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Milhares de pessoas participaram do ato no Largo São Francisco. (FOTO/Mídia NINJA). |
Em
um ato histórico, o 11 de agosto volta a ser símbolo de luta pela defesa da
democracia brasileira, eleições livres e contra o retrocesso no mesmo Largo São
Francisco, no Centro de São Paulo, onde há 45 anos a Faculdade de Direito da
USP (Universidade de São Paulo) leu a primeira “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático
de Direito”, na época contra a ditadura militar e pela redemocratização do
país.
Neste
ano, o ato reuniu cerca de 7 mil pessoas, segundo a organização. Dentro da
Faculdade de Direito da USP, aproximadamente duas mil pessoas, entre juristas,
estudantes, empresários, políticos, religiosos, artistas, ativistas e
personalidades públicas, lotaram o salão nobre e o Pátio das Arcadas para
acompanhar a leitura da carta. Do lado de fora, no Largo São Francisco, onde
foi instalado um telão, mais de cinco mil, entre estudantes e integrantes de
movimentos sociais, além da socidade civil, assistiram o momento. O presidente
Jair Bolsonaro (PL) foi rechaçado dentro e fora do ato.
A
leitura no salão nobre ficou a cargo de José Carlos Dias, ex-ministro da
Justiça e orador da Carta aos Brasileiros de 1977. No salão nobre, os
professoras da USP, Eunice Aparecida de Jesus Prudente, Maria Paula Dallari
Bucci e Ana Bechara, junto ao advogado Flávio Bierrenbach, leram o documento
que já possui quase um milhão de assinaturas. Também teve participação especial
a presidenta do centro acadêmico 11 de Agosto, Manuela Moraes.
“Nesse ato histórico, pisamos no mesmo
terreno sobre o qual Luis Gama aprendeu a lutar por um país sem reis e sem
escravos, é uma enorme honra ao 11 de agosto, continuar sendo construtor da
estrada da liberdade da qual Gama foi fundamental”, diz trecho da carta
lida por Manuela Moraes, presidenta do centro acadêmico 11 de Agosto.
Além
da carta foram lembrados também vítimas da ditadura e assassinatos recentes que
chocaram o país, como Marielle Franco, Bruno Pereira, Dom Phillips e, mais
recentemente, Marcelo Arruda. Neste ano, o tom da leitura também defendeu a
população negra, indígena e quilombola, a comunidade LGBTQIPA+ e todas as
formas de preconceito.
Beatriz
Lourenço do Nascimento, representante da Coalizão Negra por Direitos, veio a
público ler o manifesto ‘Nós Não Andamos sozinhos’ que exige a erradicação do
racismo que pratica o genocídio da população negra no Brasil. “Enquanto houver racismo no Brasil não haverá
democracia”, declarou para uma platéia majoritariamente branca.
O
jurista Oscar Vilhena enalteceu o dia 11 de agosto como um símbolo de luta pela
democracia e o estado de direito e afirmaou que o manifesto também representa
60 milhões de trabalhadores através de centrais sindicais, organizações não
governamentais, que aderiram o movimento. “Este
é uma manifestação plural de diferentes segmentos da sociedade que se juntaram
por uma única luta, pela democracia deste país”, declarou.
Para
o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, a carta pela democracia que
superou a marca de 970 mil assinaturas, é um marco para que a vontade do povo
seja respeitada e soberana. “Queremos
eleições livres e tranquilas, sem fake news”. E completou: “Estamos aqui para impedir o retrocesso e que
esta mobilização nos coloque no caminho certo”.
No Largo São Francisco
Movimentos
sociais e estudantis, além da sociedade civil, cantavam e tremulavam suas
bandeiras e faixas estendidas por prédios e pelas ruas. Muitos jovens
estudantes compareceram com o rosto pintado de verde e amarelo, e muitos usavam
a camisa amarela da seleção brasileira, defendendo a bandeira que foi
apropriada pelos bolsonaristas. A iniciativa foi promovida pela União Nacional
dos Estudantes (UNE).
A
presidente da UNE, Bruna Brelaz, discursou no Salão Nobre e declarou que o povo
brasileiro não aguenta mais golpistas e que não há mais espaço para o
autoritarismo no Brasil. Ela lembrou que a UNE lutou contra a ditadura militar
e redemocratização do país e que os estudantes é a atual geração que se orgulha
em defender o legado de milhares de brasileiros e brasileiras que lutaram para
que ter o direito ao voto.
“Esse é um momento emocionante de muita luta,
mas também a certeza que a sociedade se une para garantir que a democracia
prevaleça. O povo brasileiro jogará na lata de lixo da história aqueles que
flertaram com o obscurantismo do passado”, afirmou.
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Com informações da Mídia Ninja.
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