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Boaventura recebeu a reportagem do Brasil de Fato, na cobertura do hotel em que hospedou em São Paulo no fim de dezembro de 2018 / (Foto: Lu Sudré). |
"Não faltam alternativos no mundo, o que
falta, de fato, é um pensamento alternativo das alternativas", disse
certa vez o professor, sociólogo e pensador português Boaventura Sousa Santos.
Interessado em ideias que promovam a emancipação social e tendo dedicado sua
vida e atividade intelectual à descolonização de pensamentos e alternativas ao
capitalismo tardio, Boaventura recebeu a reportagem do Brasil de Fato, na
cobertura do hotel em que se hospedou em São Paulo no fim de dezembro de 2018.
“O meu grande desejo e toda a minha luta é
que as esquerdas se unam e aprendam com as lições do passado e não se unam
quando já é tarde demais. As esquerdas europeias uniram-se nos anos 30, nas
frentes populares. Mas nessa altura, o Hitler já estava no poder”, responde
o professor titular aposentado da Universidade de Coimbra, ao ser questionado
sobre os caminhos das esquerdas frente ao crescimento de ideias de extrema
direita e sua legitimação democrática na virada dos anos 10. Segundo ele, para
além da batalha de ideias e das derrotas políticas, estamos sob uma tirania do
dinheiro, que se reproduz em função de si mesmo, descartando o humano.
“Os mercados são cinco investidores globais
que dominam os mercados financeiros. Isso é uma ditadura financeira. Incompatível
com a democracia. O capitalismo produtivo, industrial é um capitalismo que
precisa de operários. O Estado não pode ser totalmente antissocial, porque,
senão, destruiria seus próprios operários. O capitalismo financeiro trabalha
com ecrãs de computadores e com programas, não trabalha com gente e, por tanto,
produz dinheiro sobre dinheiro. Portanto, é profundamente antissocial.”
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