Chico
Preto, ou “Seu Chico Preto” como passou ao imaginário popular altaneirense, foi
um dos poucos homens a fixarem residência no município de Altaneira a
ultrapassar as barreiras dos cem anos.
Negro e trabalhador rural teve como ambiente do seu nascedouro a zona
rural de Crato, em Serra Grande e na década de 60 do século passado encontrou
na recém emancipada politicamente Altaneira o seu recanto, o seu lar.
Foi
neste município que “Seu Chico Preto” viria a encontrar a sua companheira de
vida, a Dona Maria, a “Maria do Café” em alusão a comércio montado que servia
lanches e demais refeições.
Há
duas versões quanto à data do seu nascimento. Conflitos religiosos dão conta que
a data de Chico Preto teria sido alterado, haja vista a grande diferença de
idade entre ele e sua pretensa conjugue. A Igreja, na pessoa de um bispo (na
fonte pesquisada não há menção quanto ao nome do sacerdote) não aceitou a união
dos dois com essa diferença. Ele com 47 anos e Dona Maria tinha no período do
enlace apenas 15 anos. O homem para quem seu Chico trabalhava sugeriu que fosse
feito novos documentos objetivando reduzir a sua idade.
Seu Chico e a História
Chico
Preto, homem negro e de características sociais a margem da sociedade
altaneirense, viveu no mínimo cinco períodos da história política brasileira.
Tendo nascido em 1887 esse cidadão simples e humilde acompanhou o fim do
segundo império brasileiro ainda de fraudas e sendo amamentado. Toda via, toda
a sua adolescência e a fase adulta foi vivenciada nos grilhões dos insurgentes modelos
republicanos que perpassou pela República Velha, subdivida em dois momentos (República
da Espada e República do “Café – com – Leite”). Ele experienciou ainda a
Revolução de 30 que instaurou a “Era Vargas”.
É digno de registro ainda que “Seu Chico Preto” presenciou de longe o
período assombroso que o Brasil passou entre os anos de 1964 a 1985 (Ditadura
Civil-Militar) e acompanhou também a redemocratização e o nascimento da Constituição
Cidadã promulgada em 1988.
Ele,
porém, não chegou a acompanhar um dos momentos mais emblemáticos e inusitados
da recente história política de Altaneira – a eleição suplementar ocorrida em
outubro de 2010 em face da anulação do processo eleitoral de 2008. Fato esse
surgido em virtude dos gestores Antonio Dorival e Francisco Fenelon terem sido
cassados por abuso de poder político.
A
borracharia localizada na Rua Apolônio de Oliveira, no centro do
município, o café de sua esposa – ora no comercio, ora em um prédio na Rua
Padre Agamenon Coelho e o Bar de Daice eram seus pontos de referência e de
lazer.
De
uma saúde admirável ele viveu um século e uma década, mais precisamente 119
anos. Não se tem notícias de que alguma doença grave tenha sido a causa da sua morte
ocorrida em 2006.