriet não tinha planos de permanecer em cativeiro. Vendo seus irmãos em segurança para casa, ela logo partiu sozinho para a Pensilvânia.

Tubman fez uso da rede conhecida como a estrada de ferro subterrânea para viajar cerca de 90 milhas para a Filadélfia. Ela cruzou para o estado livre da Pensilvânia com uma sensação de alívio e temor, e recordou mais tarde: "Quando eu descobri que eu tinha cruzado a linha, eu olhei para as minhas mãos para ver se eu era a mesma pessoa. Houve uma glória tal sobre tudo; o sol apareceu como o ouro por entre as árvores, e sobre os campos, e eu senti como se estivesse no céu. "

Ao invés de permanecer na segurança do Norte, Tubman tornou sua missão para resgatar sua família e outras pessoas que vivem na escravidão. Em dezembro de 1850, Tubman recebeu um aviso de que sua sobrinha Kessiah ia ser vendido, junto com seus dois filhos pequenos. O marido de Kessiah, um homem negro livre, chamado John Bowley, fez o lance vencedor para sua esposa em um leilão em Baltimore. Harriet, em seguida, ajudou toda a família fazer a viagem para a Filadélfia. Esta foi a primeira de muitas viagens por Tubman, que ganhou o apelido de "Moisés" por sua liderança. Com o tempo, ela foi capaz de orientar os pais dela, vários irmãos e cerca de 60 outros a liberdade. Um membro da família que se recusou a fazer a viagem era o marido de Harriet, John, que preferiu ficar em Maryland com sua nova esposa.

A dinâmica de escapar da escravidão mudou em 1850, com a aprovação da Lei do Escravo Fugitivo. Esta lei afirma que escravos fugitivos poderia ser capturado no Norte e voltou à escravidão, levando ao rapto de ex-escravos e negros livres que vivem em Estados livres. Os agentes da lei no Norte foram obrigados a ajudar na captura de escravos, independentemente de seus princípios pessoais. Em resposta à lei, Tubman re-encaminhado o Underground Railroad para o Canadá, que proibia a escravidão categoricamente.

Em dezembro de 1851, Tubman guiou um grupo de 11 fugitivos norte. Há evidências que sugerem que o partido parou na casa de escravo abolicionista e ex-Frederick Douglass.

Em abril de 1858, Tubman foi apresentada ao abolicionista John Brown, que defendia o uso da violência para perturbar e destruir a instituição da escravidão. Tubman compartilhada metas de Brown e pelo menos tolerada seus métodos. Tubman alegou ter tido uma visão profética de Brown antes de se conhecerem. Quando Brown começou a recrutar adeptos para um ataque contra os senhores de escravos no porto de Harper, ele virou-se para "General Tubman" para obter ajuda. Após a execução subseqüente de Brown, Tubman elogiou-o como um mártir.

Harriet Tubman permaneceu ativo durante a Guerra Civil. Trabalhando para o Exército da União como um cozinheiro e uma enfermeira, Tubman tornou-se rapidamente um olheiro armado e espião. A primeira mulher a liderar uma expedição armada na guerra, ela guiou o River Raid Combahee, que libertou mais de 700 escravos na Carolina do Sul.

O texto original encontra na versão inglês no site Biography e foi traduzido por este blogueiro.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Rosa Parks




Com um gesto simples mas de grande significado, no dia 1 de dezembro de 1955 em Montgomery, estado do Alabama (EUA), Rosa Parks, uma costureira negra de 42 anos, entrou para a história ao se recusar a ceder seu lugar num ônibus para um homem branco que exigia que ela se retirasse para ele poder se acomodar.


Naquela época a segregação racial era permitida pelas leis norte-americanas e, principalmente nos estados do sul, havia leis que proibiam os negros de frequentar alguns locais ou restringiam o acesso a transportes e acomodações em locais públicos e restaurantes.

Rosa Parks foi presa e recebeu uma multa por se recusar a levantar, mas seu ato foi o pontapé inicial para que o reverendo Martin Luther King Jr. organizasse um boicote em massa de 381 dias contra as companhias de ônibus locais iniciando uma grande reviravolta na história dos EUA e do mundo todo.

Rosa precisou enfrentar ameaças de morte, humilhações e teve até de se mudar de estado por não conseguir arranjar emprego, mas seu papel já havia sido feito e por seu ato de coragem ela é ate hoje considerada a mãe do movimento moderno pelos direitos civis.

Ao sair do Alabama, em 1957, Rosa Parks já era símbolo do movimento liderado por Martin Luther King Jr. e fazia parte da NAACP, uma das mais respeitadas e antigas organizações na luta pela igualdade racial nos EUA.

Em 1999 Rosa recebeu das mãos do então presidente Bill Clinton a mais alta honraria oficial concedida pelo governo a um civil norte-americano, a Medalha de Ouro do Congresso. Além desta e de outras honrarias, Rosa também foi premiada com a Medalha Presidencial pela Liberdade em 1996 e em 2000 foi inaugurado um museu com seu nome em Montgomery.

Rosa Parks nasceu em 4 de fevereiro de 1913 em Tuskegee, Alabama e morreu em 24 de outubro de 2005 em Detroit.


Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Mãe Menininha


Maria Escolástica da Conceição Nazaré, ou simplesmente Mãe Menininha do Gantois, como passou a figurar no cenário nacional, teve como ambiente de seu nascimento o Centro Histórico de Salvador em 10 de fevereiro de 1894, tendo como seus genitores Maria da Glória e Joaquim.

Mãe Menininha é descendente de africanos escravizados e foi, ainda criança escolhida para ser Iyálorixá no terreiro Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê – com fundação datada do século XIX, especificamente em 1849 por Maria Júlia da Conceição Nazaré, sua vó – cujos pais eram oriundos de Agbeokuta, sudoeste da Nigéria.

Conforme informações veiculadas no portal Palmares, mãe Menininha foi a quarta das Iyálorixá do Terreiro do Gantois e a mais famosa do País. Iniciada no culto aos orixás de Keto aos oito anos de idade, assumiu definitivamente o terreiro aos 28. Foi uma das principais articuladoras do término das restrições a cultos impostas pela Lei de Jogos e Costumes de 1930, que condicionava a realização de rituais à autorização policial e limitava o horário de término dos rituais às 22 horas.

Ela carrega em seu currículo o fato de ser símbolo da luta pela aceitação do candomblé pela cultura dominante e abrir as portas do Gantois aos brancos e católicos. Nunca deixou de assistir às celebrações de missa e convenceu os bispos baianos a permitirem a entrada de mulheres – inclusive ela – vestidas com as roupas tradicionais das religiões de matriz africana nas igrejas. A Iyálorixá faleceu de causas naturais, aos 92 anos de idade.

Personalidade Negras que Mudaram o Mundo: Mercedes Baptista


O município de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, teria a partir do ano de 1921, uma das suas filhas mais aguerridas na luta contra o preconceito e uma célebre ativista da causa negra - Mercedes Baptista. Ainda na juventude e tendo que lhe dar com as poucas condições financeiras adotou o Rio de Janeiro como espaço de moradia, vindo a trabalhar de forma inicial como empregada doméstica. Experimentou desempenhar funções numa gráfica e, posteriormente, numa fábrica de chapéus.

Conforme apurou o portal Mamilus de Venus, Mercedes Baptista, também trabalhou como bilheteira de cinema; nesse período se impressionou com os filmes que assistia, os quais a motivaram para a dança. Ingressou na Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, onde aprimorou sua arte com os principais mestres da época: Yuco Lindberg e Vaslav Veltchek.

Em 1947, Mercedes Baptista foi admitida como bailarina profissional no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tornando-se assim a primeira mulher negra a ingressar como bailarina nesta casa de espetáculos. Durante essa sua nova fase, Mercedes Baptista percebeu o preconceito racial que predominava no teatro, já que poucas vezes era solicitada para as apresentações no palco

Foto do musical Eros Volúpia de 1937. 
Não conformada com o preconceito que imperava na época, Mercedes Baptista amadureceu sua consciência política e se engajou no principal movimento de luta contra o preconceito e o racismo; ingressou para o grupo do TEN – Teatro Experimental do Negro, liderado por Abdias Nascimento. Em 1948, Mercedes Baptista foi eleita a Rainha das Mulatas e, em 1950, ingressou no Conselho de Mulheres Negras.

Katherine Dunham, dançarina americana, coreógrafa, compositora, autora, educadora e ativista na luta contra o racismo, era reconhecida mundialmente como: “Mãe – Rainha – Matriarca da Dança Negra”.

Mercedes Baptista, em 1950, foi convidada por Katherine Dunham e conquistou uma bolsa de estudos em Nova York. De volta ao Rio de Janeiro, fundou o Ballet Folclórico Mercedes Baptista, um elenco formado exclusivamente por bailarinos negros, dedicados à divulgação da cultura afro-brasileira. O Grupo conquistou notoriedade quando se apresentaram em turnês pelos quatro cantos do mundo.

Com o prestígio conquistado, Mercedes Baptista introduziu como disciplina a dança afro-brasileira, na Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A partir de 1960, Mercedes Baptista, foi responsável pela coreografia do desfile de escolas de samba, estreou com os Acadêmicos do Salgueiro, para o tema “O Quilombo dos Palmares”.

Mercedes Baptista coreografou para cinema, televisão e teatro; ministrou cursos em Nova York e na Califórnia. Em 2007 foi lançado o livro “Mercedes Baptista” -a criação da identidade negra na dança -, de autoria de Paulo Melgaço da Silva Júnior, publicado pela Fundação Cultural Palmares.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Mãe Beata de Iemanjá


Em 20 de janeiro de 1931 nascia em Cachoeira do Paraguaçu, localizado no Recôncavo Baiano, Beatriz Moreira Costa, tendo como genitores Maria do Carmo e Oscar Moreira. Ela teve em seus pais fonte de inspiração e os viu como exemplos de vida

Dona Maria do Carmo, negra trabalhadora, mas de saúde frágil, legou à sua filha grande respeito à pessoa humana e seu pai, Oscar, a característica de saber lidar com as ferramentas do trabalho e da vida.

Conforme apurou o Portal Palmares, já na década de 1950, Beatriz mudou-se para a cidade de Salvador, onde foi iniciada para o orixá Iemanjá no candomblé por Mãe Olga do Alaketu. Mesmo presa a princípios tradicionais em razão da influência de uma família patriarcal tornou-se de vanguarda ao fazer cursos de teatro amador e participar de grupos folclóricos. Casa-se com Apolinário Costa com quem teve quatro filhos. Em 1969 Biata separou-se de seu marido e migrou com os filhos para o Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida.

Sem apoio da família consanguínea, é na família-de-santo que encontra acolhimento, a história se repete no sentimento de resistência do quilombo contemporâneo que reconstrói a auto-estima desta mulher negra. O Ilê Omi Oju Arô, comunidade na qual Biata é sacerdotisa suprema, atua em diversas frentes sociais: religião e saúde, luta contra formas de discriminação e intolerância religiosa, cultura da paz, acesso à educação, ações afirmativas, direitos humanos e movimentos de mulheres negras.