Candidatos autodeclarados pardos ou negros exploram afroconveniencia para ganhar votos

 

ACM Neto e Ana Coelho em entrevista coletiva. (FOTO | Paula Fróes |CORREIO).

Os candidatos a governador e vice-governadora da Bahia, ACM Neto e Ana Coelho, se registraram no TSE como pessoas pardas. Recentemente, repercutiu a notícia que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, se declara se declara como negro. Qual o problema dessas autodeclarações e como isso impacta a luta antirracista?

Autodeclaração é algo polêmico. Alguns defendem que se a pessoa tem parentes negros, então não se pode questionar como ela se identifica, ainda que o fenótipo dessa pessoa seja branco. Acontece que assim como as fraudes e confusões acontecidas nas políticas de cotas das universidades, a declaração de negritude de candidatos a cargos políticos gera uma sensação de representatividade falsa. Vamos refletir:

Arthur Lira é um político conservador, aliado do atual presidente, que por sua vez já fez diversas declarações racistas e não acredita na existência do racismo. ACM Neto e Ana Coelho estão lutando por qual projeto de reparação histórica em relação à marginalização do povo preto? A polícia e outras instituições historicamente racistas já pararam  essas pessoas na rua e as trataram com truculência como fazem com pessoas que trazem nas características físicas sua ancestralidade preta?

Uma aferição deve ser feita com candidatos autodeclarados negros. Alguns, após eleitos, voltam atrás em sua suposta negritude.

O que fazer então? Não quero julgar negritude de ninguém”. Há muita gente preta que faz parte de movimentos populares e antirracistas. Pesquise bem. Em geral, essas pessoas são mais acessíveis que os velhos nomes brancos que sempre se reelegem.

Pessoas brancas tentando roubar protagonismo preto sempre existiu e sempre existirá, cabe a nós sermos estratégicos, inteligentes e cobrar dos afroconvenientes, ao mesmo tempo que ajudamos os pretos comprometidos com a causa a ocuparem espaços.

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Texto de Aquiles Marchel Argolo, originalmente na página africanizeoficial.

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