11 de dezembro de 2025

Pautas de igualdade racial têm pouco espaço nas discussões da Câmara, aponta levantamento

 

A pesquisa também revela que os parlamentares negros, mulheres e indígenas são os que mais estimulam o debate racial e possuem atuação nos projetos. (Fonte | Antônio Cruz | Agência Brasil).


Um estudo publicado nesta terça-feira (9) pelo Instituto de Referência Negra Peregum apresenta o Ranking Igualdade 2025, que busca avaliar o desempenho dos deputados federais em pautas de igualdade racial. Ao todo foram analisados 37 mil documentos da Câmara e do Senado, abrangendo votos, emendas, discursos e projetos voltados para a área.

O método combinou Inteligência Artificial (IA) e análise humana para examinar o trabalho de 571 deputados e ex-deputados. Segundo o levantamento, a IA identificou que o tema ainda possui um baixo engajamento médio entre os deputados.

O ranking consiste num conjunto de ações que considera as notas que vão das mais baixas -10 até a mais alta +10 para determinar se os parlamentares têm discutido projetos que promovam a igualdade racial e beneficiem a população negra. As primeiras colocações são ocupadas, em sua grande maioria, por partidos de centro-esquerda, porém há alguns parlamentares de direita ou centro-direita entre os 50 primeiros colocados.

A coordenadora de Advocacy do Instituto, Ingrid Sampaio, revela ainda que após os 50 primeiros colocados, as notas caem de forma significativa. “[…] A atribuição de notas cai abruptamente para três. É uma queda muito brusca. Ela não é gradativa. Essa queda brusca faz a gente perceber que existe, sim, algum engajamento incipiente, mas que os parlamentares mais engajados precisam fazer muito esforço para compensar a falta de empenho dos demais”, destacou Ingrid.

A especialista afirma que o baixo engajamento dessas pautas se deve ao fato de ser um tema desconfortável para o Congresso Nacional. “É uma decisão política que a pauta não avance. É um tema espinhoso porque obriga a reconhecer a responsabilidade que a gente tem como país de curar essa chaga e andar para frente. E não é confortável e os temas desconfortáveis o Congresso já vai evitar” afirma.

A pesquisa também revela que os parlamentares negros, mulheres e indigenas são os que mais estimulam o debate racial e possuem maior atuação nos projetos. A coordenadora reforça que o aumento de representantes eleitos vindos da periferia e movimentos sociais incentiva ainda mais o diálogo sobre igualdade racial. “Boa parte do ranking indica uma forte atuação de mulheres não-brancas que exercem hoje seus primeiros mandatos. Os dados mostram que o aumento da representatividade não é uma pauta meramente identitária, é algo que oxigena o debate e faz crescer o engajamento do Legislativo no combate ao racismo”, finaliza.

_________

Por Maria Eugênia Melo, no Notícia Preta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!