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| Projeto Afrobarroco é lançado no Cariri buscando reforçar aplicação das leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008. (FOTO | João Stangherlin). |
Na noite desta sexta-feira (12), o Terreiro das Pretas, no município do Crato, foi palco do lançamento do projeto político-pedagógico Afrobarroco no Cariri. Com o tema “O Recôncavo encontra o Cariri”, o evento reuniu representantes de movimentos sociais, educadores, agentes culturais e comunidades tradicionais, além da presença do cantor, compositor e pesquisador da ancestralidade musical pan-africana do Brasil, Mateus Aleluia.
O
projeto Afrobarroco propõe articular música, filosofia, pesquisa e ações educativas,
com foco no resgate e na valorização da história e da cultura negra e indígena
— saberes historicamente silenciados nas narrativas oficiais. A iniciativa
reforça a aplicação das leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, que tornam
obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena em todas
as etapas da educação básica.
A
ação é uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria
de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), e conta
com parcerias da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia (PROEXC/UFRB), da Política Nacional de Equidade, Educação
para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ), do Selo
Anjo Negro, do Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) e do Terreiro das
Pretas, além do apoio da Secretaria de Direitos Humanos do Crato.
Ancestralidade, educação e compromisso coletivo
Mateus
Aleluia abriu a programação com uma palestra musical marcada por sensibilidade,
espiritualidade e forte conexão com a ancestralidade. O artista fez um apelo à
continuidade da luta por equidade e pela efetivação das políticas públicas
voltadas à educação étnico-racial.
“Essa
é a nossa terra cabocla. Não nos esqueçamos das leis 10.639 e 11.645, que
orientam o ensino da história da África e da nação indígena no Brasil. Se o
país é nosso, o governo é nosso, apliquemos estas leis. Vamos unir as mãos”,
afirmou.
As
irmãs Valéria e Verônica Carvalho, fundadoras do GRUNEC, celebraram o lançamento
como um marco histórico para o movimento negro no Cariri. Para Valéria, o
projeto representa a materialização de um sonho coletivo. “É a concretude de um
sonho para além da luta. Estar com Mateus Aleluia é um reencontro de dinastias.
Nada foi fácil para nós, mas é possível”, destacou.
Verônica
ressaltou que o projeto é resultado de uma trajetória de décadas. “São 30 anos de trabalho para dizer que o
povo negro existe aqui, ao redor da Floresta Nacional do Araripe, e que ele
precisa ser reconhecido como sujeito. O que queremos é uma educação que nos
coloque no centro da história, e não à margem”, afirmou.
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Texto de Natália Alves, no JC.

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