As
pesquisas eleitorais divulgadas ao longo desta semana indicam o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) consolidado na dianteira da disputa pelo Palácio
do Planalto. Mas também um crescimento do presidente Jair Bolsonaro (PL) na
corrida, embora abaixo do esperado diante dos pacotes eleitoreiros. Além disso,
Bolsonaro não consegue tirar votos de Lula, e a redução de sua rejeição também não
se dá no ritmo necessário.
A
avaliação é da cientista política Rosemary Segurado, professora da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Fundação Escola de Sociologia
e Política de São Paulo (FESPSP). Em entrevista a Rafael Garcia, do Jornal
Brasil Atual, a Rosemary baseia sua análise com base na última pesquisa
Datafolha, divulgada ontem (18). No estudo, o petista aparece 15 pontos
percentuais à frente de Bolsonaro no primeiro turno, com 47%, ante 32% do
candidato à reeleição.
O
crescimento de 3 pontos de Bolsonaro em relação à pesquisa anterior fica dentro
da margem de erro. O presidente também conseguiu avançar numericamente entre
outros segmentos, como o de eleitores que ganham de dois a cinco salários
mínimos, no qual Bolsonaro no qual agora figura em empate técnico com Lula,
também dentro da margem de erro (40% a 38% para o petista). “Ele (Bolsonaro)
precisava mexer nisso e não consegue”, comenta Rosemary. Além disso, na faixa
mais pobre – e mais populosa – Lula ainda lidera, com 54% a 23%.
Rejeição mais alta
A
rejeição a Bolsonaro também segue como obstáculo para o atual presidente, de
acordo com ela, já que Datafolha apurou que 51% declaram que não votariam nele
de jeito nenhum. “Reverter 51% de rejeição, no tempo que se tem, menos de 45
dias da eleição, não é simples. E talvez seja ainda mais difícil para
Bolsonaro, que todos os dias produz notícias negativas para a sua própria
campanha. Por exemplo, ontem, ter agredido um youtuber que foi esperá-lo na
saída do Palácio do Planalto”, observa a cientista política. Ela se refere ao
caso em que Bolsonaro foi chamado nesta quinta de “thutchuca do centrão“. E,
revoltado, partiu para cima de Wilker Leão, tentando arrancar o celular de suas
mãos.
Primeiro turno
Rosemary
também vê com ressalva análises da mídia comercial que apontam como certo o
segundo turno. “Os dados não estão mostrando exatamente isso”, analisa. “Temos
o ex-presidente Lula bastante consolidado na liderança e Bolsonaro, mesmo com
todas essas medidas feitas recentemente, e Bolsonaro não conseguiu reverter (a
rejeição). Crescer um ponto em um mês e em outro é insuficiente e distante da
expectativa do que conseguiria com esses recursos. Nós não estamos vendo essa
mudança. Então, há sim essa possibilidade de vitória no primeiro turno (de
Lula).”
O Datafolha
indicou que Lula tem hoje 51% dos votos válidos, excluindo nulos e brancos,
ante 35% de Bolsonaro. O ex-presidente também supera o atual com uma diferença
de 13 pontos percentuais em São Paulo, 20 em Minas Gerais e 6 no Rio de
Janeiro. Os três colégios eleitorais normalmente já indicam quem pode ser o
vencedor das eleições. “No Rio a diferença é menor, mas temos que ter em mente
que sua vida e trajetória política foram constituídas totalmente no Rio. Ele
tem uma base de apoio muito grande no estado, então é compreensível que ele
tenha uma performance melhor do que em outros lugares”, pondera Rosemary.
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Com informações da RBA.
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