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Sede da prefeitura de Altaneira. (FOTO/ Nicolau Neto). |
Por Nicolau Neto, editor-chefe
As eleições de 2020 em face da pandemia do novo coranavirus passaram por mudanças. Desse modo e a partir da Emenda Constitucional nº 107/2020, eleitores e eleitoras irão às urnas munidos de todos os cuidados possíveis no dia 15 de novembro (1º turno) e havendo a necessidade retornam em 29 do mesmo mês naqueles municípios com mais de 200 mil eleitores/as. O que não é o caso de Altaneira, na microrregião do cariri oeste cearense.
Essas
eleições definem prefeitos/as e vereadores/as que vão formar o governo municipal
de 2021 a 2024. Nos municípios, vereadores/as representam o poder Legislativo, que
é responsável pela criação e votação das leis, além de por fiscalizar o trabalho
do/a prefeito/a. E é o /a prefeito/a que possui a responsabilidade pela
administração e pelos recursos do município.
Em
municípios de pequeno porte como é caso de Altaneira as disputas eleitorais e
pela hegemonia do poder ficam restritas as disputas de pequenos grupos
políticos, na grande maioria das vezes a grupos familiares. Cenário que
contribui fortemente para a polaridade e que as diferenças de votos entre
concorrentes sejam mínimas. É essa mesma polaridade que repercute também em
outro sujeito desse processo - o eleitor, a eleitora – que se envolve
diretamente optando por um dos lados. Mas a grande maioria acaba não adotando critérios
de escolhas baseados na criticidade e na complexidade que essas disputam
exigem.
Pensando
nisso, o Blog Negro Nicolau realizou
junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE – CE), ao Blog de Altaneira
e a ele mesmo uma checagem dos resultados das disputas eleitorais para o
executivo altaneirense a partir das eleições de 1992, visando apresentar um
panorama das campanhas mais disputadas. A escolha está ligada ao período de
consolidação da redemocratização do país após 21 anos de ditadura
civil-militar.
Veja abaixo:
Considerando
o período em análise a eleição de 1992
foi a segunda mais disputada e envolveu dois candidatos que não eram do
município. O representante da situação foi o empresário Edinaldo de Farias
Souto, popularmente conhecido por Mago
(PSDB) que teve como padrinho político o prefeito de então João Ivan Alcântara.
Seu concorrente foi médico Eluizo Tavares Magalhães, o Dr. Eluizo (antigo PFL, hoje DEM) como figurou no imaginário local.
A diferença de votos entre eles foi de apenas 22 votos que culminou na vitória do Mago. Este obteve 1.539 votos e seu adversário 1.517. O resultado apertado ainda hoje
rende discussões, ressentimentos e discórdias.
A eleição de 1996 trouxe a cena mais uma
vez João Ivan Alcântara, o seu Ivan
(PSDB) que vai a disputa apoiado por Mago. A troca de favores e de apoios
sempre foi uma das principais práticas do coronelismo brasileiro, que como um
dos resultados resultou na formação de oligarquias. Não nos moldes do início da
república, mas com práticas e métodos mais novos. Esse troca de apoios, a bem
da verdade, ainda permanece mesmo com todos os meios possíveis de fiscalização,
ampliação da liberdade e meios de comunicação como o rádio, a TV e a internet.
Mas vamos aos números. O advogado e que naquele ano exercia o mandato de vereador,
Antônio Almeida Arrais, conhecido popularmente
por Adevaldo Arrais (antigo PMDB e que hoje perdeu o “p”), foi seu concorrente. Sei Ivan saiu vitorioso com uma vantagem
de 176 votos. Ivan obteve 1.897 votos e o Adevaldo conseguiu 1.721.
Em 2000 seu
Ivan fez como prefeito o mesmo que o Fernando Henrique Cardoso como presidente
ainda no seu primeiro mandato. A Emenda Constitucional nº 16, de 4 de junho de
1997, dava direito a presidente/a, governadores/as e prefeitos/as concorressem
a reeleição. Ivan não devolveu o
apoio ao Mago e foi para a renovação do mandato. Só que diferente de Fernando
Henrique que teve 11 concorrentes, Ivan foi para as urnas sem ninguém como
adversário e com o Mago na condição de vice. Sem concorrente, seu Ivan (PSDB)
ainda cravou nas urnas 2.396 votos.
A
eleição de 2004 colocou frente a frente duas figuras com raízes no município. O
então vereador Antônio Dorival de Oliveira (PSDB), sobrinho de Ivan, e o
advogado José David Filho, o Zé David (PPS), que construiu toda sua trajetória
profissional no vinho Estado do Rio Grande do Norte. Outro ponto a se mencionar
é que esse pleito foi marcado por intensas disputas antes e durante o processo
eleitoral. A campanha foi uma das mais turbulentas do período em análises. Mais
uma vez a situação levou a melhor nas urnas. Apoiado pelo prefeito de então,
Ivan, Dorival venceu a disputa tendo 143
votos a mais que Zé David. O prefeito eleito obteve 2.022 votos e seu concorrente 1.879.
Essa campanha foi a primeira em que houve debate entre candidatos ao executivo
promovido pela Rádio Comunitária Altaneira FM.
Assim
como em 2004, a eleição de 2008 teve
na disputa duas pessoas naturais do município. Na cena, Dorival (PSDB) que rompeu com seu padrinho político, Ivan, e do
outro lado, o empresário Delvamberto Soares
(PSB). Mas esse apesar de ser um fator histórico importante, não foi por ele
que deu a essa disputa o peso histórico que ele carregará. Três outros fatos corroboraram
para isso. O primeiro deles é que essa foi a campanha mais disputada do período
em análise e isso se refletia nos eventos realizados; foi ainda a que mais se
utilizou de recursos audiovisuais; O segundo e que foi alvo de matérias nos
principais sites do Estado do Ceará trata-se do prisão em flagrante dois
presidentes das agremiações que compunha a coligação do candidato à reeleição,
Dorival. Ação foi taxada de “crime eleitoral”. E o terceiro como decorrente do
segundo, permitiu que o candidato eleito não concluísse seu mandato. Dorival
foi reeleito com apenas 15 votos de
diferença, a menor registrada nesse intervalo de tempo analisado. Ele teve nas
urnas 2.208 votos e seu oponente 2.193.
Com
a cassação de Dorival por uso irregular de verba pública, Altaneira entra para
história novamente ao ter a primeira eleição suplementar realizada em 2011.
Essa eleição foi a que registrou a maior vantagem de votos da recente histórica
política deste município. Concorrendo mais uma vez pelo PSB Delvamberto obteve nas urnas 2.693 votos, enquanto sua concorrente,
a farmacêutica Andréia Carla Davi (DEM),
esposa de Zé David, teve 1.790. A
vantagem foi de 903 votos.
Em 2012, Delvamberto (PSB) volta a disputar pela terceira vez seguida a prefeitura. E é ele
que consegue mais uma vez obter a segunda maior vantagem. Concorrendo com o
professor Joaquim Rufino (PTB), ele obteve
2.650 votos, 782 a mais que seu opositor que teve 1.868 votos. Delvamberto não chegou a concluir seu mandato pois foi
afastado através de um pedido do Ministério Público do Estado do Ceará Improbidade
Administrativa.
Na última
eleição (2016), Delvamberto apoia o então Secretário de Saúde, o técnico em agropecuária
Dariomar Rodrigues (PT) para a
disputa ao paço municipal. Seu concorrente foi o comerciante Ricardo Arrais (PMDB, hoje sem o “p”).
Essa campanha foi uma das mais tranquilas dos últimos tempo e foi marcada por
não agressão aos postulantes ao cargo de prefeito. Por outro lado, o mandato de
Dariomar não foi tranquilo. O percurso foi turbulento, com trocas de cadeiras,
de lado e de posições no legislativo, além da oposição acusa-lo de práticas de
corrupção, o que rendeu diversas denúncias em órgãos judiciais. Quanto ao
resultado da eleição, Dariomar venceu com uma vantagem de 387 votos. O petista tirou 2.545
votos e o mdbista teve 2.158 votos.
As
eleições deste ano apresenta diversas mudanças em relação aos pleitos
anteriores e a principal delas está relacionada à pandemia do novo coronavirus
que além de ter adiado a votação, os/as candidatos/as estão utilizando com
muito mais frequência as redes sociais; Não haverá comícios, passeatas e carreatas
e as visitas a população estão sendo feitas de maneira que obedecem as orientações
dos órgãos de saúde. Mas algo permanece. As disputas de pequenos grupos pela
poder e pela hegemonia política.
Na
disputa, o atual prefeito Dariomar (PT) e a empresária Késia Alcântara (PDT),
filha do ex-prefeito João Ivan.
Alguém arrisca um palpite?
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