Um
dos assuntos que tem chamado à atenção nas últimas semanas foi, sem dúvida, a
decisão dos comerciantes de Altaneira liderados por Luiz Pedro, Júnior Arrais e
João da Máquina de fechar os comércios aos domingos, ao passo que almejam ainda
a retirada da feira municipal deste mesmo dia.
O
assunto ganhou as ruas, as redes sociais, os portais de comunicação Blog de Altaneira
e A Pedreira, sendo, inclusive, tema de discussão na Rádio Comunitária
Altaneira FM. Os comerciantes chegaram a realizar uma reunião no auditório da
Câmara Municipal onde se fizeram presentes os vereadores Professor Adeilton
(PP) e Genival Ponciano (PTB), da base oposicionista ao prefeito Delvamberto
Soares (Pros), além dos edis Antonio Leite (Pros) e Edezyo Jalled (SDD), que
pertencem a base de sustentação da administração. Sem nenhuma decisão tomada de
imediato, a não ser uma análise dos vereadores junto a Assessoria Jurídica da
Casa Legislativa para perceberem a possibilidade de apresentação de um projeto
de lei nesse sentido.
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Feira na Praça Manoel Pinheiro de Almeida. Foto: João Alves. |
Não
contente com isso os comerciantes resolveram dar mais um passo rumo ao objetivo
pretendido ao divulgarem em carro de som e motocicletas equipada com caixa de
som pelas principais ruas da cidade nota em que explicam o desejo de fecharem os
pontos comerciais neste domingo (30/03).
Justificativa dos Comerciantes
Mas
em que se baseiam os donos de estabelecimentos para quererem a mudança de
feira, algo que desde que Altaneira se tornou município, na década de 50 do
século passado, ocorre aos domingos? Algo que já virou símbolo da tradição
cultural dos munícipes? Segundo
depoimentos colhidos pelo radialista João Alves, um dos comerciantes chegou a
afirmar que pretendem obter um dia de folga. E que durante o ano só folga dois
dias. Afirmou ainda que aos domingos, eles (comerciantes) não lucram quase
nada.
Pensando
por esse lado não há o que se contestar. Afinal de contas, é um direito que
todo trabalhador tem – um descanso. Mas, por outro lado, percebe-se que há, nas
entrelinhas, um foco capitalista pairando no ar (“não lucramos quase nada”).
Ora, se a questão é o descanso, não vejo o porque de sacrificar tradição, algo cultural (é bom que se deixa
claro isso) em detrimento unicamente desse descanso, pois pode perfeitamente se
conviver com os dois.
Logo,
há que se perceber por outra vertente. Algo em que os comerciantes tenham um
direito assegurado sem que para isso os agricultores percam os seus. Isso
porque já é sabido que quem é agricultor o sábado é como qualquer outro dia
semanal - de trabalho. E eles utilizam exatamente o domingo para frequentam as
bancas e realizam rodas de conversas nas ruas, nas praças, visitar os parentes,
dentre outras finalidades. Há que se registrar ainda que se o domingo os
comerciantes não vendem quase nada, não tendo, desta feita, lucratividade, que
usem esse dia para o DESCANSO.
Outro
agravante. Municípios vizinhos a Altaneira, como Farias Brito e Nova Olinda
realizam suas feiras aos sábados. Eles possuem um porte econômico muito mais
avançado, sem se falar que a grande maioria dos feirantes que se deslocam para
nosso município são os mesmos que vendem nesses espaços sociais supracitados. Se
essa mudança se concretizar, há a grande possibilidade de perdemos esse laços
comerciais.
Aproveitando
o momento o que se deveria pensar e entrar no debate era a possibilidade fortalecer
esse traço cultural ao desenvolver um grande feiral municipal, aos domingos,
onde os artesãos da localidade teriam a oportunidade de demonstrarem seus
produtos, gerando renda a suas famílias.