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Para os progressistas, problemas sérios do país vem se agravando no país sob o governo Temer. (Foto: Reprodução/ Facebook). |
Manuela
d'Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (Psol), pré-candidatos à Presidência da
República, tiveram uma semana voltada para debates com a juventude. Ambos
seguiram agendas de campanha em universidades do país e levantaram, muitas
vezes, pontos em comum. "Não existe
como pensar em desenvolver nosso país sem pensar nas questões de gênero e raça",
disse Manuela. "O povo pobre nesse
país tem cor, tem raça", disse Boulos, na mesma linha.
Manuela
classificou como o "grande desafio"
do país o alinhamento para "pensar
como estabelecer um pacto de superação da crise. Quais serão as saídas? Pensar
nisso passa por um debate de desenvolvimento do país. E não podemos fazer isso
sem enfrentar as desigualdades", disse, para uma plateia lotada na
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) nessa quinta-feira (14). A
pré-candidata do PCdoB focou seu discurso nas desigualdades de gênero.
"Temos que pensar que a maior parte das
mulheres recebe 20% a a menos de salário do que os homens. Qual o impacto
disso? Tirando a ideia de que somos iguais, que deve nortear a todos, qual o
impacto real de o Brasil remunerar pior as mulheres, de não colocá-las de volta
ao mercado de trabalho após o primeiro ano de nascimento do filho?",
questionou.
Os
candidatos do campo progressista mostraram dados extraídos de pesquisas.
Manuela, por exemplo, utilizou dados do Mapa da Violência. "Para enfrentarmos esse tema, temos que saber
que a política de segurança pública do Brasil é extremamente exitosa para
proteger a vida de brancos. Em 2016, morreram 16 brancos para cada 100 mil
habitantes e 42 negros. A morte de brancos vem diminuindo. Mulheres brancas
morreram 8% a menos em dez anos e 16% a mais de negras. Então, qualquer debate
de projeto de desenvolvimento passa pela questão da desigualdade que devemos
superar."
Boulos,
ao ser questionado sobre o tema pelo historiador Douglas Belchior, em encontro
na PUC-São Paulo, segunda-feira (11), confirmou que "os dados são a mais profunda expressão" da desigualdade no
Brasil. "Pensar em política racial
não é algo à parte, isolado, é pensar no conjunto de políticas públicas do
país. O cenário é complicado na educação e ainda mais dramático na segurança
pública", argumentou. Belchior, por sua vez, disse que "mulheres negras têm sete vezes mais
mortalidade materna do que brancas, 90% das crianças mortas no Brasil são
negras. O índice de suicídios é maior entre negros e 76% dos usuários do SUS
são negros. Para mim, isso explica o Brasil."
A
resposta de Boulos foi em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) como um
sistema a ser aperfeiçoado. "As
pessoas que desmoralizam o SUS e a ideologia que o desmoraliza é mentirosa",
apontou. "O problema é o baixo
investimento. Precisamos de uma política que pare de repassar verbas para
planos de saúde privados. Um terço do que se investe no SUS se perde em
arrecadação com renúncias fiscais de planos de saúde", criticou.
Para
ambos, problemas sérios do país vêm se agravando no atual governo. "Temer, em dois anos, fez o Brasil andar 50
para trás. Uma reforma trabalhista que retira direitos históricos, que liquida
o mínimo de garantia que se tinha para trabalhadores... A legislação era
antiga, precisava reformar, mas modernizar é uma coisa, retirar direitos é
outra. Nem a ditadura fez isso em 21 anos, não tocaram na CLT. Em dois anos, o
Temer jogou na lata do lixo" disse o psolista, desta vez no auditório
da Universidade de São Paulo (USP) São Carlos, na quarta-feira.
Já
em outro encontro com estudantes, desta vez na Universidade de Campinas
(Unicamp), ontem, Boulos disse que Temer "conseguiu iniciar o desmonte de pactos nacionais. Desmontar programas
sociais e políticas públicas, ainda que limitadas, feitas durante os governos
do PT. Desmontar o pacto cidadão, ainda que limitado, da Constituinte de 1988,
que previa investimentos públicos em saúde, educação, que a Emenda
Constitucional 95, fazendo uma 'desconstituinte'".
"Diante destes retrocessos em direitos, não
pode haver projeto de esquerda, democrático, que pretenda governar para as
maiorias sem que tenha como ponto zero a realização de um plebiscito para
revogar as medidas desse governo ilegítimo de Michel Temer", defendeu.
Para
Boulos, o momento é de ataque a direitos. "Não que tenhamos em algum momento uma democracia plena, perfeita. A
democracia nunca atravessou os muros da periferia. Democracia política não
existe sem democracia econômica e social. Mas o que tivemos e que tentam nos
arrancar foi conquistado com lutas, com mobilização do povo. A ditadura não se
acabou no país por que um comitê de generais resolveu terminar. A ditadura
acabou porque centenas de milhares foram às ruas. Trabalhadores fizeram greves.
Movimentos sociais cresceram e se organizaram", disse. "Quando estamos com medo, ficamos vulneráveis
para quem grita e diz que vai dar arma para todos. O populismo da violência
cresce em momentos como esse." (Com informações da RBA).
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