Rio quente

 

(Imagem meramente ilustrativa/ Reprodução/ internet)

Por Alexandre Lucas, Colunista

Estava sentado naquele banco de madeira, feito antes que minhas pernas.  O banco para sentir o tempo apalpar o corpo nu dos pensamentos. Bandeiras esvoaçavam, no palco da cama, um véu branco, escondia a gramática do corpo. Festejo de sagrada profanidade.

Ritual. Corpo suado, se fazia tambor, a boca flácida, pronunciava gritos da passagem do calor.

A coloração avermelhada da carne, denunciava a sede. A chuva acompanhava o tambor da pele e dava ritmo à dança ancestral que se entoava de cheiros e ruídos.

A terra se amolecia, no amassado, salgado do instante. Os caminhos se abriam. O abraço quente pronunciava o rio quente que se despedia.  

O banco firme, continuava segurando os últimos instantes de fuga.

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