16 de dezembro de 2025

Projeto Afrobarroco é lançado no Cariri buscando reforçar aplicação das leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008

 

Projeto Afrobarroco é lançado no Cariri buscando reforçar aplicação das leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008. (FOTO | João Stangherlin). 

Na noite desta sexta-feira (12), o Terreiro das Pretas, no município do Crato, foi palco do lançamento do projeto político-pedagógico Afrobarroco no Cariri. Com o tema “O Recôncavo encontra o Cariri”, o evento reuniu representantes de movimentos sociais, educadores, agentes culturais e comunidades tradicionais, além da presença do cantor, compositor e pesquisador da ancestralidade musical pan-africana do Brasil, Mateus Aleluia.

O projeto Afrobarroco propõe articular música, filosofia, pesquisa e ações educativas, com foco no resgate e na valorização da história e da cultura negra e indígena — saberes historicamente silenciados nas narrativas oficiais. A iniciativa reforça a aplicação das leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, que tornam obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena em todas as etapas da educação básica.

A ação é uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), e conta com parcerias da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (PROEXC/UFRB), da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ), do Selo Anjo Negro, do Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) e do Terreiro das Pretas, além do apoio da Secretaria de Direitos Humanos do Crato.

Ancestralidade, educação e compromisso coletivo

Mateus Aleluia abriu a programação com uma palestra musical marcada por sensibilidade, espiritualidade e forte conexão com a ancestralidade. O artista fez um apelo à continuidade da luta por equidade e pela efetivação das políticas públicas voltadas à educação étnico-racial.

“Essa é a nossa terra cabocla. Não nos esqueçamos das leis 10.639 e 11.645, que orientam o ensino da história da África e da nação indígena no Brasil. Se o país é nosso, o governo é nosso, apliquemos estas leis. Vamos unir as mãos”, afirmou.

As irmãs Valéria e Verônica Carvalho, fundadoras do GRUNEC, celebraram o lançamento como um marco histórico para o movimento negro no Cariri. Para Valéria, o projeto representa a materialização de um sonho coletivo. “É a concretude de um sonho para além da luta. Estar com Mateus Aleluia é um reencontro de dinastias. Nada foi fácil para nós, mas é possível”, destacou.

Verônica ressaltou que o projeto é resultado de uma trajetória de décadas. “São 30 anos de trabalho para dizer que o povo negro existe aqui, ao redor da Floresta Nacional do Araripe, e que ele precisa ser reconhecido como sujeito. O que queremos é uma educação que nos coloque no centro da história, e não à margem”, afirmou.

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Texto de Natália Alves, no JC.

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