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Professor Henrique Cunha Júnior. (FOTO/Reprodução/Facebook). |
Pensar
um movimento negro efetivo é pensar um movimento capaz de propor e executar
planos que efetivamente melhore a s condições de vida da população negra. Um
movimento proponha para a sociedade e para o estado ações que modifiquem as
relações sociais, políticas,culturais e econômicas em favor da população negra.
Coisas que vão muito alem das políticas de ações afirmativas que promoveu as
cotas para negras nas universidades publicas brasileiras.
Isto
da proposição e da execução produz um impacto na sociedade e justifica a
existência de movimentos negros e não apenas negros em movimento variados mas
sem o foco especifico as necessidades e direitos da população negra. O que
justifica a existências são as necessidades e os direitos existentes e não
promovidos. Uma ação muito boa dos movimentos negros é no campo da saúde
coletiva e do trabalho em torno da anemia falsiforme. O problema existe a
sociedade e estado nada faziam, o movimento negro estudou o problema, formou
quadros e indicou para o governo as ações a serem tomadas. Promoveu campanhas,
lutou pelas leis, pleiteou programas de pesquisa e consegui alguma ação do
estado neste sentido. O exame do pesinho na infância é um grande passo pois
permite detectar o traço da anemia e promover a proteção adequada da saúde
antes que pessoa sofra dos males. Por que de movimentos negros se no Brasil
somos todos mestiços? Isto muitas pessoas me perguntam sinicamente sempre e a
reposta é óbvia, para proteção dos direitos da população negra onde somos
sempre roubados e postos em destavatagens sociais. No entanto não adianta um
combate ao racismo apenas no plano moral e ético, apenas com boa vontade e
apelando para o lógica das boas intenções como tem sido feito, tentando
desfazer o preconceitos como se fosse somente um problema de preconceitos. O
racismo é estrutural, faz parte da formação histórica, esta presente na
distribuição de terras, nas desigualdades urbanas, na composição da câmara e do
senado, mas hierarquias religiosas e civis, perpassa todas as instituições
brasileiras.
No
entanto um movimento para ser efetivo ele deve ter compreensão e propostas em
todos os setores da vida da população. Sobre economia, produção, distribuição e
consumo da população negra o movimento negro brasileiro é fraco em formulações
e mais ainda em ações. Não adianta muito propor o combate ao racismo estrutural
sem a compreensão mínima de como funciona os diversos setores que afetam a vida
da população, como a economia, pois dela resulta o trabalho, os empregos, os
serviços, os preços dos produtos e serviços e mais ainda o acesso aos produtos
e serviços na sociedade. Os movimentos negros necessitam fazer uma pauta
nacional de ações em todos os campos da vida econômica, social, política e
cultural brasileira e negociar com a sociedade esta pauta. Principalmente com
os partidos políticos que mantém no seu interior as estruturas racistas
antinegro. Basta ver a composição dos diretórios nacionais dos partidos, onde
as decisão são tomadas sobre a política dos partidos, quais causas vão defender
e mais ainda que serão os candidatos nas eleições.
Na
democracia não basta votar para termos o ato democrático, precisa ter as
necessidades representadas, os atores da política serem de todos os estratos e
grupos sociais, o que não acontece na política brasileira e nenhum partido, a
representação e a representatividade das causas da população negra. A
democracia brasileira é muito frágil devido não representar a população
brasileira que em sua maioria é negra.
A
mudança no Plano Político deveria ser de apoiarmos partidos que apresentem uma
pauta especifica de ações sobre a população negra e numero de candidatas negras
a todos os cargos eletivos. Como também o compromisso de formação dos governos,
seja ele municipal, estadual ou federal com uma proporção de negras. Os
conselhos de estado deveriam ter como regra na sua composição 50% no mínimo de
população negra. Vejam exemplo o Conselho Nacional de Educação, tido como
democrata e tendo apenas um representante da população negra , apenas um em 24
membros. Parece uma piada trágica e mau gosto falar em democracia nestes
termos.
Porque
de movimentos negros num pais onde toda a população é mestiças, é porque as
contas bancarias e os políticos são todos brancos e as suas contas não são
mestiças.
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Henrique
Cunha Junior é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). Possui
mestrado em Dea de Historia - Université de Nancy- França (1981) e Doutorado Em
Engenharia Elétrica pelo Instituto Politécnico de Lorraine (1983) e orienta
doutoramentos e mestrados em Educação com temas relacionados a história e
cultura africana, espaço urbano, bairros negros.
Boa tarde. Excelente texto para reflexão e entendimento dos percalços que envolve a melanina e elementos que nos separa, puni,e confundem os demais, que se dizem de pele clara. Parabéns
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