Altaneira ganha nova opção de lazer


De simples espaço criado através da iniciativa particular objetivando inserir a juventude na prática esportiva, a trilha sítio poças vem aos poucos ganhando adesão de mais jovens e se tornando, não só um ambiente esportivo a partir do ciclismo, mas principalmente uma área de lazer.

Professores Fabrício Ferraz, Heloisa Bitu e Paulo Robson foram os últimos a perceberem na bicicleta uma oportunidade de
adquirir lazer. Quadro montado por este blogueiro a partir de imagens divulgadas na rede social facebook.
O projeto libera aos finais de semanas para a competição municipal de ciclismo na categoria MTB e envolve não só os altaneirenses, mas também praticantes do MTB em outros municípios. Toda via, o ciclismo vem deixando de ser apenas encarado como esporte, como treinamento para finalidades competitivas e sim em um ato que desemboca no lazer extrapolando os limites da trilha. A cada semana percebe-se que mais bicicletas estão sendo adquiridas.

Usar bicicletas para se deslocar de Altaneira a Nova Olinda ao invés de automóveis é um passo fundamental para ajudar o meio ambiente. Talvez seja isso mesmo que esteja faltando também em Altaneira, se oportunizar do lazer com o cuidado ao meio ambiente. Afinal de contas é nesse momento que as pessoas saem às ruas, sentem o sol, conversam ao ar livre e apreciam as belezas naturais que são imperceptíveis na correria do dia- a dia e que estão sendo evidenciadas pelo curso de condutores de trilha.

Mesmo considerando que o número de bicicletas ainda é limitado e que o custo para os fins da competição não está acessível a muitos jovens, há que se considerar o incremento desta como louvável. E espera-se que a cada dia o lazer seja associado não só a diversão em bares nos fim de semanas ou que andem nesta não somente por esportes.

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Luísa Mahin


Africana guerreira, teve importante papel na Revolta dos Malês, na Bahia. Além de sua herança de luta, deixou-nos seu filho, Luiz Gama, poeta e abolicionista. Pertencia à etnia jeje, sendo transportada para o Brasil, como escrava. Outros se referem a ela como sendo natural da Bahia e tendo nascido livre por volta de 1812. Em 1830 deu à luz um filho que mais tarde se tornaria poeta e abolicionista. O pai de Luiz Gama era português e vendeu o próprio filho, por dívida, aos 10 anos de idade, a um traficante de escravos, que levou para Santos.

Luiza Mahin foi uma mulher inteligente e rebelde. Sua casa tornou-se quartel general das principais revoltas negras que ocorreram em Salvador em meados do século XIX. Participou da Grande Insurreição, a Revolta dos Malês, última grande revolta de escravos ocorrida na Capital baiana em 1835. Luiza conseguiu escapar da violenta repressão desencadeada pelo Governo da Província e partiu para o Rio de Janeiro, onde também parece ter participado de outras rebeliões negras, sendo por isso presa e, possivelmente, deportada para a África. 

Luiz Gama escreveu sobre sua mãe: "Sou filho natural de uma negra africana, livre da nação nagô, de nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa, magra, bonita, a cor de um preto retinto, sem lustro, os dentes eram alvíssimos, como a neve. Altiva, generosa, sofrida e vingativa. Era quitandeira e laboriosa". Luiza Mahin teve outro filho, lembrado em versos por Luiz Gama, cuja história é ignorada.

Em 9 de março de 1985, o nome de Luiza Mahin foi dado a uma praça pública, no bairro da Cruz das Almas, em São Paulo, área de grande concentração populacional negra, por iniciativa do Coletivo de Mulheres Negras/SP.


Do Carta Capital: “Danilo Gentili é mais que um rematado idiota, é um covarde”


Acabou A Grande Família, depois de 13 anos quase ininterruptos, e acabou em grande estilo, com artimanha de metalinguagem, o último capítulo brincando de ficção em dobro. Deixa saudade. Vai embora, na Globo, a longeva família suburbana e fica, no SBT, a molecagem subintelectual de The Noite. Danilo Gentili é um rematado idiota e, não satisfeito, ainda se cerca de sumidades anedóticas como aquele Roger, sempre um Ultraje.

Luciana humilha o escorpião, perdão, o anfitrião.
Gentili construiu sua, hum, notoriedade graças ao episódio que este colunista testemunhou: a suposta agressão por parte de guarda-costas de Sarney, durante a comemoração da vitória de Dilma Rousseff em 2010, num hotel de Brasília. Na verdade, foi o varapau vira-latas que, no acotovelo da multidão, se arremessou sobre o ex-presidente, com aquela grosseria que caracteriza o padrão Pânico de provocação e desrespeito. Já o Roger vangloria-se de um QI à altura do Everest, que ele prefere sonegar à tevê, e escora sua sapiência nos anos de autoexílio na América, onde, a julgar pelo que diz, deve ter cumprido um proveitoso estágio na Ku Klux Klan.

Bastaram 20 minutos, nesta semana, para que ruíssem estrepitosamente o arcabouço ideológico e a fraude ética que sustentam todo aquele esforçado exercício de gracinhas e de torpezas. Luciana Genro, candidata do PSOL à Presidência, aceitou submeter-se ao risco mais do que previsível do deboche. Atrevida, a moça. Sua firmeza desarmou os engraçadinhos. Sua sinceridade levou-a a recomendar ao, bem, entrevistador: “Se tu estudar um pouquinho...”

As redes sociais extrapolaram o episódio, mas na verdade Luciana disse-o sem agressividade. O, vá lá, anfitrião, em resposta humilhada, postou uma montagem relacionando a candidata ao ídolo dele, Adolf Hitler. Mostrou que, além de idiota, é um covarde.

Sobrevivência das rádios comunitárias fica nas mãos do Senado


Rádio comunitária é uma emissora de baixa potência e cobertura restrita, sem fins lucrativos ou vínculos partidários e religiosos, que serve de canal de comunicação dentro de uma comunidade para a difusão de ideias, elementos de cultura, tradições e hábitos. Esta é a definição contida na legislação e a Lei que normatiza o tema é a 9.612, de 1998.

Mas a relevância social não está garantindo a sobrevivência das rádios comunitárias, o que pede uma ação mais focada.

Francilene Oliveira, João Alves e Flávia Regina integram a equipe do jornal Notícias em Destaque, da Rádio Comunitária
Altaneira FM. Quadro montado por este blogueiro.
Dois projetos que permitiriam a subsistência financeira dessas emissoras aguardam definição no Senado. Um deles é do senador licenciado Marcelo Crivella (PRB-RJ), através do PLS 524/2007, que permite às rádios comunitárias transmitir publicidade comercial, desde que restrita aos estabelecimentos das comunidades atendidas.

O outro projeto, o PLS 629/2011, do senador Paulo Paim (PT-RS) inclui as emissoras comunitárias na Lei de Incentivo à Cultura (Lei 8.313/1991).

Os projetos tramitam em conjunto depois da aprovação de requerimento apresentado pelo Senador Romero Jucá (PMDB-RR) no final do ano passado.

Crivella enfatizou a importância do serviço prestado pelas rádios comunitárias às comunidades mais carentes, mas que precisam sobreviver à custa de “esmolas”. Dentro deste raciocínio, identificou a necessidade de permitir a veiculação de propaganda e publicidade em sua programação. O PLS, de sua autoria, também limita o tempo de propaganda e publicidade na programação da emissora comunitária em dez minutos diários.

O fato de as rádios comunitárias estarem vinculadas a instituições sem fins lucrativos, não significa que elas não possam captar recursos para sua própria sobrevivência, via comércio de publicidade local”, foi a justificativa de Crivella.

Ele também aponta um rigor muito grande da legislação com as rádios comunitárias. “Talvez por isso, das cerca de 15 mil rádios existentes, apenas 3 mil estejam em situação legal. O restante opera de forma marginal”, acrescentou, na justificação do projeto.

No caso de Paulo Paim, a solução encontrada por ele foi estimular a participação da iniciativa privada no setor, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet. Em seu projeto, cidadãos e empresas podem aplicar parte do Imposto de Renda devido nas rádios comunitárias, assim como já acontece com ações culturais.

Paim observa que a questão do financiamento das atividades das rádios comunitárias nunca foi adequadamente equacionada. “A legislação em vigor admite apenas o patrocínio como apoio cultural de estabelecimentos situados na área da comunidade. Isso não é suficiente para atender às necessidades das rádios comunitárias”, argumenta.

Tramitação

O PLS 629/2011 já havia sido aprovado pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) e contava com parecer favorável na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), mas, em virtude da aprovação do requerimento de tramitação conjunta com o PLS 524/2007, foi dado novo despacho.

A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) ficou encarregada de elaborar relatório sobre os dois projetos na CAE. Essas propostas ainda precisarão ser analisadas pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) e, depois, pela CCT, onde deverão ter decisão final.


Com Gsn e Portal Geledés

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Luiz Gama


Em 23 de setembro de 1870, 12 anos antes de sua morte, em São Paulo, Luiz Gama legava como herança para o seu único filho, Benedito Graco Pinto da Gama, conselhos e exemplos de vida de um homem que fez de sua existência na terra uma luta constante e incansável pela abolição da escravidão e pelo fim da monarquia no Brasil. No século XIX, ser negro não era necessariamente sinônimo de ser escravo. Havia africanos livres que vieram para terras brasileiras por conta do comércio transatlântico e aqui viviam, alguns aqui nasciam e permaneciam livres e outros tantos que conseguiram comprar a própria liberdade e até mesmo provar na Justiça que eram livres. Luiz Gama, paradoxalmente, viveu essas duas realidades.

No rol dos brasileiros esquecidos, negligenciados pela historiografia, despontou, durante muitos anos, Luiz Gama. Graças, no entanto, ao esforço de intelectuais, pesquisadores e instituições, felizmente esse cenário vem mudando nos últimos anos.

Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu em Salvador, Bahia, em 21 de julho de 1830, filho de uma negra livre, Luíza Mahin, e de um fidalgo branco de origem portuguesa (cujo nome jamais citou). Gama veio ao mundo na condição de negro livre. Sua mãe, segundo ele mesmo conta, participou da Revolta dos Malês, em 1835, a maior rebelião de escravos do Brasil, e da Sabinada, em 1837, que proclamou a República Bahiense, era uma verdadeira revolucionária. Devido à participação nessas revoltas, Luiza teve que fugir para o Rio de Janeiro, deixando Gama aos cuidados do pai e sem qualquer informação posterior sobre ela. Por um ano, Luiz Gama viveu sob os cuidados do pai, que o vendeu quando contava dez anos de idade, na condição de escravo, segundo consta, para pagar dívidas de jogo. Foi assim que, da noite para o dia, um ser humano livre e dono de si, tornou-se uma “peça”, um escravo. Daí iniciou a trajetória de superação que faria de Luiz Gama um exemplo para negros e brancos na sua luta obstinada pelo fim da escravidão.

Na condição de escravo, Gama fora contrabandeado para o Rio de Janeiro onde foi vendido ao negociante, contrabandista e alferes, Antônio Pereira Cardoso e levado para ser revendido em São Paulo. O fato de ser baiano fazia de Gama um escravo indesejado onde quer que fosse colocado à venda. A história de revoltas de escravos na Bahia dava aos negros vindos de lá o título de revoltosos e insubordinados. Foi assim que, não conseguindo vender a criança e outro escravo também baiano a nenhum fazendeiro no estado de São Paulo, restou a Antônio Cardoso levá-los para a sua própria fazenda. O jovem Luiz aprendeu a trabalhar como copeiro e sapateiro, a lavar e consertar roupas.

Aos dezoito anos de idade, Luiz Gama aprendeu a ler e escrever com a ajuda do jovem Antônio Rodrigues do Prado Júnior, que se hospedava na casa de seu senhor. Nessa idade, Gama conseguiu “secretamente”, segundo ele, as provas de sua liberdade. Foge da casa do seu dono e ingressa na Marinha de Guerra, na qual serviu por 6 anos, alcançando a patente de cabo-de-esquadra. Após ato de insubordinação a um oficial, nas suas palavras, insolente, Gama ficou 39 dias preso, sendo expulso em seguida daquela força. Em 1856, torna-se amanuense  da Secretaria de Polícia da Província de São Paulo. Gama frequentou, por algum tempo, como ouvinte, a Faculdade de Direito de São Paulo, onde sofreu preconceito e repulsa de professores e estudantes, à época todos brancos e quase sempre de origem aristocrática. Sem diploma de bacharel em Direito, torna-se um rábula  e liberta, pela via judicial, mais de 500 escravos do cativeiro. Um feito sem igual na história mundial da advocacia Quando não conseguia libertar um escravo nos tribunais, comprava a alforria com dinheiro arrecadado por ele mesmo através de esmolas, às vezes com a ajuda dos irmãos da Maçonaria ou dos membros do Círculo Operário Italiano.

Poeta, Luiz Gama lança, em 1859, o livro Primeiras Trovas Burlescas, conjunto de poemas líricos e de crítica social e política. A partir da década de 1860, passou a contribuir ativamente em vários jornais da imprensa paulista, entre eles o Diabo coxo (1864-1865) e Cabrião (1866-1865), primeiros periódicos ilustrados de São Paulo, os quais ele ajudou a fundar. Durante sua vida, sempre utilizou da imprensa em prol da causa abolicionista e republicana.

O prestígio de Gama, amealhado por conta das suas sucessivas vitórias nos tribunais na libertação de cativos, muitos escravizados ilegalmente, ultrapassou as fronteiras de São Paulo atraindo escravos de outras províncias. Nesse período, ele ganhou o epíteto “O terror dos fazendeiros”. Junto ao título de libertador vieram as ameaças de morte por parte daqueles que se sentiam incomodados com a ação de Gama. Foram essas ameaças que o levaram a escrever a carta- herança a seu filho em 1870.

Na esfera política, a luta de Gama caracterizou-se pela defesa de uma república brasileira, os “Estados Unidos do Brasil”. Fez parte da Convenção de Itú em que fora criado o Partido Republicano Paulista (PRP). Consciente de que naquele espaço dominado por fazendeiros e senhores de escravos suas ideias abolicionistas não encontrariam apoio, passou a denunciá-los e condená-los de todas as formas. Apesar das decepções com o PRP, Gama continuou fiel às ideias republicanas.

Com o passar dos anos, o vigor mental do revolucionário abolicionista permanecia irretocável, todavia o seu corpo não mais respondia com tanta vontade. Em 1882, o diabetes já dificultava sua locomoção. Na manhã de 24 de agosto daquele mesmo ano, Gama perdeu a fala e, mesmo diante dos esforços de mais de vinte médicos, faleceu naquela mesma tarde, aos 52 anos de idade.

Nunca antes tinha se visto tamanha quantidade de pessoas em um cortejo fúnebre na cidade de São Paulo. As ruas foram enfeitadas como nas mais importantes datas festivas do ano e o comércio cerrou as portas em sinal de luto. Brancos, negros, pobres e ricos, anônimos e figuras ilustres, muitos foram aqueles que acompanharam o féretro de Luiz Gama. Entre paradas e discursos, o povo conduziu o corpo do herói abolicionista por mais de três horas, de sua casa, onde esteve sendo velado, até o Cemitério da Consolação. Sobre o seu caixão, juraram todos manter viva a luta em favor da abolição da escravidão e pelo fim da monarquia.

Luiz Gama legou à causa antiescravagista o Centro Abolicionista, com forte participação de seu amigo Antônio Bento, que tinha como presidente Alcides Lima. Alguns dias antes de sua morte, foi publicado o primeiro jornal do Centro, o Ça Ira, em 19 de agosto de 1882. No jornal, um artigo de Raul Pompéia tinha como subtítulo a frase de Gama: Perante o Direito, é justificável o crime de homicídio perpetrado pelo escravo na pessoa do senhor.

Sob a inspiração e influência de Luiz Gama, seu amigo, o advogado e maçom Antonio Bento de Souza e Castro organizou os Caifazes, movimento radical de libertação de escravos, que organizava fugas coletivas de escravos das fazendas e os encaminhava para o quilombo do Jabaquara, nas cercanias da cidade de Santos.

Luiz Gama, poeta, jornalista e advogado, defensor dos oprimidos, pobre por opção, é o patrono da cadeira nº 15 da Academia Paulista de Letras.


EEEP Wellington Belém de Figueiredo desenvolve Campanha de Doação de Livros da Literatura Infanto-Juvenil


A Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo que atende em forma de consórcio os alunos dos municípios de Altaneira, Nova Olinda e Santana do Cariri iniciou na última quinta-feira, 18 de setembro, junto ao corpo discente a “Campanha de Doação de Livros da Literatura Infanto-Juvenil”.

Alunos dos cursos técnico em Redes de Computadores, Finanças, Agronegócio e Edificações da EEEP Wellington Belém
de Figueiredo. Foto: Professora Lucélia Muniz.
A proposta faz parte do Projeto Recortes da Literatura Nordestina que vem sendo desenvolvido desde o mês de junho, da referida instituição de ensino e que tem como coordenadora deste ensaio a professora Lucélia Muniz, do Laboratório de Informática.

A ação tem como objetivos incentivar a leitura e ampliar o acervo da Biblioteca da escola.  A campanha tem como lema “Encha o Balde de Livros” e já conta com a participação dos alunos conforme imagem acima que ilustra esse artigo


Do Fato e a História: “500 anos em 5 segundos”


Há de se fazer algumas ressalvas. Longe de defender o comportamento de Patrícia Moreira - a torcedora do Grêmio que ganhou fama nacional negativamente - temos que considerar alguns elementos que permeiam a nossa sociedade que nos influenciam e influenciamos reciprocamente. Uma dessas influências vem da mídia, que longe de controlar mecanicamente nossos pensamentos, de fato influi diariamente ao estreitar as pautas no noticiário. Outra é o aspecto irracional que aflora em espaços como o estádio de futebol.

Não é apenas a Patrícia, nem apenas o Grêmio. Favor não
generalizar a situação. 
Não me lembro exatamente quem disse isso, mas lembro de uma socióloga ou psicóloga (não lembro onde vi) dizer que o estádio de futebol é o “teatro dos pobres”. Lá vivenciamos emoções variadíssimas, expectativa, tensão, angústia, euforia, paixão, raiva, etc. O nosso lado irracional, responsável pelas nossas emoções, é quem dá o tom de nosso comportamento. Neste ambiente de pura efervescência, nossas ações estão condicionadas a uma psicologia social que está ligada a signos de construção, que nos afirmam e de desconstrução, que tem como objetivo desconstruir o outro. Identificando o outro como um inimigo em potencial (no caso o time adversário) cabe à massa elencar características negativas ao outro, levando-nos a atitudes que costumeiramente são condenáveis em locais de convívio mais ameno e amistoso. 

As atitudes que vimos na Arena do Grêmio e indignou boa parte dos brasileiros, podem ser classificada na mesma categoria do surto de “justiçamentos” ocorridos no início do ano no Brasil, onde o que deu o tom a violência exacerbada foi o instinto coletivo canalizados em desinformações que potencializaram o ódio.

Muito distante de defender Patrícia e os demais racistas do estádio e tampouco querendo fazer chacotas e distribuir palavras agressivas com sua pessoa (para isso a psicologia social já agiu muito bem nas redes sociais) temos que focar o problema em e analisar todos os fenômenos que o interligam, entretanto, há de se fazer com que ela e os demais prestem contas ao que fizeram. De maneira correta e serena. E isso foge de nosso alcance, agora esse papel é da justiça e cabe a ela decidir a respeito do caso. A nós, só resta assistir para onde essa situação vai evoluir. Afinal injúria racial é crime previsto no Artigo 140 parágrafo 3º de nosso Código Penal.

Sabemos que a justiça é mais rápida para condenar quem não detém poder econômico e minorias sociais. Dentre várias pessoas que poderiam ser flagradas, porque apenas uma foi noticiada? É importante lembrar que foi a atitude de Aranha ao indignar-se com a situação foi que fez com que a notícia acontecesse e este solicitava que se gravassem os torcedores que estavam ofendendo-o. Apesar de sucessivos casos de racismo, a forma como se noticia cada um deles, busca isolá-los. Isolou-se o caso de Tinga no Peru, o de Márcio Chagas de Freitas (esse pelo menos o clube prestou contas na justiça desportiva) e o de Daniel Alves, este último inclusive com uma campanha publicitária pseudo-social absurda. Isola-se agora Patrícia como um extraterrestre do restante da torcida e, principalmente, das instituições que lucram com o futebol e não macular o espetáculo com questões sociais. Ao reduzir a notícia ao evento isolado, turva-se a situação para preservar os clubes de futebol, a CBF, e as próprias emissoras de Rádio e TV. A partir daí a notícia não é mais o racismo, mas sua demissão do trabalho, as repercussões negativas em sua vida e, principalmente, a sensação de que a justiça foi feita antecipadamente culpando o sujeito e não procurando promover ações que erradiquem a causa. Afinal o espetáculo (e o lucro) não pode parar.

Agora muito mais que cometer um crime, Patrícia e os demais ainda não identificados ou expostos ao grande público, reproduziram um elemento que é naturalizado em nossa sociedade: a animalização do negro, do afrodescendente e suas variações. Não é incrível que certos comportamentos continuem e provavelmente continuarão atemporais em nossa sociedade? Os signos do negro como uma sub-raça, inapta e deformada moralmente, animalesca em contraponto como virtuoso europeu branco dotado de inteligência infinita e capaz de conduzir o mundo, ainda é muito presente em nosso meio. Ainda mais aqui no Rio Grande do Sul, orgulhoso por ser a “Europa do Brasil” onde milhares de pessoas levantam documentos de seus tataravós para provar que são italianos e assim ter dupla cidadania. É impressionante como tantos anos de história e cultura fundem-se em meros cinco segundos. A herança cultural e histórica produzida desde tempos longínquos mostram-se atuantes e materializados em encontros aparentemente inocentes, como um jogo de futebol.

Outro fato também importante de se procurar debater após esse triste episódio é identificar ou tentar definir o que é racismo no Brasil. Isso é dificultado pela confusão entre os conceitos de termos “preconceito”, “discriminação racial” e “racismo”. O professor Kabenguele Munanga os diferencia:
Há pessoas que confundem preconceito, discriminação racial e racismo. Os preconceitos, que são pré-julgamentos sobre o outro, sobre outros povos, sobre outras culturas, que são opiniões às vezes formalizadas, às vezes não formalizadas, acompanhadas de afetividade, são diferentes da discriminação. A discriminação é expressa pelos comportamentos observáveis, que podem ser censurados e até punidos pela lei, são atitudes que não são invisíveis. Outra coisa é um "derivado" que é chamado de racismo, que praticamente é todo um sistema de dominação que está por trás disso, todo um sistema de dominação sustentado por um discurso que, às vezes, tem conteúdo de uma ciência, por ser uma pseudociência, uma doutrina que existe justamente para justificar a dominação, a exploração do outro.

Alguns podem interpretar: mas e os outros não brancos no estádio?  São racistas também? Por se tratar de uma atitude ligada a emoções, ou seja, algo irracional e devido a nossa carga histórico-cultural o racismo que se solidificou em nossas mentes é difícil de ser identificado. Nós todos possuímos nossos preconceitos, todos nós o praticamos interna ou externamente, e isso perpassa qualquer etnia que compõe a nossa sociedade. Mas no racismo o fenômeno é praticado por pessoas que pertencem ao grupo étnico dominante da sociedade. Identificados com o fenótipo dominante, construído histórico e culturalmente em nosso país, esse fenômeno não é aplicável ao cidadão negro, por exemplo, que foi flagrado no estádio insultando o goleiro Aranha. Ele é apenas um reprodutor da ideologia solidificada ao longo do tempo. É um processo muito semelhante ao de reproduzir os valores que vemos na TV e na propaganda. E isso momentaneamente, não tem como ser diferente, pois viemos de uma sociedade escravagista que foi a última a dissolver-se. Mas até então não vemos outro caminho para erradicá-lo a não ser que seja através da denúncia, das políticas afirmativas e da educação continuada. Talvez agindo assim desta maneira, podemos ter a esperança de ver um dia esse problema superado pelas gerações futuras.