24 de setembro de 2014

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Chico Preto


Chico Preto, ou “Seu Chico Preto” como passou ao imaginário popular altaneirense, foi um dos poucos homens a fixarem residência no município de Altaneira a ultrapassar as barreiras dos cem anos.  Negro e trabalhador rural teve como ambiente do seu nascedouro a zona rural de Crato, em Serra Grande e na década de 60 do século passado encontrou na recém emancipada politicamente Altaneira o seu recanto, o seu lar.

Foi neste município que “Seu Chico Preto” viria a encontrar a sua companheira de vida, a Dona Maria, a “Maria do Café” em alusão a comércio montado que servia lanches e demais refeições. 

Há duas versões quanto à data do seu nascimento. Conflitos religiosos dão conta que a data de Chico Preto teria sido alterado, haja vista a grande diferença de idade entre ele e sua pretensa conjugue. A Igreja, na pessoa de um bispo (na fonte pesquisada não há menção quanto ao nome do sacerdote) não aceitou a união dos dois com essa diferença. Ele com 47 anos e Dona Maria tinha no período do enlace apenas 15 anos. O homem para quem seu Chico trabalhava sugeriu que fosse feito novos documentos objetivando reduzir a sua idade.

Seu Chico e a História

Chico Preto, homem negro e de características sociais a margem da sociedade altaneirense, viveu no mínimo cinco períodos da história política brasileira. Tendo nascido em 1887 esse cidadão simples e humilde acompanhou o fim do segundo império brasileiro ainda de fraudas e sendo amamentado. Toda via, toda a sua adolescência e a fase adulta foi vivenciada nos grilhões dos insurgentes modelos republicanos que perpassou pela República Velha, subdivida em dois momentos (República da Espada e República do “Café – com – Leite”). Ele experienciou ainda a Revolução de 30 que instaurou a “Era Vargas”.  É digno de registro ainda que “Seu Chico Preto” presenciou de longe o período assombroso que o Brasil passou entre os anos de 1964 a 1985 (Ditadura Civil-Militar) e acompanhou também a redemocratização e o nascimento da Constituição  Cidadã promulgada em 1988.


Ele, porém, não chegou a acompanhar um dos momentos mais emblemáticos e inusitados da recente história política de Altaneira – a eleição suplementar ocorrida em outubro de 2010 em face da anulação do processo eleitoral de 2008. Fato esse surgido em virtude dos gestores Antonio Dorival e Francisco Fenelon terem sido cassados por abuso de poder político. 

A borracharia localizada na Rua Apolônio de Oliveira, no centro do município, o café de sua esposa – ora no comercio, ora em um prédio na Rua Padre Agamenon Coelho e o Bar de Daice eram seus pontos de referência e de lazer.

De uma saúde admirável ele viveu um século e uma década, mais precisamente 119 anos. Não se tem notícias de que alguma doença grave tenha sido a causa da sua morte ocorrida em 2006.



Do Fato e a História: “Hipocrisias e suas violências”


Muitas vezes, quando queremos nos referir a alguém que é fingido ou sacana, dizemos que fulano é um "artista". Se pensarmos na raiz etimológica da palavra hipocrisia, não estamos de todo errados, ela vem do grego hypokrisis, que designava, na antiga Grécia, os atores de teatro, pois durante as apresentações eles fingiam ser outras pessoas. Com o tempo, a partir principalmente da idade média, hipócrita passou a indicar qualquer pessoa falsa ou fingida, e foi com esse sentido que entrou em nossa língua.

Retomo sua etimologia porque quero falar de duas hipocrisias diferentes, relativas a suas violências correspondentes.

A primeira hipocrisia é a que muitas pessoas (uns ingênuos e outros conscientes) demonstram diante de fenômenos como o racismo e a homofobia, violências que atentam contra a dignidade das pessoas. Registros de racismo e homofobia parecem estar crescendo nos dias de hoje, em função dos inúmeros casos que se tornam público. Não penso que se trata apenas disso, hoje vivemos uma clara transição civilizatória que é cultural e institucional. A vigília de uma massa crítica cada vez maior de ativistas anti-racistas e anti-homofobia é um fato, bem como a ampliação dos canais de denúncia e um maior encorajamento para fazê-lo. A tolerância com atos de racismo e homofobia está cada vez menor, entretanto, posturas que visam diminuir a importância desses atos e demonstram dificuldade em aceitá-los como habitus (Bourdieu) estrutural da nossa sociedade também são muitas.

Essas posturas que relativizam os preconceitos podem ser facilmente identificadas entre humoristas, jornalistas e formadores de opinião da grande mídia. Com todo esse espaço, essas opiniões mesquinhas que minimizam discriminações reivindicando um "direito de ser preconceituoso" se espalham como vírus em comentários pelas redes sociais. É só ter estômago para ler comentários, por exemplo, em postagens sobre o caso de racismo com o goleiro Aranha e sobre o caso do incêndio do CTG em Livramento onde um casal gay casaria.

Vamos ver alguns exemplo dessas vozes: "agora tudo é racismo", "é uma neura de perseguição", "que chatice esse politicamente correto", "eles saem com camisa com 100% negro e eu não posso sair com uma 100% branco", "vamos fazer o dia do hétero também", "racismo está na cabeça dos negros", "raças não existem".

Desde já, preciso sugerir o documentário "O riso dos outros" de Pedro Arantes para encurtar caminho e não precisar falar muito sobre essa onda de "humoristas" que visam perpetuar piadas racistas, homofóbicas, classistas  e que pra se defender denunciam uma suposta "ditadura do politicamente correto". Esse humor atrasado, quer se apresentar como transgressor ao reproduzir piadas que exalam preconceitos contra minorias e ainda reclamar de uma suposta "censura" advinda de militantes e ativistas sociais e da judicialização. Na verdade, como não criam nada novo e perceberem que ao se utilizar da "liberdade de ser preconceituoso" se promovem na mídia, eles seguem tendo os esteriótipos, o riso das desigualdades e a aceitação acrítica do status quo como matéria prima para o humor.

Qualquer pessoa esclarecida ao ver esse excelente documentário entenderá de onde vem esse discurso, de que lado ele está e o que representa dos dias de hoje. Na fala de um dos entrevistados da película, o professor Idelber Avelar, aprendemos que: "temos ainda uma situação de brutal desigualdade na qual as pequenas conquistas dos grupos historicamente excluídos não podem ser apresentadas como uma espécie de nova ditadura ou nova ortodoxia. Politicamente correto é um termo que designa uma relação fantasmática de uma camada social dominante com uma suposta opressão vinda de baixo que na verdade nunca teve realidade nenhuma".

Portanto, essa grita contra o politicamente correto é substrato de um discurso conservador e de direita que promove uma disputa contra setores sociais discriminados que, em função dessa transição que vivemos, passam a ter algumas conquistas e incomodam os que sempre naturalizaram preconceitos e discriminações. Se esse é seu lado, reproduza todas essas simplificações que são feitas, pelo menos agora tens consciência disso.

O caso Aranha e do CTG em Livramento nos proporcionaram aprendizados importantes. Além de um clubismo e folclorismo gauchescos fanáticos, muitas pessoas sensatas caíram no "canto da sereia" que relativiza o preconceito recorrendo ao discurso da diferença. O quê? Como assim?

"No futebol racismo é normal, sempre foi assim, e as vaias ao goleiro negro que denunciou racismo é um direito da torcida", "se eu quiser tenho direito de não gostar de negros e gays, é um direito meu". "Nos lugares do tradicionalismo gaúcho temos direitos de preservar nossa homofobia, aqui é um lugar privado e não vamos casar gays".

Todos sofismas retóricos desprezíveis. Ninguém tem direito ao preconceito. A tolerância termina quando ocorre a intolerância, como muito bem refletiu Juremir Machado em três textos fundamentais com links no final deste. "Há um jogo retórico no ar: a tolerância teria de ser total, abarcando inclusive a intolerância, para não ser intolerante" diz ele.

Ninguém está acima da lei, se alguém não gosta de negros e gays deve se tratar, fazer terapia, e guardar isso, porque se expressar isso cometerá um crime que atacará a dignidade de milhares de pessoas.

Portanto, não há lógica plausível em reivindicar o direito à diferença para ser preconceituoso, pelo simples fato de que sê-lo não configura uma diferença, mas sim um crime. Racismo e homofobia não se tratam de opiniões, mas crimes que a civilização e o processo de desenvolvimento humano não toleram mais.

O preconceito não é um escolha individual, é uma crença (doença) coletiva assimilada por muitos em seus hábitos e pensamentos, essa crença nega o direito de ser feliz a muitas pessoas. Uma morte LGBT acontece, em média, a cada 28 horas motivada por homofobia no Brasil. Dados sobre a morte de jovens negros circulam nas estatísticas diariamente, sem comentar o perfil da população carcerária. Mas podemos pensar em casos individuais em que o preconceito exerce papel definitivo na vida afetiva das pessoas, nas famílias. Quantos gays sofrem além do medo da violência, o medo da rejeição, da exclusão e por isso abdicam de seguir suas vidas plenamente com quem gostam? A bela série de Selton Mello, "Sessão de Terapia" no GNT, tratou de um caso desses nessa sua terceira temporada, Felipe, personagem das quartas-feiras.

A segunda hipocrisia que destaco não tem apenas pessoas como portadoras, mas os meios de comunicação hegemônicos, ou em uma clave mais genérica, a indústria cultural (Adorno e Horkheimer). Os canais de Tv noticiam alarmados os casos de violência que ocorrem em todas esferas da sociedade, os portais da internet exploram violências domésticas, nas escolas, nos grandes centros urbanos, bradam pela ineficácia da segurança pública.

Não vou entrar aqui no mérito de que a segurança pública vista como guerra contra o crime e as drogas está falida. Vou comentar sobre a violência mais gratuita, aquela que é indicativo do grau de brutalidade e violência que crianças e jovens estão expostos hoje em dia.

Se pegarmos os trinta últimos filmes que passaram da Tela Quente ou Supercine, que perfil de filme teremos? Isso vale para as outras emissoras. Vamos pensar agora sobre jogos eletrônicos que adolescentes jogam na internet ou no vídeo game. Grande maioria tem como personagem matadores letais, se dão em cenários de guerras e outros eventos violentos. E o esporte que mais cresce em termos de exposição midiática e lucros? Ganhou inclusive reality show, é o MMA, que deixa de lado os melhores aspectos das artes marciais e traz em sua superfície a lógica da "luta livre" bizarra, impossível de dissociar da promoção da agressividade.

Poderia ficar dando outros exemplo, mas diante desse leque básico de violência que nos acessa, é evidente a hipocrisia dos meios de comunicação que cegamente priorizam a lógica da audiência/lucro sem levar em conta nenhum aspecto educativo. Inclusive deixando de cumprir seu papel por ter uma concessão pública de mídia, que deveria atender a um conjunto amplo de exigências formativas para cidadania que nunca foram levadas a sério.

E quando se pensa em tocar no assunto, democratizar e regulamentar os meios de comunicação, as poucas famílias que comandam a indústria cultural brasileira, gritam desesperadas que sua liberdade está sendo atacada. As mesmas argumentações que desconstroem o grito contra o politicamente correto valem para esse discurso da elite midiática. Com objetivo de reproduzir privilégios e garantir seus mecanismos de manipulação eles tentam nos convencer que os "ditadores" são aqueles que querem mexer no seu monopólio e no seu poder.

Gente, toda essa hipocrisia não está em uma nuvem, ela tem nome e endereço: Danilo Gentili, Rafinha Bastos, Roger (Ultraje), Rodrigo Constantino, Luiz Felipe Pondé, Reinaldo Azevedo, David Coimbra, Percival Puggina, Marcelo Taz, Demétrio Magnoli, Ali Kamel  e muitos outros. Esses são representantes desse pensamento que confunde licenciosidade com liberdade, direito à diferença com direito ao preconceito.

Para eles, rir, brincar com a condição de outro ser, com a desigualdade, a identidade, a orientação sexual, a cor e a religião de alguém pode ser considerado apenas uma brincadeira. É só uma piada? Ou insulto, alienação, ignorância, discriminação, preconceito e falta de compromisso ético com uma sociedade mais humanizada, mais respeitosa?

Pessoas que não sofrem diuturnamente com o preconceito e com violência, caso não se disponham a entender o mundo em que vivem, estão suscetíveis a reproduzir valores e pensamentos (em formato de piada ou não) que corroboram com injustiças inaceitáveis.  No Rio Grande do Sul, infelizmente, temos uma formação cultural preconceituosa na sua espinha dorsal, os lugares sociais dos negros e dos homossexuais estão historicamente demarcados no imaginário coletivo, mesmo a elite intelectual, aquela que acessa o ensino superior, reproduz pensamentos antiquados.
Isso é visivelmente enraizado, principalmente, nas gerações que estão acima dos 50 anos, viveram quase toda sua vida imersos em ambientes que fazer piada de preto e bicha eram coisas normais, em que gay era ligado a promiscuidade e Aids, em que negros não frequentavam clubes sociais por todo o estado. Essa geração retroalimentou ignorâncias e passou para seus filhos e netos, haja vista, o quão normal é ouvirmos comentários e opiniões extremamente preconceituosas nos nossos meios familiares e sociais.

Desnecessário dizer que essa análise não pretende generalizar, mas mostrar como estamos diante de confusões sérias, que induzem pessoas bem intencionadas a repetir mantras que não os representam. A internet abriu a possibilidade de lermos mais, todavia, intensificou o que chamo de "opinismo instantâneo", as pessoas opinam e compartilham conteúdo mais rapidamente que os leem com acuro.
Vamos ficar atentos ao fato de que muitas pessoas estão incomodadas com a transição civilizatória e institucional que estamos vivendo, elas querem manter "aquele tipo de gente no seu lugar", elas estão acostumadas com pobres, negros e gays em determinada posição social que não é na parte de cima da pirâmide, essa "cobertura" é delas. Quando alguém se levanta, exige respeito e mudanças, gera desconforto e então entra em ação o grupo supracitado das "pessoas de bem" e "defensores das liberdades de expressão". Esse grupo formula esse tecido argumentativo conservador e demagógico para anestesiar as mentes que poderiam aderir a um projeto ético e político de sociedade que promova rupturas radicais com a moralidade e as condições sociais atuais.

Hipócritas são atores como vimos, buscam convencer os outros de algo que não é real, por isso são demagogos, palavra que também vem do grego, demos = povo e agogos = conduzir, demagogia seria a arte ou poder de conduzir o povo. É uma forma de atuação política na qual existe um claro interesse em manipular ou agradar todos, visando apenas a conquista do poder político ou ideológico.

Não vamos cair nesse conto atrasado, que justifica violências de todos os tipos.







23 de setembro de 2014

O pensamento aberto de Michel Foucault


Não é exagero afirmar que, em Michel Foucault (1926-1984), vida e obra aparecem interligadas, numa demonstração de que a busca pelo saber caminha lado a lado com o prazer. E foi assim que o autor de "Vigiar e Punir" construir seu pensamento, cuja abrangência alcança diversas áreas do conhecimento. Celebrada em vida, sua produção intelectual mostra-se cada vez mais atual. Seu principal mérito talvez tenha sido o de ousar e pensar de outra maneira. A constatação aparece no discurso do filósofo argentino Edgardo Castro, reconhecido como um dos maiores estudiosos do pensador francês, no fim do último dos quatro capítulos que compõe o livro "Introdução a Foucault".

A obra acaba de ser lançada pela série FilôMargens, da mineira Autêntica. Do mesmo autor, a editora já havia um volume intitulado "Vocabulário de Foucault", reunindo em verbetes os principais conceitos e temas do autor; e um complexo estudo de apresentação à filosofia fo italiano Giorgio Agamben. A obra sobre Foucault chega ao mercado no ano que marca três décadas da morte do pensador francês, cujos conceitos tem por base as suas investigações sobre temas como poder, sexualidade, saber e loucura, e servem de pistas para a compreensão da sociedade contemporânea.

Foucault: principais conceitos do filósofo são
abordados em livro introdutório de Edgardo
Castro.
Na apresentação do livro, Castro acena com uma boa notícia: "o ciclo das publicações dos textos de Foucault não está fechado". O autor analisa, comenta e traz à luz dos dias atuais o pensamento foucaultiano, desde as concepções sobre poder, passando pelo surgimento da sociedade vigiada (a exemplo da contemporânea).

A ideia de uma sociedade vigiada tem como base a concepção do olho de Deus que tudo enxerga, passa pelo conceito do pan-óptico - sistema de vigilância criado para supervisionar as atividades em fábricas, prisões, hospitais, escolas, dentre outras instituições. O estudo de Castro estende-se aos conceitos de biopoder e biopolítica, aparecem nos últimos cursos do pensador, que deixa uma obra em aberto.

A afirmação de Castro não fica apenas no campo metafórico, ou seja, fazendo alusão ao pensamento do autor que continua sendo revisitado. "Não só porque não apareceram senão dois de seus 13 cursos no Collège de France, mas por que o arquivo Foucault, agora, depositado na Bibliothèque Nationale de France, compreende aproximadamente 40 mil folhas inéditas, entre as quais se encontram o quarto tomo de 'História da Sexualidade', 'As confissões da carne', e três dezenas de cadernos, diário intelectual no qual Foucault registrou suas leituras e reflexões desde 1961 até sua morte". Vale lembrar que não chegou a corrigir a versão final do quarto volume da "História da Sexualidade", como este, outros trabalhos ficaram sem terminar, sublinha Castro.

Panorâmica

Em "Introdução a Foucault", o filósofo argentino projeta uma panorâmica sobre a obra e a vida do mestre francês, que defendia ser a vida concebida como uma obra de arte. E foi assim que traçou a sua trajetória, elegendo o prazer pelo saber como ponto de partida para construir a sua vida-obra.

Castro aborda desde as primeiras publicações, passando por temas centrais de sua tese de doutorado, considerações sobre o nascimento das ciências humanas, o pensamento sobre a política moderna a partir da relação Estado/mercado/empresa no liberalismo e no neoliberalismo. Destaca, ainda, o campo da subjetividade, entrando na seara do discurso, enfatizando tanto o que é dito quanto o silêncio.

Para Foucault, aquilo que não foi dito também faz parte do discurso. Muitas vezes, o não-dito, materializado no silêncio, acontece devido à relação de poder que permeia os atores do discurso. Produção múltipla, a obra foucaultiana perpassa a filosofia, a linguística, o direito, as artes e a comunicação social. Sua escrita chega a se confundir com a própria vida, daí alguns estudiosos defenderem que sua obra é autobiográfica também.

Foucault conheceu os altos e baixos de uma vida ordinária, até se tornar célebre, mas sem fazer disso uma meta. Aconteceu em função da sua busca pelo saber, o que significou, muitas vezes, remar contra a corrente. Daí a beleza e a autenticidade de sua teoria. Nunca tentou descobrir o que é poder, preferindo enveredar pelas entrelinhas, na tentativa de descobrir como as relações são construídas e permeadas por essa força, que se enraíza em toda a malha social. Com produção teórica construída ao longo de três décadas, Foucault continua surpreendendo pelas ideias atuais, conquistando as novas gerações.

Obra de arte

A comparação da vida à obra de arte se encaixa perfeitamente no sujeito Foucault, que foi um dos estudiosos que dosou obra e engajamento político. O que significa dizer que, em alguns momentos, o intelectual deve ter uma participação ativa, como aconteceu no Maio de 1968, na França, ao lado de outros intelectuais, quando apontou um novo campo de atuação dos pensadores. Hoje, com o recrudescimento dos movimentos sociais, mais uma vez, intelectuais são chamados a tomar uma posição, mostrando, também, a atualidade do seu pensamento.

Ao passar em revista a obra de um clássico contemporâneo, Edgardo Castro mostra que a obra do pesquisador francês é uma demonstração da sua forma de estar no mundo, além de ser carregada de subjetividade. É possível perceber, ainda, que toma como ponto de partida para a construção de suas teorias, resultado de quase três décadas de estudo, inquietações que marcaram a sua trajetória de vida, perseguindo a compreensão da sociedade ocidental.

Os estudos foucaultianos começam a partir de análises de fenômenos da modernidade, para depois desembocar nos períodos medieval e antigo, fazendo trajetória cronológica inversa. A religião, em especial o cristianismo, é outro objeto de estudo, sobretudo as confissões.

Normas

Os campos de investigações servem de indícios para a construção de uma sociedade normatizada e disciplinada, tema que aparece com insistência em sua narrativa teórica. Assim como governamentalidade, ética, repressão e vigilância. Em cada um dos capítulos, o autor detalha os eixos temáticos que aparecem na obra foucaultiana. No primeiro, aborda a problemática das ciências humanas e suas relações com a filosofia. No segundo, trata "da linguagem da literatura e o discurso dos saberes".

Enquanto no terceiro, enfatiza questões como normatização da sociedade e "governamentalidade", tratando de verdade e ética, no quarto e último capítulo. "Não nos surpreende, por isso, que o autor pôde dizer que, finalmente, não é o poder, mas o sujeito o tema geral das investigações". Para Foucault, o saber, o poder ou o sujeito só existem no plural e sem nenhuma identidade que transcenda suas múltiplas formas históricas.


Via Diário do Nordeste

22 de setembro de 2014

Altaneira ganha nova opção de lazer


De simples espaço criado através da iniciativa particular objetivando inserir a juventude na prática esportiva, a trilha sítio poças vem aos poucos ganhando adesão de mais jovens e se tornando, não só um ambiente esportivo a partir do ciclismo, mas principalmente uma área de lazer.

Professores Fabrício Ferraz, Heloisa Bitu e Paulo Robson foram os últimos a perceberem na bicicleta uma oportunidade de
adquirir lazer. Quadro montado por este blogueiro a partir de imagens divulgadas na rede social facebook.
O projeto libera aos finais de semanas para a competição municipal de ciclismo na categoria MTB e envolve não só os altaneirenses, mas também praticantes do MTB em outros municípios. Toda via, o ciclismo vem deixando de ser apenas encarado como esporte, como treinamento para finalidades competitivas e sim em um ato que desemboca no lazer extrapolando os limites da trilha. A cada semana percebe-se que mais bicicletas estão sendo adquiridas.

Usar bicicletas para se deslocar de Altaneira a Nova Olinda ao invés de automóveis é um passo fundamental para ajudar o meio ambiente. Talvez seja isso mesmo que esteja faltando também em Altaneira, se oportunizar do lazer com o cuidado ao meio ambiente. Afinal de contas é nesse momento que as pessoas saem às ruas, sentem o sol, conversam ao ar livre e apreciam as belezas naturais que são imperceptíveis na correria do dia- a dia e que estão sendo evidenciadas pelo curso de condutores de trilha.

Mesmo considerando que o número de bicicletas ainda é limitado e que o custo para os fins da competição não está acessível a muitos jovens, há que se considerar o incremento desta como louvável. E espera-se que a cada dia o lazer seja associado não só a diversão em bares nos fim de semanas ou que andem nesta não somente por esportes.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Luísa Mahin


Africana guerreira, teve importante papel na Revolta dos Malês, na Bahia. Além de sua herança de luta, deixou-nos seu filho, Luiz Gama, poeta e abolicionista. Pertencia à etnia jeje, sendo transportada para o Brasil, como escrava. Outros se referem a ela como sendo natural da Bahia e tendo nascido livre por volta de 1812. Em 1830 deu à luz um filho que mais tarde se tornaria poeta e abolicionista. O pai de Luiz Gama era português e vendeu o próprio filho, por dívida, aos 10 anos de idade, a um traficante de escravos, que levou para Santos.

Luiza Mahin foi uma mulher inteligente e rebelde. Sua casa tornou-se quartel general das principais revoltas negras que ocorreram em Salvador em meados do século XIX. Participou da Grande Insurreição, a Revolta dos Malês, última grande revolta de escravos ocorrida na Capital baiana em 1835. Luiza conseguiu escapar da violenta repressão desencadeada pelo Governo da Província e partiu para o Rio de Janeiro, onde também parece ter participado de outras rebeliões negras, sendo por isso presa e, possivelmente, deportada para a África. 

Luiz Gama escreveu sobre sua mãe: "Sou filho natural de uma negra africana, livre da nação nagô, de nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa, magra, bonita, a cor de um preto retinto, sem lustro, os dentes eram alvíssimos, como a neve. Altiva, generosa, sofrida e vingativa. Era quitandeira e laboriosa". Luiza Mahin teve outro filho, lembrado em versos por Luiz Gama, cuja história é ignorada.

Em 9 de março de 1985, o nome de Luiza Mahin foi dado a uma praça pública, no bairro da Cruz das Almas, em São Paulo, área de grande concentração populacional negra, por iniciativa do Coletivo de Mulheres Negras/SP.


21 de setembro de 2014

Do Carta Capital: “Danilo Gentili é mais que um rematado idiota, é um covarde”


Acabou A Grande Família, depois de 13 anos quase ininterruptos, e acabou em grande estilo, com artimanha de metalinguagem, o último capítulo brincando de ficção em dobro. Deixa saudade. Vai embora, na Globo, a longeva família suburbana e fica, no SBT, a molecagem subintelectual de The Noite. Danilo Gentili é um rematado idiota e, não satisfeito, ainda se cerca de sumidades anedóticas como aquele Roger, sempre um Ultraje.

Luciana humilha o escorpião, perdão, o anfitrião.
Gentili construiu sua, hum, notoriedade graças ao episódio que este colunista testemunhou: a suposta agressão por parte de guarda-costas de Sarney, durante a comemoração da vitória de Dilma Rousseff em 2010, num hotel de Brasília. Na verdade, foi o varapau vira-latas que, no acotovelo da multidão, se arremessou sobre o ex-presidente, com aquela grosseria que caracteriza o padrão Pânico de provocação e desrespeito. Já o Roger vangloria-se de um QI à altura do Everest, que ele prefere sonegar à tevê, e escora sua sapiência nos anos de autoexílio na América, onde, a julgar pelo que diz, deve ter cumprido um proveitoso estágio na Ku Klux Klan.

Bastaram 20 minutos, nesta semana, para que ruíssem estrepitosamente o arcabouço ideológico e a fraude ética que sustentam todo aquele esforçado exercício de gracinhas e de torpezas. Luciana Genro, candidata do PSOL à Presidência, aceitou submeter-se ao risco mais do que previsível do deboche. Atrevida, a moça. Sua firmeza desarmou os engraçadinhos. Sua sinceridade levou-a a recomendar ao, bem, entrevistador: “Se tu estudar um pouquinho...”

As redes sociais extrapolaram o episódio, mas na verdade Luciana disse-o sem agressividade. O, vá lá, anfitrião, em resposta humilhada, postou uma montagem relacionando a candidata ao ídolo dele, Adolf Hitler. Mostrou que, além de idiota, é um covarde.

Sobrevivência das rádios comunitárias fica nas mãos do Senado


Rádio comunitária é uma emissora de baixa potência e cobertura restrita, sem fins lucrativos ou vínculos partidários e religiosos, que serve de canal de comunicação dentro de uma comunidade para a difusão de ideias, elementos de cultura, tradições e hábitos. Esta é a definição contida na legislação e a Lei que normatiza o tema é a 9.612, de 1998.

Mas a relevância social não está garantindo a sobrevivência das rádios comunitárias, o que pede uma ação mais focada.

Francilene Oliveira, João Alves e Flávia Regina integram a equipe do jornal Notícias em Destaque, da Rádio Comunitária
Altaneira FM. Quadro montado por este blogueiro.
Dois projetos que permitiriam a subsistência financeira dessas emissoras aguardam definição no Senado. Um deles é do senador licenciado Marcelo Crivella (PRB-RJ), através do PLS 524/2007, que permite às rádios comunitárias transmitir publicidade comercial, desde que restrita aos estabelecimentos das comunidades atendidas.

O outro projeto, o PLS 629/2011, do senador Paulo Paim (PT-RS) inclui as emissoras comunitárias na Lei de Incentivo à Cultura (Lei 8.313/1991).

Os projetos tramitam em conjunto depois da aprovação de requerimento apresentado pelo Senador Romero Jucá (PMDB-RR) no final do ano passado.

Crivella enfatizou a importância do serviço prestado pelas rádios comunitárias às comunidades mais carentes, mas que precisam sobreviver à custa de “esmolas”. Dentro deste raciocínio, identificou a necessidade de permitir a veiculação de propaganda e publicidade em sua programação. O PLS, de sua autoria, também limita o tempo de propaganda e publicidade na programação da emissora comunitária em dez minutos diários.

O fato de as rádios comunitárias estarem vinculadas a instituições sem fins lucrativos, não significa que elas não possam captar recursos para sua própria sobrevivência, via comércio de publicidade local”, foi a justificativa de Crivella.

Ele também aponta um rigor muito grande da legislação com as rádios comunitárias. “Talvez por isso, das cerca de 15 mil rádios existentes, apenas 3 mil estejam em situação legal. O restante opera de forma marginal”, acrescentou, na justificação do projeto.

No caso de Paulo Paim, a solução encontrada por ele foi estimular a participação da iniciativa privada no setor, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet. Em seu projeto, cidadãos e empresas podem aplicar parte do Imposto de Renda devido nas rádios comunitárias, assim como já acontece com ações culturais.

Paim observa que a questão do financiamento das atividades das rádios comunitárias nunca foi adequadamente equacionada. “A legislação em vigor admite apenas o patrocínio como apoio cultural de estabelecimentos situados na área da comunidade. Isso não é suficiente para atender às necessidades das rádios comunitárias”, argumenta.

Tramitação

O PLS 629/2011 já havia sido aprovado pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) e contava com parecer favorável na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), mas, em virtude da aprovação do requerimento de tramitação conjunta com o PLS 524/2007, foi dado novo despacho.

A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) ficou encarregada de elaborar relatório sobre os dois projetos na CAE. Essas propostas ainda precisarão ser analisadas pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) e, depois, pela CCT, onde deverão ter decisão final.


Com Gsn e Portal Geledés

20 de setembro de 2014

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Luiz Gama


Em 23 de setembro de 1870, 12 anos antes de sua morte, em São Paulo, Luiz Gama legava como herança para o seu único filho, Benedito Graco Pinto da Gama, conselhos e exemplos de vida de um homem que fez de sua existência na terra uma luta constante e incansável pela abolição da escravidão e pelo fim da monarquia no Brasil. No século XIX, ser negro não era necessariamente sinônimo de ser escravo. Havia africanos livres que vieram para terras brasileiras por conta do comércio transatlântico e aqui viviam, alguns aqui nasciam e permaneciam livres e outros tantos que conseguiram comprar a própria liberdade e até mesmo provar na Justiça que eram livres. Luiz Gama, paradoxalmente, viveu essas duas realidades.

No rol dos brasileiros esquecidos, negligenciados pela historiografia, despontou, durante muitos anos, Luiz Gama. Graças, no entanto, ao esforço de intelectuais, pesquisadores e instituições, felizmente esse cenário vem mudando nos últimos anos.

Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu em Salvador, Bahia, em 21 de julho de 1830, filho de uma negra livre, Luíza Mahin, e de um fidalgo branco de origem portuguesa (cujo nome jamais citou). Gama veio ao mundo na condição de negro livre. Sua mãe, segundo ele mesmo conta, participou da Revolta dos Malês, em 1835, a maior rebelião de escravos do Brasil, e da Sabinada, em 1837, que proclamou a República Bahiense, era uma verdadeira revolucionária. Devido à participação nessas revoltas, Luiza teve que fugir para o Rio de Janeiro, deixando Gama aos cuidados do pai e sem qualquer informação posterior sobre ela. Por um ano, Luiz Gama viveu sob os cuidados do pai, que o vendeu quando contava dez anos de idade, na condição de escravo, segundo consta, para pagar dívidas de jogo. Foi assim que, da noite para o dia, um ser humano livre e dono de si, tornou-se uma “peça”, um escravo. Daí iniciou a trajetória de superação que faria de Luiz Gama um exemplo para negros e brancos na sua luta obstinada pelo fim da escravidão.

Na condição de escravo, Gama fora contrabandeado para o Rio de Janeiro onde foi vendido ao negociante, contrabandista e alferes, Antônio Pereira Cardoso e levado para ser revendido em São Paulo. O fato de ser baiano fazia de Gama um escravo indesejado onde quer que fosse colocado à venda. A história de revoltas de escravos na Bahia dava aos negros vindos de lá o título de revoltosos e insubordinados. Foi assim que, não conseguindo vender a criança e outro escravo também baiano a nenhum fazendeiro no estado de São Paulo, restou a Antônio Cardoso levá-los para a sua própria fazenda. O jovem Luiz aprendeu a trabalhar como copeiro e sapateiro, a lavar e consertar roupas.

Aos dezoito anos de idade, Luiz Gama aprendeu a ler e escrever com a ajuda do jovem Antônio Rodrigues do Prado Júnior, que se hospedava na casa de seu senhor. Nessa idade, Gama conseguiu “secretamente”, segundo ele, as provas de sua liberdade. Foge da casa do seu dono e ingressa na Marinha de Guerra, na qual serviu por 6 anos, alcançando a patente de cabo-de-esquadra. Após ato de insubordinação a um oficial, nas suas palavras, insolente, Gama ficou 39 dias preso, sendo expulso em seguida daquela força. Em 1856, torna-se amanuense  da Secretaria de Polícia da Província de São Paulo. Gama frequentou, por algum tempo, como ouvinte, a Faculdade de Direito de São Paulo, onde sofreu preconceito e repulsa de professores e estudantes, à época todos brancos e quase sempre de origem aristocrática. Sem diploma de bacharel em Direito, torna-se um rábula  e liberta, pela via judicial, mais de 500 escravos do cativeiro. Um feito sem igual na história mundial da advocacia Quando não conseguia libertar um escravo nos tribunais, comprava a alforria com dinheiro arrecadado por ele mesmo através de esmolas, às vezes com a ajuda dos irmãos da Maçonaria ou dos membros do Círculo Operário Italiano.

Poeta, Luiz Gama lança, em 1859, o livro Primeiras Trovas Burlescas, conjunto de poemas líricos e de crítica social e política. A partir da década de 1860, passou a contribuir ativamente em vários jornais da imprensa paulista, entre eles o Diabo coxo (1864-1865) e Cabrião (1866-1865), primeiros periódicos ilustrados de São Paulo, os quais ele ajudou a fundar. Durante sua vida, sempre utilizou da imprensa em prol da causa abolicionista e republicana.

O prestígio de Gama, amealhado por conta das suas sucessivas vitórias nos tribunais na libertação de cativos, muitos escravizados ilegalmente, ultrapassou as fronteiras de São Paulo atraindo escravos de outras províncias. Nesse período, ele ganhou o epíteto “O terror dos fazendeiros”. Junto ao título de libertador vieram as ameaças de morte por parte daqueles que se sentiam incomodados com a ação de Gama. Foram essas ameaças que o levaram a escrever a carta- herança a seu filho em 1870.

Na esfera política, a luta de Gama caracterizou-se pela defesa de uma república brasileira, os “Estados Unidos do Brasil”. Fez parte da Convenção de Itú em que fora criado o Partido Republicano Paulista (PRP). Consciente de que naquele espaço dominado por fazendeiros e senhores de escravos suas ideias abolicionistas não encontrariam apoio, passou a denunciá-los e condená-los de todas as formas. Apesar das decepções com o PRP, Gama continuou fiel às ideias republicanas.

Com o passar dos anos, o vigor mental do revolucionário abolicionista permanecia irretocável, todavia o seu corpo não mais respondia com tanta vontade. Em 1882, o diabetes já dificultava sua locomoção. Na manhã de 24 de agosto daquele mesmo ano, Gama perdeu a fala e, mesmo diante dos esforços de mais de vinte médicos, faleceu naquela mesma tarde, aos 52 anos de idade.

Nunca antes tinha se visto tamanha quantidade de pessoas em um cortejo fúnebre na cidade de São Paulo. As ruas foram enfeitadas como nas mais importantes datas festivas do ano e o comércio cerrou as portas em sinal de luto. Brancos, negros, pobres e ricos, anônimos e figuras ilustres, muitos foram aqueles que acompanharam o féretro de Luiz Gama. Entre paradas e discursos, o povo conduziu o corpo do herói abolicionista por mais de três horas, de sua casa, onde esteve sendo velado, até o Cemitério da Consolação. Sobre o seu caixão, juraram todos manter viva a luta em favor da abolição da escravidão e pelo fim da monarquia.

Luiz Gama legou à causa antiescravagista o Centro Abolicionista, com forte participação de seu amigo Antônio Bento, que tinha como presidente Alcides Lima. Alguns dias antes de sua morte, foi publicado o primeiro jornal do Centro, o Ça Ira, em 19 de agosto de 1882. No jornal, um artigo de Raul Pompéia tinha como subtítulo a frase de Gama: Perante o Direito, é justificável o crime de homicídio perpetrado pelo escravo na pessoa do senhor.

Sob a inspiração e influência de Luiz Gama, seu amigo, o advogado e maçom Antonio Bento de Souza e Castro organizou os Caifazes, movimento radical de libertação de escravos, que organizava fugas coletivas de escravos das fazendas e os encaminhava para o quilombo do Jabaquara, nas cercanias da cidade de Santos.

Luiz Gama, poeta, jornalista e advogado, defensor dos oprimidos, pobre por opção, é o patrono da cadeira nº 15 da Academia Paulista de Letras.