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GRUNEC celebra 22 anos de luta antirracista

 

Grunec celebra 22 anos de luta antirracista. (FOTO/ Redes Sociais).

Por José Nicolau, editor

O ano era 2001. Um grupo constituído por cerca de cinco pessoas se reuniram depois de uma aula de natação na garagem da casa de uma delas e passaram a dialogar sobre as mazelas que afligiam a sociedade brasileira e, de forma mais especifica, aqueles grupos que sempre estiveram e ainda estão a margem – negros e negras.

Destes diálogos sobre desigualdades surgiu a ideia de transformar discursos individuais em ação coletiva e em luta organizada visando, sobretudo, promover a igualdade étnica/racial e a autoestima da população negra do cariri e difundir a consciência quanto a afrodescendência. O que caminha no sentido de valorizar a nossa história. Com esse ideal nascia o Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) que oficialmente (com registro) está com 21 anos.

O GRUNEC se constituiu ao longo desses 22 anos como um coletivo que escolheu o caminho da luta, da resistência e da persistência ao trabalhar de forma comunitária e saindo da zona de conforto para visitar as comunidades de base, as comunidades tradicionais, como o povo indígena e os grupos remanescentes de quilombolas.

Enquanto entidade organizativa, de combate a toda forma de discriminação, preconceito e de racismo, tem atuado na proporção em que essas injustiças ocorrem. Como exemplo, seja tendo sua organização, colaboração ou idealização, pode-se citar a Caminhada contra a Intolerância Religiosa realizada anualmente em Juazeiro do Norte, a Marcha Regional de Mulheres Negras do Cariri que visa denunciar formas de discriminação, opressão e aniquilamento, além do Congresso Artefatos da Cultura Negra que em 2019 chegou a sua décima edição e que tem se consagrado como o maior evento de pesquisa sobre a população negra do país.

Nesta ambiência de atuação, não se pode esquecer também de um dos trabalhos mais colaborativos em que pese a educação voltada para as relações étnico-raciais: o Mapeamento das Comunidades Rurais Negras e Quilombolas do Cariri feito junto a Cáritas Diocesana de Crato – CE, tendo como resultado o  lançamento da “Cartilha  Caminhos, Mapeamento das Comunidades Negras e Quilombolas do Cariri Cearense”. Este trabalho contou com a participação de cerca de 25 comunidades. Seis delas se autoreconheceram remanescentes de quilombolas. Note-se ainda que comunidades como  as de Arruda (Araripe), Sousa (Porteiras), Serra dos Chagas (Salitre) e Carcará (Potengi) já contam com certificado de remanescentes de quilombolas adquirido junto da Fundação Cultural Palmares.

Outras atuações colocam este coletivo negro como protagonista. Cita-se aqui a 1ª Audiência Pública Federal no ano de 2007, onde discutiram a implementação da Lei nº 10.639/03 ao reunirem representantes de 42 municípios da Região do Cariri, o 1º Seminário no Crato em 2005, para discutir a Igualdade Racial e a realização anualmente da Semana da Consciência Negra.

O Grunec reúne sem seus quadros professores e professoras universitários/as, docentes da educação básica, estudantes, pesquisadores/as, líderes religiosos/as e ativistas sociais, dentre outros e continua firme e forte, principalmente agora em tempos de cortes de direitos, legitimação desenfreada do racismo, do machismo e de ofensas sem barreiras a comunidades LGBTs. Por isso, os lemas mais apregoados do grupo são “Aquilombar é Preciso” e “Pelo Bem Viver”.

Verônica Neves, uma das fundadoras do GRUNEC, usou suas redes sociais para lembrar esses 22 anos de luta antirracista no cariri. Ao lembrar a trajetória do grupo, Verônica cita que “não foi e não é fácil viver, cotidianamente, o aniquilamento imposto ao povo preto, no País inteiro”.

Destacou ainda a violência cometida contra a população preta e periférica. “Na nossa região do Cariri Cearense não é diferente. Visualizamos nos índices oficiais e perversos da violência contra as mulheres, no genocídio da população jovem negra periférica, no "açoite" com o segmentp LGBTQIA+, na mortalidade infantil, no mais Sagrado direito de professar a nossa fé, na violencia a que  ainda são submetidos as comunidades quilombolas, na nossa ausência nos espaços de poder,  na falta de acesso às políticas públicas, enfim, no nosso direito de viver com dignidade”.

Dentro desse contexto, ela mencionou ainda o não cumprimento da Lei 10.639/03 que obriga escola públicas e particulares a trabalharem em todos os componentes curriculares e em todo o ano letivo a História e Cultura Africana e Afro-brasileira. “É aí não posso deixar de citar o faz de conta da implementação da Lei 10.639/03, da Política de Saúde Integral da População  Negra, da Lei de Cotas, o impacto da pandemia do covid 19 no nosso povo, no adoečimento mental, na falta de perspectiva  e por ai vai”, disse.

Não é fácil, aliás, nunca foi. Então, hj 21 de abril, feriado pra nós, por nossa causa, por nossos heróis e heroínas tão invizibilizados/as pela sociedade, celebro com muito orgulho a existência deste coletivo aguerrido, rendo homenagens aos que passaram e aos que resistem. É no Aquilombamento que transformarmos está sociedade num local lindo pra se viver. Resistiremos, assim, eu creio”, asseverou a líder peta do cariri cearense.

URCA lança nota após denúncia do GRUNEC sobre suposta ausência de controle no sistema de cotas

 

URCA lança nota após denúncia do GRUNEC sobre suposta ausência de controle no sistema de cotas. (FOTO/ Divulgação).

Por Nicolau Neto, editor

No último sábado, 22, o Blog Negro Nicolau veiculou em primeira mão questionamento do Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC sobre suposta ausência de controle administrativo no sistema de cotas da Universidade Regional do Cariri (URCA).

GRUNEC questiona URCA sobre suposta ausência de controle administrativo no sistema de cotas do vestibular

 

URCA debateu em 2017 a implantação do sistema e cotas. (FOTO/ Arquivo do blog).

O Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC protocolou no último dia 18 de maio, no gabinete do Reitor da Universidade Regional do Cariri – URCA, pedido de informações acerca das medidas efetivamente adotadas por parte da Universidade para o controle do acesso dos aprovados às vagas disponibilizadas nos vestibulares e seleções dentro do Sistema de Cota, principalmente àquelas destinadas à população negra, parda, quilombola e indígena.

GRUNEC celebra 21 anos com falas de resistência e de esperança e lançamento de site em evento virtual

(FOTO/ Reprodução/ YouTube).

Por Nicolau Neto, editor

Nesta quarta-feira (21), o Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) completou 21 anos de existência. Para celebrar essas mais de duas décadas, o coletivo negro, que nasceu na cidade de Crato, promoveu um evento virtual por meio de seu canal no YouTube.

Grunec lança carta de apoio as candidaturas de Zuleide Queiroz e Coletivo Sementes, em Crato

 

Zuleide Queiroz e Coletivo Sementes. (FOTOS/ Reprodução/ Redes Sociais).

Por Maria Raiane*

É preciso votar em mulheres negras! Por isso o Crato tem opção.

De forma secular as mulheres negras foram impedidas de adentrarem a esfera política, por diversas questões advindas de um período colonial, escravagista, racista e machista. As mulheres negras foram as primeiras a adentrarem na luta por direitos e as primeiras a pautar a questão do abolicionismo penal, por saberem que essa forma perversa de aprisionamento só encarcera os seus.

O papel do GRUNEC na ação de mobilização e apoio emergencial às famílias vulneráveis atingidas pelo Covid-19

 

O papel do GRUNEC na ação de mobilização e apoio emergencial às familias vulneráveis atingidas pelo Covid-19. (FOTO/ Divulgação).

O ano de 2020 está sendo marcado pela pandemia provocada pelo COVID-19 que aos poucos de forma destruidora vai espalhando-se e afetando o país e o mundo, suas relações exteriores, as relações internas e as relações sobretudo humanitárias intensificando desigualdades e preconceitos.

Grunec 20 anos e a luta negra por direitos e pelo bem viver


Grunec 20 anos. 


O ano era 2001. Um grupo constituído por cerca de cinco pessoas se reuniram depois de uma aula de natação na garagem da casa de uma delas e passaram a dialogar sobre as mazelas que afligiam a sociedade brasileira e,  de forma mais especifica, aqueles grupos que sempre estiveram e ainda estão a margem – negros e negras.

Estudantes da UFCA e Grunec realizam evento beneficente para garantir assistência jurídica a Ju e Everson , por Maria Raiane*


Estudantes da UFCA e Grunec realizam evento beneficente para garantir
assistência jurídica a Ju e Everson. (FOTO/ Divulgação).

Liberdade para Ju e Everson

Em abril de 2019 Ju e Everson foram vítimas do racismo estrutural que nos cerca coRtidianamente e desde então se encontram em situação de cárcere na região do cariri. Foi então que nós do Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) juntamente com estudantes e amigos da Universidade Federal do Cariri (UFCA), planejamos uma atividade beneficente para a arrecadação de recursos financeiros para a tão esperada assistência jurídica deles dois.

Grunec promoverá 11ª edição do Cinemáfrica com exibição de “Atlantique”


Ada, do filme Atlantique. (FOTO/ Divulgação).

Texto: Nicolau Neto

No próximo dia 13 de dezembro coletivos negros, como o Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC), promoverão a 11ª edição do Cinemáfrica ao Luar.

Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) recebe grupos indígenas de Rondônia


Grunec recebe grupos indígenas de Rondônia. (FOTO/Divulgação).

Texto | Nicolau Neto

A 22ª edição do Sonora Brasil para o biênio 2019/2020 pensada pela Federação do Comércio (Fecomércio Ce) e pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) percorrerá o pais com diversas apresentações.

Grunec Cariri manifesta repúdio ao Projeto de Lei que proíbe discussão de gênero e sexualidade nas escolas de Crato


O Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) tornou pública carta repúdio contra a aprovação pela Câmara de Vereadores (as) do município de Crato na última segunda-feira, 23, do Projeto de Lei que proíbe a discussão de gênero e sexualidade na rede pública e particular de ensino desta municipalidade.

O projeto é de autoria do vereador Roberto Anastácio (Podemos) que antes havia apresentado o texto em forma de emenda, mas para evitar dificuldades na aprovação, já que esta exige 3/5 dos (as) edis, a transformou em PL por meio de articulação política, como salientou a este Blog, o parlamentar Amadeu de Freitas (PT), contrário à ideia.

Na manhã de ontem, 27, a prefeitura foi povoada por movimentos sociais que protocolaram documento solicitando do Prefeito Zé Ailton (PP) a vedação da proposta. Elaborado pela Defensoria Pública, o protocolo contou com assinatura de vinte movimentos sociais.

Com a carta de repúdio, o Grunec se junta ao Centro Acadêmico de História Francisca Fernando Anselmo – CAHFFA/URCA, ao Grupo de Mulheres Negras do Cariri Pretas Simoa, do Laboratório de Pesquisa em História Cultural (LAPEHC), da URCA e do Conselho LGBT (Juazeiro do Norte), que fizeram isto anteriormente.

Até o fechamento desta matéria, Zé Ailton e Otonite Cortez, prefeito e secretária de educação, respectivamente, não haviam se manifestado publicamente sobre o caso.

Confira Carta Repúdio do Grunec na íntegra

O Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC manifesta seu repúdio contra aprovação pela Câmara de Vereadores do Crato/CE de projeto de lei que veda o ensino de ideologia de gênero na rede pública municipal e na rede privada, ocorrida na data de 23 de outubro de 2017.

O GRUNEC entende que a construção de uma sociedade justa e fraterna, passa pelo respeito à dignidade humana de todas as pessoas independentemente de seu credo, cor, etnia, gênero, classe social, grau de instrução e outras características e que o desrespeito à tal dignidade é a fonte de todas as formas de violência que aviltam nossa sociedade.

O enfrentamento de todas as formas de violências trafega pelo caminho da educação, sobretudo, no seio das instituições de ensino. O enfretamento deve ser realizado pelo Município do Crato com coragem e determinação. Escola não deve ter medo, nem mordaça.
Assim, o machismo arraigado na nossa sociedade é a fonte de toda a violência de gênero contra mulheres, gays e transgêneros. A ação dos grupos e indivíduos defensores da supremacia masculina a qualquer custo protagonizam atos diários de violências que ocasionam variadas formas de agressão e culminam com a ocorrência de homicídios. Em razão disso, o Estado brasileiro tem destaque negativo mundial por se acovardar na promoção do respeito entre seus cidadãos conjugado a liberdade de manifestação de sua sexualidade.

O GRUNEC defende a liberdade das famílias e dos credos na orientação moral e na forma de lidar com identidade de gênero de seus membros, nos seus espaços de sua convivência e que tais orientações sejam respeitadas. Contudo, defende que deve existir um caminho bem definido no espaço público que proporcione a construção do RESPEITO à todos os indivíduos e suas formas de manifestação da sexualidade e gênero.

Este caminho deve ser construído coletivamente a partir de debates profundos e bem amadurecidos, reconhecendo e respeitando toda a pluralidade de opiniões e diversidade de ideias existentes na sociedade, de forma a construir-se um aparato legítimo que garanta o desenvolvimento civilizado e não-violento da nossa nação.

Nesse contexto, o GRUNEC considera o pronunciamento da Câmara de Vereadores do Crato, já referido, como ILEGÍTIMO, eis que tramitou de forma açodada, se valendo de subterfúgios jurídicos para inviabilizar debate e colher uma votação vencida por menos da metade dos membros da casa (são 19 vereadores, somente 09 votaram favoráveis), em ambiente nocivo de enfrentamento e intimidação entre os grupos oponentes, que culminou em atos de violência física nas dependências e proximidades da Câmara.

A votação referida é uma manifestação de supremacistas masculinos (entre os 09 favoráveis, há somente um voto feminino) em defesa e perpetuação do machismo como ideologia e pensamento único, que para tanto se valeram da violência e intimidação física em detrimento da argumentação racional, prática que se espera que de uma casa legislativa democrática e séria.

Portanto, o GRUNEC conclama ao Prefeito do Crato, Zé Ailton Brasil, a vetar por inteiro a proposta apresentada, bem como convocar de forma incontinenti debate público com sociedade cratense e grupos divergentes, para construção de um caminho racional e parâmetros para a prática do respeito a todos os indivíduos e suas manifestações de gênero e sexualidade, a ser consolidado em documento legal pertinente.

Reafirmamos, que a uma nação civilizada se constrói com uma Escola sem medo e sem mordaça, voltada para o respeito às diferenças e convívio não-violento entre seus cidadão”.


Grunec divulga nota de apoio aos estudantes que ocupam Universidade Regional do Cariri


O Grupo de Valorização do Cariri (Gunec) com sede à Rua Coronel Secundo, 263, no centro de Crato-Ce, lançou na noite deste sábado (12/11) na rede social facebook nota em que apoia a luta dos estudantes que estão ocupando desde o dia 25 de outubro a Universidade Regional do Cariri (URCA).

A primeira universidade do Estado do Ceará foi ocupada tão logo a Câmara dos Deputados aprovou, em segundo turno, por 359 votos a 116 (com duas abstenções), o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita os gastos públicos pelas próximas duas décadas. Além de se manifestarem contra essa proposta e o PLP 257, as quais congelam os gastos com o serviço público, atacando diretamente a classe trabalhadora, eles/as se posicionam contrário ainda à alteração da LDB, que exclui as leis 10.639/2003 e 11.645/2008, retirando a obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana, afrobrasileira e indígena do currículo escolar, e também excluem disciplinas importantes no processo de formação crítica.

Dentro desta seara, o Grunec reconhece na luta estudantil um ato democrático, de cidadania e de politização, pois demonstram que eles/as enquanto ‎estudantes preocupam-se com quem lhes representa, ao passo que caminham no sentido de que ‎querem outra universidade, mais aberta, mais democrática, mais diversa, mais plural. Uma ‎Universidade Pública e gratuita, mas de qualidade, autônoma e inserida com ênfase na sociedade.

Confira a nota

NOTA DE APOIO AOS ESTUDANTES EM LUTA POR DIREITOS
MOVIMENTO DE OCUPAÇÃO DA URCA
‎ ‎
O Grunec - Grupo de Valorização Negra do Cariri como entidade constituída para fins ‎cultural-educativo com a missão de promover ações estratégicas e luta pela implementação de ‎políticas públicas voltadas para a população negra, igualdade racial e políticas de gênero e contra ‎todas as formas de opressão, exclusão social, discriminações, preconceitos e racismos entende, ‎reconhece e apoia a luta estudantil e apresenta solidariedade política e apoio aos estudantes ‎universitários que no momento ocupam a reitoria da Universidade Regional do Cariri – URCA, em ‎Crato-Ceará.
Reconhece a luta estudantil como um ato democrático, de cidadania e de politização, tendo ‎na pauta de reivindicação pontos estratégicos que reforçam, e muito a nossa arma ideológica ‎enquanto movimento social. Desta feita, a ocupação da reitoria da referida universidade tem um ‎ideal, tanto que as bandeiras de luta logo deixaram transparecer, citemos aqui as que contemplam ‎Políticas de ações afirmativas referenciadas na pauta “contra os casos de Racismo, Machismo e ‎LGBTFobia”, bem como, “contra casos de intolerância religiosa” e “Implementação da Lei de Cotas ‎raciais e sociais na Universidade”, sem esquecer de mencionar outras reivindicações tão ‎importantes quanto, como por exemplo, a que pede “eleições diretas para reitoria”. ‎

Buscar formas que empoderem o(a) universitário(a) é de suma importância, pois fortalece a ‎democracia e se configura como um ato de cidadania, além de demonstrar que eles/as enquanto ‎estudantes preocupam-se com quem lhes representa, ao passo que caminham no sentido de que ‎querem uma outra universidade, mais aberta, democrática, mais diversa, mais plural. Uma ‎Universidade Pública e gratuita, mas, de qualidade, autônoma e inserida com ênfase na Sociedade.
Parabeniza a retomada político radical no contexto e prática de movimento estudantil que se ‎mostra ativista, protagonista, militante e intervencionista de forma positiva em luta por direitos ‎negados à Comunidade estudantil, aos docentes e aos funcionários nas mais diversas ‎necessidades. ‎

Reconhece essa manifestação como marca de luta do movimento estudantil em nosso país ‎em todas as etapas históricas, citando apenas, luta contra o capitalismo, a ditadura civil-militar, ‎caras pintadas e na própria região do Cariri – Ceará, quando estudantes da então Faculdade de ‎Filosofia do Crato reivindicavam nas ruas e no interior da própria Instituição de Ensino Superior uma ‎agenda que contemplasse: “Universidade pública, gratuita e de qualidade”. ‎

Ressalta-se a articulação da ocupação à Conjuntura Política, Econômica e Social do Brasil, ‎atualmente, envolto em retrocessos e ameaças, à incipiente democracia brasileira, impostas pelo ‎governo golpista Michel Temer, legitimado pelo Congresso, mercado, justiça, coorporativo, ‎fundamentalismo, discursos e símbolos, instituições patronais, mídia, elite conservadora e impondo ‎uma agenda que fortalece o “Desenvolvimento neoliberal,” meritocracia, acirramento de ‎desigualdades político, de classe, gênero, raça e etnia, dependência externa e exclusão social, ‎lembrando a PEC 241 na Câmara, agora, PEC 55 (no Senado) que congela despesas do governo ‎Federal por 20 anos, que prejudica, em todas as dimensões, a classe trabalhadora, e ainda, ‎retrocede programas e políticas de igualdade racial e de gênero. ‎

E ainda, a desastrosa Medida Provisória 726 de Reforma na Educação com objetivo de ‎minar formação crítica e cidadã dos estudantes, apresentando a única alternativa de formação para ‎o mercado; Venda do Pré-sal que preconizava recursos para a Educação; Redução do ingresso de ‎estudantes às Universidades, diminuição de concursos, dentre outros absurdos. ‎

Essa política conservadora e de cortes retardam ou encerram possibilidades de avanços, ‎acessos, direitos, cidadania, justiça e inclusão. Alteram políticas econômicas e sociais dos Estados ‎e municípios, consequentemente, influenciam negativamente ao funcionamento pleno das ‎universidades. ‎

A pauta de reivindicações legitima a ocupação da URCA e insere-se no contexto de ‎ocupações que ocorrem em todo o Brasil, em escolas e Universidades razão para que o Grunec ‎coloque sua energia em apoio incondicional a esse enfrentamento político e organizativo dos(das) ‎estudantes que resistem.‎

Grupo de Valorização Negra do Cariri – Grunec.‎




Grunec Cariri e Coletivo Camaradas promovem oficinas de turbante durante Expocrato



O Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grune) e o Coletivo Camaradas, movimentos sociais de forte atuação na área dos direitos humanos e de reconhecimento de negros e negras na construção do Brasil, promoveram entre os dias 11 e 14 de julho do corrente ano concomitantemente as festividades da Expocrato oficinas que remetem a cultura africana e afro-brasileira.

As oficinas tiveram muita adesão e foram ministradas por Maria Renata, do Coletivo Camaradas e Marquinhos Abu, do Coletivo Aparecidos Políticos. A primeira, sobre Turbantes, realizada na última quinta-feira, 14, contou com participação mulheres do GRUNEC e do Coletivo Marias e fazia menção a estética e identidade negra como forma de luta contra a discriminação e o preconceito racial, além de se configurar como um ato de resistência que, conforme pontuou o coletivo camaradas em sua página “vai muito além da moda e do estilo”.

No último dia 11, Marquinhos Abu, integrante do Coletivo Aparecidos Políticos, realizou a oficina de Stencil que servirá de base para o projeto que envolverá fotografia, stencil e arte de rua. 

Faz-se necessário destacar que a oficina de turbante foi idealizada e realizada pelo Grunec. Já a de Stencil teve a organização e promoção do Coletivo Camaradas, contando com o apoio dos (as) ministrantes supracitados (as). 

Oficina de Turbante com Maria Renata, do Coletivo Camaradas. Foto: Divulgação.


Grunec promove encontro e debate cronograma de ações



O Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) promoveu na tarde do último sábado, 25 de junho, no município de Crato, um encontro junto aos membros com o propósito de dentre outras finalidades, debater a conjuntura política que ora se desenha no Brasil.

Com o sentimento de gratidão que acolho todos vocês” foi com essas palavras de Valéria Carvalho, Verônica Neves e Maria Eliana, que o encontro foi iniciado. Esta última, inclusive, teceu considerações de forma reflexiva acerca da atual situação política do país, reforçando o combate ao golpe já em andamento, primando na sua fala pelas diversas ações conservadora, elitista e racista do governo interino Michel Temer como, por exemplo, a extinção da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), do Ministério do Desenvolvimento Agrário e a formação de ministérios com ausência de negros, negras e indígenas, grupos que sempre estiveram à margem do poder.

Este blogueiro, agora oficialmente membro do Grunec, chamou a atenção para a volta de pautas que colocam em riscos o direito da juventude pobre e negra deste pais, como, por exemplo, a Proposta de Emenda à Constituição que faz menção a Redução da Maioridade Penal (PEC 171/93), assim como aquela que colocam a margem e censura as manifestações artísticas e sociais do estado do Ceará através de um projeto de lei apresentado no último dia 23 pela Deputada Silvana Oliveira com mandato pelo PMDB que “disciplina, no âmbito do estado do Ceará, manifestações sociais, culturais e/ou de gênero e dá outras providências”. Ressaltamos que a proposta além de censurar é inconstitucional.  

Ante a este cenário desanimador é que o Grunec se apresenta como movimento social, pois está vigilante. Verônica Neves ao apresentar o histórico do grupo sempre atuante nas causas afirmou que se faz necessário um posicionamento frente a situação e defendeu a elaboração de uma carta aberta externando e refletindo o momento. Ela afirmou ainda que está muito próximo da aposentadoria e que tão logo haja a concretização irá se dedicar de forma completa ao grupo, ressaltando que um dos temas que mais se debruçará será o feminismo negro.

Valéria Carvalho, aproveitou o ensejo para tecer comentários sobre o VII Artefatos da Cultura Negra que tem o Grunec como um dos realizadores. Ela chamou a atenção para a importância do evento que se dará entre os dias 19 e 23 de setembro no cariri, pois é o momento de compartilhamento de saberes e de refletir e agir acerca das causas negras.

Na oportunidade, foi frisado ainda que entre os  dias 30 de junho e 1º de julho representantes do Grunec estarão na Assembleia Legislativa do Ceará com o propósito de receber a posse enquanto movimento no Conselho da Igualdade Racial.

Dentre muitos encaminhamentos, ficou decidido da importância de se implementar grupos de estudos, montagem de núcleos do Grunec em Altaneira e Barbalha, ao passo que se promoveu o recadastramento de seus membros, além do compromisso de nos fortalecer cada vez mais. 

Além do nomes supracitados, participaram do encontro Paulo Fuisca, Yascara, Janayna Leite, Francisco Roserlândio e Lurdes Oliveira. 

Grunec promove encontro e debate cronograma de ações. Foto: Grunec.

Conheça o Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC


Por Jack Correia, no Overmundo

Respeito e cidadania no Brasil, e porque não dizer, no mundo, são agora sinônimos de luta. A luta por consciência, igualdade e dignidade hoje é fundamental para garantir uma sociedade civil justa e democrática amanhã, pois, uma transformação só é possível quando não somos inertes aos acontecimentos em nossa volta.

É preciso “arregaçar as mangas” para buscar essa mudança necessária e para enfrentar com dignidade as dificuldades que surgem! Uma política linear, capaz de construir uma sociedade equilibrada, onde as diferenças naturais, como as características físicas, também não sejam motivos capazes de gerar conflitos. É preciso criar forças... A união de um grupo formado por pessoas que tenham um mesmo propósito, que “plantem juntos a mesma semente que germinará” no dia seguinte, gerando os “bons frutos” tão desejados.


Assim é o Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC, entidade sem fins lucrativos, formado em Crato-CE no ano de 2001 com o objetivo primordial de promover a igualdade étnica/racial e a auto-estima da população de cor negra na Região Caririense, além de propagar a consciência sobre nossa afrodescendência, valorizando a nossa história e cultura. Ele conta com o apoio de entidades governamentais e não governamentais, profissionais liberais, autoridades religiosas, empresários e de qualquer pessoa da própria população que pretenda se engajar num propósito político-social consistente.



O GRUNEC foi idealizado de uma forma inusitada. Depois de uma aula de natação, 5 pessoas que conversavam sempre sobre injustiças sociais resolveram criar algo maior e sair dos meros discursos individuais. Depois de uma reunião na garagem da casa de um deles, surge o GRUNEC, que agora com 7 anos de formação, já conta com o apoio de cerca de mais de 30 indivíduos qualificados para capacitações pedagógicas e para diversos eventos como seminários, oficinas e reuniões, sempre com embasamentos técnicos, legais e jurídicos de tudo o que diz respeito às questões políticas e sociais no País. Dentre eles, alguns nomes: Verônica, Valéria, Adriano, Antônia, Eliane, Reginaldo, Ridalvo, Ronald, João, Josefa, Prof. Mota, Cícero, Diego, Cleone e muitos outros...

Todas as pessoas do Grupo, acima de tudo, têm comprometimento. Elas não “levantam a bandeira” por simples paixão momentânea ou “modismos de causas”, não estão na “estrada” vinculadas a nenhum partido político ou outra classe qualquer. A questão é consciência e vontade! A vontade, sem comodismo, de ver um verdadeiro Estado Democrático.

A Implantação das Idéias

O GRUNEC trabalha com diversas metodologias, especialmente no ensino profissionalizante e no desenvolvimento de atividades artísticas, fertilizando um terreno para aflorar a auto-estima do povo de pele negra no Cariri que se encontra em exclusão social, promovendo encenações de danças, desfiles, músicas e outras manifestações ligadas à arte. Atua de forma efetiva na Semana da Consciência Negra e em ações realizadas junto às Secretarias Municipal e Estadual de Educação para garantir o cumprimento das normas reguladoras como um dos patamares que levarão a uma conscientização mais sólida sobre nossa afrodescendência, levando até mesmo a um contexto nacional.

Esse trabalho, não é feito apenas em auditórios universitários ou escolares, nem tão somente nas salas de aula. Ele não se dá unicamente de forma teórica onde alguns dos integrantes do Grupo pegam um microfone e fazem explanações científicas sobre o assunto com seus notáveis dons de oratória. Ele é feito essencialmente junto às comunidades pobres da região, onde a população de cor negra atinge índice mais elevado e onde a marginalização, e tudo o que ela gera, estão concentrados em um percentual preocupante.

A trajetória na causa já traz um relevante histórico. O GRUNEC: promoveu a 1ª Audiência Pública Federal no ano de 2007, para discutir a implementação da Lei nº 10.639/03 conseguindo reunir representantes de 42 municípios da Região do Cariri; em 2005 realizou o 1º Seminário no Crato para discutir a Igualdade Racial; é responsável pela Semana da Consciência Negra todos os anos, desde sua formação em 2001; efetiva cursos para geração de emprego e renda; junto ao governo municipal do Crato articulou a sua adesão ao Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial, coordenado pela SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial) como forma de afirmar o compromisso do município cratense no combate ao racismo e de garantir à população o aperfeiçoamento das políticas públicas voltadas para promoção da igualdade; desempenha um excepcional trabalho junto às mulheres do Alto da Penha, que é um dos bairros mais pobres da cidade, etc., etc., etc.,

Um trabalho social moldado em conscientização política, obviamente, deve ter como principal caminho o contato direto com a comunidade, porque, é neste contato que está toda a essência do resultado. Ele é o principal desafio, porque é no calor humano que as coisas acontecem, e, para melhor! É olhando nos olhos das pessoas de cor negra, marginalizadas, que a transformação tão almejada pelo GRUNEC tem o seu início. Simplesmente olhar e enxergar aquelas pessoas e plantando nelas, aquela, semente de mudança começando a germinar com frases simples como “hei, se olhe... sua cor é linda!”, que, a princípio, podem até parecer piegas para alguns, mas com certeza, fazem uma considerável diferença.

Outro grande desafio é trazer à discussão aqueles inclusos nas classes privilegiadas da população, muitos deles com pele branca, alheios até mesmo aos significados dos termos afrodescendência e inclusão social, e que não se sentem parte integrante de todo esse seguimento e metamorfose que a sociedade necessita de um modo geral. Como maneira de se chegar a eles, os meios de comunicação também são usados, até para debater acerca das Normas Reguladoras pertinentes, dos princípios básicos dos Direitos Humanos, etc., o que, evidentemente, somente isso não é o suficiente, porque, respeito, como pilar dessa sociedade idealizada, não deve vir através, simplesmente, de uma imposição legal.

O respeito no seu mais amplo significado, deve vir naturalmente, de dentro de cada um, de uma consciência moral e por valorização das nossas raízes e conservação do nosso patrimônio histórico e cultural, deixando-as vivas para as próximas gerações.

As palavras podem ter um papel fundamental nesses processos revolucionários de transformações sociais e políticas, mas elas não são nada se não vêm integradas com as ações. Assim pensa e age o GRUNEC em toda a sua busca.

O GRUNEC segue na sua caminhada... Com “idas e vindas”, cujos obstáculos mais parecem “muros de Berlim”... Mas seguindo adiante, se aliando a outros grupos que têm propósitos de transformações sociais também como meta... De mãos dadas, olhando pra frente e sonhando juntos, para que esse sonho vire realidade num futuro próximo, como diria Carlos Drumont de Andrade.

Contato com o GRUNEC: grunec_cariri@yahoo.com.br

Grunec Cariri lança nota de repúdio pelas atitudes racistas contra alunos e professores


O Grupo de Valorização Negra do Cariri – Grunec, entidade fundada em abril de 2011 e que representa e luta em favor das questões étnica e raciais na região do cariri cearense, publicou na tarde desta quinta-feira, 11 de setembro, em seu perfil na rede social facebook, nota em que repudia de forma veemente as atitudes consideradas racistas e preconceituosas contra membros, colaboradores e simpatizantes do grupo.


Pela nota fica visível as diversas formas pelas quais alunos, professores, comerciantes e motataxista foram vítimas de agressões morais e racista pela cor da pele negra. Segundo ela (nota), há seis casos, o último se deu em 24 de agosto. Aqui, Ridalvo Feliz e Verônica Isidório, professor e discente, respectivamente, estavam conversando na Praça do Pimenta, em Crato, conversando quando um grupo de pessoas em um veículo Cros Frox, cor prata, passaram a dirigir contra os dois palavras racistas referentes a cor da pele e aos cabelos. Segundo o Grunec  o caso foi levado as autoridades policiais e registrados Boletim de Ocorrência.

Confira os outros 5 casos:

“...2. PEDRO VICTOR ARAUJO: jovem negro, estudante de História da URCA, ameaçado de morte por meio de pichações e mensagens no celular, com palavras do tipo: “morre negro desgraçado”, o que quase o levou a abandonar o curso. Foi necessária muita pressão do movimento para que a direção da universidade tomasse alguma providência. BO registrado, aguardando investigação.

3. UENIA FERREIRA DE LIMA, jovem negra, comerciária, vítima da violência racista, tipificado como injúria, cometida pelo agressor Adriano no dia 30/04/2013 conforme BO 31300288/2013 de 02/05/2013; o agressor, aos berros, desqualificou a jovem no seu ambiente de trabalho, causando-lhe grande constrangimento, inclusive aos que por lá estavam.

4. JOSÉ AIRTON NUNES – negro, moto-taxista, diversas vezes foi constrangido e desmoralizado também no seu ambiente de trabalho, o caso foi registrado na Delegacia de polícia civil e as providências estão sendo encaminhadas junto aos órgãos competentes.

5. JOAO LUIS DO NASCIMENTO MOTA, negro, professor, constrangido e desmoralizado reiteradas vezes no seu ambiente de trabalho (Universidade Regional do Cariri). Na ocasião foi feito manifestações, notas de repúdio.

6. LUCIANO DAS NEVES CARVALHO, negro, professor, que em 29/07/2000, foi agredido por uma autoridade da Casa Legislativa Municipal. Após diversas idas e vinda o caso, depois de 03 meses foi finalmente registrado na Delegacia de Polícia de Crato. Foi necessário, inclusive, a intervenção da Promotoria do Estado e após todos estes anos, fora duas ou três idas ao Fórum nada mais aconteceu. Na ocasião o caso foi tipificado como crime de racismo....”

Para o Grunec  estes são apenas alguns casos que chagam ao conhecimento. “Mas a violência dos xingamentos, das piadas infames contra negros e negras, a exemplo do caso do goleiro Aranha, do Santos, é cotidiana e banalizada como se fosse natural”, diz a nota.

O grupo afirmou ainda que "agressões verbais e/ou físicas não são normais ou naturais. No Brasil, ações como estas são consideradas crimes de racismo segundo a Constituição Federal e leis específicas que pune com penas de até cinco anos de reclusão, além as multas, os crimes resultantes de preconceito e discriminação. Entretanto, a desconstrução do racismo acontece pela educação e atitude holística em que compreende o outro como diferente nunca inferior, nem desigual, porém parte do todo, cuja cidadania é universal, garantindo aos cidadãos direitos civis sociais e políticos

Diante dos fatos aqui explicitados”, o grupo “ reitera com veemência o seu repúdio a tais práticas e sugere que a sociedade possa, no exercício da sua cidadania, somar forças e cobrar dos órgãos competentes ações que promovam a vida com igualdade e justiça”.

Na oportunidade a entidade representativa das questões étnica e raciais no cariri deixa em evidência a sua missão - “lutar contra qualquer forma de preconceito e não poderia deixar passar estes atos vergonhosos sem manifestar a solidariedade étnica aos companheiros: Mota, Luciano, Isaias, Uenia, Pedro Victor, Ridalvo Felix e Veronica Isidório”.

Na luta sempre! Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC”, encerra a nota.

GRUNEC Cariri publica CARTA DE REPÚDIO aos organizadores da III Conferência de Promoção da Igualdade Racial




O Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC, através de um de seus membros, Karla Alves, publicou nesta quarta-feira, 21, CARTA REPÚDIO com o propósito de demonstrar a insatisfação e indignação com a forma desrespeitosa de como foi conduzido o processo de preparação, organização e execução da III Conferência de Promoção da Igualdade Racial nas suas etapas antecedentes.

De acordo com a carta, os membros se indignam com Secretaria de Cultura do Crato que não levou em consideração a importância do GRUNEC, como portador de comprovadas atuações no que toca ao combate à discriminação racial junto às comunidades tradicionais negras rurais e de terreiro na região do cariri, descartando a sua participação na mobilização e organização do processo descrito.

Foi alvo de críticas também Ivaldo Paixão, coordenador da Coordenadoria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, no Estado, a CEPPIR. Para Karla Alves ele, durante a realização da etapa regional, em Crato, agiu de forma autoritária. “E em decorrência do seu descontrole, desrespeitou o exercício da democracia, intimando através de seus gritos desnecessários a todo o plenário presente. Resolveu pelo seu próprio intelecto, que a conferência prevista para encerrar às 15h30min fosse encerrada às 13h30min e, ao final não permitiu de forma alguma que a plenária fizesse qualquer crítica ao seu comportamento elitista, arrogante e descontrolado”, diz Karla na carta.

Ante o exposto o GRUNEC se recusa a participar da etapa estadual da III Conferência de Promoção da Igualdade Racial.

Karla Alves, membro do GRUNEC. Foto retirada do seu
perfil na rede social facebook
Confira na íntegra a CARTA REPÚDIO publicada ontem por Karla Alves

“O Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC – que há 13 anos desenvolve atividades a nível regional para o combate à discriminação racial junto às comunidades tradicionais negras rurais e de terreiro, procurando manter o diálogo com as universidades, grupos culturais e demais setores da sociedade local, estimulando pesquisas na temática e buscando fortalecer e propagar a cultura negra no Cariri e, portanto, consideravelmente apto a participar do processo de preparação e execução da III Conferência de Promoção da Igualdade Racial, vem por meio desta expressar sua TOTAL INDIGNAÇÃO E REPÚDIO aos organizadores e coordenadores da etapa macro regional Centro Sul pela forma centralizadora e desrespeitosa como se deu a efetivação da referida conferência.

A princípio, nossa indignação se volta contra a SECRETARIA DE CULTURA DO CRATO que em parceria com a CEPPIR subsidiou a etapa regional da III Conferência Estadual da Igualdade Racial, que ocorreu na cidade do Crato, região Sul do estado Ceará, no último dia 06 de agosto. A referida Secretaria descartou totalmente a possibilidade de contribuição do único grupo de movimento negro organizado com uma atuação historicamente comprovada no Cariri, portanto com devida competência para a articulação e mobilização da sociedade civil e, principalmente, daqueles que estão verdadeiramente comprometidos com o combate ao racismo.

Dos 42 municípios que compõem a região do Cariri cearense, representantes de apenas 05 municípios se fizeram presentes. Das 25 comunidades negras rurais da região caririense e onde se localizam as 04 comunidades certificadas pela Fundação Cultural Palmares como remanescentes quilombolas, apenas 02 representantes se fizeram presentes graças à rapidez e à eficácia dos membros do GRUNEC que, mesmo diante do descaso de ser informado somente 05 dias antes da realização da conferência, considerou ser de suma importância garantir a presença daqueles que mais sofrem pela falta e/ou inacessibilidade de políticas públicas. Enfatizamos que sabíamos da realização prévia da Conferência das Comunidades Tradicionais, todavia, entendemos que a participação deste segmento iria evidenciar as necessidades específicas de suas localidades e contribuir para, concretamente, demarcar e instituir na agenda do movimento negro o peso das demandas das comunidades rurais do Cariri, necessidades estas também descartadas pela organização do referido evento.

Em segundo lugar, REPUDIAMOS completamente a forma de execução da conferência, reflexo da total incapacidade e despreparo do Sr. Ivaldo Paixão, coordenador da CEPPIR Estadual, pessoa a qual se designa a coordenação das conferências no estado do Ceará. Durante a realização do evento, o Sr. Ivaldo mostrou-se, por diversas vezes, exageradamente exaltado. E em decorrência do seu descontrole, desrespeitou o exercício da democracia, intimando através de seus gritos desnecessários a todo o plenário presente. Resolveu pelo seu próprio intelecto, que a conferência prevista para encerrar às 15h30min fosse encerrada às 13h30min e, ao final não permitiu de forma alguma que a plenária fizesse qualquer crítica ao seu comportamento elitista, arrogante e descontrolado.

Reconhecemos e acreditamos na importância e na necessidade das conferências nacionais, estaduais e regionais convocadas pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR- que visa estabelecer e aproximar o diálogo entre governo e sociedade civil, nos permitindo ampliar o debate sobre a questão racial a nível nacional, procurando atender as demandas específicas da diversidade étnica de cada região. 

Contudo, não admitimos, nem compactuamos com nenhuma das atitudes citadas acima, que envergonham a trajetória de luta do povo negro neste país, neste Estado e na nossa região. Por fim, ressaltamos que não nos sentimos representados sob nenhuma hipótese pelo Sr. Ivaldo Paixão, a quem só lamentamos por estar à frente da CEPPIR estadual. Deste modo nós, membros do GRUNEC, renunciamos a participação na etapa estadual da III Conferência de Promoção da Igualdade Racial do Estado do Ceará.

GRUPO DE VALORIZAÇÃO NEGRA DO CARIRI – GRUNEC”.