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Mestre Bimba, criador da Capoeira Regional. (FOTO/ Reprodução/Divulgação). |
A data de 5 de fevereiro marca 47 anos da morte de Manoel dos Reis Machado, conhecido como Mestre Bimba, o criador da Capoeira Regional que ganhou o Brasil e o mundo. Ainda hoje, Mestre Bimba é referência e inspiração.
Hellio
de Campos, batizado Mestre Xareu por Mestre Bimba, se formou em Capoeira
Regional com o próprio Mestre Bimba e, ao lado de Raimundo Cesar de Almeida,
conhecido como Mestre Itapoan, fundou a Ginga Associação de Capoeira em
Salvador (BA).
Tirei a capoeira debaixo do pé do boi
“Mestre Bimba é o negro [...] soteropolitano,
ele não teve instrução formal e por isso trabalhou como carpinteiro, como
motoqueiro, carregador e carroceiro, mas teve a coragem de se tornar um
capoeirista e ser um Mestre de Capoeira. E, depois, criar também uma capoeira
que é um divisor de águas que se chama Capoeira Regional de Mestre Bimba.
Montou uma academia e como ele mesmo dizia 'tirei a capoeira debaixo do pé do
boi' no intuito de sair das ruas. Aquela capoeira que era perseguida pelos
policiais, que era perseguida pelo código penal brasileiro na época e leva para
as quatro paredes”, lembra.
Origem
A
capoeira se originou na época da escravidão no Brasil, quando muitos negros
africanos foram sequestrados e trazidos para trabalhar nos engenhos, fazendas,
roças e casas de senhores. A capoeira então começa a surgir como uma forma de
luta e resistência, mas com movimentos disfarçados para que os senhores de
engenho não pensassem que os escravos estavam organizando uma rebelião.
Após
a abolição da escravidão, não houve a implementação de políticas públicas de
inserção dessa população na sociedade, que acabou marginalizada. Mestre Bimba
então desempenha um papel importantíssimo na história da construção da
resistência quando cria a Capoeira Regional, fundando a primeira Academia em
1932.
“Quando ele, observando a capoeira praticada
na época, chamada hoje de Capoeira Angola, aquela capoeira que era praticada na
rua. Ele muitas vezes contou que as pessoas praticavam a capoeira na rua, com
muitos trejeitos, sendo uma forma de conseguir dinheiro na rua. E a polícia
vinha ao encalço e prendia essas pessoas, como ele mesmo disse, amarravam a
cavalaria, amarravam os capoeiristas pelos punhos e arrastavam pelo percurso
até as delegacias. E ele vendo aquilo, ele não concordava com essa situação e
achava que a capoeira estava perdendo a sua essência de luta e de resistência,
portanto ele criou a Capoeira Regional”, conta Mestre Xareu.
Regras
Mestre
Bimba tinha algumas regras para os praticantes da Capoeira Regional. Não beber
e não fumar - pois influenciavam no desempenho e a consciência da capoeira;
evitar demonstrações de todas as técnicas - pois a surpresa é a principal arma;
praticar os fundamentos todos os dias e não dispersar durante as aulas; e
manter o corpo relaxado e o mais próximo do seu adversário possível.
Imaginário
Com
uma nova conotação na sociedade, passando a ser vista como luta, dança e arte,
a capoeira foi ganhando espaço. Apenas em 1937 a manifestação deixou de ser
considerada crime no Brasil e a Academia de Mestre Bimba ganhou seu alvará de
funcionamento com a descriminalização da prática.
“Mestre Bimba era acima de tudo um grande
comunicador, era um Mestre de capoeira visionário, que dizia que queria ver a
capoeira no mundo inteiro e não se furtava em apresentar a capoeira em qualquer
ambiente que fosse. Fosse no ginásio de esportes, fosse numa escola pública,
fosse, como foi a apresentação para o governador e o presidente da República
Getúlio Vargas e tantas outras apresentações que fez, inclusive, com a saída de
Salvador para o Rio de Janeiro, para ir a São Paulo, para ir a Minas, para ir
ao Ceará apresentar a sua capoeira”, continua o Mestre soteropolitano”,
explica Mestre Xareu.
Mestre
Itapoan, praticante da capoeira há 57 anos, lembra que foi apenas após esta
apresentação ao presidente que a capoeira deixou de ser crime.
“Na década de 30, o Mestre fez várias
apresentações para os Governos da Bahia e em 1953 se apresentou no Palácio da
Aclamação, em Salvador, para o Presidente Getúlio Vargas que, após assistir a
apresentação disse: ‘Esse deve ser considerado o Esporte Nacional Brasileiro’.
Então a perseguição diminuiu e no Código Penal de 52 já não constava mais o
artigo: Dos Vadios e Capoeiras”.
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Com informações do Brasil de Fato. Clique aqui e confira o artigo completo.
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