19 de fevereiro de 2018

Retirada em definitivo da PEC da Previdência é derrota sem tamanho para os golpistas, diz presidente da CUT


O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou na tarde desta segunda-feira (19) que a determinação de retirada definitiva da proposta de "reforma" da Previdência da pauta do Congresso Nacional representa "uma derrota sem tamanho para os golpistas. É uma vitória que mostra a força dos trabalhadores brasileiros". A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287 foi arquivada por determinação do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). Assim, pode não mais ser posta em pauta este ano.

"Isso é resultado da mobilização dos trabalhadores organizados. Tiramos a jóia da coroa dos golpistas. Essa que era a principal cobrança dos bancos que apoiaram o golpe", disse Vagner.

Ele ressaltou as inúmeras mobilizações, paralisações e manifestações realizadas pelas centrais sindicais e os movimentos sociais desde que o governo enviou a PEC para o Congresso Nacional, em dezembro de 2016. "Demonstra que tivemos imensa capacidade de enfrentar o golpe e a destruição do Estado democrático de direito. Fizemos lutas importantíssimas e esse é o resultado", afirmou.

Para o presidente da CUT, os sindicatos e movimentos sociais conseguiram desmentir a ideia de que a Previdência iria acabar e vencer o debate "contra a Globo, os empresários e os dólares que irrigaram a campanha em defesa da reforma".

Freitas avalia que a intervenção federal decretada pelo governo de Michel Temer  teve por objetivo construir uma "saída honrosa" para a derrota na tentativa de aprovar a PEC 287. Ele não descarta, porém, que isso possa servir para um novo movimento de consolidação do quadro de ruptura democrática. "Não podemos jogar fora a hipótese de estarem construindo uma saída militar para manutenção do golpe. No entanto, essa retirada de pauta escancara que o governo Temer, mesmo comprando os deputados, não tinha votos", defendeu.


Com a decisão do presidente do Senado, 190 PECs deixam de tramitar, entre elas a do fim do foro privilegiado. A decisão vale até 31 de dezembro, mesma data do decreto de intervenção. Se o decreto for revogado, as PECs podem voltar a tramitar. Porém, o presidente do Senado descartou que possa haver uma suspensão temporária apenas para votar a "reforma da" Previdência. (Com informações da RBA).

Presidente da CUT diz que retirada da PEc da Previdência é uma derrota para os golpistas. (Foto: Mídia Ninja).

Professores da rede municipal de Nova Olinda receberão capacitação em Língua Portuguesa


Por meio de um convênio firmado na última quinta-feira, 15, no Centro de Eventos José Ariovaldo Sampaio, entre o Instituto Federal do Ceará, campus de Crato, e a Prefeitura de Nova Olinda, cerca de 100 professores da rede municipal serão capacitados em um curso de atualização em Língua Portuguesa. As informações são do Diário Cariri.

O curso será iniciado ainda este mês e a ideia é que, no futuro, a formação seja ampliada para outros municípios da região do Cariri.

Segundo o Diário Cariri, as aulas ficarão sob a responsabilidade do professor de português e servidor do IFCE no Crato, Augusto Monteiro. Para este professor, a finalidade é contribuir para o aperfeiçoamento do ensino fundamental do município.

O IFCE tem a preocupação de capacitar esses professores para que eles tenham um conhecimento mais aprofundado e mais contextualizado da língua portuguesa. Os professores de ensino fundamental precisam ter outro olhar sobre a língua, principalmente no aspecto da contextualização, para fazer do aluno um participante no processo criativo”, realçou o docente.

Augusto explica que o curso é composto de 240 horas de aulas práticas e teóricas, influenciadas pelo contexto em que alunos e professores estão inseridos. “É um estudo bem aprofundado da língua portuguesa, mas sem complicação, de modo que, ao fazer o curso, os professores terão um conhecimento maior da teoria que envolve a área”, completou.

Com professores mais bem capacitados na rede básica de ensino, os alunos se sairão melhor na sala de aula. Uma boa interpretação de texto, por exemplo, ajuda-os a compreender com mais facilidade o conteúdo e as questões de outras disciplinas, como ciências e matemática.

O diretor-geral do IFCE no Crato, Joaquim Rufino Neto, explica que a atualização em Língua Portuguesa é um curso de Formação Inicial e Continuada (FIC), uma das modalidades de ensino ofertadas pelo instituto. “Ações do tipo devem ser feitas de forma gradativa, por meio desse ‘braço’ do governo federal, no sentido de levar à melhoria da educação de nível básico nos nossos municípios”.

Monteiro e Rufino indicam que a formação deve ainda preparar os professores – e, como consequência, os alunos – para a reforma no ensino. Com a mudança do ensino médio determinada pelo governo federal, as escolas passarão a oferecer, nos dois últimos anos, formação aprofundada em curso técnico ou em áreas eletivas como linguagens e suas tecnologias ou matemática e suas tecnologias, entre outras. Embora o ensino médio não seja responsabilidade da gestão municipal, a preparação no ensino básico é fundamental para os anos seguintes da educação.


A expectativa pelo desenvolvimento do ensino no município é compartilhada pela secretária de educação de Nova Olinda, Ana Célia Matos: “Foi fantástica a iniciativa. Nós professores precisamos estudar bastante e o curso vai fortalecer o conhecimento da nossa equipe de educadores”.

Professores e professoras da rede municipal de Nova Olinda durante realização da Jornada Pedagógica 2018.
(Foto/ Divulgação/ Portal do Município).

Trabalhadores de todo o país reforçam luta contra reforma da Previdência


Por todo o país, trabalhadores do campo e das cidades, de diversas categorias, e movimentos sociais e a população realizam uma série de atos e protestos nesta segunda-feira (19) contra as mudanças na Previdência que o governo ainda tenta aprovar. São greves, paralisações, manifestações e trancamento de rodovias, realizados por movimentos sociais, centrais sindicais e pela população.

Apesar de reduzidas as chances de aprovação, por conta da Intervenção Federal no Rio de Janeiro – que paralisa a tramitação de alterações constitucionais – os trabalhadores exigem a retirada definitiva da proposta que altera as regras das aposentadorias.   

Em Pernambuco, a Refinaria Abreu e Lima, em Suape, amanheceu com as suas atividades paralisadas. Na capital, Recife, bancários e trabalhadores da Receita Federal também pararam as atividades nas agências. Cidades do interior, como Caruaru e Petrolina, também mantiveram postos da Receita fechados.

No interior do Piauí, trabalhadores rurais e das cidades bloquearam a BR 316, próximo ao acesso ao município de Picos. Eles devem seguir, em manifestação, até a sede do INSS, na cidade. Na Bahia, a BR 093, conhecida como Via do Cobre, também registrou bloqueio ainda durante a madrugada.

Em Brasília, auditores fiscais da Receita, que negam a existência de déficit nas contas da Previdência, receberam os parlamentares com protestos no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.

Em Belo Horizonte, trabalhadores da saúde paralisaram as atividade e realizaram assembleia realizada na Cidade Administrativa, sede do governo mineiro.

No sul do país, professores estaduais e manifestantes dialogam com a população de Curitiba, com panfletagem no terminal Guadalupe, no centro da capital, para alertar a população sobre os impactos das mudanças nas aposentadorias.

Em Porto Alegre, integrantes das centrais e movimentos sociais fizeram  caminhada até o Aeroporto Salgado Filho, e realizam panfletagem no saguão do terminal para alertar a população sobre os impactos da reforma.

Petroleiros da da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (PR), junto com os petroquímicos e terceirizados, paralisaram as atividades por uma hora e meia nesta manhã contra a reforma da Previdência.

Em Chapecó (SC), trabalhadores também protestam em uma das agências do INSS. Com faixas, eles denunciam os bilhões devidos por grandes empresas aos cofres da Previdência. (Com informações da RBA).

Manifestantes dialogam com população no centro de Curitiba sobre os riscos da reforma do governo Temer.
(Foto: Gibran Mendes/CUT).



18 de fevereiro de 2018

Temer censura vampiro e Tuiuti desiste de usar faixa presidencial no desfile das campeãs


 Bem que a TV Afiada avisou: a censura vai voltar, porque essa foi a intervenção dos desesperados”, escreveu Paulo Henrique Amorim no seu “Conversa Afiada” ao comentar a desistência do vice-presidente da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, vice-campeã do carnaval carioca, de desfilar com a faixa presidencial de vampiro.

Para o jornalista, a censura voltou fazendo com que a Tuiuti se acovardasse. O “AI-5 está em vigor”, realçou. Ele reproduziu integra do matéria do O Globo:


Uma das figuras mais comentadas do carnaval carioca, o vampiro-presidente da Paraíso do Tuiuti, vice-campeã do Grupo Especial, desfilou sem a faixa presidencial neste sábado. Segundo informações do barracão da escola, emissários da presidência da República pediram à Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) que impedisse a entrada do destaque. Questionado, o professor de História Léo Moraes, de 40 anos, disse que não tinha recebido essa informação, e que desfilaria com a faixa. Logo depois ele afirmou que perdeu o adereço no fim da apresentação de domingo. A reportagem do GLOBO, no entanto, viu o momento que o professor entregou a faixa para um funcionário da escola guardar dentro de um carro.

- Ele (o vampiro) representa um sistema. Isso que está acontecendo no Rio de Janeiro hoje, para qualquer um que tenha um conhecimento de história, é preocupante. A gente fica até com medo de se manifestar. Eu espero que isso não seja um grande retrocesso - disse o professor.

O carnavalesco Jack Vasconcelos disse que não teria como negar ou confirmar a informação:

- Para ser muito sincero eu passei o dia isolado. Acabei de chegar aqui. Não posso confirmar ou negar essa informação, pois seria leviano - disse.

Mais cedo, o diretor da escola Thiago Monteiro disse que Léo Moraes havia sofrido um mal-estar, mas que a participação dele no desfile estava garantida.

Muito integrantes da escola lamentaram o fato de o personagem entrar na Avenida sem o adereço:

- Uma pena não terem peito de deixar ele usar a faixa presidencial.

Ao fim da apresentação, o professor de história recebeu a orientação de se descaracterizar rapidamente. Ainda mesmo na dispersão ele retirou a maquiagem e a roupa de vampiro. De acordo com fontes da escola, até duas horas antes do desfile a informação era de que professor não desfilaria, mas depois resolveram que ele entraria na Avenida, mas sem a faixa.

A Tuiuti caiu nas graças da internet e foi destaque até na imprensa internacional ao levar para a Avenida o enredo "Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?", com uma crítica social ao racismo e a exclusão social. Na parte final do desfile, a agremiação trouxe uma sátira política e criticou a Reforma Trabalhista e da Previdência. O GLOBO tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria-Geral da Presidência da República, mas não obteve resposta.

"Vampiro não chupou mais o sangue do Presidente", disse Paulo Henrique Amorim. (Foto: Mídia Ninja).



Agricultores altaneirenses já começaram o plantio e estão animados com sequência de chuvas



A recorrência das chuvas em Altaneira, na região do cariri, nessas duas últimas semanas vem animando o agricultor, a agricultora, que já começou a plantar as sementes visando ter uma boa colheita nos próximos meses. 

A esperança foi renovada com o segundo dia consecutivo de precipitações que juntas, somaram 84 milímetros.  No sábado, 17, foi registrado 43 mm e hoje os munícipes tiveram 41 mm de precipitação. Segundo dados colhidos junto a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), houve registros de chuva em 73 dos 184 municípios do Ceará, relativo ao período das 07h00 do dia 17 às 07h00 deste domingo, 18.

Até o fechamento desta matéria, dentre os municípios da região do cariri, a maior precipitação, de 80 milímetros, ocorreu nos município de Caririaçu.


As chuvas em Altaneira começaram de forma muito irregular, principalmente no mês de janeiro, registrando apenas 65 mm distribuídos em 5 (cinco) dias, o que prejudicou muitos agricultores que já tinham iniciado, mesmo de forma tímida, seus plantios. 


Animados com chuvas, agricultores altaneirenses iniciam plantio. Na imagem, a Rua João Barbosa de Oliveira na noite deste sábado, 17. (Foto: Nicolau Neto).






17 de fevereiro de 2018

Temer quer seguir Bolsonaro e metralhar a rocinha?, questiona Guilherme Boulos



O coordenador do MTST e possível candidato a presidente pelo PSOL, Guilherme Boulos, reforça as críticas ao decreto de intervenção militar na Segurança Pública do Rio de Janeiro, assinado por Michel Temer nessa sexta-feira, 16.

Em vídeo, Boulos diz que a medida é "extremamente grave" e afirmou que não se soluciona a violência aumento o nível de militarização."Essa estratégia da guerra às drogas, adotada nas últimas décadas, fracassou. O crime organizado só cresceu com ela. Isso é insistir em algo que não deu certo", diz Boulos.

O líder do MTST diz que o Exército é treinado para atuar em territórios inimigos. "Quem são os territórios inimigos? As favelas, as comunidades? A ideia é fazer como propôs Bolsonaro e metralhar a Rocinha?", questiona.

Boulos lembrou também que o Exército ocupou o complexo de favelas da Maré em 2014 e o resultado foi "desastroso". "O preço para dar uma falsa sensação de segurança para alguns setores da sociedade foram vários mortos e muito sangue", diz ele.  (Com informações do Brasil 247).

Confira o vídeo abaixo

            

Intervenção no Rio: Só um país que se perdeu declara guerra ao próprio povo


Um governo com alta taxa de rejeição cria uma guerra contra um inimigo a fim de reunir apoio popular e distrair a sociedade de outros problemas internos.

Não dá para dizer que Michel Temer foi criativo com a intervenção federal sobre a área de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro em meio ao iminente naufrágio da Reforma da Previdência, uma vez que essa tática tem sido sistematicamente usada por grupos no poder em várias partes do mundo. Para se ter uma ideia do tamanho do clichê, filmes que reproduzem esse roteiro nem são mais indicados ao Oscar, tamanha falta de originalidade.

O governo dos Estados Unidos, por exemplo, seja ele republicano ou democrata, adora despejar bombas, invadir territórios e demonizar outros povos quando precisa dar um gás na popularidade interna visando uma (re)eleição ou reforçar uma mentira sobre o porquê de suas tropas estarem matando e morrendo a milhares de quilômetros de distância de casa.

A situação da segurança pública é muito grave no Brasil. Há um genocídio de jovens negros e pobres nas periferias das grandes cidades e trabalhadores rurais, indígenas e populações tradicionais sendo chacinados no interior do país. Entre as razões da violência urbana, encontra-se uma política fracassada de guerra às drogas que transforma comunidades em territórios a serem disputados para comércio e armazenamento de entorpecentes. Morrem moradores, policiais, traficantes, muitos deles pobres e negros.

Se os poderes político e econômico se preocupassem com isso, teriam abandonado a política de criminalização das drogas há tempos e criado alternativas para que os mais jovens tivessem um futuro. Mas não é o caso. Preferiram encher os bolsos de dinheiro, saqueando o Rio e estruturando a maior organização criminosa atuante no Estado. Ou alguém acha que um reles dono de morro faz frente a um presidente de Assembleia Legislativa ou um governador?

Quando países inflam o inimigo a fim de gerar identidade reativa e unir o povo ao seu redor, quase sempre ele é o ''estrangeiro'', o ''de fora'', o ''diferente'', não é o seu cidadão. O demônio, que merece morrer, é sempre o outro.

Mas, no Brasil, a intervenção das Forças Armadas determinada pelo governo Temer, pode levar mais guerra ao próprio povo. Quem morrerá nas batalhas não serão os ''estrangeiros'', mas os brasileiros de comunidades pobres. E o histórico das ações das Forças Armadas em outros momentos de ocupação mostra que eles devem se preocupar.

Como já disse no meu post anterior sobre a intervenção, Forças Armadas são treinadas para matar. Seus membros não têm liberdade para tomar decisões que levem em conta a situação do local em que estão em um determinado momento. Mais do que seguir ordens de um comando militar que vê a necessidade de vencer uma batalha, o objetivo de um policial deveria ser proteger a vida e a dignidade humanas acima de qualquer outra coisa. Pois a polícia não está em guerra com seu próprio povo. Ou, pelo menos, não deveria estar. E considerando que a legislação foi alterada no ano passado e a Justiça Militar e não a Justiça Comum passou a ser a responsável por julgar crimes cometidos por membros das Forças Armadas no exercício de suas atividades, há um potencial não mensurado de impunidade nessa história.

Um colega jornalista me ponderou, contudo, que se isso acontecer, as Forças Armadas estarão sim matando os inimigos, os estrangeiros, os de fora, na visão de uma parte da sociedade. Porque esses substituíveis, pobres moradores das periferias – onde as batalhas são sempre travadas – nunca foram considerados como cidadãos tanto por aqueles que lucram com o medo quanto por aqueles que temem mais o discurso da violência do que a vivenciam em si.
E talvez resida aí a razão de todo esse circo estar acontecendo.

A intervenção federal é a prova de que falhamos. Profundamente, amargamente. Não apenas ao manter governantes incompetentes, corruptos e insensíveis, que perseguem soluções simplistas e fogem de ações estruturais, mas também ao permitir que a cidadania não seja universalizada (desde 13 de maio de 1888) e que a vida desses não-cidadãos valesse menos do que um instrumento descartável de trabalho.

O governo sabe muito bem a estrada que pegou. Mas não tem ideia para onde ela vai levar.

Pois só um país que se perdeu tem coragem (ou a estupidez) de declarar guerra ao próprio povo. (Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog).


16 de fevereiro de 2018

No dia em que Temer decreta intervenção militar no Rio, Miguel do Rosário recorda AI5 de 1968


Achei interessante lembrar disso hoje, no dia em que o governo Temer, nascido de um golpe, decreta intervenção militar no Rio de Janeiro.

***

ATO INSTITUCIONAL Nº 5, DE 13 DE DEZEMBRO DE 1968.

São mantidas a Constituição de 24 de janeiro de 1967 e as Constituições Estaduais; O Presidente da República poderá decretar a intervenção nos estados e municípios, sem as limitações previstas na Constituição, suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e

CONSIDERANDO que a Revolução Brasileira de 31 de março de 1964 teve, conforme decorre dos Atos com os quais se institucionalizou, fundamentos e propósitos que visavam a dar ao País um regime que, atendendo às exigências de um sistema jurídico e político, assegurasse autêntica ordem democrática, baseada na liberdade, no respeito à dignidade da pessoa humana, no combate à subversão e às ideologias contrárias às tradições de nosso povo, na luta contra a corrupção, buscando, deste modo, “os. meios indispensáveis à obra de reconstrução econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder enfrentar, de modo direito e imediato, os graves e urgentes problemas de que depende a restauração da ordem interna e do prestígio internacional da nossa pátria” (Preâmbulo do Ato Institucional nº 1, de 9 de abril de 1964);

CONSIDERANDO que o Governo da República, responsável pela execução daqueles objetivos e pela ordem e segurança internas, não só não pode permitir que pessoas ou grupos anti-revolucionários contra ela trabalhem, tramem ou ajam, sob pena de estar faltando a compromissos que assumiu com o povo brasileiro, bem como porque o Poder Revolucionário, ao editar o Ato Institucional nº 2, afirmou, categoricamente, que “não se disse que a Revolução foi, mas que é e continuará” e, portanto, o processo revolucionário em desenvolvimento não pode ser detido;

CONSIDERANDO que esse mesmo Poder Revolucionário, exercido pelo Presidente da República, ao convocar o Congresso Nacional para discutir, votar e promulgar a nova Constituição, estabeleceu que esta, além de representar “a institucionalização dos ideais e princípios da Revolução”, deveria “assegurar a continuidade da obra revolucionária” (Ato Institucional nº 4, de 7 de dezembro de 1966);

CONSIDERANDO, no entanto, que atos nitidamente subversivos, oriundos dos mais distintos setores políticos e culturais, comprovam que os instrumentos jurídicos, que a Revolução vitoriosa outorgou à Nação para sua defesa, desenvolvimento e bem-estar de seu povo, estão servindo de meios para combatê-la e destruí-la;

CONSIDERANDO que, assim, se torna imperiosa a adoção de medidas que impeçam sejam frustrados os ideais superiores da Revolução, preservando a ordem, a segurança, a tranqüilidade, o desenvolvimento econômico e cultural e a harmonia política e social do País comprometidos por processos subversivos e de guerra revolucionária;

CONSIDERANDO que todos esses fatos perturbadores da ordem são contrários aos ideais e à consolidação do Movimento de março de 1964, obrigando os que por ele se responsabilizaram e juraram defendê-lo, a adotarem as providências necessárias, que evitem sua destruição,

Resolve editar o seguinte

ATO INSTITUCIONAL

Art. 1º – São mantidas a Constituição de 24 de janeiro de 1967 e as Constituições estaduais, com as modificações constantes deste Ato Institucional.

Art. 2º – O Presidente da República poderá decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por Ato Complementar, em estado de sitio ou fora dele, só voltando os mesmos a funcionar quando convocados pelo Presidente da República.

§ 1º – Decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo correspondente fica autorizado a legislar em todas as matérias e exercer as atribuições previstas nas Constituições ou na Lei Orgânica dos Municípios.

§ 2º – Durante o período de recesso, os Senadores, os Deputados federais, estaduais e os Vereadores só perceberão a parte fixa de seus subsídios.

§ 3º – Em caso de recesso da Câmara Municipal, a fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios que não possuam Tribunal de Contas, será exercida pelo do respectivo Estado, estendendo sua ação às funções de auditoria, julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos.

Art. 3º – O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a intervenção nos Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição.

Parágrafo único – Os interventores nos Estados e Municípios serão nomeados pelo Presidente da República e exercerão todas as funções e atribuições que caibam, respectivamente, aos Governadores ou Prefeitos, e gozarão das prerrogativas, vencimentos e vantagens fixados em lei.

Art. 4º – No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.

Parágrafo único – Aos membros dos Legislativos federal, estaduais e municipais, que tiverem seus mandatos cassados, não serão dados substitutos, determinando-se o quorum parlamentar em função dos lugares efetivamente preenchidos.

Art. 5º – A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em: (Vide Ato Institucional nº 6, de 1969)

I – cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;

II – suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais;

III – proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política;

IV – aplicação, quando necessária, das seguintes medidas de segurança:

a) liberdade vigiada;

b) proibição de freqüentar determinados lugares;

c) domicílio determinado,

§ 1º – O ato que decretar a suspensão dos direitos políticos poderá fixar restrições ou proibições relativamente ao exercício de quaisquer outros direitos públicos ou privados. (Vide Ato Institucional nº 6, de 1969)

§ 2º – As medidas de segurança de que trata o item IV deste artigo serão aplicadas pelo Ministro de Estado da Justiça, defesa a apreciação de seu ato pelo Poder Judiciário. (Vide Ato Institucional nº 6, de 1969)

Art. 6º – Ficam suspensas as garantias constitucionais ou legais de: vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade, bem como a de exercício em funções por prazo certo.

§ 1º – O Presidente da República poderá mediante decreto, demitir, remover, aposentar ou pôr em disponibilidade quaisquer titulares das garantias referidas neste artigo, assim como empregado de autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista, e demitir, transferir para a reserva ou reformar militares ou membros das polícias militares, assegurados, quando for o caso, os vencimentos e vantagens proporcionais ao tempo de serviço.

§ 2º – O disposto neste artigo e seu § 1º aplica-se, também, nos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.

Art. 7º – O Presidente da República, em qualquer dos casos previstos na Constituição, poderá decretar o estado de sítio e prorrogá-lo, fixando o respectivo prazo.

Art. 8º – O Presidente da República poderá, após investigação, decretar o confisco de bens de todos quantos tenham enriquecido, ilicitamente, no exercício de cargo ou função pública, inclusive de autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista, sem prejuízo das sanções penais cabíveis. (Regulamento)

Parágrafo único – Provada a legitimidade da aquisição dos bens, far-se-á sua restituição.

Art. 9º – O Presidente da República poderá baixar Atos Complementares para a execução deste Ato Institucional, bem como adotar, se necessário à defesa da Revolução, as medidas previstas nas alíneas d e e do § 2º do art. 152 da Constituição.

Art. 10 – Fica suspensa a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular.

Art. 11 – Excluem-se de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.

Art. 12 – O presente Ato Institucional entra em vigor nesta data, revogadas as disposições em contrário.

Brasília, 13 de dezembro de 1968; 147º da Independência e 80º da República.

A. COSTA E SILVA
Luís Antônio da Gama e Silva
Augusto Hamann Rademaker Grünewald
Aurélio de Lyra Tavares
José de Magalhães Pinto
Antônio Delfim Netto
Mário David Andreazza
Ivo Arzua Pereira
Tarso Dutra
Jarbas G. Passarinho
Márcio de Souza e Mello
Leonel Miranda
José Costa Cavalcanti
Edmundo de Macedo Soares
Hélio Beltrão
Afonso A. Lima
Carlos F. de Simas

Este texto não substitui o publicado no DOU de 13.12.1968. (Por Miguel do Rosário, no Cafezinho).

Íntegra do decreto presidencial que pôs fim ao que restava ainda de legalidade na ditadura militar.
(Foto: Reprodução/ O Cafezinho).