Conceição Evaristo confirma que irá formalizar sua candidatura à Academia Brasileira de Letras


Conceição Evaristo será homenageada no Prêmio Mestre das Periferias e receberá R$ 30 mil.
(Foto: Bárbara Lopes/Agência O Globo).

A escritora Conceição Evaristo confirmou nesta terça-feira que pretende entregar sua carta de candidatura à Academia Brasileira de Letras (ABL) até o fim desta semana. A autora foi anunciada ainda como homenageada do primeiro Prêmio Mestre das Periferias, que acontece em agosto, e vai receber R$ 30 mil.

No último dia 21, Ancelmo Gois já revelava em sua coluna que a escritora pretendia formalizar a candidatura. Uma petição online criada em apoio à eleição da autora para a ABL já ultrapassou as 18 mil assinaturas.

— Essa campanha tem me sustentado e motivado a seguir com a candidatura. Ver essa movimentação me fortalece — disse Conceição.

Para a autora, vencedora do Prêmio Jabuti com o livro "Olhos d'água", postular a cadeira nº 7 da Academia, deixada pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos, é mais do que buscar um reconhecimento pela sua obra.

— A ABL congrega e difunde a literatura brasileira, e eu, como escritora negra que representa vários escritores e escritoras negras, acredito que esse é um espaço a ser ocupado. Estamos nos candidatando a um lugar que, como todos os lugares da política e da cultura, são lugares dos negros, que devem estar representados.

Além da coleta de assinaturas, foi criada uma página em apoio à escritora e vão ocorrer "tuitaços" com a hashtag #ConceiçãoEvaristoNaABL nos dias 7 e 20 de junho. A campanha foi criada pelo Observatório de Favelas em parceira com a Redes da Maré e o Instituto Maria e João Aleixo — responsável pelo Prêmio Mestre das Periferias que irá homenagear ainda o ativista indígena Ailton Krenak, o líder quilombola Negro Bispo e, em memória, a vereadora Marielle Franco.

Segundo Piê Garcia, coordenadora de comunicação do Observatório de Favelas, existe uma dívida história em relação aos negros no Brasil, evidentes em espaços como a ABL. Apesar de ter sido criada por um negro, Machado de Assis, a instituição nunca elegeu uma mulher negra como imortal em seus 120 anos de existência.

— Eleger a Conceição, além do reconhecimento de sua obra literária, é uma iniciativa de reparação desse nosso histórico escravocrata numa instituição ocupada massivamente por homens brancos — afirmou Piê — E essa é uma ótima oportunidade de prestigiar alguém com a grandeza que ela tem, além de mostrar o quanto representatividade é algo importante. (Com informações do O Globo).

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