![]() |
O deputado direitista Capitão Augusto. (Foto: Luís Macedo/ Câmara dos Deputados). |
Um
deputado reaça atuando para excluir a palavra “gênero” de qualquer projeto de lei onde ela apareça na Câmara,
segundo informações da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Não importa
qual seja o tema: se o termo “gênero” constar de algum projeto, começa a
confusão. Por incrível que pareça, para os parlamentares de direita, a palavra
é inimiga dos bons costumes.
Na
reunião da comissão de 23 de maio, a palavra “gênero” levou à obstrução o PL 5434/2016, do deputado Orlando Silva
(PC do B-SP), que inclui homenagem a personalidades femininas e negras nas
cédulas de papel-moeda e nas moedas metálicas. Um trecho do projeto prevê que
nas “novas emissões de papel-moeda e
moeda-metálica o Banco Central do Brasil buscará homenagear personalidades
femininas e negras que tenham se destacado na luta emancipatória das mulheres e
no combate à discriminação racial e de gênero no país”.
Outro
projeto que enfrenta obstáculo pelo mesmo motivo é o PL 304/2015, que propõe
incluir nos currículos escolares conhecimento sobre a língua, usos, costumes e
a cultura dos povos e comunidades tradicionais e minorias éticas formadores do
povo brasileiro. Um dos artigos da iniciativa, do deputado Valmir Assunção
(PT-BA), propõe a “vinculação entre a
educação escolar, o trabalho e as práticas sociais voltadas à promoção da
igualdade racial e de gênero”.
O
fiscal da palavra “gênero” na Câmara
é o deputado Capitão Augusto (PR-SP), que é policial militar e se tornou
notícia por ir às sessões fardado e por lançar um projeto de lei que obriga os
árbitros de futebol a revelar seus times de coração e os proíbe de apitar
partidas onde eles atuem. “Não vamos aceitar a palavra gênero em nenhum
projeto. Essa palavra ataca a família tradicional e cristã”, afirmou
Capitão Augusto, que já tentou mudar seu nome para Capitão Augusto Bolsonaro no
painel da Câmara, sem sucesso. Ele pede que “gênero” seja substituído por sexo ou pela expressão “homens e mulheres” em todo canto que
aparecer.
A
deputada Maria do Rosário (PT-RS) rebateu. “Gostaria
de saber qual o problema com sexo e gênero. Não falamos em índios ou população
pobre. Só querem falar de sexo. E no caso deste projeto, estamos falando de
idiomas e sobre cultura e o problema está na troca de palavras”, protestou.
Para
a deputada Erika Kokay, o projeto de Orlando Silva seria uma homenagem às
mulheres negras que, de acordo com ela, ficaram invisíveis na nossa sociedade.
“O que essa discussão levanta é uma
gênerofobia. Essa palavra traz de imediato uma reação. Toda vez que se fala a
palavra gênero nessa Casa, acontece uma reação não fundamentada”. Para ela,
“quem quer tirar a palavra gênero, quer
banir a mulher”.
Nesta
quarta-feira, 4 de julho, alguns projetos de lei foram retirados da pauta
deliberativa da Comissão de Direitos Humanos e Minorias por tratarem, de acordo
com o parlamentar do PR, de “temas
polêmicos”, no caso outra palavra, “homofobia”. Um deles, o PL 622/15, de
autoria da deputada Moema Gramacho (PT-BA), proíbe recursos públicos para
contratação de artistas que incentivem a violência contra a mulher ou contenham
manifestações de discriminação ou “homofobia”.
O outro, o PL 7.292/17, de Luizianne Lins (PT-CE), prevê o “LGBTcídio como circunstância qualificadora
do crime de homicídio”.
Não
será surpresa se, no futuro, os direitistas aloprados também quiserem excluir a
expressão “gênero” dos dicionários.
Te cuida, Houaiss. (Com informações do Socialista Morena).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!