3 de dezembro de 2025

Pobreza cai ao menor nível desde 2012, mas desigualdade racial segue profunda no país

 

(FOTO | Getty Images).

A pobreza no Brasil atingiu em 2024 o menor nível desde 2012, segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) divulgada pelo IBGE. Mesmo com o recuo, o cenário continua marcado por fortes desigualdades raciais, regionais e etárias: 1 em cada 4 brasileiros ainda vive abaixo da linha de pobreza.

Os índices de pobreza (23,1%) e extrema pobreza (3,5%) confirmam a tendência de queda observada após a pandemia, impulsionada pelo aumento da renda média e pela ampliação de programas sociais. O rendimento domiciliar per capita chegou a R$ 2.017, o maior já registrado pela pesquisa. Entre os 10% mais pobres, a renda cresceu 13,2% em apenas um ano.

Mas o avanço não se distribui de forma igual. Crianças e adolescentes de 0 a 14 anos são o grupo mais vulnerável, com 39,7% vivendo abaixo da linha da pobreza. A desigualdade racial também é evidente: 29,8% das pessoas pardas e 25,8% das pessoas pretas estão em situação de pobreza, proporção superior à média nacional. Entre mulheres, a taxa chega a 24%.

O Nordeste concentra os piores indicadores. A região abriga 50,3% da extrema pobreza de todo o país, embora represente apenas 26,9% da população. Em 2024, 39,4% dos nordestinos viviam abaixo da linha da pobreza, assim como 35,9% dos moradores do Norte. No Sul e no Centro-Oeste, as taxas de extrema pobreza foram de apenas 1,5% e 1,6%.

A distância entre ricos e pobres permanece uma das maiores do mundo. Os 20% mais ricos têm renda 11,2 vezes maior que os 20% mais pobres, índice superior ao de países como Chile, México, Portugal, Espanha e França. Entre os avaliados, o Brasil perde apenas para a Costa Rica.

O índice de Gini , que mede a desigualdade, caiu para 0,504, o menor da série histórica. Segundo o IBGE, o índice seria 7,5% maior sem os programas de transferência de renda. Nas regiões Norte e Nordeste, o impacto seria ainda mais severo, com aumentos estimados de 14,2% e 16,4%.

Mesmo entre trabalhadores, a pobreza persiste. O estudo aponta que 11,9% dos ocupados, cerca de 12 milhões de pessoas, são “working poor”, empregados que, ainda assim, vivem em domicílios pobres. Trabalhadores domésticos, agricultores e moradores do Nordeste estão entre os mais afetados.

Embora os dados indiquem melhora estrutural, eles reforçam que a pobreza no Brasil continua racializada, concentrada em territórios vulneráveis e atravessada pela desigualdade histórica que afeta sobretudo a população negra, mulheres e crianças.

-------------

Por Joana Angélica, no Notícia Preta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!